La La Land escrita por leticiaxavier


Capítulo 8
I'm Your Villain


Notas iniciais do capítulo

A turnê começa, quartos de hotel...não, ninguém vai dormir no quarto 483. Fora de brincadeira, a escola é grande responsável pelo atraso do capítulo, mas de qualquer jeito aqui está ele prontíssimo e mais uma vez quero agradecer pelos reviews. Então, se você lê a fic não custa nada deixar um review. Sem eles, não dá ânimo de continuar e eu não posso saber o que se passa na cabeça dos leitores pra poder continuar a fic de um jeito conveniente.



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- Você e quem vão o quê? – gritou minha mãe no telefone.

- A Cliperton vai abrir shows do Tokio Hotel na turnê estadunidense. – repeti pela vigésima vez em menos de dois minutos. Ou minha mãe tava ficando surda ou ela não conseguia acreditar.

- Sério?

- É lógico que é sério. Eu não gastaria com chamadas internacionais pra ficar lorotando.

- Que lindo! A banda do meu bebê vai tocar com gente famosa! – agora ela gritava para alguém que estava ao lado dela, depois voltou a falar comigo. – Eu quero ir ao show!

- Mas vai ser aqui, mãe...

- E daí? Me passa o endereço que eu compro as passagens agora mesmo!

- Já que a senhora insiste... – fui verificar a agenda de shows. – Hoje mesmo te passo um e-mail com o endereço.

- Vou ficar esperando.

- Vou desligar, mãe.

- .

Estava com o dedo pronto para apertar o botão de encerrar chamada quando ela voltou a falar.

- Le, a mamãe está muito orgulhosa de você. Te desejo toda a sorte pra você e pros seus coleguinhas. E me aguardem aí!

Desliguei antes que ela fizesse um discurso colossal sobre isso ou me passasse um sermão sobre viajar e andar de avião, como ela fez três anos antes quando me mudei para cá. Sentei de uma maneira brutal na cama, ao lado da minha mala pré-arrumada para a turnê. Lembrei do modo estranho que conheci o resto do Tokio Hotel e o David Jost.

*Flashback On*

- Bom dia pessoal! – disse o David entrando na sala onde Luke, Sam e eu aguardávamos a quase meia hora.

- Bom dia. – respondemos nós três sonolentos.

Logo entraram Bill, Georg, Tom, Gustav e um homem careca e alto. Bonito, até. Bill sentou-se no mesmo sofá que nós três e os outros sentaram-se no sofá que ficava de frente pro nosso.

- Acho que vocês já conhecem os outros garotos. – disse David para nós, depois ele se dirigiu aos G’s. – Georg, Gustav. Estes são Luke Arson, Sam Davis e Letícia Xavier da Cliperton. A “next big thing” que vai esquentar o público pra vocês.

Luke e Sam apenas sorriram. Eu disse um “oi” tímido. Gustav retribuiu o sorriso. Georg apenas olhou para a minha cara com uma cara de desprezo e ignorou meu “oi”. David não percebeu e prosseguiu as apresentações.

- E tem alguém que eu faço questão que vocês conheçam... – o homem careca levantou. – Esse é o Paul Huber. Ele estava no Rockville no dia do show e disse que adoraria empresariá-los. A partir de agora, ele é responsável por todos vocês.

- Prazer em conhece-los pessoalmente. – Paul nos cumprimentava com um aperto de mão amistoso e um sorriso no rosto.

*Flashback off*

Depois de todas as formalidades, assinaturas de contrato, piadinhas, conversas e etc., nós fomos embora para nossas casas. Gustav, Paul e David conversaram bastante com nós três, mas Georg foi embora com a mesma cara que me saudou. Sinceramente, entendo que ele seja lindo, rico, famoso, gostoso, charmoso, dono do par de olhos mais lindo que já vi e seja incrivelmente melhor ao vivo, só não entendo o porque de tamanha grosseria comigo. Só porque somos iniciantes? Só espero que ele entenda que também já passou por isso alguns anos atrás.

