Sakura

Acordei. Senti o braço de Sasuke segurando possessivamente a minha cintura, e me dei conta do que havia acontecido.

Bom, agora eu tinha um namorado. Que coisa, hm? E só o que eu queria no começo era um semana... normal? É. Digamos que me apaixonar veio de bônus. Eu bônus muito bom, devo acrescentar, já que estou amando tudo isso.

Lembrei que tinha dito que o amava. Hmmm. Não sei se já estou amando mesmo, mas sei que gostar de alguém do jeito que eu gosto de Sasuke é bem mais do que uma simples quedinha ou atração física de adolescente. Ou seja, eu realmente acho que o amo, mas não tenho certeza. Deu para enteder? Ahn... acho que não.

Bem, preciso de alguns conselhos amorosos de Ino. Acredite se quiser, ela é boa nisso.

Senti o braço de Sasuke me apertar mais forte. Olhei o relógio-despertador sobre a mesa de cabeçeira. 8h04min.

_Sasuke... – sussurrei, acariciando o braço que segurava a minha cintura. – Sasuke...

Ouvi ele resmungar. Igual a criança que não quer acordar cedo para ir para à escola. Tão fofo.

_Sasuke. – chamei de novo, agora dando um selinho nele. Vi ele dar um pequeno sorriso maroto. – Só assim para você acordar, né?

_Uhum. – murmurou ele, abrindo os olhos, aquelas duas grandes piscinas negras que tanto me atraíam. Ok, eu admito, tudo nele me atrai, não apenas os olhos. 

_Levanta, vai. Já são 8 da manhã, não podemos ficar aqui o dia todo.

_Quem disse? – ele beijou um dos meus ombros.

_Estamos no apartamento da Temari, lembra? – falei, afastando-o de mim. – O seu apartamento é no andar de cima. Dois lances de escada acima. Não é tão longe assim.

_E daí?

_Sasuke, não vou discutir com você! Levanta logo, se não eu te jogo pra fora da cama! Vai logo, dorminhoco!

_Tá, tá... Já estou indo. – Sasuke me deu um beijo, que eu correspondi, é claro, e enterrou a cabeça no travesseiro por um instante, antes de se sair da cama.  

Sasuke ainda usava a mesma roupa de ontem, notei. E eu usava o pijama de Temari.

Saímos do quarto e ouvimos barulhos de alguma coisa se quebrando, seguido de gritos e um Kankuro assustado voando pelo corredor.

_Ahn... Que aconteceu? – perguntei. Kankuro, que estava de quatro no chão, olhou para cima. Quando viu eu e Sasuke ali, ficou completamente vermelho.

_Temari aconteceu... Não vão na cozinha! Eu quebrei o conjunto de xícaras preferido dela, ela está muito brava! – falou ele, a voz tremendo de medo.

_Ahhh. Vamos para a cozinha. – falei. Kankuro me olhou como se eu fosse louca.

_Você me escutou? – berrou ele. – Eu acabei de dizer para não ir na cozinha! Temari vai atirar todas as facas disponíveis pra cima de você! E eu não quero uma ídola deformada!

Sasuke revirou os olhos, resmungando alguma coisa sobre Kankuro ser um idiota. Hm. Kankuro não pareceu se importar.

_Estou indo para a cozinha. – repeti.

Kankuro ficou para trás. Sasuke me beijou e disse que iria tomar um banho no apartamento dele e já voltava. E nem sinal de Gaara.

Entrei na cozinha. Temari estava juntando alguns cacos de porcelana quebrados que estavam no chão. Provavelmente eram os restos do tal conjunto de xícaras favorito dela que Kankuro havia quebrado.

_Boa dia, Temari! – exclamei, me agachando para ajudá-la a catar o que ainda estava na chão.

_Bom dia, super estrela do rock. – cumprimentou-me ela. – Acredita que o mané do meu irmão quebrou todas as minhas xícaras?

_Ele me disse. Kankuro está morrendo de medo de você.

Temari riu alto, levantando-se ao ver que o chão já estava limpo de novo. Jogou os cacos no lixo e voltou-se para mim.

