Judging By Its Cover escrita por MsRachel22


Capítulo 4
Intriguing Attempt at a Test




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Após algum tempo, eu já havia trocado de roupa depois de um longo banho. Limpei as lentes de meus óculos, enquanto observava meu quarto brevemente. Tudo estava em seu devido lugar, como sempre. Avistei meu violino, e coloquei meus óculos. Peguei meu violino e desci as escadas. Itachi estava deitado no sofá, assistindo algum canal na TV, enquanto minha mãe permanecia na cozinha, conversando com alguma amiga pelo telefone.

Passei pela sala e fui para a cozinha. Peguei as chaves sobre o balcão.

– Mãe... Vou ir na casa do Naruto. – a avisei.

– Para? – ela perguntou, enquanto interrompia a conversa no telefone.

– DAR A BUNDA! – Itachi gritou e minha mãe arregalou os olhos.

– Sasuke... O que você vai fazer na casa do Naruto? – ela tornou a perguntar, levemente assustada.

– Tocar violino. – murmurei em resposta.

– Então, tudo bem. Volte cedo. – ela disse. Assenti e passei pela porta. Respirei fundo, enquanto o clima agradável começava a me animar. A casa de Naruto ficava a poucos quarteirões da minha. Encarei meu carro coberto. O percurso até a casa de Naruto era um pouco exaustivo, mas não seria necessário usar meu carro. Comecei a andar, disposto a chegar o mais rápido possível na casa de Naruto.

* * *

Naruto POV'S

* * *

O desespero me consumia completamente. Deidara gargalhava como se estivesse possuído. Ino torcia de maneira estridente e desnecessária. O mal contagiava a sala. Na verdade, o mal emanava de Ino e Deidara.

– Anda, Deidara! Corta esse nerd! – Ino torcia e gargalhava em seguida. Eu mantinha minha espada Jedi empunhada, enquanto Deidara tentava me acertar com sua katana cega. – Corta o nerd! Corta! Corta!

– Tecnicamente, isso não é possível, Ino. A katana dele é cega! – expliquei. – E eu tenho a força do meu lado!

Talvez a força tenha me abandonado quando senti a katana de Deidara rasgar a manga direita da minha camisa. Permaneci com os olhos arregalados enquanto observava o estrago. Aquilo era uma afronta! Um insulto! Ajeitei meus óculos, enquanto respirava fundo. Concentre-se, Naruto! Concentre-se. Lembre do que o Mestre Yoda ensinou.

– E importa, nerd? EU VOU TE CORTAR! – Deidara disse, absolutamente possesso. Ino riu, como se aquilo fosse hilário e em seguida, voltou a torcer para ele. – Naruto, prepare-se para virar tofu de milho!

– Corta ele, Deidara! Corta ele! Corta, corta, corta! – Ino torcia animada. Deidara gritou como um gorila enraivecido e veio na minha direção com sua katana cega. Segurei com força a espada Jedi, enquanto me defendia de seus golpes zonzos. Rapidamente, andei para trás, na tentativa de continuar a me esquivar dos golpes que Deidara desferia. As risadas maléficas de Ino e Deidara preenchiam a sala.

– Anda, nerd! Ataque! – Deidara ordenou. Aquela era a minha oportunidade. Respirei fundo, ergui a espada Jedi e encarei Deidara. Havia uma maneira rápida de vencê-lo, entretanto, eu teria que quebrar uma regra em especial. Vamos, Naruto. Você pode fazer isso. Pode e vai! Uma parte em minha mente ordenou. Respirei fundo mais uma vez, reunindo a coragem necessária. Pisei na poltrona branca e tomei o impulso necessário para pular. Mantive a espada Jedi no alto, pronto para desferi-la contra o loiro possuído.

– Naruto, o que está fazendo em cima da minha poltrona? – ouvi a pergunta de meu pai. O desespero me consumiu. Tentei girar o corpo para encarar meu pai, entretanto, escorregei.

– Toma, idiota! Toma! – Ino disse, enquanto Deidara gargalhava como se sua vida dependesse daquilo.

