A Aposta escrita por Noblesse


Capítulo 5
Capítulo 5




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— Claro que pode! — Ray sorriu, levantou-se e pegou-a pelas mãos. — Vamos todos nos sentar no alto!

— E depois a criança sou eu... — Mikey suspirou, fazendo com que todos rissem. — Vamos logo.

Passaram o intervalo sob olhares curiosos. Gerard conversava normalmente, porém ainda mantendo-se distante de Sarah. Julgava ser o mais seguro e apropriado. Logo três meses passaram-se e a situação mudou... Um pouco.

Sarah decidiu unir-se aos garotos, afastando-se da “elite”. Passava as manhãs conversando com eles, assistia aos ensaios da banda, tornara-se amiga de todos. Menos dele, Gerard. O Way mais velho simplesmente evitava aproximar-se, e ela nunca entendia o porquê. Frank e Mikey tentavam enganá-la falando que ele era assim mesmo, porém ela sentia que o problema era pessoal.

Gerard por sua vez sentia que teria que se aproximar da garota, mesmo que contra sua vontade. Não que isso fosse desagradá-lo, pelo contrário, mas ele sentia certo medo em se aproximar e acabar sofrendo por ela, novamente.

— Oi pessoal. — Bob abriu cominho para os garotos passarem. Coçava a cabeça, sem graça, enquanto um barulho alto vinha do 2° andar.

— Nossa, é guerra? — Frank assustou-se com o barulho.

— Acho que é festa. — Ray sorriu levemente, porém algo foi lançado contra a parede, assustando a todos.

— É a Sarah.

— Mas o que está havendo? — Gerard parecia preocupado.

— Sarah brigou com nosso pai. Está nervosa, triste, descontrolada, mas depois de 20 minutos e um quarto destruído ela volta ao normal. Pode parecer estranho, mas Salém e eu já estamos acostumados. — Bob acariciou o gato em seus braços.

— Posso tentar falar com ela? — Gerard estava curioso.

— Digo por experiência própria que será quase impossível, mas tente.

Gerard subiu as escadas e parou em frente à porta do quarto de Sarah. Ouviu um barulho de vidro quebrando, depois a garota começou a chorar.

— Sarah? Está tudo bem?

— Saia daqui! — Sarah gritou de dentro do quarto, porém Gerard adentrou-o, encontrando o local bagunçado e a garota caída num canto, chorando como uma criança.

— Hey, está tudo bem?

— Eu pedi que saísse...

— Sabe que jamais obedeceria.

— Gerard... — Ele sentou-se ao lado dela.

— O que houve? — Sarah secou algumas lágrimas, ele arrumou os longos cabelos loiros da jovem.

— Meu pai... Às vezes ele resolve sair com alguns amigos, fica bêbado, arranja confusão e me liga, descontando sua raiva e ressaca em mim. Ele jogou a culpa em mim, disse que se eu não tivesse nascido minha mãe estaria aqui hoje, que eu sou uma desgraça na vida dele e... Isso me dói muito. Você não tem noção do quanto estou ferida.

— Desculpe-me, mas eu sei bem como é. Bem até demais. Não leve a sério o que ele diz... Seu pai ainda estava bêbado! Ele jamais diria algo assim. Bob disse que seu pai ama muito vocês.

— Sempre foi assim. Se eu não quisesse tanto que ela saísse de New York para me buscar em Chicago hoje ela estaria viva...

— Pare Sarah! Você não tem culpa do passado, nunca teve! De qualquer modo ela teria morrido okay? É assim que funciona o destino! — Gerard abraçou-a carinhosamente, Sarah ficou calada por alguns instantes, até se afastarem e olharem fixamente nos olhos.

— Por que está aqui, Way? Você nunca ficou próximo de mim, nunca conversou comigo. Por que isso agora?

— Porque eu sinto que temos muita coisa em comum. Sarah, eu sei muita coisa sobre você. Mais do que você pode imaginar.

— No primeiro dia de aula Mikey disse o que você achava de mim. Era tudo verdade. Sou apenas... Um rostinho bonito. Tenho um profundo vazio dentro de mim, sou uma deslocada, uma simples... Estranha.

— Não. Eu achava que você não respeitava os outros, que estava se aproximando de nós para simplesmente fazer brincadeiras idiotas. Eu estava errado.

Um longo silêncio se fez. Sarah e Gerard aproximavam-se lentamente, olhavam-se fixamente. Um pequeno sorriso nasceu nos rosto da jovem enquanto Gerard novamente arrumava seus cabelos.

— Sabe... Demorou muito pra você sorrir, eu quase implorei para ver esse sorriso tão belo. — Sarah corou. — Essas lágrimas não combinavam com você, então venha. Vamos levantar e passear. — Gerard levantou-se e arrumou a calça.

— Gerard... Não consigo levantar.

— Por quê?

— Porque eu teria que apoiar as duas mãos no chão e... — Sarah mostrou a mão esquerda. — Está cortada. — A mão tinha um corte grande e profundo. Estava sangrando, o sangue escorria e pingava no chão e em seu vestido. — Está doendo muito.

— Vem, vou te levar ao hospital. — Sarah fez uma careta, ele apenas riu. — Ande logo, não dê uma de criança! Já basta o Mikey... — Gerard ajudou-a a levantar.

— Tenho mesmo que ir ao hospital? Ah, Gerard! Estou acostumada com machucados. No banheiro tem uma caixa de remédios, acho que tem pomada e gaze e...

— Pare de enrolar! Arrume-se e me encontre na sala em 8 minutos! Agora! — Gerard disse sério.

— Okay, eu me rendo. — Gerard sorriu e saiu do quarto.

Em 10 minutos Sarah descia as escadas. Estava com um outro vestido e a mão enfaixada.

— Não vou ao hospital. Já fiz o curativo, já passei remédio e já está tudo sob controle.

— Sarah, você vai ao hospital e está decidido! Se estivesse tudo sob controle a faixa não estaria com uma mancha enorme de sangue! — Os outros apenas observavam.

— Eu não vou! — Encararam-se.

— Vai sim! — Aproximaram-se.

— Não vou! — Gerard deu um pequeno sorriso, que a desconcentrou, e pegou-a no colo, jogando-a nos ombros. — Gerard me solta! — Bob e Ray brincavam com Salém, Mikey só sabia rir e Frank apenas observava calado.

— Voltamos logo. — Saíram em direção ao carro.

— Ele é louco. — Frank disse pensativo. Todos riram. — Todos são.


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