“O verdadeiro sentido de viver se encontra quando a morte avisa que está próxima a chegar...”

http://www.youtube.com/watch?v=AWHMyQQqTao&feature=fvw

Robin Thicke - Against the world

Capítulo I

As ruas de Londres estavam esburacadas, na verdade, aquela parte de Londres estava localizada onde as ruas eram esburacadas. As luzes da noite daquele lugar maravilhoso eram o foco principal da caminhada quando os relógios estavam prestes a bater dez horas da noite... Os carros começavam a se movimentar com mais lentidão, anunciando o inicio da noite de sábado, qual é?

Era Londres, Londres era linda e charmosa, então por que as luzes se embaçavam cada vez que seu coração batia lentamente e seus ouvidos ouviam, sem escutar uma única palavra o que aquele estranho lhe dizia, um estranho que havia colocado um anel de compromisso em seu dedo, um estranho que havia lhe pedido em casamento com o consentimento de seu pai e de sua irmã...

Jacob- Querida? Está ouvindo o que estou falando?  – Bella virou a cabeça tirando os cabelos pretos que o vento soprou contra seu rosto, seus olhos castanhos miraram Jacob como se não pudesse o enxergar...

-Suas bochechas estão rosadas... – sorriu se aproximando e plantando um selinho rápido nos lábios... Percebi que isso acontece quando está pensativa.  “mentira, minhas bochechas são rosadas naturalmente”

– Está linda essa noite, maravilhosa...

Bella olhou por um instante as feições do homem a sua frente, era belo, ah sim! Com toda certeza era belo, seu rosto exalava o homem rude e com uma inteligência incalculável que na verdade tinha. Os cabelos pretos caiam lisos em um corte bastante particular, o nariz fino, o maxilar quadrado, os lábios no tamanho ideal para um bom beijo... “sem calor, sem delicadeza, sem...”

Jacob - Estive pensando... Poderíamos ligar para seu pai e contarmos a novidade, aproveitarmos a grande festa de aniversário e anunciarmos o nosso casamento.

Os olhos dele pareciam distantes, como um lobo, que a observava de longe como se a qualquer momento pudesse pegar e fazer dela o que quisesse, é claro, isso acontecia pelo fato de seus olhos, não conseguirem durante apenas um único minuto mirar aqueles olhos, ou o corpo bem feito, ou os lábios que eram de um tamanho ideal para um bom beijo...” sem calor, sem delicadeza, sem..”.

– Querida? Planeta terra chamando... Já sei, está emocionada.

Bella – Sim...

Por fim conseguiu falar e sua voz saiu mais trêmula do que esperava.

– É um grande passo Jake, e estou feliz por dá-lo ao seu lado. “mentirosa”  

-Sinto frio, será que poderíamos voltar para o hotel?

Jacob– Sim, é claro que poderíamos...

Ele abriu um sorriso fraco, a abraçou enlaçando a bela cintura caminhando até onde a limusine preta os esperava, Bella entrou no carro, ele entrou logo atrás e por alguns instantes seu telefone tocou...

Jacob – Oh, estava esperando a sua ligação Charlie, temos novidades...

Bella se encolheu no banco fechando o casaco ainda mais sobre seu corpo, sentiu seu coração bater fracamente, abriu os olhos observando os borrões das luzes de todas as cores pelas ruas de Londres, o aquecedor substituía o frio...

- Quem é você?

Bella – Desculpe, falou alguma coisa?

Jacob continuava a falar no telefone, franziu a testa afastando a franja dos olhos, pelo ar de felicidade dele, Charlie havia recebido bem a noticia. Charlie, um ótimo homem, um marido perfeito enquanto sua mulher viveu. Charlie, seu pai, o homem que amou Renee, sua mãe...

Jacob – Quer falar com ela? É claro que pode!Está quase congelando de frio... Ok, nós falamos quando eu chegar ao hotel, sim... Exatamente, boa noite Charlie.

Bella pegou o telefone, agradecendo com um sorriso, respirou fundo levando o telefone ao ouvido...

Charlie – Bom saber pelo seu noivo que vão se casar, pensei que tinha mais consideração por esse velho, minha filha...

Bella– Você não é velho papai, nunca foi e nem nunca vai ser... Mas não quero conversar sobre isso por telefone, é importante demais para mim olhar nos seus olhos quando conto algo que pode definir minha vida, você é meu porto seguro, papai. É meu melhor amigo e confidente...

Jacob fez uma careta e logo depois sorriu, o carro parou e o chofer abriu a porta com toda a cortesia lhe fora ensinada...

Charlie – Sei, preciso te ver, sua voz está estranha, sinto saudades...

Bella – Também sinto saudades, haverá o grande jantar?

Charlie – Se você não quiser que sua irmã entre em depressão por dois meses, haverá! Odeio bolos, doces ou tipos de decorações...

Bella – Papai... Ao menos esse ano, não se faz 65 anos todo ano.

Finalmente sorriu com a gargalhada gostosa que somente ela e sua irmã tinham...

Charlie – Volte logo, não gosto de você muito tempo sozinha com esse lobo mau! Ouvi dizer que ele come criancinhas...