– Naruto, levante e responda minha pergunta. – meu pai disse, calmo e confuso. Levantei, enquanto meus dedos continuavam agarrados naquela espada Jedi.

– Pai, eu estava... Estava... – murmurei, enquanto Ino e Deidara riam.

– Deidara, o que está fazendo com essa katana? – meu pai perguntou e o riso de Deidara morreu.

– Opa... - ele murmurou. Um pequeno sorriso se instalou em meu rosto. – Isso? Uma katana? Aonde? – ele questionou enquanto jogava o objeto para trás. – Eu não vi nenhuma.

– Não teste minha paciência, Deidara. O que estava fazendo com a katana? – meu pai insistiu. Deidara o encarou.

– Sabe tio, a idéia foi do Naruto... – Ino murmurou. Arregalei os olhos.

– O QUÊ? – perguntei.

– Naruto... Explique-se. – meu pai exigiu. Respirei fundo, enquanto alguns minutos se passavam.

O ar preencheu meus pulmões. As palavras se misturaram. E, por fim, saíram apressadas.

– Deidara roubou minhas histórias em quadrinho, eu pedi educadamente que ele as devolvesse, entretanto, ele não quis. E disse que eu se eu as quisesse, teria de lutar por elas. – falei. Encarei Deidara e apontei em sua direção. – Aquele filho rejeitado de Hades fez isso! Tentou me matar e rasgou minha blusa! Eu vou processá-lo por tentativa de homicídio doloso, está ouvindo? – disse, depois apontei para Ino. – E você será processada como cúmplice!

– Eu? Eu sou inocente, fundo de garrafa. – Ino rebateu, ofendida.

– Prove sua inocência! – a desafiei. – NO TRIBUNAL!

– Antes disso eu arranco seu pescoço fino, mico-leão de óculos! – ela disse, partindo em minha direção. Empunhei mais uma vez a espada Jedi.

– É isso aí, Ino! Acaba com o nerd! – Deidara disse.

– Chega! – meu pai falou, aparentemente alterado. – Não quero saber de brigas enquanto estiver fora. Entenderam? – ele disse, observando atentamente casa um. – Respondam.

– Claro, tio. – Ino respondeu. Deidara apenas bufou em resposta. Ajeitei meus óculos mais uma vez, e balancei positivamente a cabeça.

– Ótimo. E, Naruto... – observei meu pai. – Não suba mais em minha poltrona, filho.

Senti o pânico consumir minha mente e escalar minha espinha. Eu havia quebrado a regra, e agora, não havia como reverter aquele ato de vandalismo. Encarei a poltrona. A marca da sola de meu sapato estava sobre o couro da poltrona.

– Pai, me perdoe! Eu não queria ser um rebelde infantil como o Deidara! É que... É que o que ele fez foi uma afronta. Eu realmente lamento por ter agido como um imbecil! – falei nervoso, enquanto meu pai apenas arqueava a sobrancelha esquerda. – Sinto muito por ter sido idiota como o Deidara, pai.

– Eu não sou idiota. Sou descolado, querido e, claro, irresistível. – Deidara retrucou. Ajeitou seus cabelos loiros e presos de maneira desleixada. – Sou exatamente quem você não será.

A calma tomou conta de minha mente naquele instante. A sensação de alívio era deveras aconchegante. Nem tanto quanto derrotar Darth Vader, mas chegava perto.

– Surpreso por saber que jamais terá a fodalidade que eu tenho? – Deidara perguntou, orgulhoso e convicto.

– Na verdade, estou aliviado por saber que minha massa encefálica e meu desempenho não serão afetados pela sua imbecilidade. E também estou extremamente feliz em saber que você terminará como um bêbado fedorento, e eu como um gênio da matemática e da química mundialmente conhecido e respeitado. – respondi. – Ainda bem que eu não sou você... Fico feliz que nossos laços sanguíneos, geneticamente modificados, não irão alterar a ótima pessoa que sou.

Sorri animado. Deidara me encarava, com um estranho tique nervoso em seu olho.

– Naruto, não subestime seu primo. – meu pai interveio. – Ele é um pouco...

