O Diário de um Semideus escrita por H Lounie


Capítulo 7
Ciclopes trabalhando na General Motors?




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Nico pareceu estar concentrado em algo por alguns instantes, enquanto quatro pégasos se aproximavam da colina e eu mexia distraidamente na adaga que Leto havia me dado, adaga esta que estava firmemente colocada na bainha.

– Lyra, você deveria vir comigo.

Olhei surpresa para ele, saindo de perto do pégaso que estava prestes a montar.

– Eu, ahn? Por que Nico?

– Bom, lembra o que me contou? Sobre o fato de que Hera estava tentando convencer Zeus a te matar antes mesmo que saísse do acampamento?

– O ar nunca é um bom lugar para se estar quando se é um inimigo de Zeus. - Completou Quíron - Nico tem razão Lyra.

Se Nico tinha razão eu não iria discutir com ele. Os outros três subiram nos seus respectivos pégasos, enquanto um deles voltava para o estábulo. Nico segurou minha mão, puxando-me para as sombras, enquanto os outros três já estavam no céu.

– Nos vemos no Colorado - Berrou Jessica, enquanto eles sumiam no céu.

Nas sombras das árvores, Nico me abraçou pela cintura.

– Segure-se em mim, está bem? Não solte por motivo algum, será rápido.

No mesmo instante, arrumei a mochila nas costas e passei meus braços por seu pescoço. Eu não queria que aquilo fosse rápido, queria que levasse anos para que chegássemos ao Colorado.

Em segundos estávamos envoltos na mais completa escuridão, sendo empurrados para frente. Apertei mais ainda meus braços em Nico, como se fosse possível cair. De repente, alguma coisa pareceu nos puxar para baixo e fomos 'chutados' para fora daquele túnel negro que parecia não ter fim.

E então, caímos sobre peças de automóveis. Aquilo foi extremamente doloroso, deve ter sido mais ainda para Nico, pois eu havia caído sobre ele. Abri meus olhos devagar, imaginando o que poderiam significar aquelas peças.

– Onde estamos?

Nico gemeu de dor, tentando se levantar também.

– Acho que quebrei a perna. - Comentou ele, como se aquilo fosse absolutamente normal. Ele parecia fraco e prestes a desmaiar. Peguei um pedaço de ambrosia na mochila e dei a ele. Assim que ele comeu, já parecia muito melhor. Ajoelhei-me próxima a ele e coloquei uma das mãos em sua perna, fazendo uma oração para meu pai. Eu não era tão boa em cura quando era com poemas ou música, mas poderia ajudar.

– Muito melhor, obrigada Lyra.

Ele colocou-se em pé e eu fiz o mesmo.

– Onde estamos? Isso aqui não parece ser o monte Pikes Peak. - Comentei, correndo os olhos pelo lugar. Parecia uma fábrica de carros ou algo assim.

– Isso definitivamente não é o Colorado.

Segurei sua mão enquanto andávamos pelo local, olhando para todos os lados. Nico segurava sua espada com a outra mão e eu tocava com a mão livre o cordão de meu colar, pronta para fazê-lo virar arco se fosse necessário.

– Consegue ler aquela placa? - Perguntou Nico, apontando para uma enorme placa pendurada na parede em nossa frente.

Olhei para a placa, me concentrando em cada letra. Parecia algo como ENEGARL OTROMS

– ENEGARL OTROMS? NE...

– General Motors. - Disse Nico, desanimado. - Ótimo, devemos ter caído em Detroit.

– Detroit? Michigan? Como sabe?

– Não sei, mas a sede mundial da General Motors fica em Detroit, olhe bem para as letras pequenas na placa.

Com alguma dificuldade consegui ler Detroit - Michigan, nas letras pequenas da placa. Ainda era cedo, a fábrica ainda devia estar fechada, o que era bom, ao menos não teríamos que explicar a ninguém como chegamos ali.

– Não entendo, como viemos parar aqui? Eu estava totalmente concentrado em nosso destino...

– Olha quem veio para o café da manhã. - Uma voz monstruosa interrompeu Nico.

Imediatamente soltei a mão do garoto e fiz o arco dourado surgir em minhas mãos. Atirei uma flecha, acertando um dos ciclopes, fazendo com que se desfizesse em poeira.

– Como ousa? - Berrou um deles, já vindo para cima de mim. - Hm, semideus no café da manhã, delicioso!

Nico entrou em minha frente, fazendo um movimento rápido com sua espada, destruindo outro ciclope. Ótimo, restavam apenas três.

Os outros três nos cercaram, sorrindo, como se houvessem acabado de ganhar uma enorme batalha.

– O que temos aqui? Uma filha de Apolo? Adoro filhos de Apolo, todos tem sempre um gosto incrível. - Disse um deles, o maior e mais feio. Aquilo me revirou o estômago. Sempre um gosto incrível. Não sabia o que era pior: falhar na missão e provocar uma guerra ou virar comida de ciclope. As duas opções me pareciam horríveis.

– Eca! Esse outro parece ser filho de Hades, carne de filho de Hades é tão horrível, tem gosto de carne podre! - Comentou outro.

– Já chega de conversa rapazes, filho de Hades ou não, semideus é sempre uma ótima refeição, estou cansado de comer carne de humano normal. É hora de comer.

Nico olhou firme para o maior dos ciclopes e partiu para cima dele com sua espada, o ciclope da esquerda adiantou-se, atingindo Nico com uma barra de ferro. Olhei preocupada para ele, mas ele parecia... vivo, ao menos.

– Não! - Gritei, atingindo o ciclope que derrubou Nico com uma flecha, fazendo o mesmo se desfazer em pó.

Repeti o gesto com o outro ciclope, até que sobrou apenas o maior deles. Nico já havia se colocado em pé e mancava na direção do ciclope, vindo por trás dele. O ciclope estava concentrado em mim e ao perceber a intenção de Nico, fingi estar apavorada.

– Por favor senhor ciclope, não me mate! Eu sou tão magra! Não valho à pena, me deixe ir embora, seu colega já matou o meu amigo!

– Hum, sinto muito filha de Apolo, mas faz tanto tempo que não sinto o gosto de um filho do deus arqueiro. - Sorriu o ciclope.

Na mesma hora, Nico saltou sobre o monstro, enfiando sua espada atrás da cabeça do mesmo, fazendo com que o ciclope virasse pó.

– Incrível, não acha? - Comentou Nico.

– O que?

– Tem ciclopes trabalhando na General Motors!

Sorri ao ouvir seu comentário.

– Mundo estranho esse, não?

Ele assentiu, me olhando de um jeito tão carinho que fez meu coração vacilar.

– Vamos andando filha de Apolo, antes que apareça outro trabalhador da fábrica.

Desta vez foi ele quem segurou minha mão, me puxando para o lugar onde uma luz vermelha piscava, aquilo devia ser a saída.

Assim que chegamos perto da luz, puder ver que aquilo não era um sinal que indicava a saída, mas sim dois olhos ferozes que nos observavam. Dois enormes olhos.

– Acho que Hera nos mandou um presente. - Comentou Nico.

Eu mal podia acreditar. Respirando fundo, preparei meu arco mais uma vez. Eu sabia, aquele desafio era apenas meu.

– Píton.


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