Lies And More Lies

Depois que os sons das últimas palavras daquele estranho ecoaram senti-me como se estivesse mergulhando naquelas íris azuis esverdeadas, fui afundando em paredes de memórias, tudo passava tão rápido, cada história daquele garoto eu podia ver, me senti única, incrivelmente única como se ele estivesse compartilhando metade de sua alma comigo, realmente estava. Mas por quê? Pena que nem sempre temos as respostas que queremos.

            De repente senti meus pés, senti o contato com o chão macio e o cheiro tão bom de campo, ouvi o som das águas que serpenteavam à apenas alguns metros da minha frente. Olhei ao redor, nenhum sinal do estranho, havia apenas uma figura perto do lago e parecia-se muito com uma garota. Quando ela se virou pude ver seus olhos azuis elétricos, seu sorriso contagioso e seus cabelos lisos extremamente pretos como a noite, mas seu sorriso se desmanchou rapidamente em uma expressão de horror, tudo ficou escuro e apenas a ouvi gritar e ouvi raios, trovões, relâmpagos talvez. Assim que a claridade voltou o mesmo local estava destruído, o campo estava pegando fogo e a água estava coberta do mesmo fogo, uma pessoa se postou ao meu lado com trajes que tilintavam como os de soldado.

- Essa não, Thalia foi seqüestrada!

Quando me virei para tentar ver quem era apenas vi borrões.

- Não pode ser ela é muito forte, isso nunca poderia acontecer a ela.

Aquela voz eu conhecia muito bem, Percy, dessa vez eu tinha certeza.

- Mas aconteceu, como contarei ao Senhor Humor.

- Posso ajudá-lo!

- Não apenas fique fora disso filho.

A voz do mais velho parecia com um tom a mais de superioridade, o que havia de errado em contar com a ajuda de Percy, afinal era seu filho. Espera, Percy tinha um pai de outro mundo? Agora estou mais confusa do que nunca.

As poucas luzes e borrões se apagaram novamente, enquanto fiquei em total silêncio por alguns segundos, meu corpo parecia estar flutuando, depois eu só ouvi gritos, uma discussão, um trovejar no céu e a voz de alguém gritando como se estivessem lhe arrancando a pele.

- Percy! – Em segundos estava novamente no quarto de antes, agora mais assustada do que nunca com um rapaz olhando para mim com extrema preocupação.

- Sinto muito, nunca devia ter lhe contado nada! – Ele disse soltando suas mãos das minhas, que se encontravam pálidas e trêmulas.

- Por quê? O que fizeram com ele? – Perguntei tentando entender tudo aquilo, já estava bem saturada de mistérios, sonhos esquisitos e até mesmo da minha própria estranheza.

- Esqueça apenas descanse! Dr. Paul irá vê-la logo, logo!E não pode contar nada a ele, nem que ele pergunte... – Ele se levantava para sair sem minhas respostas, então segurei rapidamente seu pulso, sabia que era tolice já que ele era no mínimo duas vezes mais forte que eu, mas queria minhas respostas.

- Eu quero saber o que está acontecendo e com certeza você é a pessoa mais indicada para me dizer, então esclareça tudo! – Ele me olhou com uma careta de desdém.

- Senão? – Ele apenas rebateu com nem um pouco de medo.

- Senão eu... – procurei minha varinha que devia estar em meu bolso, desesperada agora em não encontrá-la.

- Vai me atacar com esta varinha. – Minha varinha estava nas mãos daquele canalha, eu não podia acreditar como isso havia acontecido?

- Dê-me agora! – Avancei em sua direção com ânsia de derrubá-lo, porém tudo o que consegui foi uma aproximação com aqueles olhos sombrios e misteriosos. Tudo foi tão desconexo por um segundo.

- Então venha pegá-la. – Ele realmente estava brincando comigo quando deu um sorriso que não pude entender e chegou mais próximo de mim, pude sentir nossos corpos colarem, esse era o momento perfeito, avancei com uma das mãos na varinha e com a outra segurei-lhe para alcançar a posição perfeita para derrubá-lo com minhas pernas.

- Com prazer. – Deu certo, em segundos os dois estávamos no chão, mas adivinha quem estava por cima e com o premio: a varinha, eu. Ele apenas sorriu.

- O quê?

- Não acha que se meu chefe nos pegasse assim iria querer me matar...

- Ótimo! – Ele se esforçou para levantar e sussurrar em meu ouvido que estava bem próximo.

- E quem sabe mate você também, afinal é uma pervertida e ele é casado.

- O que você disse?! – Nesse mesmo instante comecei a bater nele com tanta força que me desequilibrei em um golpe e que o ajudou a pegar minhas mãos e me puxar para debaixo dele que agora arfava muito juntamente a mim.

- E se o seu chefe te pegasse agora, acho que te mataria.

- Tem razão. – Em vez de continuar com seus jogos como eu esperava apenas se levantou e me levantou também tomando cuidado para se assegurar que tudo ficaria bem comigo.

- Sou Josh, prazer. – Ele me estendeu a mão se apresentando.

- Hermione, mas você já sabe. – Eu correspondi e pude ver uma barreira se quebrando entre nós, será que eu, Hermione Granger, seria amiga desse tarado que me parecia legal?

Ele apenas sorriu o que me fez sentir algo estranho novamente, que sentimentos estranhos esse rapaz ainda vai me causar?

- Bem, caso precise de algo estarei na porta!Qualquer coisa, hã?

Ele me olhou sensualmente e eu quase bati nele novamente.

- Quem é o pervertido agora? – Acompanhei-o até a porta, antes acabássemos de novo no chão, o que não me parecia uma má idéia. Hermione?O que foi isso? Acho que esse lugar não está me fazendo bem!

