Hidden escrita por jduarte


Capítulo 58
Beijada


Notas iniciais do capítulo

Bom, esse é o penúltimo capítulo da 1ªTemporada.
Espero que tenham curtido, como eu curti, esse tempo que passamos juntos. Mas não esqueça: AINDA NÃO ACABOU TUDO!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/120186/chapter/58

- Aceita um suco? – perguntou Meredith.

- Sim, aceito. – disse enquanto observava os meninos brincando no jardim, com um cachorro pequeno. – Aquele é o cachorro de vocês? – perguntei.

- Aham. É o Pepe. É um velhote sacana, mas adora crianças. – respondeu ela.

   Sentamo-nos à mesa da sala glamorosa de estar, com nossos drinques na mão, quando a porta abriu.

- Querida? – perguntou uma voz que eu conhecia bem.

   Meu coração bateu tão rápido que levantei imediatamente do sofá, sem conter a excitação de poder rever a pessoa que me ajudou a escapar daquela prisão.

- Aqui! – respondeu Meredith ao chamado.

- Os meninos foram guardas as coisas. Então cadê a moça que disse que conheceu? – perguntou King beijando os lábios finos de Meredith.

- Atrás de você. – sussurrou ela.

- Camila? – perguntou ele quando se virou.

- Oi.

- Nossa! – disse ele me abraçando. – Pensei que nunca mais fosse te ver. Pensei que... você já estivesse longe!

   Os óculos dele estavam meio embaçados.

- Bem, - disse o soltando. – aqui estou eu!

   Depois, algo pareceu o incomodar, e ele disse:

- Acho que agora conhecerá meus filhos, não é?

- Parece que sim.

   Captei Rubens quase caindo, com o canto de olhos, e disse:

- Só um minuto.

   Lonlye ajudou-o a se levantar e eu disse:

- King está aqui.

- Ahñ? Por quê? – perguntou Rubens.

- Ele é o marido da mulher do ônibus.

- Vamos embora, Mila. – disse Lonlye.

   Lancei-lhe um olhar de: “Deixa De Ser Bobo!”, e continuei:

- Ele tem dois filhos.

- Da nossa idade? – perguntou Rubens.

- Não sei. – menti.

   Os dois ficaram brincando mais um pouco com os cachorros, até que eu disse:

- Bem, vou voltar para lá, e depois de mexer no Pepe, quero as mãos bem limpas. – avisei.

- Tá legal. – os dois disseram.

   Voltei lá para dentro, e percebi que agora havia mais de duas pessoas na sala. A conversa fluía muito mais rápida, muito mais animada, e eu ouvi um pedaço.

- Eu não quero ninguém, mãe.

- Não estou pedindo pra você se casar com ela, só pedindo para conhecê-la. Vai gostar dela. – disse Meredith.

   Aparecia na sala, e meus olhos pareceram pular das órbitas.

- Camila? – perguntou ele.

- Bernardo. – disse eu.

- O que faz aqui? – tornou a perguntar.

- Vim passar uns tempos aqui.

- Hmm... Isso é bom. – disse ele com a voz meio estranha. Ele não parecia feliz em me ver, como eu estava.

   Ouvi um pigarro atrás de mim, e vi que vinham de Norbert.

- Norbert? Nossa! – disse eu.

- Quanto tempo, não é?

   A pessoa do lado dele, era Vitória.

- É casado com ela? – perguntei.

- Sim.

- Ele é o meu fardo. – brincou ela o beijando carinhosamente.

   Eu estava meio deslocada dali. Não parecia estar no meu ambiente natural. Aquela família estava tão unida, que parecia ser de outro mundo.

   O silêncio ficou pesado, até que Meredith me salvou, anunciando que iria colocar a comida na mesa e que precisava de toda a ajuda possível. Todos foram e Bernardo ficou me encarando.

- Então... – começou ele.

- Desculpe. – disse eu.

- Pelo quê? Ser livre? – perguntou.

- É. Tudo o que eu mais queria era ficar com você, mas eu fui fraca, e fugi.

   Bernardo tocou meus ombros.

