POV Percy

Dirigi até o endereço que Paul havia me passado, era uma casa muito bonita, branca com portões cor bronze, tinha um jardim do jeito que minha mãe sempre sonhara, quatro quartos, minha mãe disse que sempre teria um lugar pra mim ali, caso eu precisasse. Estacionamos os carros e tocamos a campainha, Paul veio quase correndo atender com um sorriso entre os lábios.

- Olá! Sejam bem vindos. Oi Percy. – Paul disse cumprimentando todos e apertando minha mão.

- Oi Paul, a casa ficou muito boa. – Eu disse me lembrando das vezes que vim aqui ajudá-lo a arrumar algumas partes da casa, entramos e Paul nos conduziu para um quintal no lado de trás da casa, minha mãe levantou-se da cadeira e veio dar um beijo em cada um de nós, por último, ela abraçou Annie e abriu um largo sorriso pra mim, eu a abracei longamente, sentindo seu perfume e sorrindo comigo mesmo, sentia muitas saudades dela e estava muito feliz por ver muitas das coisas as quais conversávamos em Montauk sobre desejos que ela tinha se tornarem realidade, como o jardim, por exemplo.

- Percy, eu estava com tantas saudades. – Ela disse com um grande sorriso, eu acariciei sua barriga de oito meses e cumprimentei meu irmãozinho que já tinha até um nome, Alexandre. Nós ficamos conversando e rindo por um bom tempo, como sempre, minha mãe veio com uma bandeja de guloseimas, todas azuis. Eu sorri junto com Annie, Paul e minha mãe. – Espero que você não tenha mudado de cor favorita.

- Não, mãe. Mas só quero pedir uma coisa. – Ela assentiu. – Não deixe o Alexandre gostar de cinza. – Disse olhando para Annabeth que me bateu no ombro e ficou emburrada, todos riram e ela desemburrou depois, aquela Sabidinha era fogo. Minha mãe sempre pediu que meus amigos a chamassem de Sally, principalmente a Annie, eles faziam como ela desejava, sempre queria agradá-la.

- Sally, obrigada por ter nos convidado. Foi uma hora perfeita para tirarmos um descanso. – Jess disse. – E a propósito, trouxemos presentes como agradecimento. Esse é meu e do Nico.

Jess tirou seu pacotinho verde com uma fita prateada da bolsa e o entregou a minha mãe, ela abriu e tirou de lá um chaveiro cujo pingente fora tirado de uma das fontes do Olimpo, Jéssica explicou o que era e minha mãe agradeceu aos dois.

- Esse aqui é o meu com Zack. – Disse Marina entregando um pacote de embrulho rosa com uma fita dourada. Minha mãe abriu e encontrou uma caixa de música que podia guardar objetos dentro, a gravação era uma das canções das musas que Apolo conseguiu para Zack.

- Esse é meu, do Connor e do Travis. – Anna entregou-lhe um pacote, dentro havia uma bolsa linda verde clara, minha mãe agradeceu também.

- Este presente é meu, da Thalia e da Gabi. – Alex disse entregando seu pacote, Gabi estava ao seu lado sentada, como os treinos eram puxados pra ela, ela estava forçando muito as pernas e na maioria das vezes, tinha que ficar sentada. Minha mãe abriu e encontrou pequeno globo, daqueles de neve, mas ao invés de ter neve dentro, tinham alguns raios passeando pelo globo fazendo lindos desenhos e dançando no globo.

- Este é meu e da Clarisse. – Disse Chris entregando a ela seu presente que era um daqueles mensageiros de vento, feito com rochas do Olimpo.

- Esse é o meu presente Sally. – Annabeth entregou-lhe uma caixinha com brincos cinza com pedras azuis, minha mãe agradeceu novamente e abraçou Annabeth.

- Mãe, todos os presentes vieram do Olimpo, infelizmente, eu não encontrei nada que pudesse dar pra você. Mas tive ajuda de alguém que sabia, assim como eu, que devia presenteá-la como uma rainha. – Eu estendi a concha para ela, minha mãe pegou-a delicadamente e a abriu, seus olhos brilharam ao ver o meu colar, ela me abraçou e me deu um beijo na bochecha. Quando examinava melhor as pérolas, ela riu.

- Azuis. É a sua cara Perseu. – Rimos junto com ela, o clima ela simplesmente perfeito, naquele momento, eu me senti como uma pessoa normal, esqueci de todo o drama de ser semideus e, pelo menos uma vez, o mundo também esqueceu.

