Abri os olhos e um luz forte me atingiu.Fechei os olhos de novo.Fiquei pensando em tudo o que havia ocorrido e em quem era o meu grande salvador.

Resolvi tentar abrir os olhos novamente.Eu os abri bem devagar,deixando eles se acostumarem com a luz.

Percebi que eu estava deitada em uma cama.Fiquei assustada durante um tempo,me perguntando onde eu estava,mas logo um homem adentrou os aposentos:

-Você acordou?Que bom! – Ele disse animado

-Onde eu estou? – Perguntei confusa

-Bom,eu te achei quase sendo estuprada por aqueles homens na viela e te salvei.Como você desmaiou,eu achei melhor te trazer para minha casa.

Eu lembrei de novo do ocorrido.Então eu senti que ia começar a chorar.Eu tinha estragado tudo,eu podia ter morrido naquela porcaria de viela.E por que?Porque eu queria chegar mais rápido em casa.Eu devia ter pego o caminho mais longo.

Eu levantei da cama em um salto e corri até ele.Olhei em seus olhos e disse:

-Obrigada,por tudo! – Agradeci delicadamente.

Do nada as lágrimas vieram aos meus olhos e eu lhe agarrei pela cintura e o abracei:

-Eu fiquei com tanto medo .Graças a Deus você apareceu,eu pensei que fosse morrer sozinha. – Minhas lágrimas molhavam a camiseta preta dele.

Ele tinha ficado sem ação.Também não é pra menos,eu estava parecendo uma louca carente.

-Tudo bem,já passou.Agora vamos nos sentar ali e conversar um pouco,pra você se acalmar.

Ele tirou minhas mãos da sua cintura e me guiou de volta à cama.Sentamos e eu pude observar direito,pela primeira vez,seu rosto:Ele tinha os cabelos negros puxados para trás em um topete perfeito,traços delicados e os olhos maquiados.Ele era muito magro e supus que devia ter cerca de 1,85 à 1,90 de altura.

Pude notar também dois piercings em sua face:Um na sobrancelha direita e um no septo.Seus olhos eram fortemente maquiados de preto.

Resumindo:Ele era lindo,muito lindo.

Fiquei por um instante nos meus devaneios.Decidi então me apresentar:

-Eu devo estar parecendo uma doida,me desculpe.Meu nome é Faye. – Estendi a mão para ele.

Ele a pegou e deu um beijo suavemente,como naquele filmes antigos.

-Lindo nome,diferente,mas lindo. – Ele disse

-Lindo?É horrível,parece nome de fada. – Eu disse indignada com a capacidade de meu pai de escolher nomes horrorosos.

-É bonito.Meu nome é Bill. – Ele sorria.

-Prazer.Acho que eu nunca vou conseguir te agradecer o suficiente. – Eu estava envergonhada.

-Tudo bem,eu te salvei porque quis.Eu podia ter te deixado lá,mas não deixei.Salvei por livre arbítrio e não estou pedindo nada em troca.

Eu abaixei a cabeça:

-Você não sabe como está sendo difícil para mim e logo agora isso acontece.Eu preciso te agradecer.

(narração do Bill)

Que bonitinha,toda envergonhada.Qual será que era o problema dela?Fiquei curioso e perguntei,cauteloso:

-Faye,qual é o seu problema?Desculpe se estou sendo intrometido ou grosseiro.

-Tudo bem – Ela disse,corando – É uma história longa.

-Temos tempo. – Eu sorri para ela.

-Ok,então vou começar. – Ela sorriu também.

Ela contou toda a história de sua mãe e se emocionou em alguns pontos,eu vi que ela estava se segurando para não voltar a chorar.

-E agora eu estou aqui. – Ela terminou,suspirando.

-Deixa eu ver se eu entendi:Sua mãe tem câncer,você veio para cá tentar arrumar um bom médico e foi parar naquele hotel fuleiro,por causa da propaganda enganosa?

-Sim.Está tudo dando errado ultimamente.

Ela colocou as mãos no rosto,dando a entender que ia voltar a chorar.Peguei ela pelo ombros e abracei.Ela encostou a cabeça no meu peito e voltou a derramar suas lágrimas.

Nesse momento surge o capeta na porta:Meu gêmeo,Tom.

-Fala mermão!Mal salvou a garota e já ta se aproveitando dela? – Ele perguntou risonho.

-Sai daqui demo,não está vendo que ela não está bem? – Perguntei,bravo com o comportamento infantil dele.

-Estou vendo sim e acho um desperdício olhos tão lindos estarem sendo afogados nessas lágrimas. – Ele disse chegando perto da Faye. – Qual o seu nome boneca?

Ele se sentou ao lado dela e tomou minha posição:pegando ela pelos ombros,ele a abraçou.

-Faye, e o seu? – Ela tinha a voz um pouco embargada.

-Tom,mas pode me chamar de Sex Gott...

Tom não terminou a frase.Ela arregalou os olhos,olhou para Tom,se levantou e meteu a mão na cara dele,lhe dando um clássico tapa estalado.

-Tarado.Quem manda ficar passando a mão na minha bunda?

Ela se levantou furiosa e berrou pra mim:

-Onde fica a porra da porta? – Parecia que o sangue tinha subido ao seus olhos.

Confesso que fiquei assustado com ela:

-Calma.Vamos,eu te levo pra casa.

Peguei na sua mão e a guiei até o meu carro,no andar inferior.Entramos na BMW preta e dei partida.

Ela me explicou certinho onde ficava o hotel e eu a levei até lá.Quando estacionamos na frente do local,eu me virei pra ela:

-Olha Faye,me desculpe realmente pelo Tom.Ele é sempre assim com as garotas...

-Tudo bem Bill.Agora eu tenho de ir.

Ela se curvou pra frente,me dando um beijo na bochecha,eu senti a pele em baixo de seus lábios arder.Tinha certeza que eu tinha ficado bem corado,e com a minha pele branca,não dava pra disfarçar.

Ela sorriu e saiu do carro.Foi andando lentamente até o hotel onde estava hospedada,agora eu tinha certeza que ficaria pelo menos um pouco seguro.

Depois dela entrar,eu segui para casa.