Mesmo um pouco confusa, para não dizer completamente, me distancio dela tomando outro rumo para encurralá-lo ao segundo que penso por qual motivo Naomi estaria tão interessada.

Dobro a esquerda logo o tendo o alcance das minhas vistas e conseqüentemente entramos no mercado com ele derrubando algumas coisas para atrapalhar.

Reviro meus olhos antes de desviar de um carrinho e logo em seguida vendo-o novamente ainda que não tenha visto Naomi ou Hana. Arfo um pouco antes de sairmos do mercado e adentrar em uma viela meio escorregadia que para minha alegria não possuía saída afinal à grade era bastante alta.

Relaxo meu corpo ofegante vendo-o socar a proteção antes de se virar pra mim deixando-me ver seu rosto comum nipônico, o cabelo curto, negro de corte complicado, a pele parda do corpo baixo e magro com olhos castanhos.

Ele vem na minha direção fechando as mãos pronto para brigar. Dou um sorriso de descrença antes de erguer minha mão para ele.

-Não quero brigar – digo recompondo-me – Pode nos poupar disso?

Ele eleva uma mão em direção ao meu rosto que desvio para o lado acertando seu queixo antes de derrubá-lo e conseqüentemente sentando-me em seu peito.

-Nenhum movimento – o intimo olhando seu rosto ao segundo que pego meu celular discando o número de Hana – Onde vocês estão?

-Onde você está? – ela devolve ofegante.

Olho ao meu redor deixando meus olhos ficarem no banco do outro lado da rua.

-Na rua detrás do mercado – respondo erguendo-me – Não demorem.

Vejo-o levantar e logo agarro a gola de sua camisa.

-Não faça gracinhas – o alerto antes de empurrá-lo pra frente notando os olhares dos curiosos ao redor.

Formidável.

Retiro o casaco do colégio amarrando-o na minha cintura enquanto indicado com a cabeça para que se sentasse no banco o que faz de cara amarrada. Fico olhando para as pessoas que passam querendo saber que interesse aquele homem poderia oferecer. Analisando-o bem, deveria ter uns 18 anos ou menos.

-Você! – Naomi exclama ficando na frente dele – Quem é você de verdade?

-O que está acontecendo? – pergunto confusa.

-Ouviu falar do acordo dos meninos com Izuro certo? – Hana responde ficando meu lado, assento com cabeça – Então olha a causa.

-Não foi por causa de dinheiro? – indago franzindo a testa.

-Claro que não – ela discorda – Serizawa comprou briga com esse garoto sem saber que ele tinha ligação com Izuro o que acabou ocasionando uma seria confusão onde Allan se intrometeu querendo chegar a um consenso com Nara, afinal eles eram meio que conhecidos.

-Isso eu não sabia – digo vendo Naomi querendo arrancar algo do garoto – O que você quer saber?

Ela me olha séria quase desesperada.

-Quero saber quem ele é de verdade –ela responde voltando-se para ele – Nunca engoli essa história de que fosse amigo do Aniki.

-Por que não? – pergunto retórica – Vai ver você não o conhece.

-Izuro não tem amigos – ela responde solene – Nunca teve ninguém assim, nunca quis ter.

Hana assobia ao meu lado enquanto cruzo os braços.

-Do que adianta saber disso agora? – pergunto séria – Vai ajudar no que?

-Vai livrar o pescoço do Allan e do Hajime – Hana responde – Pode conseguir arrancar algo dele?

-Você é melhor nisso – replico vendo Naomi nervosa – Naomi-chan, Hana vai cuidar disso.

Ela me belisca antes de ir até o garoto e afastando-se depois com ele. Deixando-me com Naomi que desaba no banco sob meu olhar sério.

Afinal ela havia mentido.

-Não precisa fazer essa cara – ela me recrimina – Haji-kun me pediu para não te contar a verdade.

Dou um sorriso de surpresa antes de olhar para o céu.

-Poderiam parar de esconder as coisas? – indago seca.

Ela dá de ombros.

-Se quer saber – ela me encara – eu me sentiria melhor contando a verdade pra você, mas não posso tirar a responsabilidade dele.

Olho-a por um segundo vendo a sinceridade em cada traço de seu rosto dando-me por convencida. Ergo meus olhos para frente dando de cara com Hana que vinha ao nosso encontro limpando as mãos.

-O que houve com o garoto? – Naomi pergunta levantando-se.

-Está tirando uma soneca – ela responde desinteressada – Vamos a algum restaurante. Estou com fome.

Olho-a por um segundo antes de entender o que quer que tenha arrancando dele eu não devia saber.

-Tenho que ir na frente – aviso me afastando delas – Allan precisa de ajuda com o projeto dele.

-Ah – Naomi diz – Nos vemos amanhã.

Aceno para as duas antes de seguir o caminho de casa, não conseguindo deixar de lado que tipo de situação estava se desenrolando sem mim.

-Katherine – Allan diz aliviado ao me ver – Por onde andou?

Ponho meus chinelos de andar em casa antes de olhá-lo.

-Estava numa doceria com Naomi e Hana – respondo encaminhando-me para meu quarto – Pode dormir tranqüilo hoje.

-Por que está dizendo isso? – ele pergunta.

-Vai saber amanhã – respondo – Boa-noite.

Jogo meu casaco e minha bolsa sob a escrivaninha onde estava meu último desenho que havia rabiscado. Bagunço meu cabelo antes de pegá-lo deparando-me com um garoto ao lado de uma garota dando a ela uma lata de refrigerante com um meio sorriso.

Talvez a semelhança com o que Rui fez não seja uma simples coincidência.