Abriu os olhos lentamente, aquela cama era realmente boa. Tudo conspirava para que ela não levantasse dali. Passou a mão sobre o outro lado da cama, esperando encontrar um corpo. Mas não foi isso que aconteceu. Virou-se bruscamente para o outro lado, e não viu nada ali. Somente um pano branco totalmente amassado, desarrumado. Não, aquilo não podia estar acontecendo.

Sentou-se sobre a cama delicadamente, segurando o lençol, que cobria seu corpo nu, sobre os seios. Passou a mão sobre os cabelos negros. Olhou em volta. A janela estava aberta apenas alguns centímetros. O guarda-roupa tinha uma das portas abertas. Ela se lembrava perfeitamente da noite anterior, dos suspiros, dos gemidos, da boca dele. Da sua primeira vez com a pessoa que amaria eternamente.

Mas, ele não estava ali. Ela tinha certeza que em alguns minutos ele iria entrar naquele quarto de apartamento com flores, lhe desejando bom dia. Não podia estragar a surpresa! Deitou-se na cama novamente, se virando para o outro lado, de costas pra porta. Iria esperar ele chegar. Esperou cinco, dez, vinte até trinta minutos, e nada dele chegar com suas flores. Não, aquilo não poderia estar acontecendo!

Levantou-se, ainda com o lençol envolvendo seu corpo. Olhou tudo em volta novamente. Andou até o guarda roupa, abriu a porta que antes estava semi-fechada. Lá dentro ela viu seu vestido, o vestido que estava usando a noite interior, devidamente dobrado, com suas peças intimas encima, e seu salto alto do lado. Olhou aquilo por um momento. Fechou a porta com força, abrindo as outras três. Nenhuma roupa dele. Somente ar.

Virou-se de costas pro guarda-roupa, se apoiando nele. Fechando os olhos com força. Aquilo era um pesadelo, ele nunca faria isso! Os abriu rapidamente, e então viu um envelope rosa, encima da cômoda. Suas pernas lhe levaram até lá, olhou por um momento o envelope, e então o pegou. Olhou por mais um momento, deveria abri-lo? Quer-se pensou nessa pergunta duas vezes, e o abriu, tirando de lá um papel branco, com letras feitas por uma caneta preta.