CAPÍTULO TREZE - JUNTO COM OS ENFERMOS

"Fazemos ordinariamente mais festa às pessoas que tememos do que àquelas a quem amamos."

(Marquês de Maricá)

            Eu estava muito diferente, meus cabelos estavam com cachos, mas de um jeito bonito e valorizado. Estava com um blush rosa e uma sombra que valorizavam meus olhos que chamavam a atenção pela imensa camada de rímel. Pela primeira vez estava me sentindo bonita.

- Ela não parece uma boneca César? Começou Nathália.

- Faz até mal esconder tanta beleza. Elogiou o cabelereiro.

            Fiquei encabulada com os elogios, sabia também que só seria por uma noite pois depois o feitiço se acabaria. Estava me sentindo como a cinderela neste momente, estava feliz.

- César, ainda são dezesseis horas. O que poderia fazer para que a maquiagem dure até a festa?

            Então ele começou a explicar os retoques e o que poderia fazer para não desgastar a maquiagem. Ensinou-me também como preservar o meu cabelo deste jeito, que era o natural.

- Posso bater uma foto, Manu? Perguntou César.

- Claro disse encabulada.

            Fui até o outro lado do salão onde bateu a foto com a pose que ele me pediu. Após o Flash mostrou-me a que ele considerou melhor, parecia mais mulher.

(...)

            Fui para me deitar ao perceber que estava ardendo em febre e minha mãe me levou ao hospital, o celular começou a tocar direto. Atendi sem animo.

- Alô.

- Alô, amiga. Esta pronta para a festa? Perguntou Nathália.

- Sinto muito, mas acho que eu não vou.

- Por quê?

- Eu estou ardento em febre e meu pai não me deixa sair até eu ficar sã. Tive que ir pro hospital aqui perto.

- Vou dar uma passada ai então, qual é o endereço?

            Começei a explicar o endereço.

- Não desliga que a minha mãe quer falar contigo.

            Percebi gritos e outro pessoa pegar o telefone.

- Alô Manu.

- Alô, dona Felícia.

- Eu queria um favor seu, pode ser?

- Claro.

- Você tem aula de artes no sabado?

- Tenho sim.

- É que minha filha não quer ir, então... você pode tentar convence-la a ir ao curso neste dia?

- Ta bom.

- Então tá, muito obrigada querida. Tchau.

- Tchau.

            Alguém bateu na porta e ao ouvir a minha permissão pode abri-la

- VOCÊ ESTÁ TERRÍVEL. estava berrando.

- Obrigada por avisar.

            Estavamos conversando sobre a possível festa, mas a enfermeira pediu para a Nathália sair. Ao aplicar os remédios pude me sentir melhor, minha febre estava completamente curada.

- A minha manu está curada, obrigada doutora.

- De nada.

            Quando a médica saiu, minha mãe pode conversar comigo.

- Você ainda quer ir a festa filha?

- Quero sim, seria muito injusto se o James não fosse por minha causa.

            Minha mãe saiu e quando voltou a sala ficou cheia. Ao meu lado estavam James, meus pais, Nathália e a Felícia que parecia uma velha amiga da minha progenitora.

- Você quer ir mesmo? Porque senão eu posso ficar em casa, não tem problema. James parecia preoculpado.

 - Claro que vamos. Respondi com um sorriso no rosto.

(...)

            Estava em casa me arrumando, aliás, Nathália estava fazendo isso por mim. Meu cabelo não estava mais desarrumado e eu já estava vestida para enfim poder ir a festa.

            Fui acompanhada de James, Nathália e Cadu - o par e irmão dela - até o carro e as horas demoravam a passar pelo meu nervosismo.

(...)

            A festa estava ótima e os três já haviam se distanciado de mim, quando me sentei a mesa Fabio estava no palco se arrumando para algum tipo de discurso.

- Agora que a minha convidada especial chegou, podemos começar com a atração principal. Começou.

            Algo me dizia que eu seria o alvo, e não é que eu estava certa?

- Manu, pode se diregir até o palco por favor?

            Quando me levantei ele ficou surpreso ao se deparar com a minha aparência, mas ao contrário dele eu estava assustada de um modo estranho.

- Agora que ela subiu poderei começar. Reservamos um prêmio para esta noite especial.

            O telão ligou e começou a passar vídeos de quando eu estava trancada no banheiro, de todos os tombos e das conversas comigo mesma.

- Agora poderei dizer, o prêmio de maior lezada/retardada do ano vai para você Manu Toledo. De TODOS os jogadores do time de futsal.

            Lembrei-me de algo quando ele deu enfasê a todos, Matthew também fazia parte deste time. Ele era como todos e só estava comigo para depois me humilhar. Não esperei o resto do discurso e fui em direção a multidão a procura do que se tornou a pior decepção para mim.