Soldados da Dor escrita por Natii_C


Capítulo 20
Capítulo 20 - Criada para Matar




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-Surpresa?

Como que eu no podia estar surpresa? Eu mesma vi Edward sendo enterrado no Alasca, seu corpo ser coberto pela neve e agora ele estava ali, parado, na minha frente, mais vivo do que nunca. Seria a volta dos mortos-vivos?!

Haha! Como você é engraçada, hein, Renesmee? Na verdade, acho que precisa mesmo é renovar suas piadinhas.

E você precisa renovar o seu humor, querida. Não pense que eu era boba assim. Aprendi a lidar com o jogo de Bella. Sabia seus pontos fracos e suas misericórdias. Bastava apenas um passo em falso e Bella seria matada de primeira por mim. Se era frieza que ela queria, frieza ela teria daqui em diante.

-E tem como não ficar, Edward? - respondi a pergunta automaticamente.

-Que bom, então. Pelo menos vejo que você parece ter amadurecido um pouco. Parece até mais bonita do que antes.

-Que bom que pensa isso. Adoro elogios, apenas odeio aqueles que vem de você.

-Nossa! Boquinha dura a sua, hein? Pelo jeito, as coisas estão do jeito que eu quero. Adoro ver você irritadinha, sabia?

O toque aveludado, porém gelado, da sua mão fez com que um arrepio percorresse minha coluna. Era um arrepio estranho, não como os outros, em que o medo ou o desespero ou a aflição sempre estavam em contato com meu corpo. Dessa vez parecia ser algo mais forte.Sabia exatamente aquela minha reação. Minha não. A reação pertencia a Bella. Ela é quem estava fazendo isso. Afinal, eu não tinha mais o controle da situação e agora isso demonstrava o quanto Bella tinha poder sobre mim.

-O que foi? - ele perguntou assustado quando me afastei dele. Seu perfume era quase irresistível, doce como um beijo.

-Não quero que toque em mim, só isso. Estou aqui não pra que faça isso comigo e sim para que me diga o que devo fazer.

-Bella não te disse nada?

-Não, ela disse que eu saberia de tudo no momento certo.

-Boa garota, Bella. Que bom que fez isso. Estou muito orgulhoso de você! - senti Bella se remexer de alegria - E quanto a você, Renesmee, vamos tratar desse assunto daqui a pouco. Sente-se aqui.

Olhei para Edward com cara de incrédula. Me sentar? Aonde? Naquele chão imundo! Mas nem pensar!

-Sente-se ai! - seu tom de voz aumentou e eu obedeci.

-Antes que de começar a me dizer o motivo de eu estar aqui, quero saber de um coisa .

-Sim.

-Como você pode estar vivo?

-Como você pode ser tão burrinha? Ora, fizeram a inserção em mim. Pensei que fosse mais inteligente, Renesmee.

-Não é questão de inteligência, Edward. Fui criada para não acreditar em certas coisas e desconfiar de outras, inclusive você. Estava apenas confirmando a minha desconfiança.

Um silêncio cresceu pelo galpão vazio. Edward e eu ficamos assim por vários minutos. Não sei se ele estava apenas blefando, mas, se estivesse, fazia isso muito mal.

-Então, podemos ir logo ao ponto? Ou será que isso é só mais um joguinho sujo seu. Edward?

A cada palavra que dizia, me surpreendia comigo mesma. Sério! A frieza e o ódio que as palavras alimentavam numa fala era uma coisa irresistível, mas também muito assustadora.

-Ok, ok. Não precisa de tanto nervosismo também. Quero que veja uma coisa.

Edward se levantou do chão e começou a andar. Não conseguia identificar sua imagem, percebia apenas o seu movimento por causa das passadas fortes que dava sobre o piso de madeira velho.

Depois de poucos passos, Edward parou. Senti um vento em meu rosto e então uma espécie de pano passou por minhas pernas.

