Darkness escrita por sweetstrawberrygirl


Capítulo 11
A Bruxa e o Rei


Notas iniciais do capítulo

Feliz Dia Internacional da Mulher!
Para bellinhacullen.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/119103/chapter/11

The Pretty Reckless – Cold Blooded

Não dá pra confiar em uma mulher de sangue frio

Garoto, não minta na cama dela

Você não pode confiar em uma mulher de sangue frio

Ela irá te amar e te deixar por morto

Tem uma coisa que você deve entender

Você não pode confiar em uma mulher de sangue frio

Darkness

Capítulo 11

         Bem, talvez ele não fosse mais um capanga como muitos acreditavam. Ele é astuto, sempre com os olhos abertos para tudo. Também tinha uma boa mira e, acima de tudo, um magnífico sexto sentido. Agora, caminhando pelas avenidas sempre movimentadas de Tóquio, ele tinha um pensamento confuso em mente.

         Havia escutado, e até mesmo visto em alguns relatórios que lhe foram entregues, que todas aquelas garotas eram ligadas a uma espécie de lenda. Isso não lhe importava muito, realmente. Porém, algo em uma daquelas descrições estava mexendo com ele.

         Segundo o registro que lera, a maioria delas tem memórias turvas do seu passado, de suas outras encarnações. Os sonhos e flashes que passavam em sua mente, tão parecidos com velhas lembranças, se encaixavam perfeitamente nessa descrição.

         Tudo começou quando aquela garota de cabelo rosa veio para sua escola. Foi naquele dia que ele completou um mês dentro da organização do seu irmão, e naquela madrugada os sonhos estranhos surgiram em sua mente.

         Ele tinha sonhado com ela, agachada e sangrando, com uma espécie de armadura medieval. Ele tinha se ajoelhado na grama, a pego no colo e a levado à uma cabana há metros dali. Lembrava-se de lhe sussurrar alguma coisa. No seu sonho, ele tinha a deitada em uma cama, e tirado a roupa de metal. Seus olhos pareciam conhecer cada curva daquele corpo. Espalhou uma gosma verde – misturas de ervas – sobre os ferimentos depois de limpá-los. Enfaixou-a e cobrira-a com os lençóis brancos.

         Sasuke tinha certeza de que algo estava errado ali. Ele jamais faria algo daquele tipo por alguém que mal conhecia, um inimigo principalmente. Mas ele esteve lá, ajudando-a e cuidando dela. Além disso, havia algo de familiar naquilo tudo, todavia, com seu jeito calado e fechado, deixou tudo para si mesmo. Ninguém mais era confiável, qualquer um que soubesse sobre isso poderia usar contra ele.

         Parando na porta de sua casa, ele concluiu que, apesar das consequências, só uma pessoa poderia lhe ajudar sobre isso.

.::oOo::.

         As calças escuras delineavam bem suas pernas torneadas, as botas negras que usava iam até seu joelho, com um lindo salto agulha para completar tudo. O cabelo jogado em uma trança de lado, com aquela única mecha negra brilhando entre os fios róseos. Uma jaqueta de couro sobre a camiseta branca com decote comportado. É, ela estava de matar.

         Estava no escritório de sua avó, no coração dos túneis subterrâneos de Tóquio. O passeio com Ino, no dia anterior, havia sido divertido, às vezes era bom falar com alguém que estava fora dessa loucura toda. Perguntava-se como Hinata estava, não tinha a visto desde que ela fora ter uma reunião, provavelmente, desastrosa com seu pai. Suspirou, terminando de folhear a revista de moda e a jogando sobre a mesa.

         Não tinha ido a escola hoje, não era como se ela precisasse, com toda certeza sabia mais do que qualquer professor lá, talvez com exceção de Kurenai. Então ficou na cama, dormindo até o sol ficar a pino, tomou seu banho e quando estava pronta para começar a ler um livro, Tsunade tinha ligado pedindo para que fosse vê-la.

         É... Seu dia relaxante tinha ido para o espaço. Ela estava esperando por sua avó durona a mais de uma hora. Quando diabos ela iria chegar? O que mais queria naquele momento era estar submersa em um mundo de ficção, onde ela sabia que metade das coisas que lesse, não seriam reais. Só queria fugir um pouco dessa loucura que era seu dia-a-dia.