_Isso é bom. E como vão você e o Sasuke? – perguntou com um sorriso malicioso no rosto.

_Estamos bem. Mas nós não fizemos nada durante a noite, se é isso que está pensando.

_Se você diz... – Temari colocou água para ferver.

_Ah, Sasuke é a melhor coisa que me aconteceu. – comentei, me sentando em uma cadeira.

_Fico feliz que ele tenha arranjado alguém. Ele nunca namorou sério antes, sabia? Normalmente não passava de uma noite. Ele gosta mesmo de você. – disse Temari, sorrindo gentilmente para mim.

Eu não falei nada. Não tinha o que falar. Mas estava feliz de ter Sasuke comigo.

_Como você veio parar aqui? – ouvi a voz de Gaara, que entrava agora na cozinha.

_Hm? – pulei com o susto. Temari riu da minha desgraça. – Ah, isso. Estou tentando passar uma semana sem ter toda aquela pressão de ser uma artista super conhecida e ter um monte de gente atrás de mim. Conheci Sasuke no metrô... Ele está me acompanhando.

_Sasuke? Andando de metrô? – ouvi Temari rir consigo mesma. – Essa eu queria ver!

_Temari me contou que estão juntos. – Gaara ignorou o comentário da irmã. – O que pretende fazer depois dessa semana? Vai abandonar o Sasuke?

Olhei para o chão. Não tinha pensado nisso ainda. Estar ali, com Sasuke, era tão natural que a ideia de ter que me separar dele sequer havia passado pela minha cabeça.

_Não sei. – respondi com sinceridade. – Eu e Sasuke ainda não falamos sobre isso...

_Entendo. – Gaara olhou para Temari. – O que você está preparando aí, Temari?

_Estou fazendo café puro.

_Kankuro não toma café, muito menos puro. – disse o ruivo.

_Não quero nem saber! Ele quebrou todas as minhas xícaras! Vou fazer café puro até que aquela mula compre xícaras novas para mim. – falou Temari.

_Ele não vai gostar nada, nada disso. Acho que ele jogar fora todos os pacotes de café.

_Aí eu vou fazer só água quente até que aquela mula compre xícaras novas e pó de café novo para mim! – Temari colocou o café pronto em uma jarra no centro da mesa da cozinha, colocando alguns copos pequenos do lado.

Gaara serviu café para si mesmo e ofereceu um outro copo para mim. Eu aceitei, pegando o meu copo e indo para a sala.

Sentei em uma poltrona que tinha por ali, dobrando uma das pernas junto ao corpo. Fiquei bebericando o café sem pressa.

Logo depois Temari e Gaara vieram para a sala também, com seus copos de café.

_Onde foi o Sasuke? – ouvi Temari perguntar, se encostando na parede.

_Ele disse que ia tomar banho e já voltava. – respondi, assoprando o conteúdo da minha xícara para que o café esfriasse mais rápido.

_Beleza.

Algum tempo depois, a campainha toca. Kankuro aparece correndo dos quartos para abrir a porta. Cara esquisito, esse Kankuro.

_Sasuke! – cumprimentou ele.

_Oi.

Vi Sasuke entrando, lindamente vestido – como sempre –, com os cabelos ainda molhados e segurando uma sacola na mão. Ele vinha na minha direção.

_Roupas para você. Espero que não se importe. – ele me deu um selinho. – Ino que escolheu.

_Ino?

_É. Ela estava lá em cima, batendo na porta. Disse que iria voltar daqui a pouco. Avisou que iria trazer a Hinata, o Naruto e o Sai também. – Sasuke se sentou em uma poltrona ao lado da minha, deixando a sacola aos meus pés.

_Por mim tudo bem. Mas tudo bem para Temari e os irmãos dela? – falei.

_Temari, vocês conhecem eles também, né? – Sasuke perguntou.

_A Ino e os amigos dela? Sim, sim. – respondeu ela.

_Eles estão vindo para cá. – avisou Sasuke.

_Sem problemas. Aqui é grande o suficiente para um exército. Ou quase... – riu Temari.

