Hidden escrita por jduarte


Capítulo 32
Pertubada


Notas iniciais do capítulo

Hello, personas!!
Mais um para compensar o outro que foi bem pequeno!!!
Beijooooos,
Ju!



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– E ai... – Norbert começou com uma conversa nada a ver.

O interrompi.

– Não é só porque você é irmão de Bernardo que vou deixar de te odiar. – disse com a mandíbula travada.

Ele abaixou a cabeça. Longe de tudo e de todos, Norbert abaixou a cabeça e ficou sendo um ser igual. Quer dizer, não igual, pois eu era o “kamikaze” dali, e ele era mais uma pedra em meu sapato.

– Se você soubesse pelo menos quem sou eu, e pelo que já passei, pelo menos saberia por que eu sou assim. – disse ele.

Fingi-me de interessada.

– Conte-me. Vou tentar não bocejar.

Norbert rolou os olhos nas órbitas e olhou-me cético.

– Não vou contar. Pelo menos não aqui, e não sem o consentimento de Bernardo e King.

Levantei os braços, e virei-me para a saída. Bem, eu gostaria de ir o quanto antes falar com Adam, mas este agora parecia ter uma proteção contra mim.

Uma sombra ligeira e preta passou cruzando as paredes brancas, e desacelerou à medida que passou por mim. Pareceu me reconhecer, e saiu mais rápido que uma bala de arma. Grudei na parede oposta, sentindo meu coração acelerar, e a respiração ficar difícil.

– Diz que você também viu isso! – virei o rosto para Norbert que encarava o lugar que a sombra havia ido, horrorizado.

– Mas que droga...? – ele não terminou a frase, e tirou a arma do cinto.

Aquele corredor me dava náuseas. O cheiro de pessoas doentes, de tristeza, morte, e formol, deixavam-me seriamente debilitada, e pronta para botar tudo pra fora.

– Quem é a K94F3-2? – perguntei sem me preocupar se seria uma coisa importante ou até pessoal para ele.

– Uma amiga de Bernardo.

Meu coração palpitou, pareceu morrer, e depois voltou com velocidade bem mais desacelerada. Queria mandar alguém pastar, mas não podia, pois se mandasse Norbert, ele sacaria a arma e explodia minha cabeça.

– Tomara que seja feia. – sussurrei muito baixo, para mim mesma, mas acabei esquecendo que estávamos sozinhos, e de que esse lugar fazia eco.

– O que? – perguntou Norbert fazendo cara de idiota, e tentando – e conseguindo – me irritar.

– Eu disse: “Tomara que esteja bem”. – menti.

– Hmm... – resmungou ele.

Quando Norbert parou de resmungar, ouvimos um barulho de um monte de coisas caindo no chão, se quebrando, subiu uma fumaça verde musgo, fedida pra caramba, e um grito feminino ecoando por todo o lado.

Eu olhei para o chão, onde a fumaça já lambia meus tornozelos, e parecia mordiscar minhas panturrilhas, e corri juntamente com Norbert, que já se encontrava alguns passos à minha frente.

Percebi que ele tampava a boca e o nariz com o colarinho da blusa. Como não fiz a mesma coisa, senti minha visão ficar turva, e meus olhos arderem por causa da fumaça.

Sem perceber, caí no chão, e fiquei totalmente fraca. Algo preto escorregou em meu lado, e fui perceber tarde que era a sombra. Norbert berrou meu nome. Quero dizer, deveria ser ele.

– Camila? O que você está fazendo ai? Tapa esse nariz e levanta logo daí!

Minha visão ficou turva, tudo ficou mais embaçado do que já estava...

– Camila? Camila!

...e eu apaguei.

De repente eu estava de pé em uma sala vazia. Ele estava lá, e ela também. Eles se agarravam de tal maneira, que era possível sentir o aroma da saudade no ar.