Arregalei os olhos diante da imagem. Debaixo de fenos, uma multidão de armas cor de chumbo se escondiam. Haviam várias delas, de vários tamanhos, formas e cores. Iam desde as pequenas até as enormes, que tinham o ar assassino em seu formato. Algumas pareciam dar apenas medo, outras eram letais. Se isso fosse usado, traria o maior estrago.

Fiquei bastante impressionada com todos aqueles objetos. Odiava armas, só que naquele momento um sentimento diferente dentro de mim se destrancava, renascia das sombras depois de muito tempo sem ser usado: o desejo pela vingança. O ódio. Minha boca salivava só de pensar em tudo o que podia fazer usando aquelas armas. O sangue em minhas veias palpitava forte, deixando as veias à mostra e meu corpo queimava por dentro, como se tivesse sido atingido por um estimulante.

Essa é a Renesmee que eu conheço. Bella disse em pensamentos, toda orgulhosa. 

No fundo, essa sim era eu. Só que, por outro lado, eu havia mudado. Havia me tornado pacífia, não queria ver sangue sendo derramado por minhas mãos e isso só complicava a minha situação porque eu ficava cada vez mais confusa diante do que fazer.

Vai amarelar?

Não! Não vou! Sou mais forte do que isso, eu sei que posso ir mais além.

Isso! É assim que se fala, Renesmee!

-E pra que é isso tudo?

-Pra você cumprir a sua missão. Não vai estar sozinha nessa, Renesmee.

Quando Edward disse isso, helicópteros e naves saíram por todos os lados, vindos do céu, ou melhor, do telhado. Me abaixei imediatamente tentando me proteger da bagunça que estava sendo feita.

Assim que as máquinas voadoras pousaram em terra firme, de dentro delas, uma multidão de gente saiu, todos vestidos com uniformes militares, capacetes, botas coturno e mais armas em punho, todos pronto para a ação.

-Todos já sabem o que devem fazer. Sabem que não devem falhar. Um erro e o prazer de estarem vivos não mais existirá. Isso não é nenhuma ameça, sabem muito bem disso. É a realidade e nada mais.

Todos acenaram com a cabeça num uníssono, como se tivessem ensaiado aquela perfeição.

-Agora, vamos!

-Ha! - todos gritaram.

Parti em uma das naves, a maior de todas, na verdade.

Por incrível que pareça, apesar do seu tamanho, as naves e helicópteros eram todos silenciosos, uma armadilha perfeita para os desatentos. E assim seria a partir dali.

Mais uma vez, eu me via dividida entre proteger os humanos ou defender minha espécie. Bella já havia tomado a sua decisão: estava do lado das almas, sua humanidade de nada valia mais.

Engoli em seco. Minhas mãos suavam cada vez mais, o nervosismo aumentando.

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Do lado de dentro da nave, enquanto sobrevoávamos a floresta, podia ver os corpos da multidão humana que viera em busca de salvação. Mal sabiam eles que, ao invés de salvação, encontrariam o terror.

-Todos em seus postos. - Edward anunciou pelo rádio.

As naves desceram cautelosamente em uma clareira aberta no meio da floresta. Não ficava muito longe de onde os humanos estavam.

A guerra estava armada. Era ganhar ou ganhar.

A tropa começou a marchar pela clareira em direção ao norte. Senti um aperto no peito. Era tarde demais pra desistir e amarelar. Eu tinha que ser forte. Se quisesse continuar viva, bastava vencer aquela guerra e isso, com certeza, seria fácil. Eles eram pouquíssimos em relação a nós, nem tinham armamentos tão avançados como os nossos. A vitória estava no papo!

Sorrateiramente e com o plano pronto, começamos a agir.

Ver a cara de surpresa, medo e tantos outros sentimentos misturados nos rostos daqueles humanos inúteis me dava prazer. Prazer em ver o seu sangue sendo derramado, a dor em seus olhos mutilando-os por dentro.

Afinal, fui criada para matar. E a guerra só estava no começo.


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