O soninho tava to gostoso. Claro que nunca podemos dormir em sossego, algum sempre nos acordar.

Algum batia freneticamente na porta do quarto:

-Acorda garota! Uma mulher de voz rude gritava.

Levantei preguiosamente e fui abrir a porta. Ali estava a dona do hotel. Era uma garota relativamente jovem, devia ter no mximo 30 anos. Tinha os cabelos louros e olhos azuis,um corpo de dar inveja,um pssimo carter e um humor pior ainda.

-O que foi?Onde o incndio? Perguntei carrancuda para....qual mesmo o nome dela?

-Deixa de ser cnica!Tem uma garota alta e magrela l embaixo querendo falar com voc.

Ela podia pelo menos ter um pouco de educao.

-Garota alta e magrela?Tem certeza que quer falar comigo mesmo? No me lembrava de ter conhecido uma garota aqui em L.A.

-Tem mais alguma Faye aqui nesse hotel por acaso?

-Como eu vou saber?Voc que trabalha na recepo! Aquela mulher j estava me estressando.

-Deixa de ser abusada garota! Ela apontou um dedo para mim.

-T,ta!Eu j estou descendo,agora se voc fizer o favor de se retirar.

-Quem voc pensa que para me expulsar do quarto do meu prprio hotel?

-Xo oferenda pra Iemanj,volta pro mar e se afoga baleia.Quer me ver pelada por acaso? Pergunte,vermelha de raiva a uma hora dessa.

Ela abriu a boca para argumentar,mas tornou a fech-la,deu meia volta e foi embora.

Me vesti rapidamente,no sabia quem era que estava l embaixo,ento preferi no enrolar muito.

Vesti um vestido levinho roxo.Ele era tomara-que-caia e tinha uma faixa da mesma cor em volta da cintura,que terminava em uma lao discreto do lado esquerdo.

Depois de pensar um pouco,achei uma sandlia de salto rosa.

Deixei os cabelos soltos e desci.A mulher loira estava no p da escada,com as mos na cintura:

-At que enfim apareceu.Sua amiga est enchendo o saco.Ela est de culos escuro,no consigo ver os olhos dela e tenho certeza que ela est me paquerando!

Ai meu Deus,quem seria tonta o bastante pra paquerar essa mulher?

-Deixa eu perguntar,qual seu nome mesmo? Perguntei,tentando ser delicada.

-Molly.

-Molly,onde ela est?

-Ela ta ali,sentada na recepo.

Fui at l e encontrei a criatura sentada.Pensei um pouco em quem poderia ser,mas quando cheguei mais perto,eu tive certeza de quem era:Meu salvador de ontem!

-Faye! Ele exclamou quando me viu. Est linda.

Se aproximou e deu um beijo demorado na minha bochecha.

Quando abri minha boca para responder ao seu elogio,Molly surgiu por trs e falou:

-Faye,eu to falando,sua amiga ai lsbica!Desde quando uma mulher d beijo e fala que a outra est linda?

Abaixei a cabea e dei um tapa na minha prpria testa.

Olhei para cima e vi Bill ficando vermelho.Resolvi acabar com o mistrio e pedi suavemente:

-Poderia tirar ao culos? Disse para Bill.

Ele tirou e exibiu seus olhos maquiados.Molly arregalou os olhos e estendeu a mo,encostando ela no rosto dele.Ela foi passando a mo testa e quando chegou nas bochechas,ela as apertou e esticou:

-Vem c meu filho,voc transformista?Seu trabalho muito bom viu!Olha, se ningum me falasse,eu juro que nem ia perceber que homem.

-Como que minha senhora? Ele berrou tirando as mos de Molly de seu rosto. T me chamando de traveco?!

Ai gott,juro que me assustei agora:

-Bill,vamos acalmar os nimos!Molly,ele homem,no transformista e tambm no gay.

-Jura fofa?Olha que rosto delicadinho,maquiagem perfeita tambm!

-Agora j chega,quer parar de me chamar de gay?Vamos dar uma volta Faye?Afinal foi pra isso que eu vim aqui e no para ser chamado de gay por uma baranga loira! Ele estava to vermelho que parecia uma tomatinho.Nunca pensei que sua pele plida pudesse chegar nessa tonalidade.

-Vamos sim Bill.Cinema,pode ser? Nem sabia pra onde ele queria me levar,s sei que eu queria sair dali.Eram 11 da manh, devia ter alguma coisa!

-Claro. Ele passou o brao pela minha cintura e amos andando quando a vozinha irritante de Molly soou:

-Toma cuidado com a carteira Bill,por que essa da no deve ser confivel!

Olhei para trs e vi um sorrisinho cnico em seus lbios rosados.

-Agora minha pacincia acabou!