Voltei a arrumar as malas. Partiremos para o primeiro show amanhã. Quer dizer, não que o show já seja amanhã, mas já viajaremos para San Diego resolver todos os detalhes antecipadamente. Coloquei algumas calças, camisetas, all stars e acessórios dentro da mala e a fechei. Nem enchi completamente por que eu tinha certeza de que ainda ia querer colocar muitas outras coisas lá dentro até a hora de ir por aeroporto. O meu celular tocou:

- Olá, girl in the band! – falou Paul quando atendi. Esse era o jeito animado dele de me cumprimentar. – Ficou sabendo que ainda essa semana vocês vão ter uma entrevista?

Quase pulei na cama numa mistura de felicidade, empolgação, desespero e medo.

- Vamos ter o quê? – perguntei sem ter processado muito bem a informação.

Paul deu uma daquelas risadinhas muito fofas dele.

- A Cliperton vai dar uma entrevista para o site da NME!

Ai caramba. Uma entrevista para o site da NME? Paul, não brinque com meu pobre coraçãozinho.

- É sério?

Paul suspirou.

- Claro! – ele falou num necessário tom de obviedade. – Ou você esperava abrir shows de um das mais famosas bandas da atualidade e não ser perseguida por paparazzi, dar entrevista, sessões de foto...

- É você tem razão. – balancei meus pezinhos de all star preto.

- Bom, assim que chegarmos ao hotel em Santa Barbara – nossa primeira parada – vamos receber os repórteres da NME, junto com o Tokio Hotel.

- Paul, você é um anjo mensageiros de boas notícias! – falei pra ele. – Mais alguma boa pra me contar?

- Que isso! Ainda tem muita coisa pra acontecer nos próximos meses!

- Então acho que vou terminar de arrumar as malas e me despedir do pessoal aqui de casa.

- Boa, garota!

- Beijo. – e fiz um som de beijo no telefone.

Paul deu uma risadinha e desligou. Quem não estivesse a par da situação pensaria que eu estava flertando com um cara 13 anos mais velho que eu.

O Paul é um cara bem legal e disposto a ajudar. Você pode até dizer “oh, ele está ganhando para isso”, mas foi ele quem nos incentivou a gravar algumas faixas, nos levou num estúdio de um amigo dele onde passamos alguns dias gravando o material da setlist do show, nos ajudou a divulgar no MySpace, no Last.fm. Estou feliz por ter um empresário/diretor de turnê/quebra-galhos como ele.

Naquele dia, aproveitei para brincar com as crianças, conversar com meus tios, sair com a Bia para fazer compras, brincar com o cachorro preguiçoso da vizinha...

Era quase meia-noite e eu ainda estava acordada, assistindo “Invasor Zim” no meu quarto, jogada na cama de pijamas comendo um saco de amendoim japonês que eu sempre deixo na gaveta do criado mudo para situações de emergência (caso aconteça uma invasão cylon/zumbi e eu fique trancada no quarto, por exemplo). Não via o Bill fazia um bom tempo. Só de vez em quando ele aparecia no estúdio onde estávamos gravando, mas estava tão ocupada que mal pude dar atenção a ele.

Tinha quase certeza que não conseguiria dormir naquela noite, e acertei! A ansiedade de começar a turnê, o medo de decepcionar os poucos fãs que havíamos conquistado até agora, o esforço daqui pra frente... Tudo influenciou na péssima noite de sono que tive as vésperas da viagem. A minha sorte foi que o dia logo amanheceu, eu desci para fazer um cafezinho, passei corretivo pra tapar as olheiras e muito rímel pra parecer que eu estava bem disposta.

Às 9:00 a.m., a van encarregada de levar a banda ao aeroporto estava buzinando na porta de casa. Meus tios e meus priminhos assistiam, cheios de expectativas e saudades precipitadas, Paul descer as escadas carregando minha mala da Hello Kitty enquanto eu carregava uma mísera frasqueira com minhas maquiagens e uns creminhos por cabelo. Paul levou minha mala até a van onde já estavam Luke e Sam.

- Sentiremos muito sua falta. – tia Bells me abraçou bem forte. – Queria poder te levar ao aeroporto mas você sabe que temos que trabalhar, não é?

- E acreditamos que você esteja em boas mãos. – tio Charlie me abraçou, olhando disfarçadamente para Paul parado em frente a van.

