If Today Was Your Last Day escrita por melisica


Capítulo 1
Único.




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(Frank POV)

Fazia seis anos que eu conhecia Gerard e quatro que namorávamos. Conhecemos-nos quando eu tinha dezenove anos e ele vinte e dois. Eu estava no primeiro ano da faculdade de direito e ele já estava empregado, trabalhava em uma empresa e produzia histórias em quadrinhos.

Tudo entre nós sempre fora perfeito, mas é claro que como todo casal, tínhamos nossas brigas sem muita razão e que se resolviam com beijinhos e uma longa noite trancados em nossos quarto.

Ele sempre dizia que me amava muito e eu correspondia da mesma forma, talvez até com mais intensidade do que ele. Estávamos noivos e queríamos adotar uma criança dali um ano, porque já estávamos estabilizados financeiramente, morávamos juntos em um apartamento confortável e tínhamos condições de cuidar de uma criança. E, além disso, Gerard dizia que já estava ficando velho e que precisava de um pirralho correndo pelo nosso apartamento. Quem dera eu ter todo aquela "energia" que ele tinha aos ao vinte e oito anos como ele. Eu ainda tinha vinte e cinco e conseguia ser mais mole do que ele.

Eu estava muito animado com a ideia de ter um filho e visto que Gerard também estava, consultei um advogado e fomos visitar um orfanato. Lá conhecemos Kyle, um garoto de cabelos bem escuros e olhos castanhos esverdeados, parecidos com os meus. Seu tom de pele assemelhava-se ao de Gerard também, era muito clara e ele era bem tímido. Em realidade, ele parecia bastante com Gerard e eu, a fim de fazer uma brincadeira com meu futuro marido, cheguei a perguntar se ele havia engravidado alguma garota e não assumido o filho. Fui punido com um leve tapa da nuca e uma cara emburrada por dez minutos.

Gerard continuou a conversar com o advogado e a assistente social para resolver os trâmites burocráticos enquanto eu conversava com o garoto. Ele parecia feliz com a ideia de morar conosco, mas nesse ponto eu tive a cruel dúvida: quem seria a mãe da relação?

Não me importei muito com isso e deixei que ocorresse naturalmente. Se eu tivesse que ser a mãe da relação, tudo bem. Eu já tinha o papel de mulher na minha relação com o Gerard, se é que me entende.

Mas foi na semana passada que tudo mudou. Depois de desmaiar no meio da rua, a caminho do restaurante que eu sempre almoço, perto do trabalho, acordei no hospital. Uma enfermeira estava ao meu lado e no momento que notou que havia aberto os olhos, chamou o médico responsável.

Doutor Bryar, nunca vou me esquecer. Um homem de cabelos e olhos claros entrou no recinto usando uma roupa impecavelmente branca e com um sorriso leve nos lábios. No meio da papelada que carregava, achou os meus exames e depois me encarar por alguns segundos, soltou a bomba:

-Sabe que isso não foi apenas uma queda de pressão, não é mesmo?

Concordei com a cabeça levemente, já imaginando o que podia ter ocasionado meu desmaio.

-O tumor em meu cérebro evoluiu, não é? -perguntei sem rodeios.

-Creio que tenha conhecimento dele há tempos, os exames indicam que eles são antigos. -ele disse lendo o papel.

-Sim, eu tomo remédios controlados para conter a evolução... -disse a ele que me olhava decepcionado.

-Sinto em lhe dizer, mas ele não está surtindo o efeito desejado. -ele disse seriamente.

-Como...? -o olhei assustado.

-Não quero parecer frio, mas devo lhe contar sem rodeios. -ele olhou em meus olhos - O tumor atingiu um estado muito delicado e grave, no qual não temos recursos nenhum para... -suspirou.

-Para?! -de meus olhos começaram a brotar lágrimas.

-Para lhe salvar. -concluiu -Temo que tenha no máximo mais uma semana de vida. Mas vejamos o lado positivo: sua morte não será sofrida, será apenas inesperada. Talvez morra dormindo.

