Cinco Minutos, ou Mais. escrita por larrycavalcante


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Não me dou muito bem com 1ª pessoa, então se ficou confusso, me avisem, please ><'

Todos os direitos ao tio Rick! :D



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Eu estava sozinho no meu chalé, novamente. Como sempre, só as paredes claras e as cartas da minha mãe me faziam companhia à noite. E sem esquecer as janelas que eu não conseguia deixar fechadas.

Suspirei cansado daquele tédio. Desci da minha cama e caminhei pelo cômodo. Me olhei no espelho, até ergui a mão para arrumar meu cabelo, mas como ele ia voltar a ficar desarrumado em meio minuto, abaixei a mão e cocei meus olhos.  Eu não estava com sono. Nunca desejei estar sonolento como hoje.

– Pelos Deuses... – Reclamei querendo gritar – Que tédio.

Sai de frente do espelho, e fui até a escrivaninha. As cartas da minha mãe já estava meio amassada de tanto que eu lia e relia, tentando matar as saudades do seu sorriso reconfortante e os waffles azuis. Peguei as cartas e sentei na minha cama, eu ainda estava com esperanças de que eu fosse pegar no sono do nada.

Eu ia começar a ler o primeiro parágrafo quando ouvi duas batidas na porta. Bufei. Por mais que eu estivesse no completo tédio, eu não queria levantar e atender a porta.

Ficar sozinho entende? Com meu tédio, minhas paredes, minha cama e as cartas da minha mãe.

Fui até a porta e a abri, dando de cara... com o nada.

– De novo essas brincadeiras de bater e fugir? Que saco... – Bati a porta, e assim que virei, vi Annabeth, com seu boné nas mãos e umas três sacolas de supermercado. – O que você está fazendo aqui?! Sabia que é proibido ficar fora...

– Eu sei, eu sei. – Ela disse, nem ligando para o que eu estava falando.

– E você é uma garota se te pegarem aqui à essa hora... não... – Annabeth me ignorou mais uma vez. Virou de costas, sentou na minha cama e revirara a sacola em cima do próprio colo.

– Eu pedi para o chalé 11 me trazer algumas coisas. Por mais que eu goste de morangos como sobremesa, eu estou com vontade de comer essas coisas a um tempo.

– Uhum... – Murmurei pegando as cartas e as deixando de novo na escrivaninha.

– E como eu vi que as luzes ainda estavam acessas aqui, vim te trazer uns cookies.

Olhei para Annabeth, ainda encostado na escrivaninha. Cruzei os braços e fiquei fitando-a despejando as coisas em cima da minha cama. Eu conseguia ver os olhos dela brilhando, era basicamente chocolate, cookies, coca cola e alguns cosméticos.

Espera, cosméticos?

Desde quando a Annabeth se preocupava em se arrumar, ou algo do tipo? Eu até estranhei que ela estava conversando com um grupo de garotas, filhas de Afrodite. Ela nunca era dessas coisas, afinal, estamos falando de Annabeth.
Durona, mão pesada e a preocupação com coisas de beleza em segundo plano.

Bem dizer que ela não precisava de nada para ficar bonita, ela já era linda por si só.

– Por que você está me olhando assim? – Ela perguntou me despertando dos meus pensamentos. Pensamentos estranhos para não dizer outra coisa. Desde quando... quer saber, deixa isso pra lá.

Percebi que suas bochechas estavam meio rosadas quando sai totalmente dos meus pensamentos.

– Eu? Eu não estava te olhando. – Virei o rosto antes que ela visse o meu rosto também vermelho.

– Enfim. – Ela ignorou meu comentário, e se voltou para os doces, guardando os cosméticos em uma sacola. – Não vou comer sozinha, vim aqui pra isso!

Sorri pra ela e como a minha cama estava lotada de doces e latas de refrigerante, sentei-me no chão, em frente à Annabeth. Ela me estendeu um pacote de cookies e uma lata de coca. E começou a falar enquanto comia um pedaço da barra de chocolate e abria um pacote de balas, e de vez em quando dava um gole no refrigerante.