– Idiota. – completei. – Talvez, burro. Imbecil. Um completo rejeitado. O filho renegado de Hades. O bastardo do Kraken. Um completo animal irracional, fedorento e necessitado por atenção, além de tentar reproduzir sua miserável raça em vão. Ou quem sabe, é apenas um renegado estéril.

– REJEITADO É VOCÊ! NERD INFELIZ! – Deidara disse, furioso e descontrolado, partindo em minha direção. Por reflexo, usei a espada Jedi contra ele. E foi então que a tragédia ocorreu. Parecia que o mundo estava preso naquele zonzo e cansativo, entretanto fascinante efeito de câmera lenta. O vidro da espada Jedi quebrou-se, espatifou-se e espalhou-se na cabeça de Deidara. E, então, o horror me consumiu por completo. A lâmpada interna da espada também quebrava-se e espalhava-se contra Deidara.

– NÃOOOOOOOOOO! – gritei, mas parecia que minha voz e meus movimentos estavam presos naquele fascinante e enjoativo efeito lento. Por fim, tudo o que eu pude fazer, foi assistir a espada Jedi sendo destruída.

– Quanto drama... – Ino murmurou diante da minha desgraça.

– POR QUE? POR QUE? – questionei após um tempo, enquanto recolhia os cacos. – POR QUE? MESTRE YODA, PERDOE-ME, MESTRE!

– Filho... Era apenas um... brinquedo... – meu pai murmurou. O encarei. Aquilo sim era um verdadeiro insulto! Arregalei os olhos, como se meu pai tivesse invocado Hades ou vendido sua alma.

– Um... brinquedo? – perguntei, sentindo que teria um derrame ou um ataque do miocárdio catastrófico. – Pai, eu acabei de insultar a Ordem Jedi e toda a galáxia! Eu não mereço assistir Star Wars por um bom tempo, muito menos coagitar a idéia de jogar The Force Unleashed. – o desespero elevava meu nervosismo, e como consequência, uma guerra mental formava-se em minha cabeça. De um lado Jedis avançavam em minha direção, e do outro, Darth Vader ria. Era estranho imaginar a risada abafada e asmática dele, mas ainda assim, era possível imaginar sua risada. – Pai, o senhor tem ao menos, algum tipo de noção da afronta que eu fiz? Eu estou violando as regras e destruindo meus princípios! Isso não é brincadeira pai! A paz entre as galáxias está em jogo enquanto discutimos!

Meu pai me encarou assustado. Passou por mim, em passos cautelosos e depois de um tempo, retornou à sala. Respirei fundo, tentando evitar que um colapso me atingisse por completo ao ver os cacos da espada Jedi espalhados pelo piso da sala.

– Calma Naruto. As galáxias vão ficar bem, filho. – ele disse, um pouco assustado. – Eu acho...

O som da campanhia chamou a atenção de todos. Meu pai apressou-se até a porta e a abriu.

– Sasuke, o que faz aqui? – meu pai perguntou parecendo um pouco mais calmo. – Veio estudar com o Naruto, ou coisa parecida?

– Na verdade, vim para o ensaio. – Sasuke respondeu. – Mas, tecnicamente, iremos estudar música. Então como resposta final sim, vim estudar com o Naruto.

– O que aconteceu com as respostas simples? – meu pai perguntou, e passou pela porta.

– Sasuke, por favor, entre. – pedi.

– O que? O nerd de cabelo boi lambeu vai entrar na minha casa? – Deidara perguntou, rindo e espantado ao mesmo tempo. – Mas nem fodendo!

– Primeiro Deidara, esta casa não é sua. Você não é filho do meu pai para ter direitos sobre esta residência ou sobre esta propriedade. – retruquei. –Segundo você é o filho de Hades. Ainda provarei isto. Portanto, por obséquio, volte para as profundezas das trevas e do submundo. E terceiro eu moro aqui. Eu tenho direitos. E você deve respeitá-los.

– Acabou? – Deidara perguntou sonolento. Ajeitei meus óculos.

