Capitulo vinte e um: Sim, eu já matei pessoas

- já está acordada? – Charlie disse se esgueirando pelo fresta aberta da porta.

- estou sim – fiz a voz um pouco roca, como se tivesse acabado de acordar.

- bom dia – ele abriu um sorriso vendo que eu estava bem – acho melhor você se levantar, não vai querer chegar atrasada em seu primeiro dia aqui.

- meu segundo primeiro dia. – fiz uma leve careta.

“não seria o segundo se não tivesse partido” esse pensamento de Charlie chegou até mim, parecia um pouco triste.

- mas tem razão não vou querer chegar atrasada – disse me levantando com um pouco mais de animo para ver se Charlie ficava um pouco mais animado. Sorte a minha que eu havia vestido um pijama, não seria legal se Charlie me visse agora com a roupa que eu realmente passei a noite.

 Peguei em meu closet uma calça preta, juntamente com uma blusa e um casaco também preto e fui para o banho, precisava tirar aquela sensação de que eu havia feito alguma coisa errada de mim. Ok, eu havia feito uma coisa errada, mas não era por isso que eu estava com esse sentimento, havia algo mais, quase como se eu me sentisse suja.

Sai do banho vesti minhas roupas e para completar coloquei um cordão dourado com um pequeno rubi de pingente. Peguei meu material e soltei um logo suspiro, finalmente voltando a rotina de professores que sabem menos que você.

Desci as escadas indo para porta da frente, porém antes que eu a abrisse notei as coisas em cima da mesa, como Charlie havia dito. Fui para a cozinha e guardei todas aquelas coisas, sem chances que eu comeria algo sem ninguém por perto. Avistei um pequeno pote de mel, antigamente amava mel, era como se ele fosse a minha água. Fiquei curiosa para saber que gosto isso teria para mim.

Será que ainda teria um gosto levemente agradável?

Peguei uma colher na gaveta e mergulhei-a no mel levando a boca logo em seguida.

Arrependi-me no momento seguinte de ter feito essa experiência. Aquilo era horrível, com todos os “h”s e “r”s que tinha direito. Lavei minha boca com um poço de água e fui para a escola. Tentei fazer a minha mesma entrada triunfal da ultima vez, aquilo era muito legal de se ver, todos paravam e abriam um corredor para você passar como se tivesse numa passarela.

Apesar de eu não ter observado o relógio para ver se não estava muito cedo para eu ir a aula já havia uma grande quantidade de pessoas ali no estacionamento. Todas conversando relaxadas, bem, até verem meu carro entrar pelo estacionamento.

As conversas que estavam acontecendo pararam e todos os boatos sobre meu sumisso voltaram as mentes e as bocas dos alunos. Estacionei na mesma vaga que estacionava antes de partir, um milagre que ela não estava ocupada. Sai do carro e só ai consegui identificar o que era uma conversa o que era um pensamento, não tinha mais o dom de desligar a leitura de mentes, porém selecionava só as mentes e o pensamentos que chegavam até mim, assim era melhor, pois conseguia ficar sabendo de tudo que me envolvia sem ficar ouvindo futilidades.

Caminhei até a secretaria, precisava saber se meus horários ainda eram os mesmos. Com todos os olhares em cima de mim entrei na secretaria e fechei a porta atrás de mim.

- olá – disse para moça atrás do balcão. – queria saber os meus horários. Ela remexeu em uma pilha meio instável de papeis

- sim, aqui. Seus horários são os mesmos. – ela disse e me entregou um papel marfim.

- obrigada – disse com um sorriso e sai dali.

Fui caminhando tranquilamente para o prédio de inglês, ignorando completamente todos os olhares que eu recebia e também todos os pensamentos inapropriados

- Bella! – levei um pequeno susto quando Mike surgiu na minha frente de uma hora para a outra. – bem vinda de volta! – ele disse com um sorriso maior que a sua cara.

- oi Mike – disse fingindo estar tão animada quanto ele, como previsto, não pareceu que eu tinha nem metade da sua animação – tudo bem com você? – completei logo para ele não sentir a falsidade em minha voz.

- está tudo ótimo, por que você foi embora? Não chegou nem a se despedir. Falaram um monte de coisas sobre seu sumiço, mas eu não cheguei a acreditar em nenhum dos boatos. – ele abriu outro sorriso como uma criança que espera ganhar um doce por uma boa ação feita.

