Away From Me escrita por Louise Borac


Capítulo 16
Capítulo 15 - I Must Be Dreaming Part. I


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo iria ficar muito grande, então resolvi dividi-lo em duas partes.



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“Por mais atrativa que a noite pareça, nunca confie nela. Em suas sombras são onde os monstros se escondem prontos para pegar os mais desprevenidos”.

                                                        - Heloisa M.

02 de fevereiro de 1506

Querida Anna,

Eu sinto que alguma coisa ruim vai acontecer.

Nem sei por que escrevi isso. Nada de ruim vai acontecer, já tive minha cota de tristeza para uma vida inteira, ou pelo menos, pelo resto do ano. Sabe, sempre que me disseram que os Salvatore eram amaldiçoados, sendo que a cada geração, eles sofreriam o dobro. Pensando nisso, fico com medo só de pensar no que Ruby irá sofrer...

***

Elizabeth dormia tranquila em seu quarto, sonhando sobre um mundo distante e inexistente, onde ela, Alec e Ruby viviam em uma casa simples, porém acolhedora.  Mas não lhe importava muito a casa, eles eram felizes, realmente felizes. Não havia dor, lágrimas ou sofrimento. Tudo parecia tão real.

O sorriso de Alec, os olhos azuis brilhantes, o cabelo sedoso eram exatamente como ela se lembrava. Perfeitos.

Sabendo que logo teria de acordar, Lizzy se agarrou ao sonho, o mais forte que conseguia, aproveitando aqueles últimos momentos. Porém, assim que o pensamento passou por sua cabeça, o sonho começou a se dissipar, deixando para trás um Alec sorridente e uma Ruby brincalhona.

Elizabeth não queria abrir os olhos. Sabia que ainda não havia amanhecido, porém não deveria demorar muito para isso acontecer. Mesmo com os olhos fechados, ela podia perceber que a claridade começava a aumentar e um pássaro ao longe já cantava alegremente. Mas ela tinha que levantar, havia prometido a ele.

Resmungando sozinha, Lizzy levantou-se. Sabendo que não poderia acordar Gabrielle para que ela a ajudasse a por suas pesadas roupas, colocou um hobby, seus sapatos e arrumou os cabelos da melhor forma que pode. Ela iria ver Damon, não precisava se preocupar muito com a aparência, ele já a havia visto em seus piores dias, quando ainda eram crianças e gostavam de brincar no celeiro, junto com os cavalos.

Pensar em Damon só fez com que Lizzy só ficasse mais curiosa sobre o que ele queria mostrar. Seus irmãos estavam muito distantes ultimamente e ela se surpreendeu quando o mais velho veio falar com ela naquela manhã de sábado, pedindo para que pudessem conversar as sós, no amanhecer do próximo dia. Seria o único jeito de ninguém ouvir a conversa.

Elizabeth balançou a cabeça, afastando esses pensamentos.

Lentamente, como fazia quase todas as noites, a garota desceu as escadas silenciosamente, pulando o degrau quebrado suavemente, enquanto cantarolava baixinho, balançando a cabeça levemente de um lado para o outro.

Como planejado, Lizzy encontrou Damon na porta da frente de casa. O moreno estava encostado no batente da posta aberta, olhando para o céu distraído. A luz do luar, o cabelo de Damon ficava mais escuro, e seus olhos azuis mais claros. Vendo-o daquele jeito, Elizabeth entendeu um pouco o porque de todas as mulheres sempre ficarem atrás dele. Damon lembrava um deus. Não que Stefan não fosse bonito, ele era, ao seu jeito, de uma forma mais natural. Porém, Damon tinha uma beleza diferente, que chegava a ser sobrenatural.

Liliana, sua antiga babá e melhor amiga de sua falecida mãe, sempre o comparou a amiga, dizendo que a única coisa que mudava entre eles era o fato de Damon ter “brinquedos” entre as pernas, só mudando a cor dos olhos. Os olhos de Marietta eram pretos, como o de Elizabeth. Isso sempre fazia a garota imaginar como a mãe era.