– Creio que sim. – respondi. Deidara aproximou-se. Arqueei a sobrancelha esquerda, enquanto me afastava.

– Eu não quero saber se você vai dar a bunda ou se vai estudar até seu cérebro explodir... – Deidara começou a dizer.

– Teoricamente, seria necessário que os circuitos do cérebro estivessem totalmente sobrecarregados, e a energia dos mesmos fosse descarregada no próprio cérebro. – Sasuke interveio. – Apenas dessa maneira, o cérebro explodiria por energia. E não por informação.

– Correto. – respondi. Sasuke ergueu o polegar em sinal de aprovação ao meu breve comentário. Fiz o mesmo.

– Do que vocês estão falando? – Ino perguntou completamente confusa.

– Sei que é demais para sua massa encefálica apodrecida, mas vou tentar explicar devagar... – murmurei. – Bem... de...va...gar...

– Mas que porra é essa? – Ino perguntou.

– Naruto, agora percebi como sua vida é trágica. – Sasuke disse. – Já é difícil ser o único racional da família. Imagino como deve ser extremamente difícil ser o único ser racional e inteligente na família, sendo cercado por pessoas que mal fazem uso da massa encefálica... Deve ser muito difícil lidar com tamanha imbecilidade compartilhada tão... livremente.

Respirei fundo, e balancei positivamente a cabeça em resposta. A realidade era cruel. Mais cruel do que assistir o Conde Dooku aderindo ao Lado Negro da Força.

– Você me chamou de imbecil? – Ino perguntou após um tempo. Arregalei os olhos assustado.

– Você compreendeu o insulto? – questionei. – Sasuke, isso é um avanço na genética! Uma evolução humana!

Eu não sabia exatamente o porquê, mas perceber que Ino estava começando a usar 0,0001% de sua massa encefálica era uma descoberta digna de um Nobel. Admito que um Nobel seria um prêmio excelente, mas seria melhor ainda vindo das mãos de Albert Einstein com uma faixa "Naruto: o gênio do século".

– Einstein teria muito orgulho de você, Ino. Sinta-se lisonjeada. – murmurei tocando seu ombro rapidamente. – Vamos Sasuke. Beethoven também deve sentir-se orgulhoso de nós... Vamos ensaiar.

Sasuke apenas concordou. Observei rapidamente a espada Jedi destruída. Por um bom tempo, eu ouviria a risada asmática de Darth Vader ressoar em minha mente e por um bom tempo não ousaria usar o cumprimento Vulcano. Seria a pior das torturas, mas Spok teria orgulho de mim. Sim, eu o faria orgulhar-se de mim.

* * *

Sasuke POV'S

* * *

Subimos as escadas até o quarto de Naruto. Deidara e Ino murmuravam confusos sobre alguma coisa. Seria muita falta de educação tentar ouvi-los, por isso apenas desviei minha atenção de seus olhares cúmplices malévolos.

– Ei, Naruto, onde o Gaara está? – perguntei enquanto passávamos pelo corredor até o quarto dele.

– Eu não sei. Ele já deveria estar aqui. O Gaara é pontual demais. – Naruto comentou. Arqueei a sobrancelha esquerda.

– Será que alguma coisa aconteceu com ele? – perguntei. Foi o suficiente para Naruto me encarar apavorado. O pânico me contagiou. Simples assim. – Será que... ele vendeu a alma dele à algum demônio de encruzilhada?

– Não... Não... Mas, ele tentou vender as nossas almas mais cedo, lembra? – Naruto disse mais apavorado. Levei as mãos à cabeça enquanto o medo crescia. Gaara não aguentaria a pressão de um demônio oferecendo o que ele quisesse em troca de sua alma. Eu confiava em Gaara, mas não em sua capacidade de raciocínio com coisas sobrenaturais.

– É o que falta! – falei. – Se ele vendeu a sua alma e a minha, então significa que...

– Significa que... – Naruto disse, tentando completar a frase. Encaramos-nos por um tempo enquanto o silêncio se instalava. – Na verdade, significa o que mesmo? Não cheguei a pesquisar muito sobre isso...