Nós ceamos à meia noite e depois alguns continuavam conversando, minha mãe se retirou para dormir junto com Paul, eu convidei Annie para uma caminhada pelo jardim, tirei do bolso uma caixinha menor e dei a ela.

- Feliz natal. – Ela abriu a caixinha e tirou dali de dentro uma pulseira delicada de prata com vários pingentes de coruja, ela sorriu pra mim com seus olhos cinzas claros e marejados e me abraçou.

- São lindos Percy.

- Eu sei. Fiquei uma semana procurando uma joalheria que tivesse uma pulseira assim, mandar fazer iria demorar um pouco mais e eu não tinha tempo.

- Não devia ter gastado seu dinheiro comigo. – Ela disse repreensiva e eu ri.

- Annabeth, trabalho bastante, ganhei um presente favorável do meu pai. – Se eu não mencionei isso, foi no meu último aniversário, Poseidon me dera uma cartão de crédito ilimitado cujas despesas seriam quitadas pelo Olimpo. – Posso me dar ao luxo de fazer isso.

- Você é mesmo imprevisível. – Ela disse e eu a puxei para um beijo, continuamos caminhando de mãos dadas pelo jardim e depois voltamos para o quintal junto com os outros.

- Ei, isso não vale. As caçadoras eram boas em estratégias e a Annabeth não estava conosco naquela batalha. – Thalia retrucava o comentário de alguém.

- O que foi Thalia? – Annie perguntou.

- Estávamos falando que já que as caçadoras foram para o acampamento, vamos ter uma caçada a bandeira amistosa como diz a tradição quando a Thalia voltar, eu dizia que dessa vez não vamos perder porque a cabeça dura aqui não vai ser do nosso time. – Connor disse rindo e Thalia deu um choque nele.

- Não foi culpa dela, simplesmente nós não servimos para liderar uma caçada a bandeira juntos, não é Thalia. – Eu disse.

- Ou se você tivesse sido menos cabeça dura. – Ela retrucou.

- Olha quem fala. Cara de Pinheiro. – Eu disse.

- Cabeça de Alga. – Thalia respondeu.

- Pára raio.

- Bobalhão.

- Teimosa.

- Estúpido.

- Ok, ok. Parem os dois. Percy, você não pensa. Thalia, você não montou uma boa estratégia e nem ouviu seu co-capitão. Os dois estavam errados. – Annie respondeu diplomática e nós rimos, depois recolhemos as coisas do quintal e entramos na casa, cada deitou em seus respectivos colchões. A única que já estava dormindo era a Gabi, que estava com muita dor nas pernas e quis se deitar.

- Ela dá duro nos treinos, tem determinação. – Disse Thalia.

- Já conversou com ela sobre ela exagerar? – Jess disse.

- Sim, mas ela diz que já que foi convocada a vir aqui, vai treinar como os outros. Sei que durante a noite ela se senta na cama e, às vezes, chora. Não sei se é pela dor ou por outra coisa, isso me deixa preocupada.

- As coisas não foram fáceis pra ela, a mãe dela a trata como uma aberração, durante sua vida inteira não teve amigos, a única pessoa a qual ela se aproximou mais foi uma moça que trabalha na casa da mãe dela. – Todos me olharam com surpresa. – Ela havia me dito isso.

- Entendo o que ela passou. – Disse Thalia bem baixinho, parecendo um resmungo, depois nós dormimos. Foi uma noite tranqüila pra mim, sem sonhos, sem preocupações.

POV Nico

Acordei no outro dia com barulhos na cozinha, avancei lentamente e constatei que era a mãe de Percy, entrei devagar e a cumprimentei, sempre fazia companhia a ela nas manhãs que eu dormia no apartamento de Percy.

- Vocês não foram dormir muito tarde ontem, não é?

- Não Sally. Depois que você foi dormir, conversamos um pouco, a Gabi foi se deitar e esperamos Percy voltar com Annabeth do passeio no jardim, arrumamos um pouco as coisas no quintal e depois dormimos.

- O que aconteceu com a Gabi?

- Nós estávamos indo para o acampamento quando umas três pitonisas nos atacaram, Percy e Annabeth ficaram lutando com elas até que surgiu uma serpente enorme, enquanto os dois estavam ocupados, ela foi atacar as coisas de Percy. – Eu lancei um olhar a ela que entendeu que estava falando do seu ponto de Aquiles. – Mas aí a Gabi se jogou na frente e levou o ataque no lugar dele, conseguiram tirar o veneno dela, o problema foi que a presa da serpente atingiu a coluna dela e ela esta recuperando os movimentos ainda, com o treinamento, as coisas ficam mais difíceis pra ela.

