Cores de Natal escrita por Azraelie


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Postado totalmente sem betagem de terceiros.



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As luzes brilhavam coloridas, atiçando a imaginação de cada pessoa ali parada. A neve outrora branca refletia as diversas cores da praça. Era tudo paz e felicidade. Para a maioria.

Em um quarto escuro no segundo andar de uma bela casa, uma criança olhava fixamente para a árvore enfeitada. Seus olhos brilhavam de acordo com as luzes piscantes. Adoraria estar lá fora com todos. Adoraria poder correr pelas ruas cheias neve, fazer bonecos com ela, desenhar anjos no chão. Adoraria poder voltar a ser criança.

Encostou a testa no vidro frio, seus cabelos dourados caíram por seus ombros. Lá fora as outras crianças sorriam maravilhadas enquanto observavam os floquinhos de neve se desprenderem do céu e caírem na terra. Nem menos se via capaz de sorrir. Sentiu um pequeno formigamento em suas pernas, mas não lhe deu atenção. Era sempre assim.

Um homem gorducho e de longa barba branca se aproximava do centro da praça, onde lhe fora montado um trono vermelho, a mesma cor de suas roupas. Garotos estúpidos. Via-os correr para olhar o “bom velhinho” de perto. Papai Noel... Que idiotisse. Há quanto deixara de acreditar na magia do natal? Não importava.

Apoiou-se na base da janela e ficou de pé. A camisola que vestia escorregava-lhe pelo corpo enquanto andava lentamente até a cama. Ele nunca atendeu ao meu pedido. Deitou-se e se enrolou com o pesado edredom, mas não fechou os olhos. Ainda tinha uma última coisa a fazer.

- Melissa? - sua mãe apareceu sorridente pelo umbral da porta. Trazia nas mãos um pequeno pacote rosa. - Seu primeiro presente de natal. - sentou-se a beirada da cama e aguardou a menina erguer-se.

Pegou o pacote nas mãos e nem mesmo pensou em brincar com sua mãe, tentando adivinhar o que era. Simplesmente o abriu, sem sorrisos e sem grandes surpresas. Era apenas uma boneca. Linda, na verdade, mas só um objeto inanimado.

- Obrigada, mamãe. Ela é linda. - agradeceu por educação e a mulher sorriu-lhe. Um sorriso triste, dolorido, que tentava, porém, dar esperanças a criança à sua frente. Levantou e contornou a cama. A menina já havia afastado o edredom, apenas aguardava.

Alcançou um frasco sobre o criado mudo e abriu-o enquanto sua filha puxava a camisola até a altura dos quadris. Uma vez mais a jovem mulher engoliu um soluço ao ver as cicatrizes que adornavam as pequenas pernas. Deixou que uma quantidade razoável de óleo caísse em suas mãos e lentamente iniciou uma pequena massagem, dobrando-as, esticando-as, erguendo-as. Aos poucos os movimentos voltaram. Nunca voltaram realmente. Tortas, finas e totalmente marcadas... A garota sequer as olhava. Sempre vestia roupas longas, sempre ficava em casa.

Os natais eram sempre iguais, os anos iam e vinham e nada mudava. Talvez, em um dia longínquo, seus dias passem a ter mais cor. Por enquanto, eram apenas as luzes que enfeitavam as casas que coloriam seu quarto, e um pouco de sua vida.


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Notas finais do capítulo

Sempre tem o meu toque 'sinistro'. É minha marca, fazer o quê?

Ainda assim, espero que alguém tenha gostado.



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