Determinação do Fogo escrita por chibi-onigiri


Capítulo 1
Determinação do fogo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/120610/chapter/1

Estava tonta. Sua mente raciocinava devagar e as imagens a sua frente eram embaçadas e tão brilhantes que faziam seus olhos arderem. Queria perguntar onde estava, mas a língua não respondia, queria levantar, mas seus músculos ainda não a obedeciam.

A última coisa que viu antes de cair em sono profundo novamente foi uma enfermeira mexer os lábios, querendo lhe dizer algo.

Em instantes os olhos brancos estavam tampados pesadamente pelas delicadas pálpebras e a respiração lenta informava que não acordaria tão cedo.

----

Tsunade olhou novamente o papel em suas mãos e tentou disfarçar que estava trêmula.

 Isso não poderia estar acontecendo...

 Encarou Kakashi e não precisou dizer nada para ele entendesse do que se tratava o bilhete.

 O Hatake havia acabado de voltar do campo de batalha trazendo alguns ninjas para serem curados no hospital. Ficaria fazendo a guarda da cidade por dois dias junto com alguns guerreiros e os próprios moradores, quando então seria rendido por outro grupo de ninjas e ele poderia volta ao combate.

 O shinobi ganhou um ar de preocupação quando havia ido até o escritório da Hokage para saber quais ninjas haviam voltado para Konoha e quais estariam disponíveis para voltar à batalha quando soube que um dos seus ex-alunos não voltara como havia sido planejado.

 A quinta Hokage abriu a boca para começar a falar, mas foi interrompida pelo barulho da porta sendo aberta bruscamente, impedindo-a de expressar o pesar que sentia.

 - Baa-chan, Sakura-chan ainda não voltou.

 Ele entrou como foguete e em instantes estava em frente a ela com a preocupação saindo pelos poros.

 Tsunade desviou o olhar por uns instantes e voltou a encarar o garoto a sua frente. Naruto.

 O loiro não esperou por uma reação dela e continou:

 - Já faz quase 24 horas e Sakura-chan ainda não voltou.

 - Infelizmente... Acabei de receber essa mensagem de Shino – a godaime apontou com a cabeça o pássaro mensageiro a sua frente – Acabei de decodificá-la. Shino diz que ele e seu grupo, do qual Sakura participava, avançaram três milhas a leste antes do nascer do sol quando Sakura sumiu.

 A hokage encostou as costas na grande cadeira do escritório, apoiou as mãos na mesa e fechou os olhos.

 - Shino colocou um inseto em cada membro da equipe e o que estava com Sakura retornou dizendo que a mesma estava sendo feita refém – ainda sem abrir os olhos apontou novamente o bilhete com a cabeça.

 - Não. – a voz de Naruto morreu e o desespero em seu coração crescia.

 O rapaz olhou com os olhos arregalados de Kakashi para a Hokage.

 - Eu vou buscá-la. – disse com convicção – Kakashi-sensei, você vem?

 - Não posso deixar a vila desprotegida ou o inimigo poderá acabar com ela completamente. Conto com você, Naruto.

 O loiro assentiu e fechou os punhos.

 - Preciso de um rastreador. Neji ou Kiba. – virou-se para urgente para a godaime.

 - Nenhum dos dois estão na vila.

 - Algum outro Hyuuga ou Inuzuka.

 - Não, somente Hinata, que está em recuperação no hospital.

 - Ela não. – o loiro não mudou de expressão – Kakashi-sensei, me empresta um de seus cães.

 - Todos estão acompanhando outros ninjas.

 - Então eu vou sozinho.

 O garoto ia fazer uma pequena reverência quando alguém entrou tropeçando na sala.

 - Eu vou com você – ouviu uma voz decidida atrás de si.

 Naruto se virou no mesmo instante e via exatamente quem ele imaginou que seria. Hinata vinha caminhando lentamente com o corpo pendendo para um lado, o cabelo um pouco atrapalhado e os olhos inchados.

 A menina olhou todos os presentes na sala com certa dificuldade e seu olhar se deteve na quinta hokage sentada atrás da enorme mesa.

 - Tsunade-sama, peço permissão para acompanhar Naruto-kun nesta missão.