Nunca a conheceu e a única prova que tinha de que ela havia existido era um quadro que ficava na sala da casa, de uma mulher séria de cabelos pretos, rosto de traços delicados e olhos penetrantes, pretos como a noite. Ela usava um vestido vermelho escuro, quase vinho, cheio de rendas pretas. Marietta Salvatore parecia uma dama da noite.

- Damon? – chamou Lizzy baixinho, chamando a atenção do irmão. Damon virou o rosto, lentamente. Sua expressão estava séria, preocupada, porém pensativa. Elizabeth sorriu em uma tentativa de amenizar o clima – Vamos?

O moreno assentiu, enquanto começava a andar lentamente, em direção à floresta. Lizzy o seguiu.

Os dois irmãos andaram por bons minutos, sem falar nada, adentrando cada vez mais entre as grossas árvores. O dia já começava a clarear, um ou dois pássaros cantavam alegres, enquanto saiam de seus ninhos e iam procurar comida.

 - Então – disse Elizabeth olhando para o chão, tentando não tropeçar em nenhum galho ou pisar acidentalmente em uma cobra – O que queria falar comigo?

Ele não respondeu de imediato. Sua expressão continuava preocupada, uma coisa que simplesmente não se encaixava em seu rosto. Damon nunca se preocupava, ele era espontâneo, sorridente, mesmo que às vezes o sorriso fosse o mais canalha imaginável, sempre despreocupado.

A garota franziu o cenho, sabendo que alguma coisa estava errada.

- Se lembra da última vez que esteve nessa floresta? – Lizzy assentiu, voltando a encarar o chão. Aquele não fora um momento muito alegre e Damon sabia disso, então porque estava tocando nesse assunto tão delicado?

- Sim, eu me lembro.

- Se lembra como se sentiu naquele momento? Exatamente?

Elizabeth parou. Lembrava-se, como se fosse ontem, como havia se sentido. Triste, morta por dentro, desejando nunca mais ver a luz do dia ou qualquer luz, ela se sentia...

- Desesperada – falou ela de repente – eu me senti desesperada. Preferia morrer a ter de viver a opção que estava sendo imposta em minha vida. E precisava desesperadamente de uma solução. Mas também sentia... Raiva. Raiva das pessoas que o havia matado, que eram responsáveis por essa dor horrível que eu estava sentindo.

Damon assentiu.

- Mas porque está me perguntando isso? Depois de dois anos...

- Porque só agora eu entendo o que você está sentindo Elizabeth.

- Como assim?

- Eu não devia odiá-los, tem o mesmo sangue que eu, compartilhamos a mesma casa, a mesma cama quando éramos pequenos.

O rosto do moreno se contorceu em uma expressão de dor. Lizzy sentiu o impulso de ir até lá, esfregar seu braço e dizer que estava tudo bem, que ele não precisava se sentir culpado, mas ficou parada e quieta. Queria ouvir o que ele tinha a falar.

- Como posso odiar meus próprios irmãos? – gritou ele, levantando os braços para o ar.

- Porque vocês nos odeia tanto Damon? – perguntou Elizabeth sem emoção. Sinceramente, ela não estava surpresa, não depois do que havia descoberto.

***

Sabe Anna, Damon vem estava muito estranho hoje no café da manhã. Stefan também, mas ele soube disfarçar melhor, o que é muito estranho, já que, dos dois, Damon é o que sempre soube mentir melhor. Mas acho que sei a razão.

Katherine.

Aquela meretriz vem os deixando assim. Não sei como e não sei desde quando, mas ela fez ambos se apaixonarem pela mesma pessoa. Ela mesma. E percebo que isso o lhe dá prazer, um prazer doentio e maníaco. Katherine gosta de ter dois homens, irmãos, que se amam tanto brigando por ela, esquecendo todo o carinho e afeto que sempre sentiram um pelo outro. Talvez seja coisa de monstro.

Sim, eu descobri. Depois de tanto tempo, eu finalmente descobri o segredo dos irmãos Pierce.

 ***

Uma palavra saiu de sua boca, uma palavra que Lizzy, de alguma forma, sabia que ia sair.

- Katherine.

- Claro Katherine. Dessa vez ela o obrigou a nos odiar e você o fez porque a ama ou só para poder foder ela a noite?