As lágrimas que antes eram tímidas, começaram a escorrer com força pelo meu rosto. Dr. Bryar tentou lançar-me um sorriso reconfortante, mas percebeu que não adiantou. Colocou uma de suas mãos sobre meu ombro e antes de sair, sorriu e disse:

-Faça dessa semana a melhor de todas.

Quando voltei para casa, não contei para ninguém o que ocorreu. Como cheguei um pouco mais tarde do que o normal, inventei para Gerard que tive uma reunião no trabalho e isso me atrasou. Ele pareceu não desconfiar de nada e foi assim pelos próximos cinco dias.

Na nosso penúltima noite juntos, fizemos amor como se fosse a última vez e infelizmente, para mim seria. E foi incrível, como sempre fora.

Quando acordamos no outro dia, eu sabia que daquele eu não passava. Então, propus um desafio a Gerard, que seria uma prova de amor: passarmos o dia inteiro separados, sem trocar nenhum tipo de comunicação e só nos encontrarmos no outro dia, supostamente o meu oitavo. Ele me olhou confuso, mas quando eu disse que se o fizesse, eu o amaria para sempre, aceitou. Fez uma pequena mala e passou o dia com os amigos e dormiu no apartamento do irmão mais novo e o cunhado mais incrível do planeta: Mikey.

Todos devem me achar louco por não querer passar meu último dia com a pessoa que eu mais amo no mundo, mas eu tenho meus motivos. E foi assim, faleci naquela madrugada, dormindo, como o Dr. Bryar esperava.

(Frank POV)

X

(Gerard POV)

Quando eu acordei no quarto de hóspedes do apartamento do meu irmão, a primeira coisa que pensei foi que eu podia ver Frank. Saí de lá como um foguete e dirigi feito um louco. Eu estava tão animado para saber o que Frank planejava com aquilo que nem me importei com todos os faróis vermelhos que furei no caminho.

Destranquei a porta apressadamente e fui direto para o nosso quarto. Quando abri a porta encontrei Frank deitado na cama de casal, coberto até os ombros pelo cobertor branco que fora um presente de minha mãe. Cheguei perto dele e fiquei esperando que ele acordasse com minha presença, mas nada aconteceu. Tirei o cobertor dele e quando me abaixei para selar nossos lábios, notei que eles estavam gelados. Sua pele estava extremamente fria e indo para uma coloração azulada. Nenhum batimento cardíaco foi sentido quando envolvi meus dedos em volta de seus pulsos. Foi aí que eu percebi que ele estava morto.

Encontrei um pequeno pedaço de papel sulfite sobre o criado-mudo e seu anel de noivado sobre o mesmo. O peguei entre minhas mãos trêmulas e algumas lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto. Reconheci sua caligrafia na mesma hora e então comecei a ler:


Se você está lendo isso agora Gee, significa que você cumpriu a proposta e voltou. Parabéns meu amor, você conseguiu. Conseguiu me provar que me ama sem ter minha presença ao seu lado e acima de tudo, provou que é uma pessoa maravilhosa e respeitou meu último pedido. Agora, te proponho uma segunda prova de amor: será que pode cumprir a primeira proposta pelo resto de sua vida?

Com amor,
do seu Frank.


X

Dois de setembro, faz hoje, dois anos que Frank morrera. Hoje, também faz um ano que eu conseguira a guarda de Kyle, o garoto que eu amava mais do que minha própria vida. Eu o amava por dois, dava-lhe o meu amor e o de Frank, o qual eu sabia que seria enorme. Kyle era um dos meus motivos para não desistir, apesar de eu sentir muita falta dele, Mikey, meus pais, meus amigos e principalmente Kyle, me deram muito apoio.

Ás vezes, eu tinha ódio de Kyle. Não dele, mas de seus olhos. Quando eu olhava profundamente dentro deles, eu jurava que eram os de Frank e isso fazia meu coração despedaçar. Mas eu sabia que ele iria me odiar para sempre se me visse sofrendo por ele. Frank sempre me dissera que quando o amor é verdadeiro, é eterno, ultrapassa a linha entre a vida e a morte. E enquanto o meu dia não chega, cuido do nosso filho com todo o carinho e amor que um dia dei para a pessoa que mais amei.

(Gerard POV)


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Notas finais do capítulo

Reviews amores?