A terrível tradição do visco

            - A terrível tradição do visco! – disse Fred Weasley II para os primos sentados no chão.

            Estava acontecendo uma enorme festa de Natal na Toca, todos que pertenciam a família Weasley estavam ali. Inclusive os doze primos sentados no chão que agora ouviam a horripilante historia “A terrível tradição do Visco”.

            - Diz a lenda, que na noite de Natal se um visco aparecer em cima das cabeças de duas pessoas elas vão ter que se... – ele parou fazendo suspense.

            Os primos mais velhos nem prestavam muita atenção na historia. Mas os dois mais novos da família, Hugo e Lily, olhavam arrepiados para Fred esperando ouvir o resto.

            - Se beijar! – ele finalmente terminou – Se isso não acontecer, irá nascer furúnculos horríveis por todo rosto, furúnculos impossíveis de se retirar por qualquer poção.

            - Eca! – exclamou Hugo – Então se eu e a Lily estivermos debaixo de um visco agente vai ter que se...

            - Você pensa em beijar minha irmã Hugo? – perguntou Tiago, de repente interessado na conversa.

            - Eu? Beijar essa monstrenga?

            - Não sou uma monstrenga! – gritou Lily.

            - Cuidado – Fred levantou as sobrancelhas voltando a falar – o terrível visco está à solta neste Natal.

            A festa continuou animada e Hugo nem se lembrava mais da terrível historia contada pelo primo horas atrás. Ele agora estava jogando xadrez bruxo com a Lily num canto afastado. A garota fazia um enorme esforço para conseguir arrancar umas peças dele e ele estava quase dando xeque mate em seu rei.

            - Está preparada irmãzinha? – perguntou Fred para Roxanne que havia roubado a varinha de seu pai há pouco.

Roxanne apenas confirmou com a cabeça e ergueu a varinha no ar, a girando e sacudindo:

            - Wingardium Leviosa.

            Um pequeno galho de visco saiu voando para um determinado canto da sala parando bem em cima da cabeça de dois ruivos.

            - Ah não o visco! – gritou Fred apontando o galho em cima dos dois – Eu avisei que ele estava à solta.

            Hugo e Lily olharam assustados para cima.

            - Então está na hora de cumprir a tradição.

            O primo mais velho sentou-se numa poltrona a fim de ver melhor o momento. Roxanne estava escondida ainda planando o visco em cima dos dois.

            Hugo olhou com nojo para Lily, mas fechou os olhos fazendo um bico esperando. Afinal era a terrível tradição.

            Lily olhou para os lados apavorada. Ela não iria beijar ele ali, nunca pensou nessa possibilidade.

            - É o visco! – gritou Alvo chegando perto para ver o tal momento puxando Rose consigo.

            - Eu sabia que isso ia acontecer – exclamou Tiago correndo para sentar e assistir o espetáculo.

            Então vieram todos os primos e fizeram uma rodinha para ver o tal momento tão aguardado.

            Hugo tinha as orelhas vermelhas, não sabia se por causa da raiva ou da vergonha e Lily estava mais vermelha que seus próprios cabelos.

           Ela olhava para os lados sem saber o que fazer, seus olhos se enchendo de lágrimas.

            - Eu não vou fazer isso! – gritou empurrando Hugo para longe que ainda estava com os olhos fechados.

            Ela correu para os jardins da Toca fingindo que não escutava Fred dizer:

            - Já estou vendo os furúnculos nascerem!

            Já havia se passado uns minutos desde que o terrível visco apareceu deixando Lily amedrontada a ponto de chorar e era o que ela continuava a fazer sentada debaixo de uma árvore abraçada em suas pernas.

            - Era mentira – a voz de Hugo ecoou nas costas dela – Não nasce furúnculo nenhum. A Rose me contou.

            Lily olhou para o primo. Ela sabia que se Rose tinha dito, era provavelmente verdade, afinal Rose sabia tudo.

            - Que bom – ela levantou do chão – O Fred é um chato.

            - Ele só estava tentando nos assustar – Hugo disse se aproximando dela e acariciando as bochechas da prima que estavam molhadas de lágrimas.

            - Eu sei – Lily sussurrou ficando na ponta dos pés.

            Ela selou seus lábios brevemente nos dele.

            - É para garantir, agora não nasce mais furúnculos.

            Ela então voltou correndo para a casa dos avos deixando Hugo parado com os olhos arregalados.