Sakura

Abri os olhos e sentei em um susto, pensando se havia sido um sonho. Os beijos, os carinhos, os filmes, Sasuke... Mas tinha sido real demais para ser um sonho!

_Aaahnn... – pulei, com o susto. Era Sasuke, gemendo de dor. Também não era para menos, eu havia acordado e meio que sentado em cima dele. Ops. – Sakura...? – ele murmurou, fazendo careta de quem não estava com vontade de acordar.

Meu coração transbordou de felicidade, e eu o abraçei com força. Um pouquinho mais que o necessário, ele diria. Mas eu tinha um bom motivo! Não tinha sido um sonho!

_Aaaiii. – Sasuke gemeu de dor, novamente. Pelo menos acordou. – Ahn? Sakura? O que foi? Está tudo bem? – perguntou preocupado.

_Tudo ótimo! – falei, feliz. Ele, ainda meio confuso, me abraçou de volta.

_Que horas são, hein?

Eu não fazia a mínima ideia. E nem estava a fim de saber, também. Eu estava feliz da vida! Tinha acabado de descobrir que estava apaixonada pela primeira vez na vida! Tudo bem que talvez não seja motivo para ficar tããão feliz assim, mas me sinto como uma adolecente depois do primeiro beijo, sabe? 

_11h da manhã. – informou ele, depois de dar uma olhadinha em um relógio que estava por ali. – Que coisa. Dormimos demais.

Eu ainda o abraçava, e ele ainda me abraçava de volta.

_Vamos sair, Sasuke? – pedi. Não estava com vontade de ficar em casa.

_Hm... Ok. – concordou. Sasuke me deu um selinho rápido e depois se levantou. – Vou buscar suas sacolas. Ficaram no carro.

Assenti com um sorriso. Sasuke saiu, e eu fui para a cozinha.

Revirei os ármarios. Tinha um cereal, daqueles que se come com leite. Ok, então. Vai cereal com leite de café-da-manhã. Delícia, hm?

Quando Sasuke voltou, eu já tinha arrumado a mesa.

_Pronto. – disse ele. – Vou deixar as sacolas no seu quarto.

_Depois venha tomar o café-da-manhã.

_Café?

_Cereal com leite. – falei, aparecendo na porta e mostrando a caixa de cereais para ele. – Vai logo, o que está esperando?

Sasuke riu, e levou as sacolas, que não eram poucas, para o meu quarto.

_Por que cereal? – perguntou ele, se sentando em uma cadeira em frente à minha, na cozinha, depois de deixar as compras em seu devido lugar.

_Foi a primeira coisa que achei nos armários. Além disso, aqui diz: – olhei para a caixa de cereais. – “Cereal matinal da Nestlé tem tudo o que você precisa para um café-da-manhã completo e saudável”. Também diz que o café-da-manhã é principal e mais importante refeição do dia e...

_Já ouviu falar de uma coisa chamada propaganda? – interrompeu-me Sasuke, colocando uma colherada de cereal da boca.

_Já. E sabia que nem sempre são enganosas? Ahaaam.

Terminamos nosso café discutindo sobre os prós e contras de tomar cereal com leite no café-da-manhã. Muito construtivo, de verdade.

_Vou tomar um banho. – falou ele, guardando o cereal e o leite de volta nos ármarios.

_Tá. Eu vou trocar de roupa, e depois nós vamos sair.

_Alguma coisa em mente?

_Ainda não. – falei. – Mas a gente dá um jeito. Vai, vai, vai!

Sasuke pegou uma toalha e foi para o banheiro, enquanto eu fui para o meu quarto. Coloquei uma roupa qualquer, minha nova peruca, e fiquei segurando os óculos.

Fui para a sala e fiquei observando o movimento da rua pela janela.

Estranhamente, vi o mesmo carro passar por ali quatro vezes e depois estacionar bem em frente à janela. E ficou lá. Ninguém saiu, ninguém entrou. Como se estivesse esperando que alguma coisa acontecesse.

_Pronta? – ouvi Sasuke dizer, perto do meu ouvido. Perigosamente perto.

_S-sim. – gaguejei, estremencendo ao sentir o contato dos lábios quentes dele com o lóbulo da minha orelha.

_Sempre gagueja quando eu estou perto demais? – perguntou debochado, depositando um leve beijo no meu pescoço. Meu Deus, como eu gostava desses atos carinhosos dele!

