O Diário de um Semideus escrita por H Lounie


Capítulo 5
O sol na pista




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'Um herdeiro do sol e um herdeiro do mar

Na terra onde o vento canta ajuda irão encontrar

Um perecerá no ar outro na terra

Quando das portas da morte passar todos atenderão ao chamado de guerra

A vitória está na derrota, os filhos do amor enxergarão

E tudo terá um fim quando o herói aceitar sua própria ilusão '

O primeiro sentimento a apoderar-se de mim foi o medo. Depois preocupação, em seguida orgulho e depois confusão.

– Mas para que tudo isso? Quero dizer, essa profecia...

Eu sabia que algo não estava certo, mas não sabia que era tão... 'Chamado de guerra'. O que raios poderia significar chamado de guerra? Não havíamos acabado de sair de uma guerra?

– É o que eu estava tentando dizer a vocês. - Começou Aubree, enquanto todos permaneciam no mais absoluto silêncio. - Eu ouvi os deuses falando sobre um objeto de poder desaparecido.

– Que objeto? - Berrou Clarisse.

– O martelo de Hefesto.

Todos continuaram no mais absoluto silêncio, aparentemente chocados.

– Ahn, como? O que aconteceu? - Exigiu Dare, acordando de seu transe.

– Você acabou de me dar uma nova profecia, Rachel.

Contei a ela a profecia. Um herdeiro do sol? Bom, só poderia ser eu, uma vez que a profecia foi feita para mim. Um herdeiro do mar? Bem, eu temia saber a resposta para essa. Ao que parece, o herdeiro do sol e o herdeiro do mar teriam que trabalhar juntos. No mais a profecia não parecia fazer sentido ainda.

Eu sabia que cada linha daquela profecia ia se cumprir e sabia que alguém nessa missão pereceria na terra e alguém pereceria no ar, além do fato de alguém cair na armadilha da ilusão, o que não era nada agradável.

– E então, o que foi que houve? - Perguntou Quíron, chegando ao refeitório depois de cuidar dos feridos.

– Rachel disse uma nova profecia. - Começou Aubree. - Creio que tenha algo a ver com o fato do martelo de Hefesto ter sumido.

– O martelo de Hefesto sumiu?

Aubree explicou sobre as coisas que ouvia e Quíron pareceu surpreso.

– Um talento e tanto esse seu, Aubree. E pelos deuses, o martelo de Hefesto é incrivelmente poderoso.

A menina apenas sorriu tímida. Eu continuava a me preocupar com as linhas da profecia, mal escutando o que todos falavam.

– Para quem foi feita a profecia?

– Pra mim - Disse baixinho, soando mais nervosa do que imaginava, enquanto repetia a profecia para Quíron.

– Chamado de guerra, isso não é bom. Mas bem, tivemos todos um longo dia, devemos ir para a cama...

– E a corrida de bigas amanhã? - Berrou alguém de Ares

– Bem , ela vai acontecer normalmente pela manhã, depois disso teremos uma reunião dos conselheiros, alguns heróis tem uma missão nas mãos. - Quíron se aproximou de mim, levantando-me do chão. - Vá dormir Lyra, será um longo dia amanhã.

Se não fosse por Nick eu não sei se chegaria ao chalé. Estava nervosa, preocupada, ansiando pelo que me aguardava.

– Nick, você irá à corrida de bigas no meu lugar amanhã, pode pedir ao Jake para ser o Auriga, se quiser, conduzir é mais fácil que defender.

Havíamos feito uma aliança com o chalé de Hefesto, tínhamos uma ideia e precisávamos de alguém para montar a biga, felizmente eles aceitaram, mas eu acreditava não estar nas melhores condições de ajudar na corrida, por isso pedi a Nick que fosse no meu lugar.

Mal pude dormir a noite e ao levantar da cama de manhã pude sentir os reflexos disso. Eu estava cansada, com olheiras e ainda pensava nos versos ditos pelo espírito de Delfos, o oráculo de meu pai. Comi pouco no café da manhã e fui para a pista de corrida, muito a contragosto.

Assim que a corrida começou já sabia que nossa ideia daria certo. Jake foi um excelente auriga e Nick acertava todas as flechas que mandava na direção dos adversários. Assim que o sol refletiu em nossa biga, ela começou a brilhar, brilhar como se o sol estivesse ali. A superfície da biga era toda espelhada e os filhos de Hefesto garantiram que fosse quase indestrutível. Jake usava óculos de proteção e Nick, bem, Nick não precisava, ele não tinha problemas com a luz. Já os outros competidores não tiveram tanto sorte, a maioria ficou quase cega pela luz ou viu seus cavalos fugindo para o lado oposto a ela.

No fim restava apenas a nossa biga, fato que nos garantiu a vitória. Depois das devidas comemorações, nos despedimos de Percy e Annabeth e todos os conselheiros seguiram para o salão de jogos, onde aconteceria a reunião.