– E eu lá sei? – perguntei desesperado. – Estamos perdidos Naruto! Perdidos! O Gaara estraçalhou os nossos destinos e vendeu nossas almas por causa de qualquer coisa, Naruto. Vamos virar escravos de qualquer ser que não sabe o que é álgebra linear e mecânica quântica.

Naruto arregalou os olhos, começando a notar o desespero que me consumia.

– Está dizendo que vamos ter que abandonar a matemática? Está brincando, certo? – ele perguntou nervoso, esperando por uma resposta negativa de minha parte.

– EU NÃO SEI NARUTO! – gritei. – PELO OLIMPO, QUANDO VAI ENTENDER QUE PODEMOS VIRAR DESALMADOS FAMINTOS?

– Vamos virar zumbis? - Naruto perguntou. – Hipoteticamente falando, é claro. – o encarei possivelmente atônito ou irritado. Naruto arregalou os olhos e levou a mão á boca, como se estivesse prestes a murmurar alguma palavra de baixo calão. – Oh, não... Está começando a funcionar. Eu não usei minha massa encefálica. Isso... I-Isso não é possível! É uma catástrofe!

– Naruto, há alguma encruzilhada por aqui? – perguntei desesperado. Naruto apenas me olhou confuso. O chacoalhei com força. Eu precisava evitar que a imbecilidade me atacasse. – Responda!

– Há uma encruzilhada daqui algumas quadras... – foi tudo o que Naruto conseguiu dizer. Depois, ele sentou no chão, encostando-se na cama. Ergueu a mão, como se estivesse com dificuldade de fazê-lo e tossiu. – Vá. E salve-se. Salve-se Sasuke! E encontre uma cura e depois me salve. – ele disse fracamente. Revirei os olhos.

– Certo. – murmurei. Naruto tossiu mais uma vez e olhei em volta à procura de alguma arma que pudesse usar para minha defesa. Afinal, estaria lidando com criaturas do submundo e deveria me apressar antes que me tornasse uma delas. Faça pela matemática, Sasuke... Você irá vencer pela força dos Jedis e pela força da lógica. Uma parte em minha mente era otimista. Isso era bom, considerando que em pouco tempo o otimismo não mudaria minha condição de desalmado imbecil. Mas era bom alimentar vãs esperanças. Talvez eu pudesse ser tão bom quanto Perseu ao enfrentar Medusa.

Entretanto, eu não tinha parentesco com deuses gregos, então a tarefa de ser melhor que Perseu se tornava um pouco impossível.

– Eu emprestaria minha espada Jedi, mas infelizmente... – Naruto murmurou. – ...O FILHO BASTARDO DE KRAKEN COM ALGUMA AMEBA...

– VAI TOMAR NO CU, ÓCULOS DE TELESCÓPIO! – Deidara retrucou de algum lugar.

– Como eu dizia... – Naruto disse fracamente. – Se algum rejeitado infeliz e órfão não tivesse destruído minha espada Jedi, eu iria emprestar ela para você Sasuke...

– Naruto... Você não sentenciou corretamente a frase. – avisei me afastando. Naruto me olhou apavorado.

– VAI LOGO, SASUKE! A FORÇA ESTÁ COM VOCÊ, EU ACHO! – ele disse enquanto eu saía do quarto com pressa. Passei pelo corredor, olhando para trás algumas vezes apenas para me certificar de que Naruto ou alguma outra criatura não estava me seguindo. A paranoia intensificou-se quando desci as escadas e o cômodo absolutamente vazio e quieto se tornou estranho ao meu ver.

Geralmente em filmes de terror, o silêncio significa que há um assassino com uma faca na cozinha com o rosto distorcido à sua espera ou que uma menina possuída vai atravessar a televisão por alguma magia negra. Entretanto naquele momento, graças à falta de controle de Gaara sobre o submundo, ambos poderiam estar à minha espera. Respirei fundo, tentando manter a razão e a sanidade unidas naquele momento. Pense Sasuke... Pense. Você ainda não virou uma pessoa desalmada. Ainda. Lembre-se do que Van Helsing faria numa situação assim. Olhei em volta, à procura de uma possível saída. Havia a porta da frente, mas seria óbvio demais tentar escapar por ela. Apenas uma ideia me ocorreu.