- não teve nenhum motivo maior – era obvio que eu não falaria para o Mike que eu estava em uma depressão profunda ridícula por alguém que havia me abandonado. – apenas queria uma mudança de ares. – abri um leve sorriso esperando que meu pai não tenha comentado nada com ninguém para assim minha historia se sustentar e voltei a andar para minha sala, com ele ao meu lado. A todo o momento tinha algum corajoso que vinha me dar oi e desejar um ‘bem vinda de volta’, mesmo eu nunca tendo falado com elas. Suspirei, seria difícil me acostumar com essa vida de volta, Phoenix realmente mudou a minha cabeça quando se tratava de hierarquia escolar, ninguém se atreveria me dar oi sem antes ter falado comigo, o máximo que faziam era dar um sorriso gentil.

- espero que fique aqui permanentemente – ele falou esperançoso. O ruim era que mesmo eu não querendo e preferindo mil vezes Phoenix eu ficaria, sim, aqui permanentemente, pelo menos até eu me formar e então eu sumiria do mundo para sempre.

- sim, sim. Que aula tem agora? – perguntei na esperança dele sair do meu lado e parar de tentar puxar assunto.

- inglês – ele disse olhando para mim. Tentei colocar um sorriso no meu rosto e parecer feliz ao afirmar que eu também tinha essa aula. Felizmente Mike já tinha a sua dupla e acabei me sentando sozinha em uma carteira ao fundo da sala.

As aulas se passaram como sempre, a cada sala que eu entrava alguém vinha falar comigo e os professores sempre me davam boas vindas ou coisa do tipo. Tentei prestar atenção nas aulas, mas meus pensamentos sempre escapavam e acabavam indo parar no Freak, tinha muitas duvidas sobre ele, mas por algum motivo, sabia que ele não seria problema para mim, estava muito curiosa para saber da onde ele me conhecia e também para saber qual era o seu poder, porém tinha quase certeza que ele não me contaria, pelo menos eu não contaria se a situação fosse inversa.

Após ouvir o sinal para o almoço bater recolhi minhas coisas e fui para o refeitório. Passei pelas portas fazendo um pouco de barulho. Um silêncio momentâneo se instaurou, alunos traçavam olhares uns com os outros, e poucos cochichavam a historia já totalmente distorcida que eu havia contado para Mike no inicio da manha.

Procurei com os olhos a mesa onde meus amigos estavam sentados e assim que achei andei em direção a ela. Uma rodada de perguntas começou assim que eu sentei ao lado da Ang. Vi Lauren revirar os olhos. Ela estava sentada ao lado da Jessica e apesar das duas não terem me perguntado nada percebi que as duas estavam absolutamente concentradas nas minhas respostas, na certa procurando algo para fofocar.

"não sei o que eles veem nela! ela some por uns quatro meses e depois eles acabam recebendo-a de braços abertos como se sempre tivessem sido melhores amigos dela. não entendo, pensei que aquela foto que eu tirei por engano revelaria uma parte ruim dela que os outros gostariam de evitar. Ela estava se agarrando com um cara enquanto namorava outro! Mas nada. Pensando bem, em parte funcionou, eu acho, afinal, ela está aqui a minha frente e não há nenhum Cullen na cidade, nem o Dr. Cullen ficou para contar historia, porém as outras pessoas da escola agem como abelhas sendo ela a rainha.

"não sei o que os atrai nela, a verdade é que ela é uma pirada bitch. Pensa que ninguem viu umas cicatrizes estranhas que  aparecem de vez em quando nela, aposto que ela deve se cortar enquanto fica trancada no banheiro e não duvido que tenha sido isso que ela fez durante os quatro meses desaparecida da escola, talvez tenha ido a uma clinica de reabilitação secretamente.

"essas cicatrizes se parecem muito com as que eu vi uma vez no Jasper Cullen uma vez, mas aquele lá é outro pirado, deve ser por isso que os dois tinham uma conexão tão grande, até parecia que eles conversavam mentalmente as vezes, ficavam se encarando por alguns minutos ambos concentrados um no outro.

"na verdade o que eu realmente acho é que Jasper Cullen e Isabella Swan tinham um caso, traindo secretamente a Alice e o Edward Cullen, tadinhos, eles não tinham noção seus respectivos namorados escondiam e ela ainda tinha coragem de tratar a mais baixinha dos Cullen como melhor amiga!

"olha a cara dela, concentrada, pensando talvez no Jasper ou, quem sabe, em um bom lugar para ela se cortar hoje a noite. Ela olhou para mim como se me avaliace, droga, eu devo tê-la encarado muito explicitamente. É melhor desviar o olhar, até parece que ela sabe o que eu estou pensando, nossa to começando a pirar também, deve ser contagioso ficar perto dela . Melhor pensar em outra coisa."