Assim que entramos, tratei logo de me sentar. Jessica veio no lugar de Percy e Meganny veio no lugar de Annabeth. Nico entrou e para minha completa surpresa sentou-se ao meu lado. Lucy, de Hécate, chegou acompanhada de Clovis de Hipnos, Jake de Hefesto veio discutindo com Drew de Afrodite, Polux de Dionísio estava sentado a um canto, distraído como sempre. Travis discutia com o filho de Íris, Dan chegou e sentou ao meu outro lado. Will - o demônio - estava estranhamente calado e Annith estava olhando para Nico, só para variar um pouco.

Estava faltando só um pouquinho para que eu a cobrisse de flechas. Dan, ao captar meu olhar assassino na direção de Annith, me deu um leve empurrão.

– Acalme-se. - disse ele.

Matthew de Morfeus sentou-se perto de Clovis e os dois já estavam dormindo.

– Então. - Vocíferou Quíron, usando todo o poder de sua voz, fazendo até Matthew e Clovis acordarem. - Como vocês sabem o oráculo revelou uma nova profecia à Lyra e ao que parece essa profecia está ligada com o desaparecimento do símbolo de poder de Hefesto. Antes de mais nada, quero lhes dizer o quão poderoso é o martelo de Hefesto.

Quíron estava sério, demonstrando preocupação.

– Esse martelo foi o primeiro item construído por Hefesto, depois que foi jogado do Olimpo. Ele não só serve para construir qualquer coisa, como também absorve um pouco de todas as coisas que construiu. Como sabem, Hefesto já construiu muita coisa para os deuses, então não é difícil imaginar porque seria extremamente ruim se esse martelo parasse em mãos erradas.

O olhar de Quíron era cauteloso, ele provavelmente sabia mais do que estava contando.

– Então Lyra, quem você escolhe para ir com você nesta missão? - Disse ele, mudando de assunto enquanto eu ainda estava em choque pelo que havia acabado de ouvir. Eu não poderia falhar em uma missão como essa, ou a guerra estaria feita. Até posso imaginar um deus acusando o outro e então a terceira guerra mundial começando.

Hesitei, isso era algo realmente difícil de fazer. Praticamente não tínhamos nada, a profecia era muito vaga e depois de passar a noite toda pensando, a única conclusão que cheguei foi a de que a terra onde o vento canta é Eólia.

Olhei para todos na sala. Alguns retribuíam com um olhar tão suplicante que pareciam estar gritando 'me leve com você'.

De repente, Travis começou a dizer algo, mas foi interrompido por Jake, que por sua vez foi interrompido por Clarisse e aquilo tudo virou uma enorme confusão onde não era possível se entender nada.

– Por que Lyra vai escolher? - Disse Annith, sua voz anasalada se sobressaindo a de todos. Ela olhou para mim e sorriu, mas eu sabia que aquilo era falso. - Quer dizer, ela vai priorizar os amigos e essa nem sempre é uma boa escolha. - Concluiu ela inocente, inocente demais, aquilo soava completamente falso.

Revirei os olhos. Ótimo, isso era tudo que eu precisava. Eu até entendia que ela é filha da deusa da discórdia e provocar discórdia vem naturalmente para ela, como poesias vem fácil para mim. Obviamente eu faria o que fosse melhor para a missão, mesmo que isso significasse que teria que passar dias com pessoas que nem ao menos conheço.

– Olha Annith...

– Porque a profecia foi feita para ela, Annith. - Intrometeu-se Quíron. - E isso significa que ela lidera e sim, ela escolhe quem vai com ela e acredito que vai escolher direito, uma vez que foi escolhida como líder é a mais apta a realizar tal escolha.

O desapontamento ficou claro na expressão de Annith, ela realmente queria criar confusão. Todos olhavam para mim agora, olhei para Quíron e ele assentiu, encorajando-me.

– Bom, Meganny, - Virei para a garota, sua expressão se iluminou no mesmo instante. - Eu sei que vou precisar de você, então...

– Sim, claro Lyra. - Ela sorriu, parecendo honrada com o convite. Eu iria mesmo precisar dela, depois de Annabeth, ela era a pessoa mais inteligente que eu conhecia.

– Ótimo - Sorri para ela. - E bem... Nico?

Nota: Sei o que está pensando, mas não. Trata-se de estratégia de sobrevivência, portas da morte só pode significar mundo inferior e ele é filho de Hades. Esse é o único motivo.

– Acho que seria bom se você fosse também, isso de portas da morte soa como mundo inferior.

Tudo bem. Algumas pessoas diriam que eu estou me aproveitando da situação, eu diria que estou sendo sensata, Nico tem experiência e tudo mais. Aguardei ansiosa pela sua resposta.

– Estou dentro. - Disse ele por fim, com um sorriso de canto. Annith quase saltou da cadeira. Sorri satisfeita para ela, nem me importando com os outros na sala. Meus pensamentos eram uma eufórica confusão de possibilidades, mas me controlei, limitando-me apenas a um 'que bom'.

