La La Land escrita por leticiaxavier


Capítulo 2
Seventeen


Notas iniciais do capítulo

Segundo capítulo superatrasado.Já tá pronto faz tempo mas mudança vai,mudança vem e eu enrolo bastante pra atualizar.Espero que gostem!



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Mais de uma semana numa espera obsessiva ao lado do telefone, como se eu tivesse ficado com um garoto que prometeu ligar no dia seguinte e agora estivesse agindo como uma solteirona paranoica. Às vezes eu acordava assustada, com medo de ele ter ligado enquanto eu dormia e eu não ter escutado. Andava com meu celular pra todo lugar da casa. Eu não estava lá muito certa de que ele ligaria, afinal, ele é uma pessoa muito ocupada e já deve até ter perdido meu telefone (ou jogado fora!). Mas quando já havia passado quase duas semanas, minha espera acabou.

Eu estava no balcão da cozinha, ajudando minha tia a cortar os legumes para o almoço com aquelas facas gigantes e superafiadas. Meu celular começou a tocar. O toque do meu celular era a música "Wo Sind Eure Hände". Como eu estava com as mãos ocupadas cortando cenouras, pedi para minha tia atender. Num pulo, ela pegou o celular de cima da mesa onde eu o tinha deixado. Ela definitivamente não suportava aquele toque.

- Alô?...Claro, um segundo. - escutei ela falar com a pessoa do outro lado da linha e depois estender o celular para mim. - Toma, é um tal de Bill. Ou Billy, sei lá!

Fiquei com a faca parada no ar, tentando assimilar as informações. Ele tinha me ligado, caramba! Até que eu sou uma garota de sorte!

- Não vai atender? - gritou ela pra mim, ainda me estendendo o celular.

Peguei o celular mais que depressa. Não gosto de deixar as pessoas esperando, assim como não gosto de esperar. Já devia ser um baita sacrifício pra ele desperdiçar seu precioso tempo me ligando. Segurei o celular no ombro e continuei cortando as cenouras.

- Oi. - disse eu, meio nervosa.

- Oi, Letícia! - respondeu ele. - Desculpa a demora pra ligar, sabe como é, né?

- Ah, claro, entendo.

- O que você tá fazendo? Limpando o carpete do seu carro? - ele riu.

- Claro que não, onde você acha que eu gastei aqueles dólares?

Minha tia ouvia a conversa com uma sobrancelha levantada enquanto fingia prestar muita atenção nos legumes.

- Quer fazer algo hoje, mais tarde? - perguntou ele depois de uma longa pausa.

Soltei um grito gutural no telefone: eu havia cortado meu dedo indicador esquerdo com o facão.

- Letícia? - chamou ele, meio desesperado. - Tudo bem aí?

- Argh, sim. Quer dizer, mais ou menos. Cortei a desgraça do dedo! - respondi, quase gemendo de dor, deixando a faca em cima do balcão.

Minha tia foi buscar um band-aid. Legal, agora ele vai ficar pensando que eu sou uma fã histérica e que gritei por que ele "me chamou pra sair" e que o dedo foi só uma desculpa esfarrapada.

- Mas então, o que você estava dizendo mesmo? - nessa hora minha tia voltou com a maletinha de primeiros socorros e já foi fazendo um curativo.

- Eu perguntei se você queria fazer algo hoje, tipo sair... Sabe, eu prometi que te recompensaria.

- Ah, claro. - o anti-séptico ardia meu dedo. O machucado acabou com toda a empolgação de estar no telefone com Bill Kaulitz. - Que horas?

- Às quatro?

- Pode ser. - minha tia enrolava o band-aid no meu dedo.

- Mas... - ele fez uma pausa. - Me passa seu endereço pra eu ir te buscar. Seu bairro é muito movimentado?

- Imagina... - respondi com um pouco de ironia, passando o endereço pra ele.

Depois de anotar meu endereço, ele mandou um beijo e desligou. Sentei na banqueta de frente para o balcão. Queria pular loucamente pela cozinha mas não podia fazer isso sem ter uma explicação plausível para dar a minha tia. O encontro louco com ele no estacionamento do Starbucks foi uma coisa que inacreditavelmente consegui guardar só para mim mesma durante dias. Não queria contar pra ninguém, acho que ninguém acreditaria. Não importa, eu também não acreditaria se uma amiga dissesse que Bill invadiu o carro dela.

- Então? - perguntou minha tia com um olhar sugestivo.

- Então o quê? - questionei, voltando aos legumes.

- Pra quem você estava passando o endereço de casa?

Dei de ombros, tentando parecer indiferente.

- Um amigo, a gente tava combinando de ir ao cinema. - expliquei. - Vai precisar de mim depois das quatro?

Ela pensou um pouco e também deu de ombros. Pegou a bacia com os legumes cortados e foi pra pia, ficando de costas pra mim.

- Não, Le. Eu não vou ser chata a ponto de tesourar o encontro com seu "amigo"! - falou sem nem olhar para mim.