_Hunf. – bufei. Dei mais uma olhada para a rua e o tal carro ainda estava lá. Cheguei a pensar que talvez fosse algo a ver com eu estar ali, e acabei me lembrando do incidente com – possivelmente – a Karin. Mas decidi ignorar, não queria ficar nervosa logo de manhã.

Saímos de casa rápido. Os vizinhos novos ainda não tinham dado sinal de vida. Se não tivesse visto os móveis chegando, não saberia que havia alguém morando ali.

Passamos reto, indo direto para a saída do prédio.

_Você fica bem de cabelos castanhos. – comentou Sasuke, quando chegamos ao carro, ficando com as bochechas levemente avermelhadas. 

_Obrigada. Você fica bonitinho corado. Tão fofo.

_Bonitinho, é? – disse ele, fazendo careta. – Não sou bonitinho. Sou mais que bonitinho.

_E é muito modesto, também. – ironizei – Você é lindo. Lindo de qualquer jeito! Melhor assim?

_Muito.

Sasuke sorriu de lado, e chegou mais perto, me dando mais uns três ou quatro selinhos. Ah, com certeza eu poderia me acostumar com isso.

_Já decidiu para onde que ir? – perguntou, com os braços em minha cintura.

_Não... Tem alguma ideia? – falei.

_Acho que tenho, sim.

Sasuke sorriu, me deu mais um selinho e entrou no carro. Eu, antes de entrar, olhei em volta. O tal carro que eu observava da janela estava lá, parado no mesmo lugar, um New Beatle prata. O motorista estava lá dentro, mas escondido atrás de um jornal aberto, me empedindo de ver a cara da pessoa. Esquisito.

No caminho para não sei onde, eu me sentia como se entivesse sendo seguida. Não era uma sensação agradável, acredite. Mas o fato de Sasuke estar ao meu lado compensava tudo.

Não demoramos muito para chegar lá. Saímos do carro, andando lado a lado. Não demorei muito para reconhecer o lugar, já que era o mais famoso parque de Nova Iorque.

_Bem-vinda ao Central Park! – disse Sasuke, olhando para mim com expectativa. – E então?

O Central Park era mesmo muito bonito. Na entrada tinha um grande portal, e o caminho era todo coberto por árvores com copas extensas que escondiam quase que completamente o céu azul. Eu já tinha ido lá antes, mas isso foi quando eu era criança, então não conta.

_É lindo! – falei.

Apesar da beleza do lugar, eu continuava com a maldita sensação de estar sendo observada. Senti Sasuke entrelaçar sua mão com a minha e depois várias correntes elétricas percorreram todo o meu corpo. Mais um sintoma de paixonite aguda.

_Também acho. – concordou ele, olhando para mim com um sorriso doce. Me deu um outro selinho, para logo depois começar a andar.

Era realmente um parque grande. Mas eu e Sasuke não tínhamos a menor pressa. Tempo era o que não nos faltava, já que ele estava desempregado e eu estava fugindo do meu “trabalho”. Ou seja, não precissávamos nos preocupar com chefes – ou produtores, no meu caso – enraivecidos, fazendo ligações só para encher o saco.

Passamos horas e horas andando por lá, conversando sobre tudo. Exceto família, já que Sasuke não se sentia bem falando do pai dele. Talvez, algum dia, ele confie em mim o suficiente para falar sobre isso. Mesmo assim, eu estava amando. Passar o tempo com ele era maravilhoso, eu me sentia bem, segura, feliz. Coisas de gente apaixonada, sabe?

Paramos em uma área aberta, sem árvores, ocupada por pessoas sentadas na grama, algumas fazendo piqueniques, com as tradicionais toalhas xadrez vermelho e branco e cestas de palha. Muitos cães corriam de um lado para o outro atrás de frisbees que inham e vinham de todos os lados. Pessoas rindo, crianças brincando, idosos apenas aproveitando o ar livre.

Sasuke me levou até um banco em frente à um grande lago artificial, mais um dos muitos que haviam por ali. Uma grande fonte, formada por um grupo de anjos, espirrava água para todos os lados no centro do tal lago. Fazia um efeito bonito.

Eu fiquei admirando o lago. Sasuke não.

_O que está olhando, Sasuke? – perguntei.

_Você. – falou, levando a mão até meu rosto, fazendo carinho nas minhas bochechas. Eu corei.

_E-eu?

_Sim. – ele sorriu de lado. – É como se eu te conhecesse a vida toda, sabia?

Não falei nada. Sasuke me abraçou com força.

_Gosto muito de você, Sasuke. – falei. Bem, ele precisava saber, né? Sasuke me olhou como se pudesse ler a minha alma, e logo depois selou seus lábios com os meus, dando um beijo ainda melhor do que os outrosque já tínhamos dado.