Leah e Ryan abraçaram minhas pernas e começaram a chorar, dizendo que eu não podia ir. Lógico que a choradeira dos dois cessou quando prometi que ia trazer lembrancinhas dos lugares legais que eu passasse.

Entrei na van. Sentei no último banco, ao lado de Sam e Luke, que estava com o braço apoiado na janela, quase dormindo. Pelo visto, eu não era a única que não havia dormido. Ao contrário de Luke e eu, Sam não se aguentava de tanta euforia. Ficava toda hora fazendo perguntas pro Paul, cantando, gritando, tentando fazer com que o resto do pessoal entrasse no mesmo clima que ele. Quando chegamos no aeroporto, um pessoal da equipe do Tokio estava a nossa espera e nos informaram que o eles já haviam embarcado em um outro voo para Santa Barbara, numa tentativa de evitar tumultos e fãs histéricas. Ficamos um bom tempo esperando a chamada para nosso voo, entre café expresso e os planos do Sam, que não parou de falar até que gritássemos para ele parar.

Mal notei o passar das horas de dentro do avião. Apesar da grande quantidade de café que havia ingerido nas últimas horas, logo que entrei no avião, desmaiei de tanto sono. Não era do meu feitio ficar nervosa dentro de aviões imaginando que mil e uma tragédias poderiam acontecer. Tudo que eu queria era dormir bastante para não chegar no hotel com uma cara acabada. Parecia que eu não tinha fechado os olhos por cinco minutos quando Paul me cutucou. Quando desembarcamos no aeroporto, já havia um carro esperando por nós. Chegamos ao hotel. Os funcionários de lá levaram nossa bagagem e nos mostraram nossos quartos.

Minha suíte era à esquerda da suíte de Luke, que também ficava à esquerda da suíte do Sam. Bem em frente a minha suíte, estava Paul. Ele nos reuniu em sua suíte para dar boas vindas oficiais a todos nós.

- Quero que se divirtam muito por aqui, mas não se esqueçam da prioridade. – ele nos advertiu. – A entrevista é daqui três horas. Enquanto isso aproveitem para descansar, pois essa vai ser a rotina de vocês daqui pra frente.

- Era só isso? – perguntou Luke sonolento e irritado.

- Sim. – afirmou Paul.

- Então eu vou dormir. – ele foi saindo da suíte. – Me acordem quando faltar cinco minutos pra imprensa chegar.

Sam também saiu do quarto. Paul começou a mexer no smartphone.

- Que foi? – ele me perguntou quando percebeu que eu ainda não havia me retirado.

- Será que você... – fiz cara de cachorrinho pidão. – poderia me levar até a suíte do Bill.

Depois de um pouquinho de insistência, Paul me levou até lá. Não me entendam mal, mas já fazia um bom tempinho que eu não o via. Precisava conversar com ele, contar as novidades, pegar umas dicas úteis sobre “como se comportar numa entrevista”, afinal, é pra isso que servem os amigos.

- Quem é? – perguntou Bill quando bati na porta.

- Sou eu! – respondi. Não que eu achasse que ele podia ver através da madeira nobre da porta, mas imaginei que ele me reconhecesse pela voz.

- Ah, Le. Pode entrar. – ele respondeu.

Girei vagarosamente a maçaneta e entrei. Fechei a porta atrás de mim. Bill estava sentado numa cadeira muito bonita, em estilo colonial, de frente para a porta fumando enquanto folheava uma revista. Estava vestido com uma jaqueta de couro preta com rebites e ilhós, uma calça skinny azul bic, um coturno de cano médio de couro e uma camiseta branca num estilo meio podrinho. Ao lado dele, quatro malas gigantes. Senti-me meio mal por ter levado apenas uma única mala com algumas calças e camisetas.

- Que foi? – ele percebeu que eu estava olhando fixo numa única direção: a direção das malas.

- Você trouxe mais malas que eu!! – sentei- me na cama dele.

- E o que é que tem? – perguntou ele de um jeito descontraído, com um sorrisinho.

- Eu sou menina!

- E daí?

- Daí que eu deveria ter muito mais roupas e acessórios que você!

- Ah é? – ele deu de ombros e avançou na minha direção. Sentou-se na cama de pé para mim. Apagou o cigarro no cinzeiro. – Como se você já não conhecesse minha situação.