- Coitadinha, queria poder fazer alguma coisa pra ela.

- Não precisa. Desde que aquilo aconteceu, muita gente fica ao redor dela e isso a incomoda, sem falar que o Percy teve um ataque de culpa com o que aconteceu.

- Entendo. E como vão as coisas com a Jéssica? – Sally disse animando o assunto.

- Vão bem, nós nos divertimos muito com as meninas, às vezes levo a Jess pra passear, mas ela gosta da bagunça com o pessoal.

- Percebi, ela é um amor de pessoa.

- E ela tem uma admiração enorme por você Sally. Quer dizer, ela gosta muito de você.

- Entendo, o sentimento é recíproco. Ela é uma menina muito especial, os dois puxaram muito a Poseidon. – Ela disse sorrindo.

- Como você sempre diz: Filhos de peixe... – Eu comecei.

- Peixinhos são. – Sally respondeu rindo. Esperei até todos acordarem, sinceramente, aquela noite era muito surreal pra mim, totalmente fora da minha rotina de vida, é como se eu tivesse experimentado a sensação de ser normal uma vez e não sei se conseguiria viver todos os dias da minha vida assim. Não consigo me imaginar como uma pessoa normal. Finalmente os dorminhocos haviam acordado, nós ajudamos Paul a terminar de arrumar as coisas e Sally insistiu que ficássemos para o almoço, nós concordamos, como sempre. Ela serviu uma lasanha caseira deliciosa que atacamos rapidamente nossos pedaços, depois tinha bolo azul para a sobremesa, nós a ajudamos a arrumar tudo e depois tivemos que voltar para o Olimpo. No meio do caminho para o Empire State, eis que aparece um indivíduo andando abobado no meio da rua, eu parei o carro e Jess desceu para ver se havia algo de errado com o homem, de repente, ele sorriu malicioso e tirou uma faca do bolso apontando-a para minha namorada, nessa hora eu já estava furioso.

- Se você der mais um passo eu a mato filhote de deus. – Disse o homem que foi crescendo no tamanho até virar Oto, o Aloída maluco que a Jess derrotou ano passado. – Tenho umas contas a acertar com essa aqui, infelizmente, não posso te matar agora, a tentação é muita querida, o chefe quer você viva pra fazer uma companhia a ele. – Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, o monstro sumiu numa nuvem cinza e os outros carros pararam e vi meus amigos descendo. Annabeth me chacoalhava pedindo explicações, mas eu estava atônito, inconformado, paralisado.

- Eu conto o que aconteceu. – Ouvi a voz de Anna e depois entrei no carro sério, queria vingança.

POV Annabeth

- Um monstro estava disfarçado, andando no meio da rua, nós paramos o carro e a Jess foi socorrer o cara, do nada, ele virou um gigante, eu acho, e sumiu numa nuvem cinza. Ele disse alguma coisa sobre ter umas contas a acertar com a Jess. – Eu arregalei os olhos. – Annie, o que aconteceu? E que monstro era aquele?

- Anna, me dá só um minuto. – Saí correndo atrás do Nico que estava sentado no bando do motorista, abri a porta e ele me lançou um olhar, era uma misto de sentimentos, tristeza, raiva, angústia. – Oto ou Elfiates? – Ele serrou os punhos.

- Oto. – Nico respondeu friamente.

- Temos que voltar imediatamente para o Olimpo, eles estão de volta. – Fui avisar aos outros.

- Não é só isso Annabeth. – Eu parei e voltei. – Eles trabalham pra alguém. E eu tenho uma hipótese. – Eu assenti. – Cronos.

- Nico, não podemos nos precipitar, vamos voltar ao Olimpo e resolveremos isso, aqui não é seguro. – Ele assentiu e eu dei as ordens aos outros, Percy pisou fundo no acelerador do carro, os outros o imitaram, depois de cinco minutos, estávamos no Empire State subindo no elevador para 600º andar. – Percy, Nico, Thalia e eu vamos conversar com os deuses, arrumem suas coisas e depois voltamos com notícias.

Puxei os três comigo para a sala dos tronos, ao entrarmos, vimos os tronos vazios, era de se esperar.