- Então tá! - falei antes de sair da cozinha e ir para o quarto.

Cheguei no quarto e me joguei na cama. Olhei para o relógio bobo da Hello Kitty em cima do criado-mudo. Ainda era 11h37min. Ia demorar muito para dar quatro horas! Mas por um lado era bom porque dava tempo de eu especular sobre o lugar para o qual ele me levaria e pensar no que vestir o que no final não ia fazer diferença porque eu sempre me visto do mesmo jeito! Fiquei na cama de barriga pra cima pensando nisso até adormecer.

* .. * *  .. * * .. * * .. * * .. * * .. *

- Letícia! - escutei minha tia gritar de lá de baixo.

Olhei para o relógio assustada. Faltavam QUINZE minutos para as quatro! Desci correndo e encontrei minha tia no pé da escada.

- Por que você não me acordou antes? - perguntei pra ela.

- Por que raios você perde seu tempo me perguntando isso? Vai logo se arrumar! - ela me ordenou. 

Subi, tomei um banho correndo. Minha barriga começou a roncar, minha tia não tinha nem me acordado para almoçar. Era bom que o Bill me levasse pra uma lanchonete! Abri o guarda-roupa, não tinha muitas opções. Os jeans são os mesmos. As camisetas também: a maioria de banda, e pretas! Acabei vestindo uma jeans de lavagem escura e uma camiseta também preta, do Papa Roach¹. Não queria aparecer com uma camiseta do Tokio Hotel, seria ,sei lá, meio redundante.

Quando faltavam dois minutos para as quatro minha tia começou a gritar:

- Acho que seu amigo chegou. Tem um carro preto parado aqui em frente.

Ainda me faltava colocar o tênis e meu celular começou a tocar. Desci pulando num pé só, tentando calçar o pé esquerdo e segurando o celular no ombro.

- Pode descer, estou esperando. – falou ele.

- Tá. – respondi e ele desligou.

Saí pela porta da frente ainda com o pé esquerdo descalço e minha tia me olhando zombeteira. Tive que sentar no degrau da porta para conseguir colocar o tênis. O carro preto tinha os vidros filmados.

- Volta antes das dez, por favor! Não quero que Charlie pense que eu deixo você ficar por aí de noite com um sujeito que eu nunca vi. – disse ela antes de eu fechar a porta.

Charlie é meu tio. Desde que me mudei para cá, eles me tratam como se eu fosse filha deles e como tal eles precisam me obrigar a voltar antes das dez. Isso é meio chato porque geralmente a diversão mesmo só começa depois das dez!

- Oi! – disse ele enquanto destravava a porta do carro.

Entrei e ele me olhou dos pés a cabeça, dando uma séria encarada no band-aid do meu dedo. Ele estava de camiseta gola “V” de cor chumbo, skinny preta e uma boininha linda, também preta. A maquiagem impecável, porém simples.

- Para onde vamos? – perguntei, girando o anel do dedo indicador esquerdo (sim, o mesmo que eu cortei). Ele deu partida.

- Você tem alguma sugestão? – ele sorriu.

- Olha, não quero parecer esfomeada... – disse eu morrendo de vergonha. -... Mas é que a minha tia nem me acordou pra almoçar, aí já viu né?

Ele soltou uma gargalhada.

- Entendi. Você           quer um lugar onde tenha comida?

- Pode ser. – sorri meio envergonhada. Mas eu tava com fome, poxa! O que eu poderia fazer?

- Que tal um café? Acho que eu te devo um cappuccino!

Ele dirigiu até o centro, o rádio estava ligado. Tocava Aerosmith. Eu cantarolava algumas músicas, ele também. Às vezes eu cortava o silêncio fazendo alguma piadinha tosca e ele ria. Não sei se ele realmente achava engraçado ou só ria por educação. A última opção pareceu ser mais plausível.

- Só espero que não tenha muita gente aqui! – ele disse enquanto estacionava o carro em frente uma Starbucks. Não, não era aquele de quase duas semanas atrás.

Entrei na cafeteria achando estranho o fato de não me sentir a última bolacha do pacote. A ideia de andar por aí com um ídolo parecia uma loucura (no bom sentido da palavra) há duas semanas, mas estranhamente não teve toda aquela magia que eu imaginei. Talvez porque agora eu tinha uma raivinha dele por ele ter me feito derrubar café no carro. Isso era imperdoável.

A cafeteria estava pouco movimentada, o que era bom para ele. Apesar de ele estar vestido bem discretamente, qualquer fã de Tokio Hotel ou paparazzi o reconheceria de longe. Havia alguns casais, grupos de amigos, ninguém que parou pra prestar atenção num Kaulitz entrando na cafeteria.

Sentamos longe dos vidros, todo cuidado era pouco. Fizemos nossos pedidos: dois cappuccinos e um croissant de presunto e queijo para mim.