_Err... O que tem de bom para o café-da-manhã? – Kankuro perguntou, tentando ficar o mais longe possível de Temari.

_Café. Puro. No copinho. Sabe, alguém quebrou as minhas xícaras. – respondeu Temari, sem nem olhar para o irmão.

_Mas eu não tomo café!

_Mas você quebra minhas xícaras! E só vou fazer café até que você compre xícaras novas para mim. – Temari olhou para ele com um olhar ameaçador. – E com o SEU dinheiro!

_M-m-mas... Mas, eu...

_Kankuro, é melhor fazer o que ela manda. – aconselhou Gaara.

Kankuro não disse nada, mas fez cara feia e foi se esconder no quarto. Não disse que ele era esquisito?

Terminei meu café um pouco depois, e Gaara pegou as xícaras de todo mundo para levar de volta à cozinha.

_Temari, posso usar o banheiro? Preciso de um banho... – falei. A loira sorriu gentilmente para mim, e apontou para a última porta no corredor.

_À vontade. – disse ela.

_Obrigada.

Me levantei, e fui andando até a porta do banheiro. Dei uma olhada na sacola que Sasuke trouxera para mim. Uma calça jeans, uma camiseta branca básica, uma jaqueta preta, um par de roupas íntimas, um par de meias, e uma toalha. É, Ino sempre foi do tipo que pensa em tudo. Entrei no banheiro e tranquei a porta.

Tomei um banho rápido, mesmo lavando os cabelos.

Em baixo da água morna do chuveiro, fiquei pensando...

Não é engraçado como todos eles reagiram normalmente ao fato de que eu sou eu? Bem, eu gostaria de que fosse sempre assim. E também gostaria de viver com Sasuke, poder acordar cedo todos os dias e ver que ele está ao meu lado, como foi hoje. Ter uma vida amorosa é bom, principalmente se você gosta da pessoa como eu gosto do Sasuke.

Saí do box, me enrolando na toalha. Achei melhor trocar de roupas ali mesmo, afinal, a casa não era minha, então, não seria muito bonito ser pega só de tolha andando por aí. Principalmente considerando que tem três homens na casa. E, talvez, Sasuke faça o tipo de namorado ciumento, então não iria gostar. Como se eu fosse trocar ele por outra pessoa, hunf.

Quando vi, já estava com as roupas que Ino tinha escolhido para mim. Dobrei o pijama e o segurei na mão, enquanto saía do banheiro.

A primeira coisa que me aconteceu foi uma Ino super animada pulando para cima de mim, derrubando tudo o que eu tinha nas mãos!

_Ino? Ahn... Tudo bem? – perguntei, quando ela soltou um pouco o abraço. Sim, era um abraço. Eu acho.

_AAAH! Tudo ótimo, amiga! Você não faz ideia! – berrou ela, com um sorriso enorme na cara.

_O que aconteceu? – perguntei. Vi, de relance, Sasuke, Temari, Gaara, Kankuro, Hinata, Naruto e Sai, todos conversando animadamente na sala, enquanto eu estava aqui, ouvindo berros de Ino. Que inveja deles.

_Já volto.  – avisou.

E lá se foi ela. Correu até a sala, trazendo Sai debaixo do braço. Literalmente, quero dizer.

_Olá, Sai.

_Olá, Sakura. – ele deu um sorriso falso. Ino deu um tapa nele. – Tá, tá. Sorriso verdadeiro, já sei. Mas então é por isso que vocês queriam provar a peruca a sós, hm?

_Sai, como você é inteligente. – ironizou Ino. Sai ignorou-a. – Amor, deixa euzinha aqui falar, sim? Saky! Adivinha a novidadeeee!

_O quê?

_EU E O SAI ESTAMOS NAMORANDO! – berrou ela, pulando nas costas do Sai, que sorriu. Verdadeiramente. – Não é maravilhoso?

_É... Incrível. – respondi. Ino sorriu triunfante e chutou o Sai para a sala de novo.

_Vem, Saky, Hinata e o Naruto ainda não sabem sobre você. Vamos lá, quero jogar a novidade bem na cara deles, por eles terem falado mal de você aquele dia. – disse ela, e logo em seguida deu uma risada diabólica.

