Yomi estava se sentindo encurralado, e aos poucos um grande medo começou a tomar conta de si, começando a se desesperar.

“Já chega dessa palhaçada Kurama!” – Disse irritado.

A raposa não disse nada, apenas continuava olhá-lo sem expressão, parecia que esperava uma reação de Yomi pra poder dar próximo passo.

Yomi já tinha pedido o seu controle e sua paciência, e com apenas um golpe ele se livrou de todas às plantas que o aprisionava, e partiu pra cima de Kurama, pressionando contra a parede enquanto segurava-o pela gola da camisa branca que a raposa vestia.

“Você se acha invencível, não é Kurama?” – Yomi pressionava mais ainda suas mãos contra Kurama, levando-as para sua garganta – “Mas você mexeu com a pessoa errada!” – disse entre dentes.

Kurama mantinha um sorriso no rosto e os olhos fechados, era como se ele nem ao menos se incomodasse com o que estava acontecendo, estava se divertindo com toda aquela historia e iria se divertir ainda mais com o que estava planejando.

Essa atitude de superioridade de Kurama estava deixando Yomi ainda mais nervoso, o que o fez dar um soco extremamente forte no rosto de Kurama, fazendo sua boca sangrar. Quando percebeu o que fez, Yomi se afastou de Kurama, e a raposa continuou na mesma posição, se mantendo impassível ao que acabara de acontecer.

Yomi respirava descompassado por causa da raiva que estava sentindo da raposa, e Kurama continuava com seus olhos fechados e um sorriso vitorioso no rosto.

“Já acabou?” – Kurama perguntou com sua voz rouca, fazendo Yomi tremer.

O demônio de chifres não sabia exatamente o porquê, mas Kurama estava lhe assustando, nunca havia visto a raposa daquele jeito, nem mesmo quando costumava a conviver com ele, antes de sua partida do Makai – “Eu tenho muitas coisas pra fazer... Ainda tenho que por meus planos de conquista em prática, não tenho mais tempo pra perder com você Yomi!” – Dito isso Kurama limpou o filete de sangue, que ainda estava em seus lábios, com a própria língua – “... Mas antes, eu quero o que é meu! O que você me roubou!”

Yomi arregalou os olhos, mas se manteve estático, os olhos de Kurama se abriram e neles estavam estampado ódio, muito mais do que isso, vingança! E por um instante ele se arrependeu de ter mexido com a raposa prateada, uma das criaturas mais magníficas e perigosas do Makai...

Fazia quase seis meses que Kurama estava no Maikai, e muitas coisas estavam diferentes. Toda a parte do Makai que era de Yomi agora era dominada por Kurama, onde nenhum Youkai se atrevia a ir contra suas ordens.

Tudo era povoado por uma floresta densa e muito perigosa, onde somente os mais fortes e perigosos Youkais do Makai andavam, saqueando e matando todo o tipo de criatura mais fraca e mais inocente que se atrevesse a penetrar no reino de Kurama.

Era praticamente impossível se chegar aonde Kurama reergueu o castelo, pois além de todos os perigos da floresta criada pelo seu poder, ainda tinha as plantas assassinas que o protegiam a todo custo, era suicídio tentar entrar no reino de Kurama sem sua autorização.

Kurama ainda seguia seus planos de conquista, tinha uma cartada final na manga. Seus planos eram terríveis e somente os mais fortes sobreviveram. Ele unificaria os três mundos, transformando humanos em Youkais, onde somente os mais fortes e com a alma podre e corrupta sobreviveriam.

Desde que a alma de Kurama se libertara por completo, Hiei nunca mais foi visto em parte alguma do Makai, algo que incomodava muito Mokuro, pois nem sua energia era mais sentida. Ela estava muito preocupada, não somente com Hiei, mas também com a destruição em massa que Kurama faria. Yomi já tinha pago caro por isso, e agora ela temia a destruição de tudo por Kurama, já que a raposa queria vingança, não somente de Yomi, mas de todos.

 Queria constituir uma nova raça, onde ele seria o líder supremo e com a tecnologia do que ainda sobrara de Gandara com certeza não demoraria em conseguir o que tanto sonhava.

“Yomi! Esta tão quietinho hoje!” – Kurama entrou no pequeno porão com um sorriso enorme no rosto.