- Então... – ele se virou para mim. – O que tem a me dizer sobre você?

Tomei um gole do cappuccino. Comecei a girar o anel, sempre faço isso quando estou nervosa ou ansiosa.

- Por que eu tenho que falar sobre mim? – questionei. – Por que você não começa?

Ele suspirou e tomou um gole do café.

- Acredito que existam poucas coisas sobre mim que você não saiba. – ele apontou um button do Tokio Hotel preso na minha bolsa xadrez vermelha e branca. – Sabe... Só palpite!

“Pega no flagra!”, pensei. Ele deu de ombros e continuou tomando o café calmamente. Fiz o mesmo. Vendo que eu não estava disposta a falar nada ele começou a me encarar.

- Tá, mas o que você quer saber? – perguntei, cedendo. Odeio ser observada enquanto como. Me sinto como se eu fosse uma espécie mutante sendo analisada num laboratório.

- Tudo, oras! Você parece ser uma pessoa interessante.

Isso foi um elogio? Por que não?

- Não é justo que você saiba muito sobre mim e eu só saiba que seu nome é Letícia. – ele soltou uma risadinha malévola. – E que sua letra é feia pra caralho! – e me mostrou o papel onde eu tinha anotado meu telefone.

Realmente, minha letra tava um garrancho naquele papel.

- Hey, eu não tinha onde apoiar! – me justifiquei, fingindo estar ofendida. – Ah, e me chama de Le, não gosto muito de ser chamada de Letícia. É muito formal.

- Tá bom então. A partir de agora vou te chamar de Le!

A partir daí a conversa começou a fluir. Ele me fez falar de todas as bandas, filmes, revistas, livros e comidas que eu gosto e me revelou coisas que tabloide nenhum sabe, me pagou mais um croissant e depois ficamos contando mais piadinhas idiotas um para o outro. Pouco depois das seis, resolvemos ir embora. A cafeteria começou a ficar movimentada e tinha um povo meio suspeito, tipo paparazzi.

- Tenho uma última pergunta a fazer. – disse ele quando parou o carro em frente minha casa. Eu já estava preparada para descer do carro.

- Manda! – eu disse. Na verdade, eu não queria que ele perguntasse mais nada. Ele já tinha me feito admitir que eu tenho medo de pequenas misses (garotinha de sete anos entupidas de maquiagem são sinistras) e de acender um isqueiro². Ele sabia fazer as perguntas certas.

- Fingindo que eu não sou do Tokio Hotel, quem é o cara da banda que te faz suspirar?

Fiquei em dúvida se eu respondia ou ia embora e deixava a pergunta no vácuo, mas acabei por responder. Não seria muito educado da minha parte fazer ele adivinhar. No fundo, eu achei engraçado ele pedir pra “fingir que ele não é do Tokio Hotel”.

- Baixistas, Bill. – suspirei. – Baixistas são minha paixão!

Mandei um beijo e desci do carro, antes de fechar a porta ele segurou meu braço.

- Será que tem como você não contar para ninguém? – ele perguntou.

- Claro, por que eu contaria? – respondi indiferente.

Pode parecer idiotice mas eu não queria contar para ninguém. Não acreditariam em mim mesmo. E mesmo que acreditassem, a única coisa que eu ganharia era a antipatia e o ódio de milhões de fãs histéricas. Definitivamente, não me traria benefício. E, além do mais, eu pretendia ter uma amizade e não usá-lo como trampolim pra aparecer em revistas idiotas de fofoca.

Dei minha palavra a ele e atravessei o gramado correndo, parando na porta para ver ele sair com o carro. Entrei em casa. Tio Charlie e as crianças estavam na sala, brincando de Lego.

- Hum, foi bom o passeio? – perguntou ele com um olhar meio sugestivo.

Leah e Ryan, meus priminhos gêmeos, me olharam com os olhinhos brilhando. Eles odiavam ouvir que eu fui “passear” sem eles. Eles vão me cobrar mais tarde, tenho certeza.

- Foi divertido. – respondi me sentando no chão com as crianças para brincar com elas. Larguei a bolsa no sofá.

- O sujeito tem nome? – tio Charlie não me deixaria em paz.

Antes que eu pudesse responder, minha tia saiu da cozinha segurando uma panela numa mão e um pano de prato na outra. Ela bateu no braço dele com o pano de prato:

- Deixa a menina em paz, Charlie. Vem me ajudar a guardar a louça.

- Estressadinha você, hein, Isabella? – ele se levantou e se dirigiu pra cozinha. – Você ainda não escapou de mim, Le.

Minha tia tacou o pano de prato nele de novo.

- Le! – Ryan me cutucou. – Leva a gente no parquinho?

- Amanhã, coisinhas fofas! – a cobrança veio mais rápido do que eu imaginei.


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Notas finais do capítulo

¹Adoro Papa Roach,escutem!
²Sou traumatizada com isqueiros desde que quase botei fogo numa toalhinha da minha vó.



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