***

Anna, eu nunca apanhei de ninguém a não ser de Giuseppe. Mas esses dias venho acreditando cada vez mais que eu vá apanhar de meus irmãos e talvez até de Mason, se não aprender a controlar melhor minha boca.

***

- Cala a boca, Elizabeth! Cala essa maldita boca!

- Por quê? Só porque digo à verdade que você insiste em não ver? Katherine está manipulando vocês dois, você e Stefan. E o pior é que os dois estão caindo direitinho! Será que não vê, Dam? Você não a ama, nenhum dos dois, ama. É tudo um truque.

- Você. Não. Sabe. De. Nada – disse ele entre os dentes.

- Eu sei como é perder alguém e querer preencher o vazio o de forma desesperada. Eu sei como é querer poder amar de novo Damon.

Damon abriu a boca para responder, mas se calou ao ver que alguém se aproximava. Elizabeth não a viu, mas pode ouvir seus passos, chegando cada vez mais perto, quebrando as folhas secas que estavam em seu caminho. Porém, foi só ouvir sua voz que ela soube quem era.

- Que frase mais linda Elizabeth! Você deveria vender suas frases comoventes para algum escritor, tenho certeza que ele iria pagar muito.

***

Nunca me importei muito com as vozes das pessoas. Cada um tem a sua e isso é uma das coisas que faz cada ser humano único. Por mais rouca ou mais fina sua voz seja, ela ainda continuará sendo sua. E ninguém pode te julgar por causa dela. Porém, suportá-la é uma coisa totalmente diferente.

Nunca me importei muito com as vozes das pessoas. Até esses dias. Eu simplesmente não suporto a voz daquela meretriz loira.

***

- O que ela está fazendo aqui? – perguntou Elizabeth se virando. Katherine sorria, um sorriso inocente, mas ao mesmo tempo de deleite. Ela usava um vestido branco, que a fazia parecer um anjo.

- Damon não te contou? Eu que queria que esse encontro acontecesse, queria falar com você Elizabeth e não vinha encontrando nenhuma oportunidade. Então, pedi ajuda ao seu irmão. E adivinha só? Ele aceitou na hora.

Elizabeth não falou nada. Katherine continuou a falar, chegando mais perto da garota.

- Sabe desde o momento que te vi pela primeira vez, soube que seria um problema.  Você é curiosa demais, enxerida demais. Sabia que no meu plano você seria...

- Uma pedra no sapato? – completou Lizzy com um sorriso cínico.

- Um obstáculo que pode ser muito bem contornado. Com um simples estalar de meus dedos.

“Elizabeth, sabe a razão de eu ter sobrevivido a minha doença? Um homem. Os médicos já haviam desistido, até minha família já não tinha mais esperanças. Até que ele chegou. Seu nome era Klaus. Ele era lindo. Mas não foi isso que chamou minha atenção, foi o que ele me deu – Katherine riu de forma sarcástica – Um remédio, foi o que ele disse. Irá te curar, te deixar melhor do que estava quando ficou doente. Estava certo”.

“Morri naquela noite. Mason foi quem descobriu e quando ele estava prestes a chamar nossos pais, eu acordei. Minha pele estava mais branca, meus cabelos mais loiros e meus olhos mais azuis. Não tossia, não tinha dores, pelo menos não as dores antigas. Não deveria existir pessoa mais saudável que eu em toda a cidade. Mas eu estava com fome”.

“Acho que o resto você já sabe, não é? Ou pelo menos pode ter adivinhado”.

***

Anna, eu simplesmente não consigo acreditar no que eu vi. Não é possível, meus olhos devem estar enganados de alguma forma. Ou minha mente finalmente enlouqueceu. Um ser humano não deveria ser capaz de fazer isso, além de ser impossível, é horrível.

Beber sangue.

***

- Você bebeu o sangue de Mason, não bebeu?


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Notas finais do capítulo

Ok, eu vou chorar. Só falta mais um capítulo e depois já é o epílogo da fic. Não acredito que já estamos no final DDD:
E já vou avisando, para ninguém me matar ok? Esse final é o que eu planejei desde o começo e não vou mudá-lo agora.
Beijos, XOXO