Bella – Papai!

Negou com a cabeça levando as mãos sobre os olhos, enquanto seus lábios abriam outro sorriso...

– Se cuide e durma bem essa noite, na quarta te encho de beijos!

Charlie – Ok filha. Durma bem, se precisar já sabe: Saia pela madrugada faça loucuras, mostre ao mundo o que há de tão belo por trás dos seus olhos...

Bella – Pode deixar, farei isso se me quiser de cama para a festa do seu aniversário, Londres está gelada como... “meu coração” o Pólo Norte, mande um beijo para Alice!

Charlie, seu pai, na realidade era o homem de sua vida. Sua estatura baixa, os cabelos grisalhos e os olhos claros denunciavam que fora um belo rapaz quando novo. Sorriu sozinha após desligar o telefone, ele era novo, sempre seria novo, e seu amor seria sempre devotado a ele e a sua irmã mais velha, tão radiante e emocionada com sua própria felicidade, que por mais tolo que fosse seu coração chegava a doer de vontade de ter algo como o que ela tinha pelo resto da vida, por maior que fosse a diferença entre ela e Alice, as duas se entendiam como ninguém.

Jacob – Pequena viajante, está congelando aqui fora!

Bella sacudiu a cabeça aceitando a mão que o chofer lhe estendia para que saísse do carro, se equilibrou sobre as botas de salto altíssimo, fino e preto, voltando a fechar o sobretudo marrom, cruzando os braços sobre os seios avantajados, sorriu agradecendo o chofer. Os braços de Jacob a envolveram e o frio pareceu aumentar, arrumou o cachecol enquanto ele pagava um valor desnecessário ao chofer, cerrou os olhos entrando dentro do Hotel Palace, voltou a se sentir aquecida...

Enquanto a porta do elevador se fechava, sua mente vagava em busca da definição de calor, apertou os olhos e foi pega de surpresa pelo beijo que Jacob lhe dava. Encostando-a contra a parede fria de metal do elevador, percorrendo seu corpo, esguio, com mãos fortes, abriu os olhos sentindo os beijos em seu pescoço, as mãos fortes e frias subirem por sua barriga até se aproximar de seus seios, voltou a beijá-la na boca, as portas do elevador se abriram, e ainda grudada a ele, com seus corpos colados e com a excitação de Jacob evidente contra seu ventre. Bella abriu os olhos...

E foi aí que seu mundo se perdeu...

(Dare You To Move- Switchfoot)

Seu coração bateu rápido pelo susto de ser surpreendida em um amasso na porta de sua suíte, Jacob ainda a beijava no pescoço e tentava sem sucesso abrir a porta...

“Quem era ele?”

E por que a olhava nos olhos daquela forma que jamais alguém havia olhado?

E porque seus olhos conseguiam retribuir o olhar?

Seu corpo queimou como se uma nova substância tivesse sido adicionada em sua corrente sangüínea, sua respiração se tornou mais rápida, e seus olhos se umedeceram por nem ao menos piscarem, percorreu o olhar pelo corpo vestido em roupas descontraídas como um jeans de boa marca, uma camisa pólo preta e um moletom por cima vermelho, logo coberto por outro sobretudo preto, o pescoço coberto por um cachecol preto que caia até sua cintura, os cabelos deliciosamente espalhados pelos olhos que lhe diziam algo, que lhe dava, que lhe oferecia algo que o corpo dela aceitava com muita gratidão.

Ele elevou uma sobrancelha. Imóvel e incapaz de sair do lugar com a maior descrição possível, nem um minuto havia se passado, mas a eternidade estava presente, e a dose de loucura em seu sangue também...

Ele abriu um meio sorriso e mordeu o canto dos lábios, seus olhos eram quentes, seus lábios pegavam fogo em uma proposta inadmissível e tentadora...

Jacob – Droga de porta... Droga de... Bella?

Jacob se virou franzindo a sobrancelha ao ver o estranho parado frente à porta que dava de frente para sua, tirou o batom dos lábios sentindo Bella se desprendendo dele e arrumando a própria blusa...

xxx – Ohh, foi mal!

As bochechas de Bella ficaram ainda mais coradas, se era possível!

– Pode crer que eu não tive a intenção de, é... De, é... Bom, vocês entendem, não é mesmo?

Jacob concordou com uma cara de desprezo, pouco se importando para o que o cara em sua frente poderia dizer, virou-se conseguindo abrir a porta.

- Podem continuar na boa...

Segurou o riso e Bella fechou os olhos, envergonhada

– Já estou de saída, Ah, de qualquer jeito... Prazer!

Jacob nem se deu o trabalho de se apresentar, puxou Bella para dentro do apartamento, interrompendo a troca de olhares e as mudanças que ocorriam em seu corpo, pegou Bella no colo jogando-a na cama, e da maneira mais rápida se pôs em cima dela, voltando a lhe beijar os lábios, o pescoço... Os olhos de Bella se fecharam enquanto se enchiam de lágrimas, os abriu fitando o teto branco, dando um suspiro baixo de redenção.

Não sentia mais onde os beijos de Jacob podiam alcançar...