 - Você é louca. – Naruto intrometeu incrédulo – Olha só o seu estado...

 A Hyuuga não deu atenção e ajeitou o corpo, tentando a todo custo mantê-lo reto, sem desviar o olhar da Hokage, ela continuou:

 - Os efeitos do remédio passaram logo e eu estarei pronta para dar tudo de mim na missão.

 - Hinata, não posso mandá-la para uma missão sabendo que não está 100% e a saída de Naruto da vila é imediata.

 - Eu lhe garanto que posso seguir viagem do jeito que estou e antes mesmo de chegar ao meu destino já estarei bem. O Byakugan é melhor arma que temos para achar a Sakura-chan.

 Tsunade encarou por minutos os olhos perolados da menina e eles não vacilaram nem por um instante. A menina ainda mantinha as sobrancelhas cerradas e a expressão decidida. A loira via ali a mesma determinação do garoto a seu lado ali no escritório.

 - Não. Baa-chan, eu vou procurar outras pessoas... Talvez tenha outros ninjas disponíveis.

 - Qual o problema, Naruto-kun? Porque não posso acompanhá-lo? – ela parecia triste e intrigada.

 - Você lembra depois da luta contra o pain? O que conversamos no hospital... Pois é, eu não quero mais fazer missões com você.

 Hinata sentiu uma pontada dolorida no peito e supôs que não fosse o efeito do remédio. Ignorou a dor e o súbito bolo que se formou em sua garganta para buscar na memória a conversa daquele dia.

 Depois da luta contra o pain, Sakura havia dado os primeiros socorros a Hyuuga e a levado ao hospital. Menos de um dia depois a menina já estava curada e em observação quando Naruto passou pela porta com uma rosa branca em mãos. Eles haviam conversado coisas banais até o loiro entrar no assunto que andava perturbando o pensamento de ambos: o dia em que Hinata disse que o amava. Ele havia perguntado se era verdade e como ela poderia amá-lo, ela havia respondido que se ele quisesse, ela enumeraria uma lista de no mínimo dez motivos. Ele havia perguntado como ela poderia ter certeza de que era amor, ela respondeu que apenas sabia. Por fim, ele perguntou se ela achava correto trocar a vida dela pela dele, ela havia respondido que sim.

 Ao se lembrar dessa cena, veio na mente da Hyuuga a expressão um tanto sombria que Naruto havia feito ao ouvir aquelas palavras.

 “Não... Prometa-me que não vai fazer isso de novo”, ele havia dito.

 “Não posso prometer algo que eu não vou cumprir”, ela respondeu.

 “Quer dizer que você tentaria me proteger novamente mesmo que isso custasse a sua vida?”

 “Sim. Quantas vezes fossem necessárias.”

 “Nesse caso, me esqueça e fique o mais longe possível de mim... Não faremos mais nenhuma missão juntos.”

 Hinata voltou ao presente e encarou o loiro ainda sem entender.  Talvez ela tivesse forçado muito a situação dizendo e repetindo que o amava. Mas isso era algo que ela já não poderia guardar só para si. Não era correspondida, isso ela sabia, talvez esse fosse o motivo do afastamento do loiro. Ele não queria magoá-la e temia que isso acontecesse caso fossem sozinhos nessa missão.

 Um dos músculos de sua perna direita fisgou e ela não conseguiu esconder uma careta de dor.

 - Se está me evitando pelo o que eu disse durente a luta, não se preocupe. Eu não pedi uma resposta ou então que você me correspondesse. – Hinata disse séria - Não precisa me evitar por isso.

- Não é nada disso! – Naruto cortou envergonhado e um pouco assustado – Não é nada disso.

Kakashi deu uma risadinha abafada o que fez com que Naruto o olhasse com o olhar assassino. Tsunade deu um sorriso de canto, sacando tudo o que acontecia a sua frente.

- Nesse caso – a menina se virou para a mulher loira sentada na cadeira – não terá problema eu ir.

- Vou procurar alguém mais capacitado – Naruto interrompeu.

- Eu já disse que estou ótima! – a morena se virou irritada para ele. Suas feições começavam a parecer ferinas e perigosas.

