Wicked Voice escrita por Becca


Capítulo 9
O Talismã


Notas iniciais do capítulo

Eu adoro este capítulo porque depois de pesquisas eu consegui terminá-lo e acho que foi um dos melhores que escrevi em toda a fanfic. Espero que gostem!



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A casa de Susanné era um tanto estranha, havia um quarto cheio de instantes lotadas de livros empoeirados, outro uma mesa redonda com uma bola de cristal e vários objetos estranhos ao redor, as portas rangiam e o piso fazia barulho, de todas as formas, aquele lugar era bem antigo. Nos corredores, quadros de pinturas renascentistas e barrocas conhecidas eram expostas, na cozinha não havia mesa, o fogão parecia que havia sido comprado fazia séculos, a geladeira ficava totalmente longe do fogão e tinha apenas um armário pequeno que não devia caber mais do que três panelas.

Na sala, também não havia televisão, apenas um sofá coberto por um pano que me parecia indiano, do lado vários CDs empilhados, o gosto musical de Susanné não era muito acostumado de se ouvir, havia apenas música celta. A casa precisava urgentemente de uma limpeza, a quantidade de poeira que havia deixava qualquer um fardo, além de ser muito escura. As janelas estavam todas fechadas e cobertas por cortinas sujas de poeira, claro. E também havia gatos, três gatos pretos.

- Oh, esses são Leonardo, Michelangelo e Rafael – Disse Susanné quando os gatos apareceram vindos lá de fora.

- Os mesmos nomes dos artistas – Completei.

- Claro, eu não podia dar um nome bobo para meus gatos, não podia ser Tom, Baby ou Jerry. Tinha que ser clássico, com significado – Enquanto falava, ela parecia olhar para o além. – Então por que não o nome desses magníficos artistas? Eles devem ser lembrados. Por isso os nomes! – E terminou sua explicação sorrindo, qualquer um – como eu – acharia esta mulher estranha, mas ela me ajudaria a voltar ao passado, então eu precisava de suas loucuras.

- Tem certeza que posso ficar aqui até voltar ao meu tempo?

- Pode, pode. Pode dormir no quarto de hóspedes lá em cima, é a segunda a porta a esquerda. Será um trabalho difícil voltar ao passado, preciso pesquisar, pesquisar... Hm.

Susanné correu para sua biblioteca pessoal e parecia que estava tendo uma conversa com o além, falava coisas que não conseguia entender, olha fileira por fileira e se sentia indignada por não encontrar o que procura. Enquanto eu mal conseguia entrar no quarto, ela procurava por algo, que provavelmente era um livro. Mas eram tantos ali, grossos, finos e nenhum novo para deixar claro, todos antigos, ou era isso a imagem que deixava toda aquela casa.

De uma coisa eu tinha certeza, Susanné preferiria viver com coisas antigas do passado, mas o motivo é o que eu gostaria de saber.

- Aqui! Finalmente! – Gritou e num passe de mágica, não, não entenda como um passe real de mágica, apenas como uma expressão, eu fui parar ao seu lado. Ela assoprou a capa dura do livro e disse: - Aqui está “Domadores de Sonhos” e falta algo também... – Continuou a olhar as prateleiras, mas logo encontrou o que procurava: - E o “Domadores de Sonhos e Seus Significados”.

- Susanné, nesses livros está à resposta de como voltar ao passado?

- Não, não, não. Se nos livros pudéssemos encontrar a resposta de todas as nossas perguntas seria muito fácil, não acha? Precisamos pesquisar, ir atrás de pessoas...

- Atrás de pessoas? Como assim? – Perguntei pasmado, havia mais alguém louco parecido com Susanné?! Ela levantou a sobrancelha e apenas disse:

- Outras pessoas. Bem, eu preciso entrar em contato com o meu eu interior para pesquisar – Disse saindo do quarto e indo em direção a escadaria.

- E eu? – Ela se virou, refletiu por um instante, mas logo depois falou:

- Anote todas as lembranças que tiver, até as que você achar menos importante. Os papéis estão no meu consultório.

- O consultório é onde tem aquela bola de cristal e vários objetos estranhos? – Eu não esperava dizer a última palavra, mas simplesmente saiu e eu não devia ter dito nada, eu poderia encontrar o consultório sozinho.

Susanné estava sendo boa ao ponto de me hospedar em sua casa e me ajudando a me fazer voltar ao passado, não devia tratá-la mal. Mas para minha surpresa, ela não pareceu se importar com o que eu havia dito, apenas assentiu e continuou a subir a escada que estava tão ferrada que parecia ter sido reconstruída tão mal que se caísse não seria lá grande surpresa.

Concentrei-me em minhas lembranças e procurei aprofundar minha mente em tudo que podia lembrar, relaxei meu corpo e fui anotando todos os fatos nos papéis azuis que encontrei no consultório de Susanné. Enquanto eu estava ali, colocando todas as minhas forças para tentar me lembrar de algo mais, o tempo passava e o tic-tac conseguia me deixar nervoso. Eu só queria voltar ao passado.

