Foi na Árvore de Natal escrita por Nikai


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

É uma prenda de Natal para a AnaFilipa!!

Espero que ela goste!!! Kisu****



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Não sei se foi por obra do Destino, de Deus ou uma mera coincidência… mas se foi por obra do Destino amaldiço-o por nos ter separado outra vez, se foi Deus… agradeço-lhe por ter permitido vermo-nos novamente, se foi uma mera concidência… não. Não foi uma mera coincidência.

Naquela altura… naquele Natal… O mundo estava destruído… A paz não existia… E a guerra… não acabava. Era assim… há muito tempo. E foi assim… naquele Natal, há muitos anos atrás.

Sabes uma coisa… Shikamaru… Apesar do tempo que passou… Ainda te amo.

***

O mundo estava em guerra há 30 anos. Todos os rapazes que faziam dezoito anos eram obrigados a entrar numa academia militar onde aprenderiam a usar qualquer tipo de armas, a lutar, a matar e a sobreviver. Ficavam lá durante cinco semanas e depois… partiriam… para a guerra… caminhando ao lado da morte. Tinham um dia para se despedirem das suas famílias e depois…

Não conseguia parar as minhas lágrimas, naquele dia. Todos os meus amigos iam-se embora… Ficaria sozinha. Todas nós.

Estavamos no aeroporto a despedirmo-nos de todos os nossos amigos.

- Não se preocupem!! Não tarda estamos cá outra vez!! – Era Naruto. Sorridente como sempre, confiante como sempre, mas… notava-se no tom de voz que… não acreditava no que dizia.

- Exacto. O Naruto tem razão. Hinata, prometo que vou voltar! Por isso… - Hinata era a que devia de estar a sofrer mais. Neji era o seu primo, mas… consideravam-se como irmãos. E Naruto… era a pessoa que ela mais amava. Ela era a mais sensível. Perder duas pessoas de uma só vez é… não há palavras que expliquem o que isso significa. No entanto, ela sorria. - Por isso, continua a sorrir! – Completou Naruto.

- Hum! – Hinata abraçou ambos. Tremia. Tinha medo. Queria chorar, mas… não o faria. Não enquanto… eles estivessem à sua frente.

- Bem…  É agora que nos separamos. – Disse Gaara ainda abraçado a Ino, que chorava nos seus braços. Não o largava. