Os dois ficaram se encarando por alguns segundos.

• Isto não estava dentro do protocolo.

• Creio que não – ele sorriu, e Elenor gostou desse sorriso, era doce e calmo – Eu não conseguia dormir.

• Tampouco eu – respondeu, notando que os olhos de Louis eram azuis, de um tom profundo – E gosto de olhar a chuva...

  Ele mirou o tempo, as gotas que caiam pesadamente, o vento fazendo os cabelos de ambos flutuarem ao redor do rosto.

• Eu também, meu quarto no mosteiro era em uma torre, era incrível ver as tempestades...

  Elenor notou uma certa melancolia na frase, e os olhos de Louis perderam o foco, como se estivessem muito longe dali. Será que ele queria estar novamente no mosteiro?

• Posso notar que gostava de lá – comentou, retirando os cabelos do rosto. Ah, se houvesse um modo de deixá-los mais curtos...

• Sim, sinto falta da tranquilidade, Paris é muito agitada. E como deve saber, meu destino não era ser rei, e sim de meu falecido irmão. Portanto, minha educação foi sempre mantida no caminho eclesiástico. Foi talvez...um pouco chocante ter de sair desse caminho pra governar a França.

• Eu posso entender – comentou Elenor, tristemente, lembrando do ar de verão, e das primaveras cheias de esplendor e flores de Aquitânia.

• Tenho certeza que sim – disse Louis, entendendo que Elenor estava saudosa de seu lar – É difícil sair do lugar onde você foi feliz por tanto tempo.

  Elenor ergueu os olhos e sorriu pra ele.

• Sim, de fato. Mas creio que a França me fará feliz também, acredito nisso – estava sendo sincera, suas palavras equivaliam aos seus sentimentos de esperança de que tudo que seu pai planejara, era para ser melhor.

• Tenho certeza de que isso ocorrerá, madame Elenor – ele fez uma curvatura, e deu um sorriso de lábios agradável – Eu devo voltar ao meu quarto, amanhã teremos um longo dia.

• Sim, teremos, alteza – ela retribuiu a curvatura e sorriu também, enquanto Louis observava seu rosto atentamente e depois se retirava, calmamente.

  Elenor ouviu uma frase antes dele sumir completamente. Foi dita baixinho, mas o vento a carregou aos seus ouvidos.

• Meu pai com certeza sabia o que estava fazendo... - e então a voz dele sumiu no ar e no escuro, assim como a chama da vela que segurava.

  Elenor ficou olhando o ponto onde ele desaparecera, sem entender se o comentário fora bom agouro ou não....

Luís, O jovem, e Elenor, Duquesa de Aquitânia, casaram-se em Bordéus, e essa união beneficiou ambos os lados, estabilizando a fragilidade das fronteiras do ducado, evitando ataques, e também ampliando os territórios da França.

Elenor e Luís tiveram sua primeira filha, Marie, no segundo ano de casamento.