Bom, a situação eu já conhecia. O fato era que Bill tinha mais maquiagens e roupas que qualquer outra garota que eu já conheci na minha vida. Isso era uma das coisas que Tom sempre gostava de comentar quando nós três estávamos juntos.

- Então, como foi de viagem? – ele perguntou.

- Bem, sabe? Só estou um pouco cansada e precisando de um abraço...

- Serve o meu? – ele perguntou abrindo seus braços magros em minha direção.

Então eu cheguei mais perto e me aninhei em seu peitoral. Abraçar o Bill era quase como abraçar um cachorrinho. Não que eu queira compará-lo com um animalzinho mas era um abraço muito fraternal, cheio de ternura e nenhuma paixão. Era puro amor inocente de dois amigos.

- Mal posso acreditar que estamos juntos na turnê... – ele disse enquanto me abraçava.

- Hey, Bill. Você quer... – perguntou o dono dos olhos mais lindos do mundo, entrando bruscamente na suíte do Bill e recuando quando nos viu abraçados.

- Fala aí, Georg! – Bill chamou-o de volta, me soltando.

- Desculpa, não sabia que você estava com sua “amiguinha”. – respondeu Georg deixando a suíte. Não gostei nem um pouco do tom que ele usou para dizer a última palavra. – Volto depois. – então o esquisito saiu batendo a porta.

- Ele costuma ser mais educado! – me garantiu Bill com uma cara meio decepcionada.

- Espero que sim!

Sempre achei que os rapazes do Tokio fossem muito educados e amigáveis. Bill, Tom e Gustav estavam aí pra sustentar minha teoria, mas Georg ainda era uma contradição. Não me tratou bem ao me conhecer, mal me cumprimentava quando nos encontrávamos casualmente na casa do Bill e agora se referia a mim como uma qualquer. Ele estava começando a me irritar. É bom que ele comece a me tratar bem a partir de agora, porque vamos passar muito tempo juntos.

- Bom, acho melhor você ir atrás dele. – levantei-me e dei um tapinha de leve no joelho do Bill.

Bill me puxou de volta pelo braço e eu caí de bunda na cama.

- Fica mais um pouco. Vamos conversar! – ele pediu fazendo beicinho.

Até pensei em ficar, mas dali a pouco seria a primeira entrevista da Cliperton e eu queria me arrumar, fazer maquiagem e de preferência, estar sem fome.

- Não dá Bill. Eu quero tomar banho, trocar de roupa. Tá um calor dos infernos aqui! – me abanei com a mão. Mais um truque do teatrinho “não se preocupe comigo, vá atrás dele”.

- Então vai. – ele me soltou e eu fui saindo do quarto, depois ele me chamou. – Você não vai sair só por causa do comentário sugestivo do Georg, né?

- Claro que não. – eu fiz uma cara de “ah, nada a ver”. – Prometo que se tiver tempo eu volto.

 Saí do quarto, mas antes de fechar a porta tive um vislumbre dele acendendo mais um cigarrinho e voltei. Coloquei só a cabeça pra dentro da suíte.

- Que foi? – perguntou ele, expelindo a fumaça do cigarro.

- Obrigada pelo abraço.

Bill abriu um sorriso muito fofo e balançou a cabeça, então eu finalmente fui para minha suíte tomar um banho.

Passei mais de dez minutos debaixo da ducha fria. Lavei a cabeça, cantei e fiquei até ensaiando respostas pra entrevista. Fiquei pensando no que eu faria se os repórteres fizessem preguntas muito pessoais. “Sinto muito, mas prefiro não falar sobre isso”, eu responderia com toda a classe.

Saí do banheiro e fui me vestir. Dei uma olhadinha dentro da minha mala. “O que é apropriado para uma entrevista pra NME?”, falei em voz alta tentando me concentrar nessa questão. É engraçado que, por mais que você tenha a Barney’s dentro do seu guarda-roupas, nunca há nada para se vestir. Como eu sou minimalista, coloquei uma saia azul marinho de pregas, uma camisa polo preta e sapatilhas preta com bolinhas brancas. Coloquei os brincos que ganhei de aniversário do Bill e mais alguns acessórios. Prendi o cabelo deixando somente a franja caída na frente do rosto. Passei muito rímel, um pouco de blush rosado e um batonzinho nude e fui encher o saco do Bill na suíte dele, como havia prometido. Acho que passei tanto tempo me arrumando que quando percebi faltava menos de um hora para a equipe da NME chegar, e eu estava superempolgada.