Fiquei quieta. Ino me levou até a sala. Todos se viraram para me encarar. Os queixos de Hinata e Naruto caíram. Hinata ficou completamente vermelha, e Naruto deu um sorriso maior que a cara.

_Hm.. Oi? – falei.

_O-olá, S-Sakura. – gaguejou Hinata, visivelmente constrangida.

_Sakura! – gritou Naruto, seu tom de voz na habitual alegria de sempre. – Não sabia que você era a cantora! O teme não contou nada pra gente, né, Sasuke-teme-baka!

_Eu pedi para ele não contar. Mas agora vocês todos sabem. – falei aliviada, me jogando na mesma poltrona em que eu estava sentada antes do banho. Sasuke, ainda na poltrona ao lado da minha, segurou a minha mão.

_Err... Sakura, d-desculpe p-por ter te chamado de metida, aquele dia. – disse Hinata, ainda um pouco corada. – Eu não devia te julgar sem te conhecer, sinto muito.

_Não tem com que se preocupar. Para gente como eu, ser julgada é como tomar água: acontece todo dia. – tranquilizei-a com um sorriso. Acho que deu certo, pois ela pareceu mais calma.

_É, Hinata, agora que você está com a conciência mais tranquila... – comentou Ino, se jogando no colo de Sai, que estava sentado em uma cadeira que antes estava na cozinha. – Saiba que eu conheco muito bem minhas amigas, viu? Ahaaam, são todas gente boa. Não é, Sai, amor?

O namorado dela assentiu com a cabeça e deu um sorrisinho sincero. Ino tascou um beijão no coitado. Sai pareceu gostar... É, cada um com o seu gosto. 

_Gente, eu tô com fome! – disse Kankuro, da cozinha. – E não tem nada que preste nesses armários! Só atum e sardinha enlatada! Isso é ração pra gato! E a gente nem tem um gato!

_Kankuro, cala a boca! – disse Temari, que estava sentada no chão, ao lado de Gaara. – Ainda não esqueci o que você fez com as minhas xícaras, então não reclame!

_Ah, Temari! Eu preciso de comida! Vocês, mulheres, é que tem que fazer compras, então, vão no mercado agora e tragam comida de verdade.

_Hey! Minha Hinata não vai a lugar algum sem mim! – Naruto entrou na conversa. – Ela está frágil!

_Aí, irmão da Temari com maquiagem roxa, o machismo já não existe mais, viu? – berrou Ino.

_Ãhn? Desde quando? – perguntou Kankuro.

_Desde que eu disse que não existe, oras! – replicou Ino, cruzando os braços.

_Ah, se as coisas acontecessem só por que você diz, Ino... O mundo estaria acabado! – comentou Sasuke, que ainda estava segurando minha mão, tirando risadinhas baixas dos garotos. Dei um tapa leve na cabeça dele.

_Vá a merda, Sasuke! – disse Ino, ofendida.

_Heeey!! Tive uma ideia! – Temari gritou, se levantando em um pulo, acabando por fazer Gaara cair no chão.

_Ai! – reclamou ele.

_Não enche, Gaara! Você faz parte do grupo desses machistas também! – disse Temari.

_Mas eu nem abri a boca! – defendeu-se o ruivo, se levantando.

_E nem precisava! – Temari empurrou o irmão para o chão de novo, mas desta vez ele nem se deu ao trabalho de levantar, e ficou deitado lá. – Como eu dizia, eu tive uma ideia!

_Lá vem merdaaaa... – cantarolou Naruto, levando um cascudo de Hinata. – Hina, não faz assim, você vai irritar o Minato!

_Quem é Minato? – perguntei.

_O nosso bebê. – respondeu Hinata, acariciando a barriga. – O nome do pai do Naruto era Minato. Uma homenagem, sabe.

_Ah. Entendi. – falei.

_EI! SERÁ QUE NINGUÉM ME ESCUTA? – gritou Temari, fazendo polichinelos no meio da sala para chamar atenção. – Poxa, meninas! É do interesse de vocês!