– Annabeth... – A chamei, tentando interrompê-la. Sem sucesso, quando deixavam a loira falar, ela não parava.

– Daí, você acredita que ela me esnobou e saiu andando?! Eu fiquei a ponto de sacar a minha faca e cortar aquele pescoço. Não que eu seja sanguinária, não é isso. Mas é que eu não a suporto...

Ela, simplesmente, nem me ouvira.

– Anna... – Desisti quando percebi que por mais que eu a chamasse, ela não ia me dar atenção.

Juro que eu tentava prestar atenção na discussão que ela teve com uma das garotas de Ares. Mas a voz dela me soava como uma música, de vez em quando eu fitava os seus olhos acinzentados e o jeito doce como os fios loiros lhe caíam no rosto e pelo pescoço.

Perseu Jackson, ela é sua melhor amiga!
Desviei meus olhos e me concentrei nos meus cookie e na lata de coca cola ao meu lado.

– Você nem está me ouvindo, não é? – Ergui os olhos para fitá-la. Ela tinha um sorriso sem humor algum nos lábios e fitava a minha colcha de cama.

– Não, eu estava ouvindo sim...

– Me poupe, Jackson.

– Certo, desculpe. – Terminei de comer o meu cookie e dei um gole na coca cola, deixando a lata quase vazia. – Eu tentei te chamar, mas você mal me ouviu.

Ela ficou calada, ainda de olhos baixos. O cabelo loiro caindo no rosto, ela nem se importava.

– Você está bem? – Perguntei, não tive resposta. – Não foi a discussão com a Bertha que te deixou assim... ou foi?

– Foi.

– Sério? Sério mesmo?

– Sim, Percy, foi! – Ela alterou a voz, odiando a minha insistência.

– O que ela falou mesmo? – Perguntei sorrindo amarelo. Isso que dava não prestar atenção, mas eu simplesmente não estava conseguindo me concentrar em nada além dos biscoitos.

Annabeth finalmente me olhou, ela estava com um sorriso sarcástico nos lábios. Confesso que eu tinha um pouco de medo desses sorrisos.

– Eu não te contei – Ela se esticou até o chocolate mais próximo e o comeu em um desespero silencioso. E com o chocolate ao leite dentro de sua boca, disse sem muita vontade – E nem pretendo contar.

– Você vai me deixar curioso?

– Uhum. – Murmurou sentando-se com pernas de índio

– Vai me deixar preocupado?

– Não tem nada com o quê se preocupar.

Não retruquei , nem ousei falar mais nada. Não queria ficar sem coca cola, e ter uma briga com ela por bobagens.

Terminei de beber a coca em silêncio, fechei a embalagem dos biscoitos e me arrisquei a olhá-la. Posso dizer que eu me arrependi.

Não posso negar e dizer que Annabeth nunca confundiu meus pensamentos, me fazendo ter reações que eu não teria com outra pessoa. Meu coração pulsava forte, meus pulmões pareciam gritar clamando um pouco de ar. E isso tudo, porque ela simplesmente se aproximava um pouco mais, ou segurava minha mão por acaso, quando me abraçava por impulso... E quando ela se feria.

Eu sei que eu daria a minha vida a ela.

Mas naquele momento, ela estava praticamente irresistível.  Ela lia a embalagem do chocolate que comia, o cabelo loiro estava atrás da orelha, mas alguns fios teimosos ainda ficaram na sua testa e nos olhos, lhe dando um ar doce e calmo. Sua face serena, e despreocupada, sentindo o sabor do chocolate por completo.

Me senti estranho por aceitar que ela estava linda. E pensar nisso mais de uma vez, em menos de dois minutos. 

– Percy? – Annabeth me fez acordar novamente, senti como se um balde de água fria tivesse sido derramado em cima de mim. Senti meu rosto queimar no mesmo instante.

– Desculpa... – Falei – Estava pensando no quê a Bertha falou pra você.  Foi tão grave a ponto de fazer você comprar maquiagem?

– Claro que não! – Senti um nervosismo na sua voz, ela estava mentindo – Eu sou uma garota, só quero me sentir... bonita.

– A Bertha falou que você não era bonita?

