Eram exatamente às nove da manhã em algum país que eu não fazia a mínima ideia, já que fiquei durante todo o tempo livre conversando com Katharine, por incrível que pareça, neste mundo atual, no futuro, ela era uma pessoa bem melhor, doce, delicada, gentil e humilde. Mas algo ainda tinha de misterioso nela. Cheguei a pensar em contar para ela sobre o sonho, mas ser chamado de louco que nem a bruxa Susanné, não era muito bom... Acredito eu.

- Abre a porta casal do ano! – Gritou uma voz vinda de fora e batendo com força na porta de nosso quarto, tirando totalmente a nossa atenção do debate que estávamos tendo sobre um programa na TV.

Levantei-me sem pressa e abri a porta da mesma forma, me deparando com um rosto tanto familiar do passado:

- Tom?! – Perguntei com um som mais de pergunta, ele riu.

- Claro né manolo, quem mais podia ser? – Bufou entrando em quarto seguido por três rostos que eu não tinha noção alguma de quem eram.

- Manolo? O que quer dizer isso?

- Bill, parece que você dormiu por um século, não está nem entendendo a gíria que você e seu irmão usam para se comunicar? – Entrou na conversa Katharine pondo a mão em meu ombro. Todos os olhos que estavam no quarto viraram em direção a mim, com certeza esperando minha respostas e, eu não tinha nenhuma.

O silêncio foi cortado por um homem forte de cabelos castanho até um pouco mais do ombro, olhos verdes e pele branca. Eu realmente não sabia quem era esta pessoa, mas pelo visto um dia eu irei conhecê-la novamente do jeito certo... Se eu decidir voltar ao passado, o que por enquanto não irá acontecer.

- Não podemos nos atrasar, hoje é um dia muito importante – Todos assentiram, inclusive eu.

Logo quando Katharine me avisou sobre o EMA, tratei de me arrumar, as roupas do closet eram todas de marca, lojas internacionais conhecidas e derivados. Não era bem o estilo de roupa que eu seguia na minha antiga época, porém fiz uma combinação que acho que deu um tanto certo.

- Então, vamos? – Falou o mesmo.

- Boa sorte, Bill – Disse Katharine subindo na ponta dos pés para me dar um selinho. – Boa sorte para todos vocês.

E então nós saímos, eu dava passos confiantes durante todo o percurso, o que deu uma grande ajuda e pude ouvir a conversa de meu irmão com os outros rapazes e tirei conclusões prováveis sobre esses rostos que não conheço e o que são: Se chamavam Gustav e Georg. Nós somos uma banda chamada Tokio Hotel. A banda mais popular de toda a Europa. O outro, David, era nosso manager. Eu era o cantor de rock mais idolatrado ultimamente pelas garotas e hoje é o EMA. O dia mais importante do ano para o Tokio Hotel.

O alvoroço que estava na porta do hotel era imenso, devia ter umas cem garotas empurrando uma as outras para tentar encostar em um de nós, os seguranças tentavam ameninar os empurrões que acabavam nos prejudicando também, mas era como tentar salvar o mundo era um dia: Impossível.

Mas eu não fazia à mínima ideia sobre nossas músicas, não sabia o ritmo e nem nada. Essa apresentação seria nada mais e nada menos que um grande fiasco. E mais estávamos concorrendo como “Melhor Grupo”. Eu pelo menos devia ter as memórias de como conheci essas pessoas ou algo parecido, eu devia ter. Mas ai que está o problema, eu só recordo as coisas que vivi até antes de fazer o pacto e a cada momento elas vão desaparecendo mais, por isso é impossível lembrar essas coisas porque eu ainda não as vivi.

Não demorou muito para chegarmos ao local da premiação, a cada segundo que passava eu sentia que algo iria dar errado, meu coração bem no fundo já me alertava de algo que eu não poderia negar.

O tempo não demorou a passar, foram entrevistas, fotos e autógrafos até chegar o momento de subirmos ao palco.

- Olha, eu tenho uma música melhor para tocar – Falei antes de todos irem ao palco, os mesmos me olharam estupefatos. – É, tentem me acompanhar – Disse entregando a cifra da única música que eu conseguia me lembrar de cantar, uma que eu mesmo havia escrito.

- Bill, não podemos. Combinamos que iríamos cantar Automatic, lembra?

- Lembro, lembro – Menti. – Mas tenho certeza que tudo sairá melhor com esta música – Falei e corri para o palco, o público foi à loucura e também recebi aplausos de muitos no local.

- Bem, esta música é uma nova de minha autoria, espero que gostem. Com vocês, World Behind My Wall.

Olhei para trás e vi os outros integrantes já estavam posicionados em seus devidos lugares, afirmei com a cabeça dando início a batida da música. Nesse momento nossos produtores devem estar discutindo, sei que posso causar problemas cantando esta canção, mas é melhor isto do que fazer do Tokio Hotel uma vergonha internacional. Respirei e me deixei levar por minha voz ao som da melodia.

“Oh, oh.

They're teeling me it's beautiful.

I believe them, but will I ever know

The world behind my wall.

Oh, oh.

The sun will shine like never before.

One day I will be ready to go,

See the world behind my wall.”

Os aplausos vieram me deixando extremamente grato, agradeci e voltei para os bastidores sendo seguido por Tom, Gustav e Georg. Na verdade, muito mais que eles vieram atrás de mim. Sentei-me na primeira cadeira que encontrei e respirei, apenas respirei. Todos ao me redor ficaram me olhando como se eu fosse o centro do mundo, se pensavam isso, estavam somente errados.

- Bill, você está bem? – Perguntou David se aproximando de mim.

- Sim, sim – Afirmei tirando o silêncio que havia dentro de mim mesmo.

- Então, o que foi aquela loucura que você fez?! – Falou gritando e um tanto nervoso.

- Calma David, tudo saiu certo e o público adorou World Behind My Wall! – Disse Tom batendo em seu ombro. – Está tranquilo, tudo saiu perfeito. Agora nós vamos ganhar aquele prêmio! – David suspirou e então falou:

- Isso mesmo, não faça mais nenhuma surpresa Bill, por favor.