Madhouse escrita por Daymare


Capítulo 1
Echoes




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A brisa vespertina de primavera recaiu suavemente sobre os belos jardins da mansão Carter. Os quatro empregados, que já haviam finalizado suas tarefas estavam sentados sobre o gramado desfrutando o agradável frescor, observando as rosas brancas do jardim, e conversando sobre assuntos diversos.

Mei, a governanta, terminava de cerrar as cortinas evitando assim que o sol desbotasse a madeira dos móveis. Parecia tudo impecável e em ordem nos cômodos, graças ao efetivo trabalho de todos ali.

Passou pelo corredor, aproveitando para verificar se o Sr. Manson Carter estava bem em seu escritório, e desceu as escadas indo ao encontro dos empregados. Suas tarefas também haviam chegado ao fim e finalmente ela teria um descanso.

— O que tanto falam desde que os deixei? — perguntou assim que chegou ao jardim, sorrindo.

— Oh, olá Mei! — cumprimentou Barry, o cozinheiro — Estávamos debatendo sobre a vinda do Cel. Mustard e sua filha. Afinal, que dia ele chega?

— Chegará na próxima terça-feira, provavelmente. Espero que estejam preparados. Ah, Cross. — dirigiu-se a um dos empregados — Por favor, não pendure roupas perto do forno para que sequem mais rápido. Já é a segunda vez que pego um terno cheirando a carne.

— Desculpe-me, Mei... — o rapaz justificou — Mas aqueles ternos demoram realmente para secar.

— Mas, se depender do Sr. Carter — Creed, o irmão gêmeo do jovem Cross se pronunciou — Ele não reclamaria de ter os ternos cheirando a carne.

— Cale-se, Creed. — Disse Mei, rindo. Depois, dirigiu-se a outro empregado — Aislyn, eu sei que você está descansando, mas poderia servir chá ao Sr. Carter? Estou preocupada com o estado de saúde do pobre homem. Ele anda abatido desde que começou a receber aquelas estranhas cartas.

Aislyn era o mais jovem dos empregados, tinha quatorze anos. Há nove anos atrás fora encontrado em uma estrada completamente desmemoriado. Desde então, por condolência do Sr. Carter, o garoto trabalhava na mansão.

— Sim senhora. — Disse, se levantando e foi para a cozinha.

— Que cartas são essas as quais você se refere? — questionou Anette, uma das empregadas

— Não faço idéia. Mas me preocupam, pois o Sr. Carter sempre as lê com muita apreensão. Devem ser más notícias vindas da cidade.

— Que estranho! — comentou Barry — Pois estive na cidade esses dias para comprar um leitão, porém não fiquei sabendo de nenhuma notícia absurda se quer. E olha que o açougueiro é uma pessoa que fala pelos cotovelos! Nunca vi alguém xeretar tanto a vida alheia como ele.

— Hoje mesmo ele recebeu uma carta como essas. Está trancado no escritório desde então. — contou a governanta — Estou realmente preocupada.

Alguns minutos de conversa se passaram e Aislyn retornou ao jardim. Sua expressão era indecifrável.

— O Sr. Carter disse que quer nos ver. Todos nós. — disse.

Os empregados se entreolharam, contudo não trocaram questionamentos ou coisa do gênero. Apenas obedeceram a ordem e foram até o escritório. Bateram na porta e assim que autorizados, entraram. O Sr. Carter era um homem sério, que apresentava marcas de cansaço sob os olhos.

— Farei uma curta viagem até uma cidade próxima. — disse o Sr. Carter, assim que estavam todos reunidos. — Deixo-os responsáveis por minha moradia. Mei, arrume minhas malas. Cross, Creed, preparem minha carruagem. Aislyn, envie um telegrama ao Sr. Goosemery lhe dizendo que ficarei hospedado em sua residência.

— Sim senhor. — disseram em coro.

— Senhor, — interrompeu a governanta — o Cel. Mustard e sua filha chegarão na terça. Qual é o tempo previsto para sua viagem?

— Não sei ao certo. Quando chegarem aqui, se eu não estiver, peça a eles minhas sinceras desculpas e os hospedem aqui, com todo o conforto possível.

— Sim senhor. — disseram em coro novamente.

— Então, cuidem bem da casa e não cometam deslizes. Podem se retirar.

Completavam-se cinco horas desde que o Sr. Carter havia partido. Os empregados, ainda confusos, tentavam criar uma teoria para essa viagem tão repentina enquanto jantavam na cozinha. Seria afinal culpa das cartas estranhas que ele estava recebendo? Poderiam ser notícias desagradáveis?

— Talvez... — cogitou Barry, levando a xícara de chocolate quente até a boca e tomou um grande gole antes de continuar. — seja algum problema em uma de suas indústrias. Não vejo mais motivos para que ele tenha partido tão inesperadamente além de coisas relacionadas à indústria.

— Estaria ele falindo de vez? — perguntou Anette.

— Não fale uma coisa dessas! — rebateu Mei — Aliás, é muito improvável que isso aconteça.

— Oras, vamos ser convenientes. Tudo o que o homem tem é o dinheiro. Sua família não o vê faz anos. Ele nunca teve uma esposa ou filhos. Acredito que, se ele falisse, não restaria mais nada para o pobre coitado. — disse Creed.

— Cala-te de uma vez por todas, Creed! — replicou Mei — O Sr. Carter é apenas um homem solitário, que não gosta de visitas. É o jeito dele!

— E você ainda fica o defendendo. — resmungou o rapaz.

— Basta! Já passou dá hora de todos irem dormir. Andem, já para a cama! Temos muitos afazeres amanhã.

— Cross... Cross!

O rapaz se virou, sonolento na cama. Era de madrugada e apenas o pio das corujas e os ruídos de outros animais noturnos podia ser ouvido. Barry e Aislyn dormiam profundamente.

— O... O que foi, Creed? — perguntou, se sentando na cama. O irmão estava sentado também, enrolado nos lençóis e uma expressão aterrorizada no rosto.

— Você ouviu isso?

— Isso o quê? Ouço apenas o pio de corujas.

— Não! Parece um sussurro.

— Sussurro? De onde?

— De lá de cima. Parece ecoar por toda a casa!

— Você provavelmente devia estar sonhando.

— Não, não estava. Eu juro!

— Volte a dormir, por favor, Creed.

— Tudo bem. Mas se eu ouvir de novo eu te arrasto para onde quer que eles tenham vindo!

— Sim, pode me acordar. Agora, boa noite.

Cross se deitou na cama, caindo no sono rapidamente. Creed se deitou, porém ficou de ouvidos atentos esperando algum outro ruído incomum. Era impossível que estivesse sonhando, tinha certeza disso. E nada que o irmão, ou qualquer um dissesse poderia o fazer mudar de idéia.


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