- Finalmente. – Sakura murmurou, vendo Tsunade entrar na sala. – O que você queria comigo?

         Tsunade a lançou um olhar torto, nunca iria se acostumar com as momentâneas grosserias da neta. Tão diferente de sua filha, como água e vinho. Uma era doce, inocente e completamente subjugável, já Sakura, bem, era impossível domá-la. Pelo menos ela não sofreria o risco de ter o mesmo fim. Respirando fundo, a loira concentrou-se na garota sentada no sofá, tirando os pés dela da mesa de centro.

- O que você fez foi muito arriscado. – Tsunade a olhou ríspida, sentando-se na poltrona oposta a que ela estava.

- Eu sei. – Deu de ombros, cruzando os braços. – Mas deu certo, não deu? Ele acha que eu sou uma menininha abalada, que quer conforto, acredita que eu estou “completamente apaixonada por ele”.

- Você está o subestimando. – A loira cruzou as mãos sobre o colo. – Sasuke é tão esperto quanto você. Ele pode tentar lhe arrancar informações sobre a Darkness, e você nem vai perceber quando começar a falar.

- Você realmente acha que eu ia deixar isso acontecer? – Caçoou. – Não foi você mesma que disse que eu era a tal escolhida, a reencarnação da “Escuridão”. Se você crê tanto que eu sou essa mulher, eu posso muito bem lidar com um garotinho como ele.

- Não Sakura, você não pode. Esse é o problema. – Afinal, quando aquela garota ia se tocar da enorme catástrofe que todos eles estavam metidos? – Você é a Escuridão, e a Escuridão, que tinha o mesmo nome que você, Sakura, era completamente apaixonada por esse “garotinho”. Se você não tomar cuidado, estragará tudo. E nós vamos continuar vivendo nesse ciclo vicioso. Onde todos os homens que amamos acabam morrendo.

- Desculpe vovó. – Se pós de pé, perturbada. – Eu não acredito nisso! Eu quero provas, provas concretas de que tudo isso existe. Porque até então, eu não acredito em nada do que você está dizendo.

- Sente-se!

         Sakura arregalou seus olhos verdes por menos de um segundo. Ela nunca vira aquela mulher alterada, e pelo que ouvira, na única vez que isso aconteceu, não teve um bom resultado. Fez o que a mais velha lhe mandou, ficou calada apenas a fitando.

- A partir de agora você tem uma nova missão. – Tsunade ficou de pé, dando as costas para ela. – E você deve cumpri-la até o final, sem hesitar.

.::oOo::.

- Onde você esteve? – Hinata perguntou, vendo a irritação nos olhos da amiga.

         O apartamento estava praticamente deserto, com livros espalhados pela sala de estar. A rosada estava sentada com as costas escoradas no sofá, haviam livros e mais livros circulando-a. Hinata e Sakura foram criadas como irmãs, com Kurenai e Tsunade sempre cuidando delas e, com o tempo, a morena aprendeu a reconhecer os sinais de fúria da tão chamada Escuridão.

- Tsunade. - Disse o nome entre dentes. - Ela me entregou todos esses livros, e me obrigou a lê-los e fazer um resumo para ela.

- E sobre o que eles falam? - Hinata mordeu o lábio, sentando-se na poltrona quase na frente da Haruno.

- Darkness. Como essa maldita lenda surgiu, e como um maldito romance está envolvido nela. - Bufou. - Eu tenho que aprender a calar a boca. Vovó me disse que se eu não acreditava, no mínimo era meu dever saber sobre isso.

- Ouch.

         Sakura torceu os lábios, fazendo um pequeno som de “tsc”. Deveria ser por isso que as duas viviam se confrontando. Hinata pensou que elas eram muito parecidas. Havia também o fato de que, depois do que aconteceu com o último namorado da rosada, ambas ficaram mais cautelosas e vigilantes para tudo.

         Quando a Hyuuga ouviu que Sakura tinha levado Uchiha Sasuke para dentro da organização, foi um choque. Nos últimos anos a Haruno foi do tipo “quebradora de corações”, e o Uchiha era um alvo para elas. Ele estava envolvido com a Akatsuki, que queria destruí-las. Era uma maldição horrenda a que estavam envolvidas. Elas sempre tinham suas lembranças restauradas, reencarnação após reencarnação, contudo o preço para isso era alto. Mas aqueles homens não pensavam assim.