_Diga, diga, Temari! – Ino falou, com os olhos brilhando. – Você sempre tem ideias ótimas! Diga, diga.

_Pelo menos alguém me escuta. – ironizou Temari. – Bem, já que os garotos insistem tanto que alguém tem que ir ao mercado, por que eles mesmos não vão? Aí eles podem comprar o que quiserem. Que acham, meninas?

_Uma grande bosta! – reclamou Naruto.

_É verdade. Não acredito que estou dizendo isso, mas o dobe está certo. – apoiou Sasuke.

_E eu simplesmente não frequento mercados! – informou Kankuro. – Isso é trabalho da Temari, ela é mulher.

_Cahaaam. Sabe, eu acho que eu disse “meninas”, e não “machistas”. – bufou Temari. – E então, MENINAS?

_Eu acho ótimo! – falei, lançando um olhar maroto para Sasuke, que fez careta.

_Também acho. Naruto-kun tem que aprender a dividir as tarefas da casa comigo. – Hinata disse, decidida. Naruto olhou para ela, com medo. Hahaha.  

_É isso aí! O Sai tem que ir treinando para ser a mulher da casa se a gente for casar e morar junto. – Ino apertou as bochechas de Sai. Os outros garotos deram risada do coitado.

_Então está decidido! Kankuro, Gaara, Sasuke, Naruto e Sai, todos para fora. Vão fazer compras! O mercado mais próximo fica a uma três quadras. – Temari deu a palavra final. – Boa sorte, machistas! Vejam como é difícil ser mulher!

Contrariados, os garotos levantaram, com Temari e Ino empurrando-os para fora, sem delicadeza alguma.

Depois que eles saíram, ficamos todas esparramadas na sala de Temari, enquanto bebíamos latinhas de cerveja preta que Ino tinha trazido escondido em algum lugar. Menos Hinata, que, por causa da gravidez, preferiu ficar só na água mineral mesmo.

Na verdade, eu estava preocupada. Sabe-se lá o estrago que cinco marmanjos podem fazer em um mercado, sozinhos...

_Espero que eles não esqueçam as minhas xícaras... – disse Temari, bebendo a última gota da sua cerveja. – Saco, a minha já acabou.

_Aposto que eles não vão esquecer. – comentou Ino.

_É, principalmente o Kankuro. – falei. Hinata olhava para nós balançando a cabeça negativamente. Bem, ela era a mais racional de nós todas. Não que isso fizesse alguma diferença. Hehehe. – Ele estava quase se mijando de medo...

E ficamos todas rindo, bagunçando a sala de Temari.

Ainda bem que eu era razoavelmente forte com bebidas... Por que as outras, pelo que vi, ficariam altas rapidinho. Hm. Talvez fosse divertido.

Sasuke

_Cara, como é que três mulheres como aquelas conseguem convencer a gente a ir ao mercado? – Kankuro chutou a parede mais próxima, machucando a si próprio. Que anta. –  Aaaiii, merda!

_Três? Mas eram quatro! – falou Naruto, contando nos dedos. 

_Hinata não conta! – disse Sai, que olhava para o chão. – Ela está grávida.

_Grávida, não inválida! E como é que você sabe disso? Eu nem te conheço direito, ô branquelo. Ah, não, errei! Eu quis dizer: mulher da casa... – disse Naruto, e todos rimos, menos, é claro, o Sai.

_Ino me contou. – explicou o branquelo.

_Elas não nos convenceram; elas nos obrigaram a ir ao mercado. – eu falei.

_Elas praticamente nos atiraram para fora de casa! – corrigiu Naruto. – E mesmo depois disso nós não conseguimos viver sem elas...

_Mentira! Eu conseguiria viver perfeitamente bem sem a Temari. – Kankuro bufou irritado.

_Mas eu não conseguiria viver sem a Hinata-chan e o meu bebê. – Naruto riu sozinho. – Eles são a minha vida.

_Você tem razão, dobe. – falei sem pensar. Naruto olhou para mim espantado.

_Quê? – exclamou ele. – Sasuke-teme-Uchiha, que nunca se prendeu com mulher alguma, também tem alguém com quem não consegue viver sem agora, é? Quem é a azarada?

