Rachel Berry e Quinn Fabray. Elas nunca haviam sido realmente apresentadas. Não que isso fosse necessário. A fama de ambas corria pelo colégio. A primeira era conhecida por ser a garota judia que tinha dois pais gays. Além disso, sua fama também era a de ser extremamente irritante, intrometida e mandona. Para coroar seu péssimo conceito, ela ainda pertencia ao Glee Club. Estava na base da pirâmide social do ensino médio, sendo pisada por todo o resto do colégio. A segunda garota, pelo contrário, estava no topo. Não só era dona de uma beleza estonteante, como era a chefe das lideres de torcida, namorava o astro do futebol e, a despeito do que falavam sobre ela, era uma ótima aluna e chefe do clube do celibato (e a única ali que realmente respeitava o juramento, diga-se de passagem).

A primeira coisa que pareceu ligar as duas garotas, no início, foi um garoto. Finn Hudson. Por causa dele, Rachel foi capaz de um feito incrível. A garota perdedora do Glee Club conseguiu se equiparar a Quinn Fabray. Ao descobrir que ele namorava a líder de torcida, ela começou com uma espécie de obsessão por ela. De alguma forma doentia, queria ser como ela. O que a fez entrar pro clube do celibato, inclusive.

Tal obsessão, aliado ao fato de que Finn parecia realmente retribuir os sentimentos de Rachel, assustaram Quinn, levando-a tomar medidas desesperadas. Como se juntar ao Glee Club.

As duas, então, passaram a conviver quase diariamente, sem trocar muitas palavras. Disputavam silenciosamente o tempo todo. Eram como inimigas não declaradas. Mas o tempo se encarregou disso. Tanto que a primeira conversa que tiveram, incrivelmente, foi bem amena. Ok, não tão amena assim. Trocaram algumas farpas e o assunto em questão era tenso, mas conseguiram, de alguma forma, se acertar.

A iniciativa da conversa partiu de Rachel. Ela assumia pra si mesma que, ao saber da gravidez da outra, só o que conseguiu sentir foi um ódio imenso, seu coração sendo partido ao meio. Quinn esperava um bebê do homem que ela amava. Pra Rachel, aquilo era o fim. Poderiam até ter competido, mas como ganhar disso? Como competir com algo tão.. forte e eterno, como um filho?

Então, tentou guardar para si mesma todo o amor que sentia por Finn. Não podia e não deveria tentar concorrer com Quinn nesse momento. E, passado o primeiro momento, em que tudo o que conseguiu sentir foi raiva, decepção, tristeza.. Passou a observar Quinn. O jeito como a garota parecia estar sempre prestes a chorar. A forma como ela se recolhia na multidão, parecendo extremamente envergonhada da sua situação. Até que ela parou de freqüentar o Glee. E Rachel, estranhamente, sentiu falta dela. Alegando pra si mesma e pro resto do grupo que eles precisavam de Quinn para as apresentações das seletivas, ela foi atrás da loira.

E essa foi a primeira conversa de verdade que tiveram. Aonde Rachel deixou bem claro “Eu não odeio você.”. Foi a deixa para que toda a tensão inicial diminuísse. É claro que não odiar não iria significar que se gostassem. Ou que fossem ser amigas. E Quinn achou melhor frisar isso para a outra. “Eu iria torturar você, se a situação fosse ao contrário, você sabe disso, né?”

De qualquer forma, foi assim que a coisa toda começou. E a estranha relação que se iniciou após isso ocasionalmente surpreendia a todos. Inclusive a elas mesmas.