         Para eles, era algo grande. Não ter que estudar ou decorar algo, acontecimentos. Isso já estava no fundo da mente delas, ler um pouco sobre o assunto já ativava grande parte de suas memórias. Hinata, por algumas vezes, viu tanques de guerra e nazistas quando estudavam a segunda guerra mundial. Foi então que ela soube que já esteve por lá antes.

- E você, onde esteve por todo esse tempo?

         A Hyuuga foi tirada de seus devaneios. Fez uma careta. Aquilo havia sido um desastre. Sua irmã mais nova fez birra, e sua madrasta a encarava com repugnância. O tio foi gentil com ela, assim como Tenten, namorada do seu primo Neji. Hinata e seu pai tiveram um impasse, a morena não conseguia encará-lo direito, porque ela se lembrava de pequenas coisas que aconteceram na sua infância. As brigas dos pais e a morte da mãe eram as mais vivas delas.

- Nada agradável. - Murmurou. - Depois que sai de lá passei o resto do tempo como Luz, ou “Elena”, como preferir.

- Então você se encontrou com o loirinho de novo. - Sakura concluiu. - Então, ele beija bem?

- Não chegou a esse ponto. - Revirou os olhos para amiga. - Por acaso nos encontramos naquela boate, eu estava dançando fazia algumas horas e ele me viu e se ofereceu para pagar uma bebida.

         Sakura a olhou com a sobrancelha arqueada, e Hinata apenas riu baixo, olhando para o lado. Haviam poucas exceções, mas em sua maioria, nunca havia só amizade entre um homem e uma mulher. A rosada voltou sua atenção para os livros, quando a morena tirou suas botas e o casaco cardigã. Ela tinha mudado de roupa, a Haruno notou. Pelo visto havia algo mais acontecendo e a Hyuuga estava guardando para si mesma.

         Por um momento Sakura entendeu o medo de Tsunade. Aqueles livros diziam que uma das partes da maldição era que elas estavam condenadas a se deparar com paixões daquela primeira encarnação. Claro, elas poderiam amar outros homens, como Tsunade havia feito com seu avô, mas eles morreriam. Só um sobreviveria, era o que dizia a maldição. Algo como “E milhões cairão por seus encantos, mas só um sobrará. E quando houver perdão no coração, as almas para o céu irão”.

         Mas aquilo tudo era superstição, nada aconteceria.

.::oOo::.

- Por que me chamou aqui? - Ele perguntou, olhando para a forma que ela se escorava na grade.

- Não sei, só quis sair de casa. - Ela falou. - Estava cansada de ouvir o quanto eu deveria ter me mantido calada.

         Sasuke revirou os olhos, as mãos nos bolsos. Eles estavam em uma colina alta, com o farol iluminando o mar as suas costas. Algo nela, disse que naquele momento, nem um dos dois estavam fingindo.

         O moreno se pôs ao seu lado, observando o céu noturno. Caso olhassem para um lado eles viam as ondas se chocando com as rochas litorâneas, e no outro a cidade iluminada. Ambos pareciam um pouco desconfortáveis, mas continuaram ali, apreciando a presença um do outro.

         Seus dedos começaram a fazer círculos na barra de ferro. Podia sentir o olhar dele sobre si.

         Sakura era do tipo relutante. Hinata brincava com ela todo o tempo, sobre como nenhum homem conseguia durar muito tempo com ela, mas algo diferente ocorria no momento. Quando ela estava ao lado dele, aquela estúpida lenda parecia mais real. Apesar de que, de uma forma ou outra, ambos sabiam que o motivo de terem se aproximado um do outro foi suas organizações lhe mandarem. Ou quem sabe não?

         Ela olhou para cima, para ele, através da cortina de cabelos cor de rosa. Seus olhos se encontraram, e aquele se tornou um dos raros momentos em que ela ficava constrangida.

- Então... O que fazemos agora? - Perguntou, olhando para frente mais uma vez.