- Posso te mostrar uma coisa?

   Assenti.

   Ele pegou em minha mão gentilmente,  e entrelaçou os dedos nos meus, fazendo meu coração bater tão rápido, que pensei que fosse explodir.

   Começamos a subir a escada, e ele me puxou pelo corredor, e parou em uma porta marfim. Bernardo a abriu e continuou puxando-me pela mão.

- Esse é meu quarto.

   Observei que, não era tão diferente do outro. O do castelo.

- Desistiu de cuidar de especiais.

- Sim. Desisti de ficar escondendo o que sou, e o que sinto. – disse ele.

- É? E o que você sente? – perguntei me aproximando dele.

   Bernardo mordeu os lábios, e desconversou.

- Você está diferente...

   Passei a mão livre por seu cabelo loiro e vi que a áurea azul ainda piscava em sua volta.

- O que é a coisa azul que pisca a sua volta? – perguntei interessada.

- Você vê?

- Sim.

- Em você eu fico vendo uma áurea rosa claro. Desde o primeiro dia, vejo isso no fundo de seus olhos.

   A conversa levava um rumo totalmente diferente do que estava previsto.

- Isso quer dizer que somos feitos um para o outro. – disse Bernardo.

- Um para o outro, é? – perguntei me aproximando ainda mais.

   Ele segurou minha cintura.

- É. É estranho ver você sem aquela roupa horrível.

- Sério? – perguntei.

- É. Essa te dá um ar mais adulto. Gosto disso.

   Passei a mão de seu cabelo, para seu rosto, e disse:

- Isso é errado.

- O que?

- A sensação que você provoca em mim é errada.

- Que sensação? – ele se fingiu de idiota.

   Ri. Era difícil falar de sentimentos com a pessoa amada. Ele era a pessoa que eu queria passar o resto da minha vida, como não seria difícil. Já era difícil não falar, imagine botar tudo pra fora.

- A sensação estranha do amor. Ah, você sabe...

- Não, não sei.

- Borboletas no estômago, membros fraquejando, estado físico de manteiga... – disse eu. – Sabe porque eu não fiquei? Porque todos me diziam que se eu o beijasse, te mataria. E isso não foi legal.

- Porque diziam isso?

- Porque você é humano. E...

- É, mas acontece que eu não sou humano. Sou igual a você. – interrompeu Bernardo.

   Uma pequena parte de mim queria matá-lo por não me contar antes, mas outra parte estava feliz, pois poderíamos ficar juntos.

   Abaixei a cabeça derrotada.

- Queria ter sabido disso antes. – murmurei.

- Sabe quando brigamos a primeira vez, e eu disse algo, não lembro o que, e você ficou chateada? – perguntou.

- Sim. Você disse a Adam que ele era mais estranho que nós.

- Que vocês? Não. Eu me referia aos outros guardas. – disse ele.

- Sério? Pareceu outra coisa.

- É. Eu sei. Perdão. Você me perdoa?

- Não sei.

- Por favor...

   Ele não me deixou terminar.

   Bernardo meio que se abaixou para olhar dentro de meus olhos, e fez uma coisa inesperada. Levantou meu queixo, e encostou seus lábios carinhosamente no canto dos meus. Abri a boca inconscientemente, esperando pelo próximo passo, e fechando os olhos. Ele apertou-me mais contra seu corpo emoldurado e quente, beijando-me profunda e docemente.

   A sensação de tê-lo para mim durante alguns minutos deixava tudo mais divertido. Passei as mãos para seu cabelo, o prensando mais em mim. Seu hálito de menta deixava-me tonta, e eu queria mais, muito mais. Abracei seu pescoço, ficando na ponta dos pés. Bernardo se encaixava perfeitamente em meus braços. Pareciam feitos sob medida para ele. Quando a língua de Bernardo tocou a minha, meus sentidos ficaram bobos e tudo o que fazia sentido era a presença inigualável de Bernardo me beijando deliciosamente.

   A única coisa que eu pensava no momento era: Como ele beija bem! Eu tinha n coisas para falar para ele, mas na situação que nos encontrávamos, estava meio impossível.