– Comprei maquiagem porquê quero me maquiar! Não tem nada demais.

A fitei firmemente, sem nem precisar repetir a minha pergunta.

– Pára com isso, Percy! – Ela colocou as duas mãos na face e encolheu as pernas. A vi suspirar depois de um tempo, ainda cobrindo o rosto.

– Você já me respondeu, amanhã vou ter uma conversa com ela.

– Não. Você não vai. – Annabeth me repreendeu, ainda sem me fitar diretamente – Ela não disse que eu não sou bonita. Pelo menos não diretamente. Não que isso tenha me afetado...

– Annabeth...  – Ela era uma ótima estrategista, mas uma péssima mentirosa.

– Tudo bem. Um pouco. Mas não ria, se não corto sua jugular! – Falou tentando me deixar com medo, em vão, essas ameaças não me amedrontavam mais. Mas mesmo assim, assenti com a cabeça e ela continuou.

– Ela disse que eu não sou nem um pouco feminina, que você chega a me confundir com um garoto pelo meu jeito. E que nunca vou conseguir o garoto que eu gosto com esse... rosto.

– Você sabe que isso tudo é mentira, nem deveria ter se abalado. Não entendo você, garotas são muito complicadas. – Eu estava incomodado com esse tal garoto. Ciúmes? Certamente. 

– É claro que você não vai entender, cabeça de alga. – Ela disse, rindo um pouco e tirando as mãos da face. Deixando os olhos acinzentados, que estavam levemente vermelhos.

– Você não... Annabeth. – Me ergui e fiquei de joelhos, eu só estava alguns centímetros mais baixo que ela. – Você ia chorar?

– Não. Eu só estou sensível. Só isso. – Annabeth pegou a coca ao seu lado e deu um gole grande, da mesma forma que eu fiz.

Demorei para reparar em quanto estávamos próximos, somente quando ela repousou a latinha vazia em cima da cama e me fitou.  Não desviei de forma alguma, aqueles olhos pareciam me prender.

– Você não precisa de maquiagem. Você é linda. Só um idiota não se apaixonaria por você, Annabeth. 

– Você só quer me agradar... – Ela falou sorrido.

– Talvez.  – Eu sorri. Apoiei meus braços no colchão, eu não cansava de fitá-la.

– Mas você é um idiota mesmo. – Annabeth riu baixo, e voltou a atenção aos doces na cama, esticando o braço, procurando algo para mastigar.

Eu não conseguia mais ficar tão perto dela, e só contemplá-la, eu precisava sentir. Por puro impulso, ergui uma de minhas mãos e toquei sua face, a fazendo olhar para mim. Subi meu toque para sua nuca e me aproximei de seu rosto.

– Percy. – Ela murmurou sem jeito, seu hálito cheirando tentadoramente a cacau e coca cola.

Sem nem pensar a beijei, lentamente. A senti relaxar e deixar se levar. Por um momento eu achei que aquilo não estivesse acontecendo. Ela me hipnotizava, de uma forma sem igual. Não sei quanto tempo se passou, um ou dois minutos, ou não sei, segundos.  Afastei-me de seus lábios sem muita vontade.

– Então... isso quer dizer que você não é um dos idiotas –Sussurrou perto dos meus lábios, ainda de olhos fechados.

– É... – Eu não soube o que responder, voltar a sanidade era sempre como levar um tombo, eu nunca sabia o que fazer por alguns segundos.

– Estou com medo de te olhar. – Disse com um ar risonho.  Sua respiração estava descompassada como a minha.

– Não precisa... – Beijei seus lábios rapidamente – Pelo menos, não agora. – Fechei os olhos e a beijei novamente. Entendendo todos os seus medos, nos declarando apenas com atos, e ambos, sem saber o que fazer depois que o beijo acabasse.

Mas isso, só para pensar daqui a 5 minutos, ou quem sabe mais.


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Notas finais do capítulo

Bem, ta aí, o título foi improvisado, mas acho que vai ficar assim mesmo (:

Obrigada pra quem leu, e quem quiser, deixa review pra fazer uma pessoa feliz *o* hi