Isso era loucura só podia ser!
Bella caminhou nas pontas dos pés, com sua bota e seu casaco nas mãos, terminando de abotoar as calças e de fechar sua blusa, visualizou Jacob completamente nu na cama, dormindo profundamente. Olhou no relógio e eram quase duas da manhã, precisava sair... Respirar, fugir... Jogou os cabelos para trás, jurando que os cortaria quando voltasse para casa.

Conseguiu sair do quarto caminhando até a porta de saída, abriu com todo cuidado, e de costas para o corredor, voltou a fechar e sem querer o trinco fez um barulho considerável, soltou um palavrão deixando as botas no chão. Colocando seu casaco rapidamente, conseguiu colocar um pé da bota e logo quando se equilibrava para colocar o outro...

Xxx – Ah, veja se não é a mocinha do amasso!

Bella tomou um susto batendo com a testa na porta, se desequilibrou caindo de bunda e completamente desajeitada no chão, sem outra opção soltou outro palavrão, abriu os olhos deitando com as costas no chão encarpetado...

Xxx - Qual é! Estou só brincando, não precisa se desequilibrar toda...

Bella abriu os olhos tirando a mão da testa, e novamente aqueles olhos se encontraram com os seus, ele se abaixou com a mão estendida... Bella aceitou se levantando no maior constrangimento, colocou a outra bota, fechando o casaco, respirou fundo em busca de coragem para encará-lo...

Xxx – Desculpe, não queria te assustar, aliás, menina do amasso, se machucou?

Bella soltou um sorriso irônico e foi caminhando até o elevador.

– Me desculpe, ok? Podemos começar de novo, faz de conta que sou um vizinho estranho...  “Ele era um vizinho estranho”

- Que você jamais viu na vida... “Ela jamais o tinha visto na vida, até algumas horas atrás...”

- Que você não sabe o nome... E nem de onde vem... “Ela não sabia seu nome nem de onde havia vindo”

– Estou encantado, Milady!

Ele estendeu a mão, e Bella engoliu a saliva com seu instinto de recuar em estado de alerta. Não gostava da forma que reagia diante daquele homem...

Os olhos dela procuraram uma saída, uma forma de sair daquela situação sem se sentir tão envergonhada, “ótimo” ele havia visto ela entrar no apartamento em um maior amasso com um homem, agora saia no meio da madrugada com as botas e o casaco nas mãos às escondidas, e o pior, sem o cara do amasso...

Xxx– Poupe sua vergonha senhorita do amasso, quem nunca deu um amasso na porta de uma suíte?

Bella – Está sendo indiscreto, senhor...

Ele voltou a sorrir.

Xxx– Eu sei que sim. Na realidade, gosto do tom rosado da sua bochecha quando está com vergonha, te faz parecer uma garotinha do colegial, gosto disso...

Como se fosse possível ela enrubesceu ainda mais.

Xxx– Ah por favor, não que eu seja um devorador de criancinhas, de jeito nenhum...

Ele largou a sorrir ainda mais, e Bella se permitiu o avaliar, também estava com o sobretudo nos braços, um sapato desamarrado e os cabelos não tão uniformes como quando havia saído, claro! Tirando a marca de mordida e batom em seu pescoço...

Ele pareceu notar e deu um sorriso torto.

xxx– Bom, agora é você que está sendo indiscreta!

Bella – Me desculpe, não tive a intenção... – apertou o botão do elevador.

- Boa noite senhor...???

Ele negou com a cabeça, e Bella soube que ele não lhe diria o seu nome.

- Senhor indelicado...

xxx– Boa noite? São quase duas e meia da manhã, senhorita do amasso...

Bella apertou os olhos respirando profundamente... Ele era realmente inconveniente.

- Ok, estou sendo indelicado, não é?

Ela assentiu rezando para que o elevador chegasse logo, se virou dando as costas para o sujeito, com seu sangue mais do que nunca correndo por suas veias, podia sentir o calor...

xxx– Tenho uma idéia para compensar a minha indiscrição e indelicadeza, posso te convidar para tomar um café da manhã?

Bella – Sou noiva...

xxx– Não estou te convidando para ir para a minha cama, estou te convidando para tomar um café da manhã!

Bella se virou o encarando, sem pensar no que pudesse significar, mordeu os lábios como sempre fazia quando se sentia apreensiva. O elevador chegou e ele elevou a sobrancelha como quem esperava por uma resposta. O coração de Bella bateu com força e suas pernas fraquejaram por um instante quando seus olhos voltaram a se encontrar daquela forma, estranha e intrigante ao mesmo tempo...

xxx– É sério, Milady!

Ela deixou escapar um sorriso

– Eu não mordo, a não ser que me peçam, é claro!

Bella voltou a ficar séria e ele alargou o sorriso.

– É brincadeira, é brincadeira!

O elevador fez menção a se fechar, e ele colocou a mão no meio das portas que voltaram a se abrir, Bella entrou no elevador e ele entrou logo atrás...

Bella – Não me lembro do seu nome...

Xxx- Eu não lhe disse o meu nome...



Continua...