- Sakura. - Ele suspirou. - Eu não vou contar seu segredo.

- Eu não estou preocupada com isso. - Caçoou. - Afinal, quem acreditaria em você? As pessoas não acreditam mais em maldições, tampouco eu.

         Ele olhou de canto para ela, revirando os olhos em seguida. Deixou que seu jeito usual viesse à tona, aquele que usava com a maioria das garotas com quem saía. Sua irmã, Ayame, tinha falado muito sobre a rosada. Então ele tentou comprovar se aquilo era verdade, porque infelizmente, sua irmã caçula também era uma delas.

         O Uchiha tocou seu braço, fazendo com que ela o encarasse.

         Aquele era um dos momentos estranhos que ocorriam com frequência na vida de Sakura. Ela encarava aquele lindo rapaz, e o viu, em uma situação diferente, em um tempo diferente. Seus instintos gritavam que havia honra dentro dele, mas ela sabia para quem ele trabalhava e, principalmente, o que ele fazia. Também não poderia negar a enorme atração que sentia por ele. Quem eles eram afinal?

         Sempre teve medo de acreditar nas lendas e crenças que enchiam a Darkness, lendas sobre ela. Por favor, Haruno Sakura tinha apenas dezesseis anos, nada mais que isso, como podiam alegar que ela era uma poderosa guerreira que entendia melhor do que ninguém sobre magia de cura. Era algo grande demais para alguém dessa idade.

         Talvez fosse por causa da sua missão, ou simplesmente pelo magnetismo que a trazia para perto dele. Com isso, segurou os ombros do rapaz, colocando-se na ponta dos pés e o beijando com avidez. Ela era impulsiva, o Uchiha notou. Independente disso, beijou-a com a mesma voracidade que Sakura o fazia. Queria descobrir quem ela verdadeiramente era. A Akatsuki disse que ela deveria ser umas das mais perigosas, se não a melhor de todas. Sasuke ficava confuso com a troca constante de atitudes dela. Sabia que Yahiko já esteve envolvido com a rosada, ele sabia de muita coisa sobre ela, mas não tudo. Foi por isso que Uchiha Sasuke foi designado para essa missão.

         A Escuridão era um mistério, e ela era a peça chave. O moreno acreditava nas lendas, nos olhos vermelhos que Itachi chamou de “sharingan”, e como o irmão mais velho disse que ele poderia usá-los também. Sakura sabia como ativar e desativar a forma que ela mudava a cor dos cabelos e dos olhos, queria que ela lhe mostrasse como. Não apenas isso, queria saber como ela e ele estavam envolvidos como um inteiro na maldição.

         Afastaram-se, e a rosada o abraçou, escorando a cabeça no peito dele, fechou os olhos, deixando que as palavras saíssem sussurradas por seus lábios.

- Desculpe-me, se tivesse outra saída eu não teria lhe envolvido nisso. - Suspirou, seu orgulho sendo ferido. - É só ruim fazer parte de tudo isso.

- Eu entendo. - Beijou o topo da cabeça dela. - Venha, já está tarde, eu vou te levar para casa.

- Sasuke... – Chamou-o. - Obrigada.

         Ela sorria minimamente, e ele assentiu. Estendeu a mão para ela, dando-lhe um último beijo antes de encerrar à noite.

         Nenhum dos dois entendia a magnitude da situação que os envolvia.

.::oOo::.

         Naquela madrugada, o Uchiha e a Haruno ficaram presos no mesmo sonho. Um sonho diferente, cada um com seu próprio ponto de vista.

         Ela sabia, seus sentidos a alertaram, mas seu estúpido coração não quis dar ouvidos para suas visões. Olhou-se no espelho, seus olhos tinham um brilho estranho e os lábios tremiam. Estava magnífica no vestido negro, não era uma cor que ela usava com frequência, não naquela vida, mas era necessária para o ritual da nona lua.

         Para o tempo em que viviam, as roupas eram vulgares, sequer meretrizes as usavam. Sakura nunca gostou de expor seu corpo, mas aquela era sua noite, e tinha que usar algo que a Deusa Mãe escolheu. Lembrava-se de estar deitada na cama e ter acordado como em um passe de mágica com o vestido simples e ao mesmo tempo majestoso.