Corri até a porta. Quando passei pela televisão, rolei pelo chão rapidamente evitando que meu reflexo fosse exibido na tela do televisor desligado. Menina possuída que surge da televisão: fora da lista daqueles que tentariam roubar minha vida. Uma a menos. Faltava o assassino da faca na cozinha com o rosto distorcido.

Eu sabia de uma coisa. A cozinha era o território do assassino. Eu não poderia entrar lá. Teria que atraí-lo se quisesse sobreviver.

Respirei fundo e me dirigi até a porta. Girei a maçaneta com cuidado e puxei a porta. Olhei para trás para ter certeza de que o assassino não havia deixado seu habitat estranhamente culinário e de que a menina não havia atravessado a televisão por alguma magia negra estranha e desconhecida. Vamos lá Sasuke. Chame a atenção do assassino. Seja corajoso como os fortes Caça-Fantasmas.

Respirei fundo mais uma vez e bati a porta com força. Corri e rolei até o sofá mais próximo, sempre tentando evitar que meu reflexo fosse exibido na televisão. O tremor escalava minha espinha e aumentou quando ouvi um barulho vindo da cozinha. Arregalei os olhos. Havia mesmo um assassino. E eu não sabia como lidar com ele, afinal o doido sabia como matar pessoas e eu como jogar xadrez. Os níveis de habilidades eram altamente diferenciados.

Acalme-se. Controle-se Sasuke. Você pode chamar a polícia e prender o maluco com a cara distorcida no porão. É.

O único objeto que estava próximo o suficiente para ser usado contra o assassino culinário era um abajur. O agarrei e arrisquei-me à olhar em volta. O som de passos surgiu, vindos da cozinha. O medo controlou-me mais uma vez. Segurei tremulamente o abajur. Eu veria um assassino pela primeira vez, e ele estaria mais real do que numa tela em 3D. Era uma espécie de adrenalina assustadora e emocionante.

Admito que não era tão emocionante quanto zerar Asteroids, mas era uma sensação tão empolgante quanto.

O som dos passos chamou minha atenção mais uma vez. Fechei os olhos com força, reunindo a coragem necessária para golpear o maníaco. É como um combo, Sasuke. Realize o combo para vencer o inimigo. Só que sem o joystick. Abri os olhos e levantei de supetão. O maníaco estava com um capuz e de costas. Era a minha chance. Ergui o abajur sobre os ombros. Havia encontrado o ângulo perfeito para nocauteá-lo.

Minhas mãos tremiam e suavam. Minha mente imaginava a sequência do combo que realizaria. Afastei-me do sofá com cautela, e quando havia uma distância considerável para atacá-lo, ele se virou. Abaixei rapidamente, temendo ser descoberto. Ouvi o som de seus passos se aproximando. Minhas mãos tremeram mais e suaram mais. Uma pequena parte em minha mente alertava que ele estava próximo demais. Levantei e comecei a gritar como um guerreiro destemido e desesperado por sua vida.

O maníaco se assustou. Fechei os olhos e tentei acertá-lo. Mas tudo o que ouvi foi o som de alguma coisa quebrando. Senti a falta do abajur em minhas mãos. Abri o olho direito e vi que minhas mãos estavam vazias. Abri o olho esquerdo e vi que não havia me enganado. Olhei em volta. Cacos do que considerei ser o abajur estavam espalhados num canto.

– Opa. – murmurei quando percebi o que havia feito. Havia desperdiçado (literalmente) minha única arma tentando usá-la contra o doido, e ela havia escorregado (literalmente) de minhas mãos. Mas estranhamente, eu havia acertado o doido. O encapuzado estava caído no chão. – Nunca ouse duvidar da força dos ângulos novamente. – murmurei ao maníaco. Retirei seu capuz e arregalei os olhos ao ver quem era.

Eu precisaria de uma boa teoria para explicar o que havia acontecido.