Vi-me fitando um grupo de homens encapuzados ao redor de uma mesa, não conseguia enxergar bem o que havia em cima da mesma, mas parecia uma árvore genealógica. Um dos homens começou a falar, mas era um idioma diferente, mal conseguia entender, eles não pareciam me ver ou então não ligavam por eu estar ali.

Quando um dos homens terminou de falar o idioma que eu não sabia qual era, outro começou a falar em um idioma que eu entendia perfeitamente:

- Ele vai morrer.

Todos concordaram e eu vi meu rosto pasmo começando a se desesperar. Os homens cochicharam entre si e só se podia ouvir um zumbido, como o de uma abelha, algo desagradável demais para ser comentado. Então continuou:

- Ele se esquecerá de tudo, não restará nenhuma lembrança. Não saberá como voltar ao seu tempo e morrerá no futuro – Novamente todos concordaram e ele apontou para algo na árvore genealógica, algo que parecia a foto de um homem. – Esta família está condenada a viver aos nossos pactos – Sua risada ecoou. – Nenhum deles conseguirá voltar ao seu tempo, nem ninguém conseguiu, este é o futuro deles. A morte.

- Bill! Está tudo bem com você? – Perguntava Susanné ao meu lado, eu soava como nunca havia suado antes e sentia um calor de matar dentro de mim, como se algo quisesse sair, como se estivesse queimando todo o meu corpo para liberta-se. Fiquei intacto encarando Susanné e ela respirava ofegante. – Bill... O que aconteceu? – Me entregou um copo de água gelada e eu o bebi procurando palavras para explicar.

- Eu... Eu... Eu vi... – Minha mão tremia, fazendo o copo de vidro cair.

- O que você viu Bill? Conte-me, eu preciso saber.

Apesar de me embolar todo, contei para ela o pesadelo que tive. Susanné ouvia atenta cada detalha e não ousava se mexer, apenas levantava a sobrancelha e abaixava, colocava a mão no queixo e tirava.

- Bill, precisa usar isso agora – Disse tirando de seu pescoço o que parecia um talismã. – Lhe dará proteção em todos os momentos, inclusive enquanto estiver dormindo.

- O que houve comigo? Por que tenho de usar isto? – Perguntei.

- Esta noite sua alma abandonou seu corpo, digo, seu corpo continuou aqui, mas sua alma foi para outro lugar. Ele vagou fora do corpo em que deve viver.

- O que quer dizer com isso Susanné? É ruim? – Meu coração batia tão rapidamente e eu continuava suando demasiado.

- É mais que ruim, é péssimo. Sabe quantas pessoas já morreram por deixarem sua alma sair de seu corpo? É perigoso demais, sua alma pode morrer enquanto estiver fora de si, pois fica extremamente fraca. Essa é a famosa “morte dormindo”, tem sorte de estar vivo Bill.

- E pra que o talismã?

- Para te proteger, assim sua alma não poderá sair de dentro de si. O que sua alma presenciou esta noite pode ser algo que estava acontecendo agora ou que já aconteceu e com certeza era uma das reuniões que os domadores de sonhos realizam em grupo. Olha Bill... Esse talismã é um dos maiores objetos de proteção que existem até hoje – Olhei para o talismã, havia uma estrela de cinco pontas e estava dentro de um círculo. – Veja, é um dos símbolos mais usados na magia cerimonial coordenada por espíritos, essa estrela dentro do círculo é o símbolo da religião Wicca e é a sua forma de proteção. Cada ponta da estrela equivale aos elementos da natureza: Ar, Fogo, Água, Terra e Akasha.

- Akasha?

- Quer dizer espírito! – Não deixando tempo para respirar.

- Os wiccanos acreditam que tudo foi criado apartir dos cintos elementos, assim sendo o domínio dos cinco elementos como primeiro ato da iniciação do sacerdócio Wicca. Assim como a cruz é para o cristianismo, este pentagrama é para os wiccanos. Também representa o corpo-humano – Respirou e continuou: - com quatro membros e uma cabeça, conhecido também como “estrela do microcosmo”, simboliza o mago dominando o espírito sobre a matéria, a inteligência sobre instintos e mente sobre o corpo. É um dos maiores objetos de proteção já criados e único no mundo.

- Não posso usar isso Susanné, eu saberei controlar meus sonhos – Falei apressadamente.

- Não, não saberá, só alguém com magia muito avançada consegue, nem eu ao menos consigo. Quem dirá você? Precisa usar, porque algo me faz acreditar que os domadores de sonhos falavam... De você. 


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Notas finais do capítulo

O talismã seria assim: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:The_Spiral_Pentacle_by_SingingGandalf.jpg
E tudo o que escrevi foi a base das pesquisas que realizei, como digo nas notas da fanfic, você não é obrigado a acreditar. Obrigada por lerem e deixem reviews! @itsbeckyk



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