Agora vinha a parte difícil. Um herdeiro do sol e um herdeiro do mar. Jessica estava calada, um pouco afastada do resto do grupo. Respirando fundo, levantei de meu lugar e contornei a mesa, indo até ela.

– Jessica - Eu não sabia o que dizer, não sabia o quão furiosa a garota estava comigo. - Olha eu acho realmente que... bem...

– Você precisa de uma herdeira do mar, não é mesmo? Bom, se você é a herdeira do sol, precisamos buscar ajuda na terra onde o vento canta.

Ela esticou a mão e eu a cumprimentei, vendo seus olhos verdes brilharem de excitação. A profecia começava a se cumprir ali.

– Nenhum filho de deus menor vai? - Era Annith de novo.

Voltei para meu lugar ao lado de Nico, o garoto parecia prestes a pular em cima de Annith e não veja isso como uma coisa boa.

– Isso é verdade, não temos a mesma capacidade que vocês filhos dos deuses maiores? - Foi a vez de Will, o garoto peste de Nêmesis, se intrometer.

– Vejam bem, vocês tem menos tempo de acampamento...

– Eu tenho o mesmo tempo que Meganny, - comentou Lucy. Meganny fuzilou a garota com o olhar.

– E eu muito mais tempo que Jessica, por exemplo. - Completou Matthew, que parecia finalmente ter acordado e se juntado a reunião.

Você por um acaso é filho de Hades e pode nos guiar pelo submundo? Pensei, porém não cheguei a verbalizar isso.

– Você está querendo se comparar com um filho de Poseidon garoto? - Disse Travis, eu poderia dar um abraço nele por isso.

– Não, só estou querendo dizer que a desculpa de Lyra não faz sentido.

– Bom, mas é ela quem escolhe, não é?

– Talvez você tenha razão Matthew. - Comecei. - Não estou querendo dizer que nós filhos dos deuses maiores somos melhore que vocês - Estou sim, mas isso é outra história. - Só que tem gente aqui que esperou anos por uma grande missão. - Disse, referindo-me a mim mesma. Afinal foram oito anos de espera. - E talvez vocês devessem esperar um pouco mais.

– Ah, qual é? - Disparou Clarisse. - Por mais eu odeie admitir, Lyra fez a escolha certa. - Ela lançou um olhar homicida aos garotos que reclamavam.

– Ou melhor, - começou Jake. - Leve algum deles, aposto que não sobreviverá e servirá de exemplo. Leve Clovis, aposto que ele dormirá a missão inteira, nem vai incomodar.

Travis começou a dar ideias de quem levar, mas foi interrompido por Quíron.

– Pessoal, quatro já é um número grande, isso me preocupa, em geral são apenas três, mas Lyra já fez sua escolha...

– Espere Quíron. - Alguma coisa me dizia que eu provavelmente iria me arrepender de fazer o que estava prestes a fazer, mas era algo necessário. - Para agradar a gregos e troianos, acho que deveria levar sim um filho de um dos deuses menores.

– Lyra, realmente não acho que seja uma boa ideia. Um número muito grande não é bom.

– Quíron... alguma coisa me diz que devo fazer isso. Tem um garoto, eu já o vi treinando, ele é um bom espadachin, ele deveria ir conosco nessa missão.

Levantei meus olhos para o garoto de cabelos castanhos que estava em pé. Assim que seu olhar de psicopata encontrou o meu, houve um entendimento entre nós.

– Will?

Ele assentiu, como se não estivesse nem ligando, mas no fundo eu sabia o quão orgulhoso ele estava.

– Bom, eu acho que a terra onde o vento canta é Eólia. E as histórias dizem que Éolo sempre ajuda semideuses.

– Sim, isso é verdade. Amanhã de manhã vocês partem para Eólia, e que os deuses estejam com vocês. - Disse Quíron.

– Espera, onde fica Eólia? - Perguntou Nico, eu também não tinha ideia.

– Ah, isso é fácil. Topo do monte Pikes Peak, Colorado Springs, Colorado - Disse Travis. É, ser filho do carteiro tem sua vantagens.

Depois de tanta discussão estava decidido. Meganny, Nico, Jessica e... Will, infelizmente. De algum jeito temos que descobrir onde está o martelo de Hefesto, antes que as coisas fiquem graves.

O resto da tarde passou voando. Minhas coisas já estavam prontas para a partida amanhã e eu estava bem menos ansiosa, eu estava até feliz, afinal, Nico iria também.

Depois do jantar, senti uma enorme vontade de ir até a orla da floresta, como se uma coisa me arrastasse para lá. Assim que cheguei, vi uma figura que parecia brilhar. Uma mulher lindíssima, com longos cabelos castanhos e olhos azuis como os meus.

– Olá, - cumprimentou. - Pelos deuses, você se parece tanto com seu pai.

– Oi, eu, er... Quem é você?

A mulher sorriu, um sorriso tão familiar que chegou a me assustar.

– Eu sou Leto, sua avó.


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