         Os cabelos estavam soltos, e agora tinha uma tiara de flores nos cabelos. Descalça, caminhou para fora da sua cabana, como todas as residências, a sua era feita de madeira com o teto de palha. Havia uma multidão a esperando, e olhando-a como se vissem os anjos dos cristãos e a Afrodite dos gregos. A multidão estava de joelhos, só ele continuava de pé, imponente, assim como um imperador deveria ser.

- Eu já lhe disse para partir, não é mais bem vinda aqui. - O moreno disse.

- Não, o povo escolheu a mim. - Sentia o vento se tornar mais forte, e seus pés começaram a esquentar com a energia vinda da terra. - A bruxa e o rei, quem diria Sasuke-kun?

         Aquela era uma situação difícil, todos os moradores de Konoha sabiam disso. Os dois se conheceram quando eram crianças, e a mãe da feiticeira veio do nada para aquele país desconhecido pelos normandos. Mesmo estando com uma criança no ventre, acabou casando com um rico camponês, ensinou a arte da cura às mulheres da vila, trazendo o desejo e a ganância de outros. Mas tinha continuado forte, até o dia da sua morte, sendo substituída por sua única filha, que nasceu com um dom.

         Todos sabiam, o homem e a mulher, parados, rígidos, tinham sido amantes. A calma e a destreza dela refreavam o rancor e a agressividade guardados dentro dele. Costumavam dizer que ela foi mandada como presente dos deuses, a que trazia os mortos à vida. Os moradores confiavam e admiravam a bruxa, ela era a única que enfrentava o imperador, o qual foi banhado em trevas desde a morte da família pelas mãos do próprio irmão.

         Ele tinha descoberto como ela podia curar qualquer um em qualquer situação, e culpou-a por não ter impedido que sua família partisse. Por que nascer com aquela dádiva se não podia ajudar quando fosse preciso? Não a chamavam de anjo? Se assim era intitulada, no mínimo deveria fazer milagres.

- Se não sair por conta própria Sakura, eu vou lhe expulsar daqui.

         Ela sorriu, sem sentir nada, seu coração fora pisoteado, a Haruno estava desnorteada. As ondulações de energia começaram a aumentar, e os fiéis da sacerdotisa encostaram sua cabeça no chão de terra, o medo preenchendo seus corpos.

         Havia uma espada na mão dela, mas ele sabia que não tinha a intenção de usar contra ele. Essa não era sua espada de luta, era a de sacrifício, um pequeno punhal, com o símbolo dos cinco elementos estacado no cabo.

- Se são os mortos que tanto queres, pois então irá tê-los, vossa majestade.

         Esfaqueou seu antebraço, deixando que as gotas do sangue casto caíssem de encontro ao solo. Ele apenas conseguia vê-la, todos tinham sumido, os olhos do homem se tingiram de vermelho, tentando achar uma forma de acabar com a ilusão. Aquilo era real, ela tinha empurrado-o para o submundo, onde a escuridão, a pura matéria-prima, reinava.

         Ele começou a sentir o cheiro de enxofre, e os espectros começaram a se formar. Seu corpo congelou, vendo a face de cada familiar seu. Todos rodeavam a feiticeira. Havia decepção naqueles rostos, eles negavam algo.

         Era o suficiente, Sakura pensou. Quando os trouxe de volta para o mundo físico, a expressão da rosada havia mudado. Tinha tomado uma decisão.

- Aqueles que querem a terra, sigam ao meu lado. - Disse. - Se desejarem ficar com o nobre imperador, que assim o seja.

         Então ela deu as costas, e seus pés nunca mais pisaram no solo sagrado. Naquele dia, a Escuridão nasceu, naquele dia o casal começou a ser observado por anjos e demônios. Foi naquele dia que sua verdadeira jornada e maldição deram início. Vida após vida, talvez jamais houvesse um fim.

         No mundo atual, bem, a nona lua estava próxima. E nem os deuses foram capazes de prever o que o Rei Negro e a Rainha Branca iriam fazer.

         Na nona lua de mais de mil anos atrás, todas as mulheres foram com ela.

.::oOo::.