(narrado pelo Bill)

Faye se desvencilhou dos meus braos e voou em cima de Molly.Ele agarrou ela pelo pescoo e gritou:

-O que voc est insinuando?Que eu sou golpista o que eu sou trombadinha?

Mesmo sendo sufocada pela unhas de Faye,Molly continuava fazendo piadinhas:

-Voc escolhe fofa!Se voc conseguiu arrumar essas duas opes, porque voc deve ser uma dessas coisas.

-Sua vaca loira!- Ela estapeou o rosto da garota loira.

-Bate mais querida.

Faye puxou ela para o lado e deu um impulso, jogando Molly no cho.Ela sentou por cima da cintura dela e começou a bater em seu rosto.

Achei que era hora de agir.Tirei ela de cima da loira e a levantei.Ela se debatia.Segurei ela durante pouco tempo,ela soltou uma de suas mãos das minhas e acertou um soco no meu nariz.

Soltei-a imediatamente ao sentir o sangue escorrendo por debaixo do meu piercing.

Quando Molly conseguiu finalmente se levantar,Faye agarrou seus cabelos e comeou a bater seu rosto contra a parede mais prxima.

O que isso meu Deus?!Uma garota ou o demo em forma de moa?

Consegui superar a dor do meu nariz certamente quebrado e fui acudir elas.Quando meu aproximei dela,vi um tufo de cabelos claros na mo direita de Faye.

Com a mo esquerda ela segurava a cabea de Molly e com a direita ela tentava fazer Molly amigavelmente engolir o tufo.

-Faye,se acalma!Perai! Eu berrava e no conseguia fazer nada.

Nisso,outros hspedes comeavam a chegar e gritar comigo.

Pois ,elas se matavam e eu levava sermo:

-Se mexe homem! Separa as duas! Um gritava

-Voc um homem ou um saco de pancadas? Gritava outro,olhando para meu nariz

-Vai l,projeto de garota!

Ao ouvir esse ltimo comentrio,eu agi:Separei Faye de Molly e a peguei no colo.Ela me batia e me socava,e tenho que dizer:Estava doendo.

Senti uma chave no bolso do vestido dela e a coloquei no cho,mas ainda mantendo seu pulso preso.Peguei a chave no seu bolso e li o nmero do quarto:15.

Voltei a coloc-la no meu colo e subi com ela at o segundo andar.Abri a porta,com ela ainda nos meus braos.

Quando estvamos l dentro,pus ela no cho e ela comeou a socar meu peito:

-Voc um grande idiota!Porque no me deixou bater mais nela?Idiota,idiota,idiota! Ela gritava e me batia.

Depois de um tempo me socando,ela olhou no meu rosto e soltou um gritinho fino:

-Me desculpe,me desculpe.Deixa eu limpar seu nariz,isso ta feio viu. Ela correu para o banheiro e voltou rapidamente com uma toalhinha mida Srio,me desculpe.Voc estava me segurando e eu estava louca de raiva dela.

-Tudo bem,tudo bem.AI! Gritei quando ela passou a toalha pelo meu piercing,me machucando.

-Ai,desculpa de novo.-Seus olhos estavam cheios de culpa e lgrimas.

-Eu j no falei que tudo bem?Deixa que eu mesmo limpo.

Fui at o banheiro e limpei todo o sangue do meu nariz e da minha boca.Ficou dolorido.

Quando voltei,ela estava sentada,descala,na cama.Ela me viu e fez sinal para mim sentar ao lado dela.

-Vamos conversar?Acho que nosso plano de ir ao cinema nasceu morto!- Ela deu uma risadinha de sua prpria piada.

-Claro!Que horas so? Eu perguntei.

Me lembro que cheguei no hotel as 10:30,mas a mulher da recepo ficou enrolando para ir chamar a Faye.Quando ela subiu devia ser umas 11:00.

-Meio dia Bill.

-J? Me espantei.

-D pra fazer bastante coisa!

- mesmo!Ento,por onde comeamos?

Passamos a tarde ora conversando,ora mexendo na internet.Ela me fez mostrar ela todos os meus vdeos e bandas preferidas.Ela me mostrou as dela tambm.

Perto das seis da tarde,eu me encostei na cabeceira da cama e ela deitou a cabea no meu colo:

-Ento Bill,com o que voc trabalha? Ela perguntou curiosa.

Eu no estava preparado para falar disso para ela.Acho que s meu irmo sabia realmente com o que eu trabalhava.

-Nada de especial. Respondi.

-E o que seria nada de especial? Ela insistiu.

-Nada de especial oras!

-Tudo bem se no quer me contar.

Ficamos em silncio durante um tempo. Sua respirao mudou.Me inclinei um pouco para frente e pude ver que ela havia dormido.Deixei minha cabea pender para um lado do ombro e adormeci pouco tempo depois.