Vida Cruzada escrita por Razi


Capítulo 16
Tolerância zero




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Paramos em um corredor que pra variar estava vazio. Olho-o enquanto passa a mão no cabelo soltando um suspiro cansado antes de se encostar na parede apoiando um pé também.

-Katherine – ele diz olhando para cima – Espero que nada aconteça a você.

-Como? – pergunto confusa – Foi apenas uma briga normal, relaxa Senpai.

Ele deixa que seus olhos únicos me encarem.

-Não te contaram sobre aqueles dois não é? – ele indaga retórico – Que imprudentes.

-Senpai – digo solene.

-Ouça, Katherine – ele diz suave – Hiromi não é o tipo de garota que deixa as coisas passarem. É bastante rancorosa com certeza vai querer acertar os ponteiros com você.

-Por que está assustando-a Oizawa? – Hajime pergunta aproximando-se de nós.

-Apenas estou advertindo sobre aqueles dois – ele responde monótono – Ou quer que ela se machuque novamente?

Hajime solta um meio sorriso antes de apontar pra mim.

-Vai deixar que ele fique preocupado inutilmente? – ele indaga me olhando.

-Não enche – replico voltando-me para Rui – Obrigada pelo conselho senpai, pode deixar que tomarei cuidado.

-Katherine – ele persiste analisando-me – Você precisa mesmo tomar cuidado.

-Oizawa – Hajime o chama – Um conselho de quem a conhece mais tempo. Vai ficar se preocupando a toa.

Mordo minha língua para não criticá-lo.

-Podemos nos conhecer a um ano – Rui diz suave – Só que seus conselhos sempre são inúteis.

-Menos esse – ele se defende – Katherine não é uma garota indefesa que precisa de salvadores, é bom notar isso logo.

Dou um sorriso sem humor chamando sua atenção.

-Os tempos faz as pessoas mudarem, Serizawa – recito solene – Vejo que agora anda dando de Protetor.

-Alguém precisa ficar de olho em você – ele diz sério.

-Quando foi que pedi que fizesse isso? – replico cruzando os braços.

-Você é orgulhosa para admitir que precisa de ajuda – ele diz solene.

-Hajime-san – Rui intromete-se – Katherine não quer sua preocupação, então não seria bom continuar com essa insistência.

Ele forma uma careta antes de me olhar.

-Está vendo? – ele indaga retórico – Pode parar de bancar a garota desamparada?
-Pra início de conversa eu na banco nada – replico ríspida – Segundo, por que tem que se intrometer em assuntos alheios?

-Porque alguém precisa frear sua bondade algumas vezes – ele responde solene antes de se voltar para Rui – Queria contar á ela sobre Izuro?
-Sabe bem que ele irá atrás dela – Rui diz sereno – É inútil deixá-la às cegas em relação á ele.

-O que querem dizer com isso? – pergunto curiosa.

Não dizem onde tem fumaça há fogo?

-Que Izuro vai querer acertar alguns assuntos com você – Rui responde me encarando – Melhor vai te usar para chegar em Hajime e Allan-san.

-O que vocês fizeram á ele? – pergunto inquisitiva olhando Hajime.

-Obrigado língua grande – ele ironiza olhando para Rui.

O jovem dá de ombros antes de se afastar deixando-nos á sós.

-Quero a verdade Serizawa – exijo o olhando.

-Poderia simplesmente ser uma boa garota sem ter o mínimo interesse nisso? – ele indaga retórico.

-Foi mal se vim a esse mundo com defeito – satirizo – Agora vai dizendo por que vocês querem brigar com aquele homem?
Ele olha para cima como se lamentasse algo, bato-lhe no ombro fazendo-o me encarar.

-A de sempre – ele resmunga – Não quero você envolvida nisso.

-Sua vontade não me interessa – replico séria – Agora será que pode me contar a verdade?

-Não quebro promessas – ele retorqui – Ainda mais quando a faço para um grande amigo.

-Então quer dizer que aquela história de melhor amiga não há serventia? – indago estreitando as sobrancelhas.

-Foi você mesma que disse que as coisas não são como antes – ele replica aproximando-se de mim.

-Não use o que eu disse contra mim – o recrimino – E não mude de assunto!

-Não sou eu que estou fazendo isso – ele se defende – E você sempre dá o primeiro passo com raiva.

Dou um sorriso de descrença.

-Não me faça chorar, Serizawa – devolvo seca – Você é que sempre foi de manipular as pessoas, fazendo-as tomarem decisões idiotas.

-E quer dizer que você é uma dessas pessoas? – ele indaga retórico cruzando os braços.

-Óbvio que sim! – exclamo irritada – Você sempre foi um monstro.

-E você um anjo – ele ironiza revirando os olhos – Sabe que somos farinha do mesmo saco.

Sem hesitar, dou-lhe um tapa cerrando meus dentes e ele me encara neutro, sem emoções.

-Meça suas palavras – recomendo séria – Não fui eu que desapareci e se esqueceu que existia alguém que se preocupava.

-Vai jogar quantas vezes isso na cara? – ele indaga seco.

-Quantas vezes eu sentir vontade – replico estabilizando meu temperamento – Alguma hora ao longo desses dois anos pensou em como eu estava temerosa pensando no que poderia ter acontecido com você?

Ele continua me fitando calado.

-Claro que não – continuo séria – Certamente estava preocupado em espancar quem estivesse na sua frente ou então se divertindo com suas namoradas. Estou enganada?

-Vai fazer alguma diferença pra você disser que está? – ele conjetura amargo.

-Por que não ousa? – rebato o instigando.

-Porque você é infantil, teimosa, incompreensível e intolerante – ele diz pausadamente – E nada disso mudou até agora.

-Queria que quando o visse te tratasse com amor e carinho como se nunca tivesse feito nada? – sugiro franzindo o cenho – Eu não sou tonta, Serizawa. Não sou do tipo cachorrinho que você está acostumado.

-Não faça comparações inúteis, Katherine – ele me repreende – Queria que entendesse que eu nunca quis fazer aquilo, mas foi necessário.

-Sumir e não dar noticias? – indago franzindo a testa – Que explicação mais hipócrita é essa?
Ele suspira formando uma carranca.

-Nunca vai aprender a compreender a situação dos outros? – ele indaga retórico.

-Tratando-se de você – digo pausadamente – Minha tolerância é zero.

-Quando vai poder esquecer o passado? – ele pergunta cansado.

-Eu já esqueci – respondo duramente – Porque Serizawa Hajime que conheci e que tratei como meu melhor amigo... Ainda continua desaparecido.

Olho seu semblante sombrio antes de me afastar dele.


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Notas finais do capítulo

Fica o suspense sobre o próximo cap.
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