Fui pulando pelo corredor até chegar perto da suíte. Bill e Georg saíam de lá. Bill veio correndo ao meu encontro e pôs o braço em volta do meu pescoço, me abraçando. Quando viu a cena, Georg bufou e ficou me olhando com cara de “você é ridícula.

- Vamos lá pra baixo comer, que tal? – convidou Bill.

- Claro, por que não? – respondi, afinal, eu estava morrendo de fome.

Fomos abraçados até o elevador.

- Onde estão Tom e Gustav? – perguntei parada de frente para o elevador enquanto esperávamos que ele chegasse ao nosso andar.

- Já devem estar lá embaixo. Sabe...Gustav...comida...

Dei um tapinha no braço dele.

- Como você é maldoso, Bill.

- Ué, falei alguma mentira...

O visor mostrou que o elevador chegara então as portas metálicas se abriram e uma senhora de uns cinquenta anos de idade saiu. O ascensorista fez sinal para que entrássemos. Georg entrou primeiro e logo Bill e eu entramos também. Durante os poucos segundos que fiquei no elevador pude perceber o olhar do Georg a cada movimento que eu fazia. Eu falava e ele me lançava um olhar inquisidor. Eu encostava no Bill e ele me olhava with lasers. Eu respirava e ele me encarava. A certa altura, o clima estava tão insuportável que quase deu vontade de me virar e mostrar a língua, como se eu fosse uma criança birrenta, mas me conti e simplesmente dei aquela encarada tipo “tô cagada, meu bem?”, o que fez com ele no mínimo disfarçasse as outras olhadas malignas que me deu.

O elevador parou no segundo andar e nós saímos. Paul estava do lado de fora de uma sala fumando um cigarro e falando no celular. Apontou para dentro da sala.

- Por aqui crianças. – ele disse brincalhão. Lógico que o “crianças” foi diretamente para minha pessoa.

Direcionei-lhe um olhar de reprovação. Entramos na sala. Era tipo uma sala de imprensa, com sofás, poltronas, mesa com comidas e um espaço preparado para receber os jornalistas de maneira bem casual. Provavelmente será ali que a Cliperton dará sua primeira entrevista. Tom e Gustav realmente já estavam lá, perto de uma grande mesa com bebidas, comidas e docinhos. Georg foi ao encontro dos dois. Bill se soltou de mim e foi atender o celular, logo, tudo que me restou foi atacar a mesa de guloseimas. Cheguei de fininho, encostando na mesa do lado do Tom. Ele me olhou dos pés a cabeça e me pegou pela mão, me fazendo girar em torno de mim mesma para que ele pudesse me observar melhor.

- Tá bonita. – disse ele me soltando e retomando sua jornada em busca de alimentos na mesa.

- Ah, obrigada. – respondi levemente envergonhada, já ficando meio vermelha.

Gustav percebeu e começou a rir. Não sei porque eu fico tão vermelha. Ainda se eu fosse branquela... Georg ignorou, o que por um lado foi bom. Tem horas que eu acho que ele vive num universo alternativo, onde ele é idolatrado e como eu não entrei pra sua legião de súditos, ele me despreza. Talvez ele sofra de falta de atenção.

Peguei um sanduíche de presunto e queijo de cima da mesa. Sam e Luke chegaram fazendo barulho.

- Olha só quem já está atacando a comida. – gritou Luke quando pôs o pé pra dentro da sala. – Oh Bill, vem comer logo que a Le já está atacando os sanduíches de presunto. – ele gritou pro Bill quando o viu do outro lado da sala falando no celular.

Bill se aproximou.

- Bléé, eu sou vegetariano. – ele fez cara de nojo. – Por isso que lhe dou o monopólio do sanduíche de presunto. – ele disse para mim.

- E eu? – perguntou Gustav segurando um sanduíche.