- Só uma pergunta! – Eu dizia enquanto me preparava para fechar a porta – Você por acaso não teria visão, tipo, raios-X não é?

- Por quê? – Ele me lançou um olhar esquisito e eu rolei os olhos.

- Não, ainda bem que eu creio que não exista.

- Por quê? Seria uma grande ajuda para muitas pessoas.

- Não se fosse utilizado por um guardião de uma garota tão bonita e atraente como você!

Fechei a porta rapidamente e senti meu rosto corar, como ele podia ser tão atraente e idiota. Rapidamente me aproximei do espelho que se encontrava no quarto, olhei-me de uma forma que nunca havia feito.

- Isso é ridículo! – Por que eu deveria me importar com o que um cara qualquer diz? Eu tenho que me concentrar em achar Harry e Rony, saber onde eu estou e o que está acontecendo?

Tomei um longo banho me lembrando de tudo o que já havia acontecido, enquanto me enxugava pensei em quão parecido ele era com Percy, mas ao mesmo tempo tão sombrio e misterioso. Garotas adoravam esse tipo, mas eu sempre odiei, são sempre os mesmos idiotas se fazendo de garotos interessados que só querem uma chance para quebrar seu coração.

Decidi que deveria me deitar, mas aquele moreno não me saia da cabeça, então resolvi pegar meu livro, Hogwarts: Uma História, vasculhei, procurei em cada canto da minha bolsa e nada.

- Josh!

Ele devia ter pego, hum...estava prestes a pedir explicações quando um livro começou a brilhar muito, era ele.Zeus e Poseidon, havia me esquecido que eu havia o colocado na bolsa.Será que a Sr que cuida da biblioteca iria me perdoar.Eu não pude deixá-lo, quando abri sua capa uma grande luz emanou de lá.

“No começo houve um terrível confronto com as horríveis Hidras, o que fez com que Zeus mandasse o maior de seus raios para acabar com as bestas, o que resultou na morte das Hidras e na queda de um pedaço do grande Olímpio, ao qual mais tarde todos denominaram de Terra            ...”

Eu não podia acreditar então para os gregos tudo se originou de um pedaço do Olímpio, que besteira. Para nós bruxos... Bem... E para nós?

- Vejo que está se divertindo Srª Grager, tomará que não acredite em contos de fadas... – Um homem alto de cabelos negros e faces magricelas se apressou em fechar o livro que eu estava lendo e em sentar ao meu lado.

- Porque não costumamos tolerar isso aqui. – Ele tinha os olhos incrivelmente sombrios e com um brilho negro que nem mesmo Voldemort devia ter.

- Bem, não eu acho!

- Bom! – Ele sorriu batendo as mãos e se levantando – Creio que já conheceu seu guardião Josh?

- Sim eu...

- Ótimo! – Ele me interrompeu sem dar a mínima para o que fazia. – Tomara que ele não tenha tentado encher sua cabeça de sonhos como as outras.

- Outras? – Ele me olhou curioso e como se eu fosse uma coitada para ter dó.

- Então ele já lhe enfeitiçou? – Ele me cercou como um lobo faminto e chegou tão perto de meus pés me olhando diretamente, quando Josh apareceu pareceu-me extremamente furioso.

- Hum... O bichinho de estimação do Mark apareceu, até que enfim.

- Saia daqui se já terminou de examiná-la Paul. – O homem magricela identificado de Paul se virou como Voldemort costumava fazer.

- Claro! – Ele passou pelo Josh fazendo com que se esbarrassem de propósito.

Quando não havia mais sinal do “Paul”, o rosto de Josh se descontraiu e olhando para mim ele declarou.

- Quer conhecer o lugar? Só não posso dizê-la onde estamos!

Ele sorriu e eu retribuo o sorriso me levantando para ficar ao seu lado.

- Bem, será que seu chefe vai gostar?

- Hum... Talvez... Mas quem se importa agora?

Segurei-me em seus braços agradáveis e saímos daquele quarto iluminado, depois de passarmos por alguns corredores estávamos finalmente ao ar livre, e tudo era lindo, muito irreal. Havia uma cachoeira a minha frente depois de um lago cheio de flores coloridas que caiam de grandes e formosas árvores plantadas ao redor, o lago era incrivelmente transparente e por ele nadavam sereias totalmente incolores.

- Eu pensei que...

- Pensei que também existissem em seu mundo.

- Bem existem, mas não desse jeito. – Corei ao perceber o quão ignorante era nesse assunto. Eu sempre tinha as respostas e os outros as perguntas. Era o meu natural.

Andando mais a frente e nos deparamos com um grupo de jovens lutadores, eles treinavam artes marciais, alguns usavam espadas em golpes medievais e outros aprendiam a fazer feitiços com as mãos.

- Esse lugar é incrível!

Ele apenas riu novamente como em todas as outras vezes.

- Hermione eu... – ele me olhou repentinamente de uma forma engraçada enquanto pegava uma mecha da minha franja.

- Pode não começar, não agora, por favor? – Eu tirei suas mãos de minha franja e sorri.

- Que comovente. – Tudo estava bem quando um grupo de homens vestidos de pretos apareceu, eles tinham pistolas, um deles uma metralhadora e o do meio uma espada preta incrustada de pedras esmeralda e envolta em uma fumaça muito verde. Todos se posicionaram para luta, de um lado alguns homens pretos e do outro o grupo que treinava ao ar livre, eu e Josh.

O que vai acontecer agora?

- Quando eu mandar corra o mais rápido que puder. – Josh sussurrou para mim, mas eu não estava certa se queria correr.

- Um, dois, três e corra!