   Eu queria mais, só que meus pulmões pareciam explodir pela falta de oxigênio. Separamo-nos com pequenos e longos selinhos ritmados. Ele era muito bom pra ser verdade.

- Você não faz idéia há quanto tempo eu quero fazer isso. – sussurrou Bernardo para mim, com os olhos carregados de doçura.

   Voltei a beijá-lo, só que ele agora me tirava do chão alguns centímetros, e traçava as linhas de minhas costas.

- Acho que eu vi sua ficha. – disse eu depois que nos beijamos, e repetimos a coisa toda, umas dez vezes.

- É? E qual é a bobeira que tá escrita?

- Não lembro. Ah, só estavam as iniciais. B. K. F.

- Bernardo King Foster Astif. – disse ele.

- É um nome legal. – disse eu.

- Eu estava lá. – disse ele.

- Onde? – perguntei.

- Quando você saiu com o idiota do Leroy. A raiva foi tanta que eu estourei um vidro.

- Foi você?

- Sim. Desculpe?

   Beijei-o novamente e ele riu.

- Beijos, beijos, beijos. – disse.

- Vá se acostumando, adoro beijar você. – sussurrei em seus lábios.

   Minha barriga roncou e ele logo entendeu o recado.

- Vamos comer.

- Sim, senhor! – bati continência brincando com ele, e Bernardo me pegou no colo, de surpresa, fazendo com que eu gritasse. Ele riu, botando-me no chão.

- Será que tudo vai acabar bem? – perguntei pegando em sua mão, e sentindo-me extremamente bem ao entrelaçar meus dedos nos seus.

- Tenho certeza disso. – sorriu.

   Quando descemos, Meredith nos olhava com carinho.

- Mãe, sabe quando você disse que eu não preciso casar com ela? – Bernardo perguntou, e Meredith assentiu. – Eu não preciso. Eu quero.

   Viramos para falar com King que passava por nós e ia até a sala, quando percebemos que ele estava ao lado de um relógio velho e sem conteúdo, e puxava uma corda lá de dentro.

   Uma dor de cabeça alucinante me ocorreu, fechei os olhos por alguns segundos, beijei os lábios de Bernardo dizendo que iria ali e já voltava e eu cambaleei chamando os meninos que ainda brincavam com Pepe.

- O que você está fazendo, pai? – perguntou Norbert que havia acabado de entrar na sala.

- Você sabe o que. – rebateu King com os olhos inchados e vermelhos.

   Norbert tentou impedi-lo de continuar a puxar a corda, mas Bernardo interviu.

- Não pode fazer isso! – gritou Bernardo.

- Posso sim! Você é meu filho. Não sabe o que ela fez? Não sabe o que a família dela fez com a nossa? Não sabe?

- Sei. Lógico que sei! Mas não importa! Eu a amo, pai.

- Tenho pena desse seu amor. – rebateu King.

- O que? Não! Por favor! – Bernardo tentava implorar.

- Não posso deixar isso acontecer, filho. É errado. – dizia ele.

- Pai... Não! – gritou Bernardo antes de eu desabar no chão, e tudo ficar embaçado. Vi alguém se aproximar de mim, e reconheci pelo cheiro, ser Bernardo.

- Você está bem? – perguntava ele.

   Eu abria a boca, mas nada, absolutamente nada saia. Eu parecia estar presa dentro de um sonho. Era louco, absurdo, e sufocante.

   Uma lágrima caiu pelo canto de meus olhos, descendo pela minha bochecha. A única parte de meu corpo que eu podia mexer eram minhas mãos. Peguei seu rosto por entre elas, enxuguei uma coisa que parecia ser uma lágrima, e icei meu corpo para cima, para poder encostar meus lábios nos seus, pelo que parecia ser uma última vez.

   Arqueei as costas com a dor, e arfei.

- Não! Camila! – ouvi-o gritar.

- Mila? Mila! – meu irmão parecia gritar. Um choro sufocante cortou o ar.

   E eu olhei para King.

   E tudo ficou preto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Continua??