- Já que eu tenho o monopólio do sanduíche, digo que você poderá comer o quanto quiser porque você é um cara legal. Diferente de uns e outros que...

- Não provoca, poxa. – pediu o Bill apontando com a cabeça a cara marrenta do Georg, sentado numa poltrona e tomando refrigerante distraidamente (eu disse que ele vivia num outro universo). Ou melhor, forçou, considerando que ele estava tapando minha boca com a mão.

- Clima explosivo, hein? – observou Sam com uma sobrancelha levantada, de um modo sugestivo.

- Nem ouse dizer o que passa nessa sua cabecinha pervertida, Davis. – o repreendi tão logo quanto pude, fazendo Bill tirar sua mão perfeita e com unhas pintadas de preto do meu rosto.

Alguém se enfiou no meio da nossa rodinha batendo palmas. Era Paul.

- Atenção pessoas. Os jornalistas já chegaram. Vinte minutos para começar a entrevista. – ele avisou.

Durante esses vinte minutos fizemos competição de quem virava o copo de refrigerante mais rápido, fizemos votação pra ver quem ia sentar em que lugar e escutamos o Tom elogiar as pernas da jornalista. A moça que nos entrevistou era muito legal. Muito bonita também. Se apresentou como Sarah Humphrey. Tinha cabelos pretos e repicados de comprimento médio, olhos verdes e pele branca levemente bronzeada. Era alta e usava um vestidinho verde que valorizava a cor dos seus olhos. Sentou-se entra as duas bandas. À sua esquerda, a Cliperton com Sam na ponta, eu no meio e Luke ao meu lado. À direita Bill, Tom, Gustav e Georg, respectivamente. Tom bem que tentou sentar perto da jornalista, mas no final ele sabe que quem fala mais é que fica perto do entrevistador. Colocaram a câmera bem na minha frente, só pra me deixar mais apavorada. Paul assistiu a entrevista toda bem de pertinho, preocupado com o que responderíamos.

Sarah: como se deu a escolha da Cliperton para a abertura dos shows da turnê estadunidense?

Bill: A Cliperton é formada por nossos conhecidos. Simplesmente soube da existência da banda através da Letícia e levei para os outros caras (aponta para Tom, Georg e Gustav) escutarem e todos concordaram.

Tom: Acho que parece um pouco com o som do Tokio Hotel.

Sarah: E como está sendo para uma banda tão nova e até pouco desconhecida tocar com uma grande banda?

Sarah colocou o microfone bem na minha frente, como se só eu pudesse responder essa pergunta. Fiquei nervosa e mordi o lábio, brincando com o piercing. Todos ao redor se tensionaram em suas cadeiras e me olhavam apreensivos, a espera da resposta. Paul roía as unhas de nervosismo. Olhei para Bill e ele deu um sorrisinho, como que me pedindo para que eu me acalmasse e seguisse em frente.

Letícia: Está sendo uma ótima experiência. Primeiro porque são nossos amigos e depois porque é sempre bom estar perto de alguém que já tem bons anos rodados.

Ao ouvir a resposta, Paul suspirou aliviado. Todos relaxaram e Bill abriu ainda mais o sorriso, como um pai orgulhoso de sua filha que foi oradora na formatura do ensino médio.

Sarah: E como é a relação entre as duas bandas?

Bill: Todo mundo é bem companheiro. A gente se ajuda e na hora de conversar, se divertir, não tem essa de quem é mais novo, quem é mais famoso... Todo mundo se dá muito bem (Bill olha pro Georg, depois pra mim, depois volta a olhara para a jornalista).

Tom: É tipo uma família que dobra de tamanho de uma hora para a outra.

Bill: Bem explicado. Apesar de não podermos estar juntos o tempo todo, quando nos reunimos sempre nos divertimos muito.

Sarah: E vocês da Cliperton, como enxergam essa relação com o Tokio Hotel?

Sam: Promissora (Sam abre um sorrisinho e todos riem).

Letícia: Assim como o Bill, vejo um laço de amizade entre nós, apesar de não nos conhecermos a taaaanto tempo assim e não podermos ficar juntos o tempo inteiro, por causa de compromissos de trabalho e tals.

Sarah: Por falar nisso, como vocês de conheceram?