* * *

Gaara POV'S

* * *

Abri os olhos, sentindo a dor de cabeça torturando meus neurônios. Era difícil raciocinar.

– Será que ele morreu? – ouvi uma voz feminina perguntar um pouco assustada.

– Claro que não. – ouvi outra voz responder. – Se ele morrer a culpa é do Sasuke.

– Minha? A culpa não é minha. – o desespero na voz de Sasuke era notável. - Eu não tenho culpa se o Naruto inventou que o Gaara tinha vendido nossas almas.

– Tecnicamente, ele tentou fazê-lo mais cedo, lembre-se disso. Então a culpa não é minha. A culpa é do Gaara por querer mexer com o submundo. – Naruto se defendeu.

Levantei com certa dificuldade. Minha cabeça ainda doía, e parecia que aquela dor de cabeça afetava meus movimentos. Olhei em volta e percebei que estava na sala. Caminhei um pouco cambaleante até a cozinha. Massageei a testa, tentando diminuir aquela infernal pressão dolorida sobre meu cérebro.

– Ele não morreu! – Sasuke disse, aparentemente feliz.

– Por que não posso ter uma boa notícia? – Ino murmurou.

– Gaara, precisamos conversar. – Naruto disse. – Por que tentou vender as nossas almas numa encruzilhada, hã?

– E é melhor se explicar. – Sasuke apoiou o raciocínio de Naruto.

– Do que estão falando? – foi tudo o que consegui perguntar. – Eu não fiz nada.

– Mentir irá piorar sua condenação, portanto fale a verdade. – Naruto disse. – Por que tentou nos tornar imbecis desalmados famintos por qualquer coisa e escravos de um ser do submundo que odeia matemática?

– O quê? – questionei. Um mundo sem matemática não seria mundo. –Por que eu tentaria fazer isso? Sabem que é impossível viver sem matemática. Quem é o ser humano que consegue viver sem ela?

Naruto e Sasuke se encararam. Nomes passaram em minha mente. Era uma lista. Kankurou, Itachi e Deidara eram os nomes no topo da lista.

– E afinal, por que fui atacado quando cheguei aqui? – perguntei.

– Opa. – Sasuke murmurou. O encarei. Ele olhou para os lados. – Gostaria de saber o que aconteceu pela versão resumida ou pela versão estendida?

– Um resumo por favor. – pedi, cruzando os braços. – E depois me expliquem que história é essa de encruzilhada.

Afinal, eu não entendia como um simples ensaio havia se transformado numa tentativa de assassinato envolvido num esquema de venda de almas e algo relacionado ao submundo.

– Vamos, estou esperando. – murmurei.

– Acreditaria se eu dissesse que hipoteticamente falando eu pensei que você fosse um assassino com o rosto distorcido, e que a casa estava infestada de criaturas do submundo após você ter vendido nossas almas para alguma criatura dos portões de Hades em troca de alguma coisa insignificante? – Sasuke perguntou.

– E como chegaram a essa conclusão? – questionei um pouco assustado com aquela teoria.

– Sinto informar, mas acreditamos que você possui um fraco por coisas que envolvem magia e seres sobrenaturais. Por isso acreditamos que havia feito um trato com algum ser. – Sasuke respondeu.

– Na verdade, foi só o Sasuke quem perdeu a razão. – Naruto disse.

– Tudo isso por conta de um atraso? – questionei após um tempo.

– Na realidade foi um atraso de sete minutos e meio. – Naruto respondeu.

– Eu não aderi para o Lado Negro da Força! Por que acham que eu tentaria fazer uma coisa tão absurda como essa? – questionei nervoso por aquela situação. Talvez o fato de ter me atrasado apenas aumentou meu nervosismo. Sete minutos e meio era algo imperdoável. O máximo que se podia tolerar era um minuto e quarenta e sete segundos.

– Porque mais cedo você perdeu o controle, Gaara. Tentou vender nossas almas. – Sasuke acusou.

– Era meu sapato! Qualquer um perderia o controle! – rebati.

– Mas não precisava chegar a tal ponto extremo. – Naruto interveio a favor de Sasuke.