– Bernardo? – perguntei estreitando os olhos tentando enganar minha visão, minha mente, e principalmente meu coração que parecia estar destroçado.

Ele se virou, mas ainda permaneceu com as mãos na cintura da mulher que estava de costas. Ela era linda – pelo menos de costas era. Seus cabelos eram enrolados angelicamente, e a cor dourada parecia um pingo de um raio de Sol. Isso fez com que eu sentisse tanta inveja, que por um minuto, desejei que ela – seja lá quem fosse ela – explodisse em milhões de pequenos pedacinhos humanos.

– Onde estamos?

Ele não respondeu. Bernardo estava longe demais.

– Ele esconde coisas, sua tola. É por isso que sua alma é aprisionada. – dizia uma voz A que claramente zombava de mim.

– Ele não esconde coisas de mim! Ele disse que gosta de mim!

– Ah... – a voz pareceu surpresa. – ele disse? – perguntou ainda mais sacana.

– Sim.

– Não se preocupe, ele diz isso para todas.

Todas? Quem são essas “todas”?, pensei sem ao certo saber se queria a resposta ou não.

– Aposto que você se pergunta quem são elas. – pela minha cara surpresa, a voz riu. – Eu sempre acerto. – sua voz no “certo”, ficou mais grave, e meio raivosa.

– Não existem elas! – berrei sentindo minha pulsação aumentar.

– Tudo bem, veja por si só! – rebateu ela.

O que era escuridão se tornou o que parecia uma grande tela de cinema.

Na tela, parecia um vídeo caseiro. Bernardo estava nele, e isso fez meu coração meio que palpitar loucamente.

– “Amor? Você está aqui?” – perguntou ele.

– “Aqui atrás!” – respondeu uma voz meio distorcida.

Bernardo apoiou a câmera em algo quando chegou no que parecia ser o “aqui atrás”, e agarrou uma mulher que tinha o cabelo preso com um lápis qualquer e mordido, e tinha um macacão sujo de terra e tinta amarela.

– “Olá, bonitão!” – a mulher se surpreendeu quando ele chegou por trás dela, e apoiou o queixo másculo em seu ombro frágil. Quase senti o toque de sua barba sem fazer do vídeo roçando em minha clavícula, e ele sussurrando em meu ouvido.

– “Já disse que te amo mais do que tudo?” – perguntou ele.

Meu coração foi retirado com um bisturi cego quando ele disse isso. Era tão dolorido, que fazia o fundo de meu nariz coçar, e o olho começar a lacrimejar.

A tela mudou de cena, e apagou. Agradeci a voz mentalmente, mas estava errada. A tortura só havia começado.

Agora apareciam várias fases de sua vida, e ele beijando mulheres sempre de costas, filmagens ridículas, e desnecessárias. Isso doía. Quando é que ele iria me contar que eu era mais uma no meio da multidão? Quando eu já estivesse apaixonada o suficiente para não pensar nas conseqüências? Ele pisou em mim, e eu, boba com sempre fui, elogiei a sola de seu sapato.

Acordei ofegante, com os cabelos grudados na testa, e um par de atentos olhos. Olhos castanhos como cacau, e percebi que não queria aqueles olhos. Queria minha esmeralda. Mas aí me lembrei do sonho, e tudo se foi.

Havia um bip chato que ficava se repetindo e repetindo inúmeras vezes. Tantas vezes, que tive que virar a cabeça para ver o que era. Tinha alguma coisa presa em mim, e não era legal. Era quase como se eu estivesse internada em algum lugar.

– Onde estou? – perguntei.

– Nossa! Ainda bem que você acordou! – exclamou Adam chegando mais perto. O cheiro de sua colônia invadia meu nariz, e deixava meu organismo berrando.

Ele tocou meu rosto.

– O que foi? – perguntou ele.

– Pesadelo. - respondi sem titubear. Meu coração ainda palpitava às orelhas



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Notas finais do capítulo

More?