- Não olhem pra mim, não vou subir no trono do meu pai de novo. – Disse Percy, eu lancei um olhar mortal a ele e ele bufou e subiu. Depois de cinco minutos, ele desceu do trono e os deuses começaram a aparecer, reverenciamos todos eles e Zeus pediu para que nos sentássemos, Percy se sentou aos pés de Poseidon, Nico se acomodou ao lado de Hades com uma expressão de ódio, Thalia se juntou a Zeus e eu fiquei no meio e comecei a falar.

- Senhor Zeus, tenho más notícias para o senhor, uma semideusa foi pega em uma armadilha enquanto voltávamos. – Poseidon, Zeus, Hades, Ares e Afrodite arregalaram os olhos. Virei meu rosto rapidamente para Poseidon e disse: - Jéssica Parker.

- O que aconteceu? – Exigiu Poseidon quase saindo do sério.

- Foi Oto pai, ele se disfarçou e começou a andar no meio da rua enquanto Nico ia dirigindo, ele parou o carro e os dois desceram para contestar se o homem estava bem.

- Ele colocou uma faca na garganta dela, somente depois percebi quem ele era, Oto fugiu em uma nuvem cinza, ele capturou Jéssica e vai capturar mais semideuses, tenho certeza de que eles estão trabalhando com Cronos. – O nome que Nico havia pronunciado fez Zeus quase pular da cadeira. Foram as únicas palavras que Nico proferiu na reunião.

- Ah cara, será que aquele velho não tem sossego? – Reclamou Apolo.

- Se a afirmação for verdadeira, temos a missão que estávamos esperando. Apolo, traga o nosso Oráculo pra cá, rápido. – Apolo assentiu e sumiu rapidamente. – Quanto a vocês, voltem aos seus aposentos e recuperem-se do acontecido, chamaremos todos depois.

- Percy, olhe para o Nico. Estou preocupada com ele. – Percy assentiu, nós víamos um Nico inconsolável rondando pelo Olimpo, seus olhos estavam negros e seu rosto não assumia uma expressão, era amedrontador. Quando me deu conta, estava chorando nos braços de Percy, ele me envolveu em um abraço enquanto eu soluçava. Jéssica era uma grande amiga pra mim, nós contávamos tudo uma para outra, sabia confiar a ela meus pensamentos mais pessoais, minhas dúvidas e contradições e ela fazia o mesmo.

- Temos que avisar os outros. – Percy disse frio, entendia que ele tinha que se mostrar forte naquele momento, mas sabia que ele estava desmoronando por dentro. Eu apenas assenti e caminhamos juntos, Percy tinha um braço ao redor de mim e eu ainda soluçava um pouco, mas ele tinha razão, tínhamos que avisar os outros, agora nós temos nossa missão, vamos resgatar a Jéssica e frustrar os planos de alguém que quer acabar com o Olimpo, possivelmente, Cronos. – Pessoal, preparem-se, Apolo foi buscar a Rachel, temos uma missão, eles virão nos chamar quando chegar a hora, enquanto isso, fiquem por aqui.

- Onde está o Nico? – Gabi perguntou.

- Foi caminhar pelo Olimpo. – Eu respondi.

- Ele sabe disso que vocês disseram?

- Mais ou menos. Ele saiu um pouco cedo da reunião. – Eu respondi e Gabi se ofereceu para ir atrás dele, nós aceitamos, ninguém de nós queria chegar perto do filho de Hades, mas a filha de Zeus não se importava.

POV Gabi

- Nico. Nico. – Eu chamava até encontrá-lo sentado perto de uma estátua da Grande Guerra entre os deuses e os Titãs, havia uma cena com a imagem de Cronos, Nico olhava fixamente para a imagem. Cheguei perto dele. – Posso me sentar? – Ele deu de ombros. – Sinto muito pelo o que aconteceu com a Jess, mas queria falar duas coisas. Um: se você precisar de alguém para conversar, estou aqui. Dois: Apolo foi buscar a Rachel, temos uma missão, ele deve voltar daqui a pouco. Sei que você quer ficar sozinho, eu só vim dizer isso mesmo, tchau. – Eu me levantei.

- Gabi espera. – Voltei-me para Nico. – Pode ficar aqui um pouco? – Sentei-me ao seu lado.

- Vai ficar tudo bem Nico, somos uma ótima equipe, você e o Percy são perfeitos na esgrima, Clarisse com uma lança nem se fala, temos a Annie para nos ajudar, Thalia é uma caçadora muito boa, Zack é ótimo com arco e flecha.

- Você é uma das minhas melhores alunas de esgrima. – Ele disse.