- Não é essa a questão. – o loiro não se abalou.

- Então eu sou fraca de mais para te acompanhar?!

- Não... É... É exatamente isso. Vou procurar alguém mais forte... Neji talvez.

Agora o olhar da menina o fuzilava. Ela trincou os dentes e apertou as mãos na roupa do hospital que usava.

- Eu não me esforcei tanto para ficar batendo palmas para você da platéia.

- Então não foi o bastante...

Antes do menino terminar de falar a kunoichi já o havia acertado com um sonoro tapa na face direita. Seu olhar ainda era raivoso, mas a pequena se assustou com a própria atitude.

Tsunade e Kakashi se olharam sem graça e em segundos voltaram aos seus afazeres, mas ainda atentos a novela que se desenrolava ali.

Naruto tinha os olhos esbugalhados e mão sobre a parte do rosto atingida quando voltou a si.

- Por que você é tão TEIMOSA! – ele segurou a menina pelos ombros.

- Está dizendo para eu desistir, Naruto? Está dizendo que eu deixar de lutar porque você é forte o suficiente para cuidar de tudo sozinho. – Hinata olhou-o decepcionada e se livrou das mãos dele – Não estou mais reconhecendo você.

Ouvir aquilo doeu. Doeu mais do que qualquer outra coisas que o loiro já ouvira antes. Agora sim havia perdido a única admiradora que tivera na vida.

Hinata deu-lhe as costas e começou a caminhar com dificuldade até a porta. Parou e sem olhar para trás disse:

- Sakura-chan só está sumida por minha culpa. Era eu quem devia estar presa agora e não ela. Vou trazê-la de volta com ou sem a sua ajuda, Naruto-kun.

E foi embora. Deixando a sala com uma sensação triste e vazia, pelo menos para Naruto.

- A teimosia dela me lembra muito alguém... O que você acha, Kakashi? – a Hokage disse no tom mais brincalhão possível, dada a situação.

- Acho que ela teve um bom professor. – o Hatake respondeu com um risinho.

Naruto olhou confuso de um para outro até sacar que era dele próprio de quem eles estavam falando. Ele era o professor de Hinata. E se a situação fosse contrária, teria a mesma atitude dela.

---

Hinata saiu do banho um pouco melhor do que havia entrado. A vista embaçada, a tonteira, o enjôo e a sonolência estavam passando rapidamente. Eram efeito dos remédios que tomara nos hospital e como deixara o hospital algumas horas atrás, não havia mais motivo para estes sintomas. No entanto, as fisgadas nos músculos eram decorrentes do veneno que o inimigo havia lhe dado e estas demorariam mais a passar.

E com as lembranças daquele dia em sua mente, ela foi secar os cabelos.

Não queria se lembrar, já que tudo o que ocorreu foi por negligência sua. Mas a mente não queria dar refresco para a pequena, então se pôs a passar como um filme o que ocorreu naquele dia...

Seu grupo havia encontrado o de Sakura e juntos haviam derrotado um batalhão inimigo. Num último suspiro, um dos inimigos soprou em direção a eles um dardo envenenado e Hinata distraída não conseguiu desviar, sendo perfurada no abdômen.

Sakura, eficiente, impediu que o veneno se espalhasse e o neutralizou. No entanto, o veneno em questão era de rápida absorção e as poucas partículas do veneno absorvidas seriam o suficiente para causar um dor incrível em todos os músculos do corpo.

“Eu consegui neutralizar o veneno a tempo... Antes que ele pudesse causar uma parada cardiorrespiratória. Mas precisamos levá-la para Konoha para lhe darem analségicos ou ela vai enlouquecer de dor” Sakura disse.

“Certo. E eu minha equipe estamos voltando para a vila para levar os feridos” ouviu outro ninja dizer.

“Não posso ir.” Hinata havia dito “Tenho que vasculhar a área leste com Shino-kun agora.”

“Tudo bem. Eu vou.” Sakura havia dito “Sem problemas.”

Com os cabelos já secos, a morena sacudiu a cabeça para espantar as lembranças. Era hora de agir, não hora de se lamentar.