Sem querer, fiquei um pouco corado.

_Cale a boca, dobe.

_Vai, conta quem é! Eu quero saber! Tenho que dar um troféu a ela! – insistiu Naruto, mas eu fiquei quieto, olhando para o céu, e vendo a imagem de Sakura. Minha Sakura.

_Ino me contou que Sasuke nunca namorou sério com ninguém. – comentou Sai. – Ino achava que você ia ficar pra titia.

_Sasuke, você tem namorada? – perguntou Kankuro.

Sinceramente, agora eu fiquei decepcionado. Será que ninguém viu que eu estava segurando a mão de Sakura? Nem Kankuro percebeu, e olha que ele estava conosco desde ontem à noite. Pelo menos ele tinha que saber!

_Você são muito desatentos. – manifestou-se Gaara, que até agora estava em silêncio, sempre com cara séria. – Será que não viram com quem Sasuke estava o tempo todo?

Suspirei aliviado. Pelo menos Gaara tinha a cabeça no lugar.

Naruto, Sai e Kankuro ficaram em silêncio, tentando lembrar de alguma coisa, suponho. É espantoso ver o quanto meus amigos são... tontos?

_Ih, lembrei! – Kankuro foi o primeiro a gritar.

Sai olhou para mim, depois olhou para o chão, e olhou para mim, depois olhou para o chão. E ficou fazendo isso mais algumas vezes, até concluir:

_Entendi. Sasuke está podendo, hein.

E no fim, só Naruto ainda não tinha sacado. Nada com que se surpreender.

_Peraí, deixa eu pensar... O Sasuke estava sentado na poltrona... Mas a Hinata estava comigo, a Ino estava com o Sai, e a Temari estava do lado do Gaara... e a Sakura estava na outra poltrona, sozinha... Não sei, não!

_Como é burro! – comentou Kankuro. Sai e Gaara balançaram a cabeça negativamente.

_Pense um pouco, Naruto. – aconselhou Sai. – Você quase conseguiu.

E ficamos mais meia hora esperando o Naruto sacar o que já era óbvio.

Até que ele gritou:

_TEME, NÃO ACREDITO! VOCÊ TÁ COM A SAKURA-CHAN?! POR QUE NÃO ME CONTOU ANTES??? 

_Aleluia. – disse Gaara, baixinho.

_Sim, dobe. Eu... eu... eu...

_Você tá caidinho pela Sakura, nós já entendemos. – completou Kankuro.

_Haha, o amor pegou você também, é, teme? Não consegue mais viver sem ela, né? Eu sei como é... Não é maravilhoso amar uma garota? – disse Naruto, sonhando acordado. Provavelmente, pensando em Hinata. Ele é completamente louco pela garota e pelo... ahn... futuro filho.

_É... Eu amo a Sakura. – respondi. Ora, para que negar o que é óbvio? Eu posso ser teimoso, mas não sou burro!

_É difícil ficar longe dela, não é? – continuou Naruto, com seu sorriso sonhador.

_Sim, e muito. – concordei de novo. – Não acredito que já concordei com você três vezes em menos de uma hora.

_Hehehe. Nem eu! – riu ele. – Cuide bem da Sakura-chan, viu, teme! Ninguém merece viver ao lado de um cubo de gelo!

Eu não disse mais nada.

_Ok, povo, o clima tá começando a ficar estranho para mim, já que eu não estou apaixonadão por ninguém, então... podemos ir logo? Por favor? – pediu Kankuro. – Quando mais rápido nós formos, mais rápido a gente volta, e aí vocês podem ver essas suas “amadas”.

E lá fomos nós.

Pegamos o meu carro, e eu fui dirigindo.

Fiquei pensando no que o Naruto tinha dito. “Ninguém merece viver ao lado de um cubo de gelo”. Sei bem como é isso, meu pai era o freezer em pessoa.

É, talvez eu tenha que mudar para poder passar o resto da minha vida com a minha amada Sakura.

Sim, eu a amo. E não suportaria viver sem ela. Não mais.