Hina não sabia como era as cores, não sabia como era ver com os olhos. Apenas podia sentir, imaginar... Mas isso não a impedia de sonhar, de enxergar, de sentir.

Ela sabia exatamente como era uma rosa por seu cheiro, seu toque, seus espinhos... Ela sabia enxergar. Não pelos olhos, mas sim pelo coração.

Hina Nakai. 15 anos, deficiente visual.

Nunca pôde ver o mundo como ele exatamente é, mas em sua visão, ele era um lugar incrível, de paz, de sonhos e de visões e sentimentos puros. Assim era o mundo de Hina.

Devido a uma doença de sua mãe, ela foi comprometida quando ainda era um feto, fazendo assim, com que  nascesse cega.

Quando criança, não sabia o que fazer, como agir... Apenas achava que estava sonhando para sempre. Isso não a impossibilitava de viver, pois em seu mundo, tudo era belo e unico.

"A luz do dia será a mesma que enxergo na minha mente quando acabo de acordar?"

Seus pais a dizia que um dia, todos despertam para a realidade, de alguma maneira. E assim, a levaram para conhecer a cidade pessoalmente, com todos seus defeitos,

"Se é assim que realmente é, não quero acordar nunca, e ter, pelo menos em minha mente, uma cidade de paz."

Hina percebeu que a realidade não é feita apenas de sonhos e visões bonitas. Pôde perceber que as pessoas não são todas boas, e que existem defeitos e tropeços em cada coisa.

Mais tarde, quando estava no ensino médio, a surgiu uma proposta.

Devido a um tratamento recente e inovador, Hina poderia enxergar através de um transplante de córneas artificiais.

Seus pais estavam contentes, pois Hina poderia sair do escuro e ver como seus pais eram, ver como ela mesma era bela...

-Não- Respondeu ela.

-Como?- perguntou seu pai, visivelmente confuso e chateado.

-É, eu não quero. Realmente, eu entendo que posso deixá-los mais felizes e dar menos trabalho à todos. Mas, e eu? Não quero mudar minha realidade, não quero mudar minhas visões, estragar meus sonhos, minhas projeções...

Então, me deixem sonhar, me deixem acreditar que pelo menos em meus sonhos, o mundo é bom, as pessoas são boas. Me deixem acreditar que sou feliz, mesmo não estando literalmente no mundo real. Me deixem sonhar para sempre. Me deixem ver com as luzes apagadas.

Hina derramou uma lágrima quando lembrou que nada era tão bonito e perfeito como em seus sonhos.

"Se tudo é real, então, pra que os sonhos? Pra que as esperanças? Se for assim, quero sonhar para sempre, e não fazer parte 'desta' realidade."

Aos 37 anos, Hina viveu intensamente sua vida, sonhando e enxergando com os melhores olhos: O coração.

Hina se foi, partindo assim, definitivamente, para seu "sonho eterno".

"E assim, mesmo sem enxergar as cores. elas sempre estiveram presentes em meus sonhos, em meu coração."