         Em um apartamento, no centro de Tóquio havia uma garota, levitando na cama. Seus cabelos eram rosa com um único reflexo negro. Um brilho estranho, sem cor específica circulava cada mínima célula do seu ser. Ela gritava, a pele queimava e pequenos desenhos começaram a surgir por sua superfície. Mortais não podiam ver, mas havia um anjo segurando um pincel, a cada marca mais um filete de sangue surgia.

         Aquela era a última partida, todas as peças estavam no tabuleiro, movendo-se por conta própria. Havia a Escuridão, a Luz, a Noite, a Névoa, a Sombra e o Entardecer. Assim como havia o Zero, o Azul, o Escarlate, o Branco, o Javali, o Céu, o Sul, o Norte e a Esfera. Soldados apostos, a batalha começa agora.

         Hinata levantou assustada, gritos, gritos da mais pura e completa dor enchiam a casa. Ela correu, pois sabia, e sempre soube de onde todos os outros vieram. Seu coração batia forte, acelerado. Ao mesmo tempo em que passava pelo corredor, via-se percorrendo uma floresta, indo até uma cabana, onde sabia que alguém estava ferido.

         Quando chegou ao quarto de Sakura, viu uma luz forte, sair pela janela aberta. Ela caiu de joelhos e entre dois mundos, viu uma possa de sangue sobre seus pés. Kurenai também estava de joelhos, ao lado da Haruno que se contorcia. A mais velha segurava a cabeça com força, lágrimas saindo dos seus olhos, sua pele em brasa.

- Acorde, Sakura, por favor, acorde. - Sussurrou Kurenai.

.::oOo::.

         Deixe-me lhe contar um segredo. O Zero soube quando tinha começado, ele viu a mulher que dividia a cama, rolar e apertar os olhos com força, palavras em um latim bruto saíam por sua boca. Linhas negras, traços estranhos, tudo surgia, ele tentou prendê-la contra o colchão, mas não conseguiu. Era mais forte do que antes, o corpo feminino tinha sido preenchido por algo mil vezes mais poderoso do que ele, o próprio líder.

- Então elas estão despertando. – Falou com voz inexpressiva. - Vamos Konan, acorde.

         Mas a mulher não escutou, porque a parte da maldição que as seguidoras da Escuridão tinham carregado pelos séculos, era muito maior do que a dos homens fiéis a Pain.

         O ciclo da lua estava mais uma vez se fechando. Ele percebeu que uma decisão teria que ser tomada em breve. Ou jamais haveriam oportunidades. Se Uchiha Sasuke não conseguisse encantar a bruxa guerreira, todos iriam cair. Teria que fazer as coisas por sua própria conta, Yahiko, o mesmo homem que amava a mulher de cabelos azuis que rosnava por tamanha dor, teria que deixar seu lado mais obscuro se sobrepor. Ele mesmo conquistaria Escuridão, já tinha o feito antes.

         E assim ele descobriria como dominar o poder delas, sem que nunca mais a maldição se repetisse.

         Precisava se ver livre dela, logo.

.::oOo::.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

N/a:
Bom, primeiro eu só tenho que pedir desculpas, mas meu psicológico não tinha deixado que eu continuasse a fic.
Segundo, só tenho a agradecer por vocês continuarão lendo Darkness. Essa semana mesmo eu tinha atualizado a fic, ou repostado o último capitulo, como preferirem.
A ideia está fresca na minha mente agora, então, pretendo continuar escrevendo e postando novos capítulos. Com que frequência? Sinceramente, não posso dizer.
Então, esse capítulo foi confuso, mas para quem não entendeu, é como se eles estivessem tendo um dèjá vú. Uma lembrança do passado enquanto faziam o mesmo, ou algo semelhante no presente.
Um grande, obrigada pelas reviews.
Espero que todos os leitores tenham gostado. ;D
Bgsbgs
Sami
N/b:
Hey people!! E então, estavam com saudades da fic??? Eu estava super curiosa e tenho que dizer que esse capítulo foi do tipo Ual...muitos acontecimentos e revelações. Por mais que neguem, já deu para perceber que tanto o Sasuke quanto a Sakura sabem que existe algo grande que os liga...humm, será que o Sasuke deixará o Yahiko conquistar Escuridão???
Mandem reviews, pleaseeeeee!
Beijos
Bella