Bruna não conseguia disfarçar o cansaço. Mary resolveu ajudar.

     -Tia, o café estava maravilhoso, tudo uma delicia, mas sabe como é né, não dormimos quase nada, podemos ir para o quarto da Bruna agora para dormirmos um pouquinho mais?

     -Claro Mary, vocês merecem, podem deixar que eu tiro a mesa. – Bruna já estava cochilando sentada. Mary chegou bem perto do ouvido de Bruna e sussurrou bem baixinho:

     -A casa está pegando fogo Bruna, corre! – A amiga levou um susto e saiu correndo da mesa. Mary sentou no chão para rir da amiga. Bruna olhou para trás e viu que não passava de uma brincadeira. Começou a rir também, depois fez cara de brava. Mary adorava ver Bruna com cara de brava quando não gostava das brincadeiras que fazia.

     -Ah! Ta linda! Adoro ver você com carinha de brava.

     -É, eu sei. – O silencio tomou conta do lugar, só se ouvia o barulho dos talheres que Cristina estava lavando.

     -Vamos Bru, enquanto você dormia na mesa eu pedi pra sua mãe nos deixar dormir um pouco e ela deixou. – Pegou Bruna pela mão e foram para o quarto dela. Bruna tirou o edredom que cobria sua cama e foi se deitando, ainda usava a roupa que tinha saído.

     -Ei! Não vai tirar essa roupa não? – Bruna se levantou por impulso, pegou uma calça de moletom e uma regatinha branca. Deitou-se na cama de novo. Mary já tinha tirado sua roupa, estava só de calcinha e um top.

     -E eu, onde durmo? – Perguntou ela, esperando que a amiga cedesse um espacinho em sua própria cama. Foi o que aconteceu. Bruna já estava ficando mal-humorada com a falação de Mary. Queria dormir. Chegou um pouco para a frente e deu uma batidinha no coxão, atrás dela, para que a amiga fosse se deitar junto com ela. Mary, a esta altura já estava sóbria. Sentiu suas bochechas corarem, mas não hesitou ao convite da amiga, mesmo porque não teria outro lugar para dormir se não ali. Estava apertado. Ou Mary se encostava na parede e sentia frio ou se encostava em Bruna e sentia o calor de seu corpo. Preferiu ficar com a segunda opção. Bruna já dormia profundamente, mas sentiu o corpo da amiga se encostar ao seu. Sentiu um leve arrepio. Mary passou seu braço pela cintura de Bruna e assim ficaram até a hora que a mãe de Bruna bateu na porta chamando-as para almoçar:

     -Mary, achei que você tinha dito que iriam dar só uma DOR-MI-DI-NHA. Já são quase três da tarde, vamos almoçar. – Bruna despertou e deu um beijo na bochecha da amiga para que ela se acordasse

     -Anda dorminhoca, sua mãe deve estar preocupada com você, vá lá na sala ligar para ela e diz que vai almoçar aqui em casa. – Mary lembrou-se do que tinha feito, se envergonhou, mas para ela aquilo tinha sido ingênuo, não tinha nenhuma intenção além de se esquentar. Na verdade não podia ter sido de outra forma, eram amigas, aquilo soou com naturalidade na cabeça de Mary. Levantou-se e foi logo se vestindo.

Bruna estava escolhendo uma roupa para se vestir. Mary a ajudou. Saíram do quarto e Mary foi ligar para a mãe. Tudo foi consentido por ela. Mary poderia almoçar na casa de Bruna mas deveria voltar para a casa assim que terminassem de almoçar.