Saiu do banheiro quase completamente vestida, calçou as sandálias, prendeu o estojo de kunais e shurikens na perna e se virou para o espelho para prender os longos cabelos em um rabo de cavalo no alto da cabeça.

- Vai continuar me olhando ai por mais quanto tempo? – bradou vendo uma figura conhecida refletida no espelho.

Naruto saiu do peitoral da janela e entrou no quarto.

- Percebeu que eu estava aqui?

- Há muito tempo. – respondeu ela prendendo o hataiate no pescoço.

- Você está chateada comigo, não é?

- Eu nunca imaginei que você seria uma das pessoas que me menosprezam. – ela disse sentida, mexendo em algo na sua cômoda apenas para não olhá-lo.

- Eu... Desculpe-me, Hinata. Eu estava apenas sendo protetor demais e acabei me expressando mal.

- O que quer dizer? – ela o olhou desconfiada.

Naruto soprou o ar com força e passou as mãos pelos cabelos arrepiados.

- Eu fui um idiota. – começou a dizer e a menina afirmou com a cabeça – Mas eu sou assim precipitado e não penso antes de falar. Então, eu acabo dizendo coisas que eu queria dizer e não era pra ter dito ou então coisas que eu não queria dizer ou queria dizer de outra forma e... Entendeu?

- Não exatamente.

Hinata dividia seus olhares entre os olhos e a boca do garoto e a vista parcial do céu dada pela janela do quarto.

- Eu não te acho fraca, Hinata. Muito pelo contrário... É só que... Você é a única doida que daria a vida por mim... Eu não ia agüentar ver você ser atacada de novo. Eu achei que ficando afastado, você pararia de ser arriscar, mas, pelo visto, - Naruto olhou-a inteiramente e sorriu – não adiantou.

- Eu acho que você fez um bom trabalho comigo.

- Dattebayo olha o monstro que eu criei.

Os dois riram antes de se encararem e desviarem o olhar, envergonhados.

Naruto observou o quarto com um olhar rápido e sentou-se na beirada da cama, sendo seguido por Hinata.

- E-eu sou uma ninja, Naruto-kun. – ela começou a dizer enrubescida – Por favor, me trate como uma... Não como alguém que deva ser protegido.

- Eu exagerei, desculpa. Mas só de pensar em perder alguém que me... Me... Am-

Naruto congelou. A idéia de que aquela menina bonita, inteligente, gentil e da uma família tão influente o amava ainda era absurda para ele. Ele era apenas um simples ninja, por vezes, inconveniente e barulhento.

- S-se trabalharmos j-juntos... N-ninguém vai perder N-ninguém – a menina disse muito vermelha e abaixou a cabeça para rir envergonhada.

Naruto encarou o rosto baixo da garota intensamente e com um movimento delicado das mãos, levantou-o. Eles se encararam com os estômagos gelados e coração acelerado.

Ele a abraçou forte, se amaldiçoando por ter demorado a perceber a pessoa incrível que Hinata era. A idéia de que num descuido poderia perdê-la ainda vagava por sua mente. Estavam numa guerra, afinal. Mas Hinata era forte e nunca inspirou tanta confiança a ele. Confiaria nela e em suas habilidades ninjas, mas isso não impedia de querer aproveitar cada minuto perto dela... Como se fosse o último.

Aproveitar cada minuto da companhia dela como se fosse o último.

No instante seguinte Naruto estava com seus lábios presos aos de uma assustada Hinata.

- Me desculpe... – ele disse incrédulo e envergonhado com a própria atitude.

Mas antes que a menina disse que tudo bem, ele já havia levantado e lhe estendido uma das mãos.

- Vamos’ttebayo – o loiro tinha um sorriso de orelha a orelha e as bochechas já não tinham o tom rosado de antes – temos uma missão de resgate para fazer.

E ambos saíram rapidamente pela janela para o anoitecer, deixando para trás desejos ocultos e uma konoha silenciosa e apagada, para dias depois voltarem com a sensação de dever cumprido e a amiga de cabelos rosa lhes sorrindo por trás.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu adoro fazer a Hinata bater no Naruto, é relaxante hsduiahdiadh



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Determinação do Fogo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.