Estava ventando forte, meus cabelos cobriam meu rosto, eu tinha apenas 16 anos quando o conheci. Uma tempestade estava a caminho e alguns pingos já molhavam meu rosto. Estava muito escuro, as nuvens escuras faziam o dia virar noite, e eu estava com medo. A tempestade se aproximava e um vento cada vez mais forte, eu estava perdida pelas estradas entre as videiras do lugar onde morava apenas alguns meses. A chuva começou a cair forte, em poucos segundos eu já estava encharcada, e por algum motivo eu corria, corria pra poder achar algum lugar para me esconder da chuva. Quanto mais corria as plantações ficavam para trás e um campo vazio se arrastava ao meu redor. Estava desesperada, não queria morrer por um raio ou coisa parecida, eu era muito jovem para isso. De algum lugar, do meio do lado surgiu um garoto, aparentava ser alguns anos mais velho que eu, pulou em cima de mim, meu derrubou no chão e começou a gritar para poder escutar o que dizia.

– Você está louca!? Se continuar a correr deste jeito pode ser atingida por um raio!

– Estou perdida, não moro longe daqui, mas eu fiquei com medo... Quem é você!?

– Vittore...

– E o que é que está fazendo aqui?

– Estava visitando um lugar que não venho a muito tempo. Você é Sofia certo? Sofia Gallo. Acho que somos vizinhos. – ele franziu a testa. Nós continuávamos deitados no chão enquanto a chuva caia forte.

– Você é um Balducci? – Eu comecei me sentando, mas ele me empurrou de volta ao chão.

– Não faça isso, temos que ficar deitados até a tempestade passar, os raios podem nos acertar. E sim... Sou um Balducci.

Ficamos em silêncio, a chuva ainda continuava a cair, só que menos forte agora. Então olhei para ele, seus olhos azuis claros olhavam ao redor, atentos, seus cabelos loiros encharcados caiam até um pouco acima de seus olhos, seu rosto era perfeitamente lindo. Mas por algum motivo nossos pais se odiavam, e eu não o conseguia ver de outro jeito a não ser como um garoto lindo e inocente de qualquer acusação de nossos pais. Ele olhou pra mim e eu fingi estar vendo ao nosso redor. A chuva estava parando, mas ainda tinha muitos raios.

– Então senhor do tempo, quando poderemos ir pra casa? Já estou ficando com frio. –Minha boca estava roxa de frio, e eu tremia, mas não conseguia me desviar daqueles olhos azuis.

– Tome, acho que vai resolver seu problema... – Ele tirou a blusa de frio que estava vestindo e jogou pra mim.

Coloquei a blusa, me sentei e olhei pro céu.

– Acho que já está parando não acha? Acho melhor irmos antes que comece a chover denovo.

– Conheço um lugar melhor, quando a chuva parar de vez voltamos para casa... - Nos levantamos e fui seguindo ele, eu estava perdida mas ele parecia saber onde ia.

Enquanto caminhávamos ficamos em silêncio, mas não incomodava. Ele me levou até um lago, o caminho era meio difícil, mas como ele disse, a chuva começou a cair denovo e mais raios também voltaram. Ficamos embaixo de umas rochas perto da água, eu sentei de um lado e ele de outro.

– Obrigada... – Eu disse meio envergonhada tirando a blusa

– Fique com ela, esta frio ainda, outro dia pode me devolver.

Seu tom de voz era seco e decisivo, achei melhor não contrariar. O silêncio tomou conta outra vez, mas agora me incomodava. Me ajeitei encostada na rocha e fiquei observando a água caindo no lago. Sentia seus olhos azuis sobre mim, mas não tinha coragem de olhar. Então a chuva tinha parado, o céu estava se abrindo denovo, e estava quase no fim da tarde.

– Acho bom voltarmos antes que escureça – Ele disse se levantando.

Ele nos guiou até nossas casas, quando chegamos na frente da casa dele fui tirando a blusa de frio.

– Obrigada mesmo, amm... A gente se vê por ai. – Sorri e devolvi a blusa pra ele, ainda estava com frio mas estava quase na frente de casa.

– Claro... – Ele me devolveu um sorriso, pegou a blusa e entrou.

Depois disso fui correndo pra casa tomar um banho bem quente.