Yomi nem ao menos se mexeu, continuou com sua expressão serena, mas era visível todos seus músculos se contraindo, em apenas ouvir a voz tão familiar da raposa, que o assombrava a meses. Mesmo com tudo isso Yomi não virou seu rosto para Kurama, pelo contrario, ao ouvir sua voz virou-se para o outro lado, mantendo um ar de superioridade.

Desde que Kurama havia arrancado seus olhos ele estava assim, quieto e passivo, parecia um gatinho acuado, esse era seu castigo por ter mexido com o mais poderoso e temido Youkai, e Kurama se divertia muito com isso, pois estava com Yomi em suas mãos e se certificaria que ele não poderia mais traí-lo, e muito menos planejar uma vingança, não naquele estado que estava, e ainda mais sobre ameaças de perder de vez a única pessoa que lhe sobrara, seu filho Shura.

Yomi estava aprisionado por correntes, fazendo seu corpo ficar de pé em uma fria parede, por mais de 4 meses. O único movimento que conseguia fazer era virar sua cabeça, agora com a falta de visão e com seu corpo amarrado há meses, Yomi se sentia morto, era como se não tivesse mais vida, se sentia fraco e vulnerável, mas mesmo assim alimentava o ódio por Kurama, e talvez fosse somente isso que o mantinha vivo mesmo naquelas circunstancias, há tanto tempo.

Kurama andou lentamente até o demônio de chifres, com um grande sorriso estampado na face, sorriso esse que Yomi não conseguia enxergar, mas mesmo assim podia sentir. A raposa se posicionou na frente do corpo de Yomi, e começou a passar as pontas de seus dedos longos pelo peito desnudo do maior, observando cada detalhe de seu corpo nu que estava completamente exposto naquela posição.

“Você é lindo Yomi! Pena que você se rebelou contra mim! Você sabe que eu não tolero traições, não é?” – disse puxando forte os cabelos longos e negros do mais alto – “E você ainda pensou que escaparia de um bom castigo!” – ainda sorrindo ele aproximou seus lábios aos do outro e os sugou com força, machucado-o, sem obter resposta – “O mesmo gosto!” – dizia saudoso - “você não muda mesmo, não é Yomi? mesmo nesse estado deplorável ainda se faz de forte... Eu só não te matei porque queria que você visse meu império, algo que você teve prestes a conseguir, mas desperdiçou, por causa da sua obsessão boba por mim!” – Kurama forçou sua mão no queixo do outro, fazendo-o olhar para sua direção. Por um instante Kurama pode ver as pálpebras dele se abrirem, revelando apenas um buraco negro, vindo de baixo delas, já que não havia mais os olhos dentro das orbitas – “Ahh! Eu me esqueci, você não verá nada, não é mesmo? já que eu arranquei seus olhos!” – Kurama soltou o rosto de Yomi e saiu do porão, dando uma gargalhada divertida ao mesmo tempo em que era sinistra, mas antes de sair completamente, disse – “Você ainda tem sorte Yomi, se eu não fosse um poço de bondade seu filho estaria morto agora!...” – sínico – “... Mas não se preocupe! logo ele se juntara a você, quando os dois forem extintos desse e dos outros dois mundos!” – disse com um tom de raiva e logo após bateu a porta trancando-a.

Yomi deixou seu corpo relaxar assim que Kurama saiu. Doía muito se fazer de forte, ainda mais na situação que estava, estava fraco e desorientado, estava com medo e muito preocupado com Shura, já que era cada vez mais insuportável ouvir todas as noites seu filho pedir ajuda, depois de ser espancado e violentado cruelmente por Kurama, e não poder fazer nada.

Não sabia ao certo quanto tempo estava naquele local, e a única coisa que se lembrava era da dor e da agonia que sentiu ao arrancarem seus olhos, sem nenhum tipo de culpa ou dó.

Yomi se arrependera amargamente por brincar com Kurama, ele achava que a raposa não revidaria. Ainda mais por ela ter se tornada fraca nos últimos 18 anos, já que ainda tinha dentro de si uma parte da alma humana, que supostamente matara ao ir para o ningenkai, mas pelo visto Youko estava de volta, mas não como o que ele costumava a ser, estava mais perigoso e inescrupuloso, não pouparia ninguém que se metesse em seu caminho e Yomi sabia que agora seria o fim definitivo, e somente um milagre salvaria todo o Makai, que com certeza já estava sofrendo muito com a ira da raposa prateada que ele mesmo libertara por luxuria e obsessão...