Quando olho para trás, ainda consigo perceber você ao meu lado. O futuro é ameaçador sem você aqui. Às vezes eu acho que vou morrer por conta da falta que você me faz. Deus queira que não seja possível morrer de saudade, pois se for possível eu agonizo e caminho para meu fim em marcha de guerra.

Olhei meu reflexo no vidro molhado de chuva da janela. Pensei em você e em como nos abraçávamos quando esse tempo favorecia. Agora estou sozinha na sala, encarando a janela, esperando que um milagre te traga de volta. A esperança não finda até eu saber que você nunca mais vai voltar aqui.

Discussões. Medos. Pesares. Dores. Eu amando você, sem receber nada em troca, era duro demais para meu orgulho. Eu nunca me atreveria a pedir sua atenção, preferi perder você.

Tenho medo dos meus sentimentos. Tenho medo de nunca mais dormir na vigília de espera por você. Tenho medo de morrer esperando e isso machuca mais do que a sua falta.

Não demore, por favor. Não se atenha aos meus erros. Corra em minha direção como se o mundo fosse acabar agora e você, de repente, descobriu que me ama. Venha rápido, pois a solidão é a companheira da morte e meu coração já não quer mais bater. Por favor, venha...

Acordo outra vez com enxaqueca. Não tenho sentido mais nada na vida a não ser dores e dopagem por remédios. Eu não sei dormir sem você por perto. E com isso eu quero dizer do meu lado.

Nosso cachorro fugiu. Ou eu o libertei para sempre. Ou ele morreu de tristeza. Eu ainda não sei o que houve com ele.

Ainda te amo, por favor, volta. Agora eu estou preparada pra enfrentar meus medos, pra enfrentar você e a aspereza de um coração apaixonado e egoísta. Mas agora você não vem. Eu sigo os dias pedindo seu retorno ou torcendo para morrer logo. A saudade já é uma constante incômoda.

Minhas lágrimas chegam ao colo. O bourdeaux ainda enche metade da garrafa. O que me falta na verdade é o seu calor. Pela última vez eu peço, embora eu devesse implorar, volta. Ou seu retorno ou a morte.

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Quando desperto, são três horas da manhã. Alguma coisa se movia na sala. Eu não sabia o que era, precisava ir ver. Peguei o taco de beisebol que você deixou e fui pé ante pé o caminho, com o coração aos pulos. Diante da lareira, curvado e se esquentando, estava você.

Larguei o taco no chão e corri para seus braços. Quase caímos. Você afagou meu cabelo, me beijou o rosto e disse que voltava... mas para buscar o que sobrou.

- E o meu coração?

- Isso eu te entrego quando você aprender a amar.

Pegou a bolsa sem esforço, postou às costas e saiu.

Será que basta eu gritar...VOLTA!

É inútil, tudo não passou de um sonho. Estou na cama, no quarto, na casa vazia. Não tem você em lugar nenhum. Eu me recosto à cama e começo a chorar.

Será que não basta querer?

Volta...