Bill olhou para mim e reprimiu uma risadinha. Os outros meio que ficaram boiando na pergunta, considerando que era um assunto só nosso. Ninguém entendia muito bem o porque de nós dois estarmos rindo.

Bill: A gente se conheceu num café e começou a conversar.

Adoro quando ele conta a história reduzida, Parece que tudo aconteceu de um jeito tão normal e bobo...

Letícia: E viramos amigos. E fomos apresentando nossos amigos uns aos outros.

Tom: Conhecemos a Cliperton através do Bill mesmo.

Sarah: Como o sucesso vai afetar de vocês a partir de agora?

Sam: Esperamos ganhar muito dinheiro, namorar muitas modelos famosas, ir a muitas festas dessas que só acabam no dia seguinte e viajar pelo mundo. Só.

Todos riram do jeito irônico que ele falou. Mais uma vez Sam fez graça, deixando Paul preocupado, pois poderiam distorcer o que ele havia dito.

Tom: Ah, groupies.

Luke: Sim, groupies devem ser me melhor parte.

Tom: Que eu o diga...

Letícia: Taí um assunto do qual eu não posso participar.

Tom: Quem disse?

Georg: É, quem disse?

Finalmente Georg se pronunciou na entrevista. Pelo tom irônico, percebi que ia dar merda.

Georg: Groupies (ele falou e me deu uma olhada que eu fingi não perceber), são legais quando se está solteiro...

Sam: Que sorte a minha não?

Nesse ponto, a entrevista parecia mais com uma conversa casual entre amigos trocando figurinhas cobre sucesso, fama, garotas (principalmente) e estava tudo fluindo muito bem. A Cliperton respondia descontraidamente todas as perguntas. Gustav participava ativamente da conversa e Georg só se pronunciava pra me ofender indiretamente. Tom cantou Sarah algumas dezenas de vezes, e não duvido nada que ele tenha conseguido dormir com ela naquela noite. Estava tudo as mil maravilhas, até que Sarah resolveu tocar num assunto indispensável pra vender revistas.

Sarah: Logo de início, você foi apontada como namorada dom Bill. Essa notícia tem fundamento?

Colei na cadeira e olhei para Bill. Ele ria descontraidamente, já acostumado a desmentir boatos de namoro. Os outros rapazes esperavam uma resposta, como se realmente achassem que havia alguma coisa entre nós. Paul me olhava apreensivo, esperando uma reação de minha parte.

Bill: Nunca tem.

Letícia: Claro que não, não tem o mínimo fundamento.

Bill: Não mesmo. Mas é difícil evitar esse tipo de especulação. Não dá pra parar de sair com os amigos pra não ser fotografado.

Luke: Mas até que formariam um belo casal...

Bill e eu lançamos um olhar matador pro Luke, que foi se encolhendo na cadeira.

Luke: Eu disse “se” fossem um casal.

Luke tentou se justificar. Bill balançou a cabeça em sinal de reprovação, visivelmente envergonhado. “Senhor, perdoe esse pobre garoto, ele não sabe o que diz”, pensei enquanto ouvia Bill convencer a jornalista de que sempre foi e sempre será só amizade.

Depois de mais algumas poucas perguntas relativa a carreira e muitas sobre relacionamentos, a jornalista foi embora. Paul logo veio pra perto da gente e começou a perguntar se estava tudo bem. Georg e Gustav subiram. Sam e Luke também. Tom provavelmente foi atrás da Sarah. Bill, Paul e eu ficamos para trás. Ambos orgulhosos porque segundo eles, nos saímos muito bem para uma primeira entrevista.

- Não se preocupa não. Com o tempo você aprende a desviar das preguntas constrangedoras. – Paul alertou.

- E dá respostas menos genéricas. – completou Bill.

Então Paul foi para sua suíte. Eu fui pra suíte do Bill, onde ficamos conversando até tarde, junto com Tom e Luke que logo se juntaram a nós enquanto os outros dormiam ou jogavam videogame.


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Notas finais do capítulo

Gostaram da entrevista? Não tenho muito certeza se eles falariam abertamente sobre groupies e tals, mas eu tentei imaginar as reações e reproduzí-las nesse capítulo.Não se esqueçam de clicar nos links ilustrativos e deixar um review, ok?



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