- Obrigada. O caso é que, juntos somos a melhor chance do Olimpo vencer. Eu quero a minha vingança tanto quanto você, aquele grandalhão não pode fazer uma coisa dessas com minha amiga.

- Oto só não matou a Jess na hora porque recebeu ordens de não fazê-lo, eu temo de não chegar a tempo. – Ele disse fitando o chão.

- Eu tenho uma vaga impressão de que a Jess é uma isca, querem nos atrair para algum lugar. – Ele concordou. – Mas também é um jeito de nos manipular. – Nico assentiu tristemente.

- Prometa-me uma coisa. – Eu assenti. – Não deixe eu fazer besteiras nessa missão, eu posso acabar agindo por impulso  fazer merda, não deixe isso acontecer, não me deixe perder o foco Gabi, por favor.

- Eu prometo Nico. – Eu fiquei apenas parada ao seu lado até avistarmos os outros andando em direção à Sala dos Tronos, levantei-me e fui junto com Nico para lá também. Vimos os deuses sentados em seus tronos e Rachel no meio, eu me aproximei do meu pai e me sentei ao lado de Thalia.

- Quem vai fazer a pergunta ao Oráculo? – Perguntou Zeus.

- Deixe que o próprio Oráculo decida. – Apolo respondeu encorajando Rachel a falar, ela fechou os olhos por alguns segundos, refletiu um pouco e então disse:

- Di Ângelo poderia liderar...mas está fora de cogitação, nem Percy e nem Annabeth. Pensei na Thalia, mas não tenho certeza, podem me dar um tempinho pra refletir? – Zeus arqueou a sobrancelha e assentiu, Apolo acompanhou Rachel e nós decidimos ficar esperando na Sala dos Tronos mesmo. Acho que nós esperamos por uns quinze minutos, depois vi Rachel e Apolo voltando, ele se sentou no seu trono e nosso oráculo começou a se pronunciar.

- Eu pensei e discuti a situação com Apolo por um bom tempo, ele me disse que eu deveria seguir minha intuição, por mais que tenhamos semideuses muito experientes aqui, é a vez de outro liderar, portanto, eu escolho o Alex. – Nós assentimos em concordância, sabíamos que Alex seria um bom líder e era muito bom com uma espada também, Clarisse bufou mas depois deu um tapinha nas costas do meu namorado, todos ficaram felizes com a notícia, eu não demonstrei o que realmente sentia por respeito a Nico, sabia que não era uma boa hora para isso. Alex aceitou a missão com uma cara orgulhosa e esperamos Rachel ficar com um brilho verde nos olhos e começar a falar como se três Rachels estivessem falando ao mesmo tempo, Alex perguntou o que deveríamos fazer para proteger o Olimpo.

“Os semideuses escolhidos irão se aventurar

Por um lugar desconhecido no submundo

Para a filha do mar resgatar

Uma decisão marcará o final da missão

E aquele que se teme voltará

Mas cabe ao herói retorná-lo à confusão.”

Todos ficaram calados por um longo momento, eu comecei a refletir sobre a profecia, ao meu ver, não havia nada sobre mortes nela, mas algo dentro de mim me dizia que isso ainda era possível. Atena, Annie e Malcolm pensavam seriamente, talvez até fosse possível ouvir pequeninas engrenagens funcionando.

- Os semideuses escolhidos irão se aventurar. Somos nós, não é? – Disse Percy recebendo um olhar cético de Annie e sua mãe. Eu assenti sorrindo pra ele.

- Por um lugar desconhecido no submundo. Com licença, senhor Hades, tens alguma idéia de qual lugar a profecia se refere? – Annabeth perguntou e ele assentiu.

- Esta frase sozinha não vale nada, mas ao contexto da profecia, leva-me a crer que ela está falando do Tártaro. – Zeus o olhou. – Vejam bem, lugar desconhecido para resgatar a filha de Poseidon, ela foi seqüestrada por monstros, aquele que se teme voltará, sabemos quem ele é. Retorná-lo a confusão, bem, eu não diria que o Tártaro é isso, mas com tantos inimigos lá, deve ser uma confusão mesmo. – Ninguém discordou de Hades, Atena assentiu entendendo o que ele queria dizer. – Já vou dizendo antes que vocês se preocupem, têm minha permissão para entrar e sair do submundo, podem ir e vir a qualquer lugar durante a missão. – Nós assentimos, já tínhamos uma garantia de que se voltássemos vivos do Tártaro, não teríamos que precisar fugir do submundo.