Quando nos separamos, apoiei minha cabeça sobre o ombro dele. Era bom.

Ficamos tanto tempo no parque que quando fomos ver, já eram cinco horas da tarde. Bem, parece que cereal com leite no café-da-manhã é bom mesmo, pois eu não sentia fome alguma.

_Quer ir para casa? – perguntou Sasuke.

_Uhum. – concordei. Nos levantamos e começamos a andar, de mãos dadas, como um verdadeiro casal.

Quando olhei para trás, vi a mesma pessoa que tinha visto dentro do carro, perto da casa de Sasuke. O jornal ainda escondendo o rosto do indivíduo. Fiquei com medo.

De repente, a pessoa se levantou, deixando o jornal no banco. Usava óculos escuros, um chápeu que escondia parte do rosto, e vestia um sobretudo marrom, que fazia parecer com aqueles detetives de investigação da TV.

Vi a pessoa conversar com um menininho, dar algumas balas à ele, e depois sair andando. O menino ficou para trás.

_Sasuke. – chamei, em um sussurro.

_Hm?

_Ali. – apontei com um movimento de cabeça para a pessoa com o sobretudo marrom. Sasuke assentiu, para que eu continuasse. – Eu acho que está nos seguindo.

A expressão de Sasuke assumiu um ar de preocupação, e ele passou o braço ao redor da minha cintura.

A pessoa em questão, então, passou por nós, e eu tive a nítida sensação de que ela olhara para mim. Mais um vez fui tomada pelo medo. Argh. Mas Sasuke pareceu ficar aliviado.

_Pronto, já está indo embora, seja quem for. – murmurou. Tentei me acalmar, mesmo sabendo que não teria sucesso.

Quando começamos a andar em direção à saída, Sasuke ainda tinha o braço ao redor de mim. O que significava que ele se preocupava comigo.

De repente, o mesmo menininho que tinha conversado com a tal pessoa passou correndo ao nosso lado. Senti meus cabelos – peruca, na verdade – sendo puxados, e então percebi que meus cabelos verdadeiros estavam à mostra novamente. Que porcaria!

_Sakura! – exclamou Sasuke, olhando para o menino que tinha puxado meus cabelos. Pegou minha peruca, que tinha caído no chão, e segurou minha mão.

Nesse meio tempo, a parte do meu fã-clube que estava no parque já tinha notado que era eu ali. Os berros recomeçaram, iguais aos que tinham sido ouvidos na ocasião no metrô.

E de novo eu me via correndo, tentando fugir de uma multidão de pessoas que eu não conhecia. De novo! Isso já estava começando a me irritar...

Quando fui ver, estava sendo jogada para dentro da Ferrari do Sasuke, e, de relance, puder ver a pessoa com o sobretudo marrom sorrindo maldosamente, apoiada em um outro carro. Ela tirou o chapéu, e eu pude ver quem era.

_Karin... – sussurrei para mim mesma. O carro começou a andar.

Senti tudo ficando escuro e uma dor de cabeça tremenda tomando conta de mim. Soube que havia desmaiado. Emoção demais para um coração só, entende? E o meu não é dos mais fortes, não.

Sasuke

Quando vi que Sakura estava desmaiada, botei o pé na tábua e tentei ir o mais rápido possível para casa.

Ao chegar, a peguei o colo e a carreguei até o lado de dentro do prédio. Os fãns já tinham sido deixados para trás há muito tempo, mas eu estava desesperado, alguma coisa grave poderia ter acontecido com Sakura.

Com dificuldade para levar Sakura até o andar de cima, achei melhor bater na porta do meu novo vizinho de baixo. Quem quer que fosse o coitado, iria me ajudar a cuidar da minha garota. É, MINHA.  

Um cara ruivo abriu a porta.

_Em que posso ajudar? – falou.

Mostrei Sakura, e ele ofereceu passagem na hora.

_TEMARI! KANKURO! VEM AJUDAR! – gritou o tal ruivo, assim que coloquei Sakura no sofá da sala deles.

Mas o nome que ele havia dito me chamou atenção.

Eu conhecia uma garota chamada Temari, que aliás era uma amiga de Hinata e Naruto também.

_Uchiha? – ouvi alguém dizer. Uma voz feminina. Virei-me, dando de cara com uma garota loira, com os cabelos presos em quatro maria-chiquinhas, e que me era familiar. Temari.

_Graças a Deus! – falei aliviado. – Me ajude aqui, Temari!