O silêncio dominou a sala por alguns instantes. Sarah olhava para Lolli [N/A: a prima], que olhava para todos, que se entreolhavam.

— Ninguém vem me abraçar?

— Perdão, Lolli. — Sarah levantou-se e sorriu. — O que você está fazendo aqui?

— Vim morar com vocês! Bob já sabia disso... Ele não te contou? — olharam para Bob.

— Esqueci. — Bob coçou a nuca e fez uma careta, arrancando risadas de todos. — Esses são nosso amigos Gerard, Frank, Mikey e Ray.

— Vem, tem um quarto perto do meu.

— Perto?

— É que meu quarto é no sótão. — Sarah sorriu. — Lá é mais espaçoso e tem mais janelas. — Sarah puxou-a pela mão. — Bob, suba as malas dela, please. — Subiram as escadas rindo.

Lolli era prima de Sarah e Bob, morava antes em Chicago com os pais. Tinha 17 anos, era alta e magra e tinha um estilo bem parecido com o dos garotos. Era alegre, extrovertida e, principalmente, atrapalhada. Duas semanas passaram-se e as coisas voltaram a ser rotina. [N/A: eu odeio isso..] Lolli caiu na mesma turma do grupinho, Gerard e Sarah aproximavam-se lentamente, a banda ensaiava todos os dias... Enfim, tudo estava perfeitamente bem.

Sarah andava no corredor do 1° andar, vestia uma blusa preta com uma caveira lilás, uma saia pregada xadrez e sapatos com saltinho no estilo boneca. Seu cabelo estava preso e sua mochila, antes rosa, agora roxa, estava nas costas.

— Olá, Sarah. — Chelsea aproximou-se da garota. — Faltam 6 meses, sabia?

— O que você quer? — Sarah continuava andando sem olhar para a outra.

— Você sabe.

— Já disse que não. — Chelsea pegou-a pelo braço e levou-a para o banheiro.

— Saiam daqui. — As garotas que estavam lá saíram, Chelsea trancou a porta e soltou Sarah.

— Você me ouviu? Eu disse que não.

— Você não tem escolha, baby. Aposta é aposta.

— Não vou machucar meu amigo por dinheiro. Está tudo cancelado.

— Não. A aposta não será cancelada até que eu decida!

— Você já não decide o que eu faço ou deixo de fazer, Chelsea.

— Quer apostar? — Chelsea torceu o braço de Sarah, encostando-a contra a parede. Apoiou seu queixo no ombro da loira e sussurrou em seu ouvido. — Nesse momento uma das garotas está perto do grupinho. Se você cancelar de vez a aposta ela vai contar tudo para o Gerard. Além disso, elas já depositaram o dinheiro numa conta que vão entregar a você no final do baile, se tudo der certo. A aposta está, de algum modo, ligada a um jogo num cassino. Sabe como é, né? Coisa de garota.

— Sua...vadia...

— Até parece que você não fazia parte desse mundo, Sarah. As apostas estão na mesa, as cartas estão à mostra. Seus peões estão caindo, já está na hora de agir como uma profissional que você é.

— Idiota... Misturou jogos de aposta com xadrez... Não sabe nem a diferença entre eles. — Chelsea apertou-a com mais força contra a parede.

— Pense bem, Sarah. Não queremos corações novamente partidos por sua causa, não é? Seja uma boa menina e comece a trabalhar. — Chelsea soltou-a.

— Hã? Que corações?

— Não mude de assunto. Vá cumprir sua aposta.

— Você me dá nojo, sabia? Como pude ser amiga de alguém como você?

— Não sei... Você era uma idiota ingênua, era fácil. Quero dizer, ainda é.

Sarah saiu do banheiro com raiva. Precisava pensar, respirar fundo e decidir o que faria. Não queria perder a amizade de Gerard, mas não podia simplesmente abandonar a aposta. Independentemente do que escolhesse, Gerard se afastaria e ela se machucaria. Era tudo uma questão de escolher o momento para sofrer.

Andou para a praça de alimentação, que estava vazia, e foi para a área externa. Sentou-se na escadaria, pousou sua cabeça nos degraus de cima e ficou olhando para o céu.

— O que está fazendo aqui? — Gerard apareceu perto de Sarah.

— Pensando. E você?

— Estava te procurando.

— Por quê?

— É que... Eu preciso falar com você. — Gerard coçou a nuca e deu um pequeno sorriso.

— Sobre...?

— Sobre... Uma aposta. — Sarah gelou.

— U-Uma aposta?

— Sim. Uma aposta minha e dos caras que... envolve você.