– Isso é um complô por acaso? Aonde foi parar a lógica e a razão? – questionei irritado. – Vocês estão aderindo para o lado de Darth Vader? É o que pretendem me dizer?

– Jamais seríamos tão loucos quanto você. – Naruto disse. Ajeitei meus óculos. Nos encaramos por longos minutos.

– Vamos resolver isso de maneira adulta então. – disse. Cerrei os punhos, e os dois fizeram o mesmo. – Aquele que vencer, ganhará a coleção dos HQ's dos demais.

– De qual coleção você está falando? – Sasuke perguntou cerrando os olhos.

– Eu aposto a minha coleção dos primeiros HQ's do Batman. – falei. Aquilo era ousado de minha parte. E eu sabia que se perdesse o sorriso maníaco do Coringa iria me perseguir por um tempo.

– Aposto minha coleção de HQ's do Superman. – Sasuke disse um pouco abalado por sua aposta.

– E-Eu aposto minha coleção limitada do Star Wars. – Naruto falou. – A minha preciosa edição limitada.

– Você está apostando alto demais... – o alertei.

– Vamos em frente e resolver isso de maneira adulta! – Naruto disse. O encarei e ele ajeitou seus olhos. Respirei fundo. Aquele era um momento de tensão. Erguemos os punhos.

Janken... – falamos ao mesmo tempo. – Pon!

– E depois se chamam de adultos... – o comentário de Ino foi um tanto quanto desnecessário. – Nerds mal amados.

– Saiba que minha mãe me ama muito, entendeu? – Naruto retrucou.

– É a única da lista. – Ino disse.

– Pequena pergunta: onde estão os nossos instrumentos? – Sasuke perguntou. Todos encaramos a garota loira.

– Ino, por acaso viu os nossos instrumentos? – Naruto perguntou. Todos temíamos a resposta. Ela não disse nada, apenas esboçou um sorriso demoníaco. É. Talvez fazer um pacto com um demônio não fosse tão difícil. Havia um bem à nossa frente.

– O que foi que você fez? – Sasuke perguntou.

Ela não respondeu, apenas riu histericamente como se sua vida dependesse daquilo. Aquela risada exagerada poderia ser considerada como um sinal de que ela havia aprontado alguma. Minha mente imaginava o que aquela criatura loira e com baixo QI poderia ter feito. E imaginava que Beethoven se revirava em seu caixão devido àquele insulto.

– Ino! – Naruto gritou, enquanto corria atrás dela.

– Era uma vez um ensaio... – Deidara cantarolou de algum cômodo.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Yooooooo!
Depois de um ano sem atualizações, aqui está o quarto capítulo. Peço desculpas pela minha imensa demora em continuar a fanfic, mas fiquei todo este tempo sem imaginação para escrever humor, e recentemente, me ocorreu a idéia para desenvolver o capítulo. Mas, espero que, pelo menos uma pequena parte da imensa demora tenha sido recompensada.
Hã... Bem... Tentei deixar o lado nerd mais evidente neste capítulo. E espero que tenha funcionado.
Não sei quantos capítulos esta fanfic terá, mas o romance e o desenvolvimento do mesmo para a fanfic irá demorar um pouco. Primeiro, trabalharei com o humor e com a comédia, e depois, tentarei adicionar o romance. Mas, isso será apenas mais adiante...
Hã...
Bem, da última vez que postei, haviam poucas pessoas acompanhando a fanfic, e o número aumentou muito. Agradeço à todos que ainda estão acompanhando e àqueles que começaram a acompanhar. Hã... Não sei quando postarei a continuação desta fanfic, mas, tentarei atualizá-la com certa freqüência.
Prometo.
Hã... Não sei se a comédia foi bem utilizada neste capítulo, mas, espero que tenha sido. Qualquer erro ortográfico, peço que me avisem.
Hã, bem...
Por enquanto é mais isso.
Como disse anteriormente, não sei quando postarei, mas tentarei manter a fanfic atualizada.
Até o próximo!
o/
P.S.: Qualquer dúvida sobre o capítulo, a estória, os filmes e personagens citados, basta perguntar.