- Como vamos entrar no Tártaro, aquele abismo enorme não é muito convidativo. – Disse Percy.

- Por sorte, existem duas entradas para o Tártaro, você conheceu uma Jackson, a outra é seguir pelo rio Lete, mas tomem cuidado para não se molharem. – Disse Hades.

- Nisso eu posso ajudar. – Disse Poseidon. – Vou providenciar algo para vocês navegarem e protegê-lo de modo que vocês não se molhem dentro. Estou pensando em um navio. – Poseidon disse olhando para Percy.

- Tem que ser algo que não chame a atenção peixinho. – Disse Atena delicadamente, o que era estranho de ouvir, sempre me disseram que Atena e Poseidon mal se olhavam e agora eles retomaram o antigo caso que tinham.

- Vai ter que me ajudar a pensar em algo sabichona. – Ele respondeu piscando para ela, Percy e Annie riam e Zeus pigarreou baixo.

- Semideuses, preparem suas mochilas, vocês irão com Hades para o submundo e depois começarão a missão. – Disse Zeus, eu e Thalia voltamos para o nosso quarto no palácio do nosso pai, Thalia decidiu ir tomar um banho para clarear a mente antes da missão, enquanto ela estava no banheiro, eu ouvi alguém batendo na porta, fui até lá atender e constatei que era meu pai.

- Onde está Thalia? – Ele perguntou.

- Tomando banho, quer que eu dê algum recado a ela?

- Não, na verdade, eu queria falar com você. Trouxe algo que vai te ajudar na missão. – Ele disse me entregando um colar, era feito de tiras trançadas e tinha um pingente de raio, ele me mostrou que quando eu apertava o pingente, ele se transformava em um chicote elétrico, meu pai me ensinou como se usava e me garantiu que uma simples descarga pode acabar com um monstro.

- Obrigada pai. – Eu disse e o abracei por impulso, ele retribuiu.

- Tome cuidado, você e sua irmã devem cuidar uma da outra, entendeu? – Eu assenti, depois ele saiu do quarto fechando a porta, fiquei olhando meu chicote e o transformei de volta em colar e o prendi no pescoço, Thalia terminou o banho, se trocou e nós nos encontramos com os outros na sala dos tronos. Antes de irmos embora, alguns deuses deram as bênçãos deles a nós. Eu recebi as bênçãos de Zeus, Poseidon, Apolo, Héstia e Afrodite. Todos os outros receberam as mesmas bênçãos, menos a de Zeus, que foi trocada por seus pais olimpianos. Somente a Annie e o Percy receberam as bênçãos de todos os deuses, eu sabia que eles deviam muito àqueles dois maluquinhos. Eu ri quando Atena foi dar sua bênção ao Percy, ela fez muito esforço e depois explicou que devia ser uma coisa grande, senão só milagre mesmo. Todos riram e Percy ficou emburrado, mas logo desemburrou quando Annie deu um beijo na sua bochecha.

Hades estava parado na frente de um carro grande e espaçoso preto, disse que era para nós entrarmos e obedecemos, depois ele entrou e dirigiu por uma sombra, chegamos ao submundo em dois segundos.

- Ei pai, um desses de aniversaria cai muito bem viu? – Anna disse pra ele que revirou os olhos e nos mandou descer, estávamos à beira do rio Lete, segundo Nico e Anna. Vimos um mini navio perto de nós e constatamos que era a ajuda vinda de Poseidon, era discreto e completo, ele e Atena pensaram em tudo mesmo, nós nos acomodamos em um quarto cada um e depois Alex pediu a Percy que navegasse pelo rio em direção ao Tártaro. Eu não tinha olhado no relógio desde que voltamos ao Olimpo, quando dei uma olhada rápida, vi que já era quase meia noite e vi também que estávamos cansados.

Anna, Connor, Travis, Zack, Marina, Percy e Annabeth foram para dentro descansar, Nico estava dando ordens às Fúrias que Hades havia mandado para nos ajudar, depois ele foi dormir e eu fui junto, precisava descansar, dei um beijo em Alex.

- Você deveria ir dormir também. – Eu disse a ele.

- Eu sei, é que é um pouco difícil confiar nas Fúrias.

- Relaxe, elas receberam ordens diretas de Hades e seus filhos, tenho certeza de que ela farão tudo o que eles mandarem. – Ele assentiu e me acompanhou até meu quarto, nos separamos com um beijo e eu entrei e me joguei na cama exausta, adormeci em menos de cinco minutos.