É bom saber o que as pessoas pensam sobre você.

- Jeh, - não me sentia a vontade chamando-a por esse nome, mas era assim que ela pedia para as pessoas que a rodeavam para chamá-la e eu não faria diferente se fosse assim que ela desejava, eu mesmo pedia para não me chamarem de Isabella - posso falar com você em particular? Tenho uma coisa muito emocionante para te contar, aconteceu comigo nesses tempos que fiquei fora da cidade.

- claro Bella - ela forçou um sorriso - vem, vamos para o meu armário, preciso pegar meu livro de álgebra. - dei um sorriso igualmente falso a ela e levantei deixando que ela guiasse-me pelos corredores vazios, ótimo, ninguém para atrapalhar.

Esperei que ela parasse em frente ao armário feito de metal com portas pintadas num bege claro com dois pequenos números em preto fixados ali.

- então Bella, o que queria falar comigo? - ela perguntou num tom meio receoso.

- ah - comecei como se não fosse nada importante, senti seus musculos faciais relaxarem um pouco. - eu sei o que você fez comigo - falei mudando totalmente o tom de voz para um sério e misterioso.

- sobre o que está falando? – ela disse preocupada, com milhares de coisas vindo a sua mente.

- não seja idiota, se você realmente não soubesse do que eu estou falando você não teria ficado preocupada, mas como eu sei que certas pessoas têm problema para relembrar coisas, eu não me importo em fazer isso para elas, tadinhas elas não tem culpa de ter esse problema. – o sarcasmo ficava mais forte a cada palavra, queria rir da sua cara de preocupada.

“eu sei que foi você que colou aquela foto em cada centímetro dessa escola – falei séria e rapidamente. – Sei que tinha a intenção de me separar do Edward. Só vou avisando que falhou querida – abri um sorriso falso -  Edward foi embora porque ele não presta! – praticamente cuspi na cara dela. - mas antes que você tente me derrubar novamente, por eu estar te falando tudo isso, saiba que eu adquiri uns contatos muito bons de um tempo para cá. – acalmei minha voz voltando ao sarcasmo. Deixei um pouco de mistério coroe-la internamente.

“não pense que por meu pai ser policial que eu estou impedida de desrespeitar a lei – continuei falando -, saiba que eu não sigo metade delas. Sabe – me afastei um pouco dela – eu tenho um amigo, caso você esteja interessada, - olhei para ela - que adora sair com pessoas novas, talvez ele cure sua carência por alguém já que você não consegue arranjar uma companhia sozinha. Só tem um pequeno problema em relação a ele – olhei para as minhas unhas enquanto falava, tão relaxada como se discutisse o que eu comi no café da manha. – infelizmente suas acompanhantes nunca voltam para casa. – olhei novamente para ela. Sua cor havia se igualado a dos armários atrás dela.

"eu não teria hesitação nenhuma em te indicar para ele. Ele te seduziria, te levaria para sair e você não saberia quem ele realmente é… até o ultimo segundo, seu ultimo segundo. – abri um sorriso de orelha a orelha - Um ótimo negocio para eu me livrar de pessoas indesejáveis sem sequer sujar minhas mãos. Claro que eu poderia fazer isso por mim mesma – voltei a me aproximar dela. – conferir que você nunca mais fosse me perturbar novamente, afinal já matei antes, não teria problema em repetir o ato – ouvi ela engolir seco. – você me da nojo, e pessoas que me dão nojo não me incentivam a eu deixá-las vivas enquanto dormem.

“Então, Jessica - disse seu nome com um tamanho desprezo que era como eu tivesse dado um soco na cara dela - pense duas vezes antes de tentar me separar de alguém por beneficio próprio, eu saberei que foi você, cedo ou tarde - nesse momento ela já estava com uma cara mais pálida do o que a minha com pó de arroz - pode contar para qualquer um que eu sou uma assassina, ou inventar qualquer historia que quiser. Eu não ligo, não sou eu que irá cavar sua cova, é você. Minhas ações dependerão das suas. – o sinal bateu assim que eu acabei de falar. – posso me passar por inocente mais do que você imagina – voltei a minha feição que eu usava na escola. Ninguém nunca acreditaria em qualquer historia que ela soltasse sobre mim, no máximo achariam que ela estava louca. Abri um sorriso tímido e tornei a andar.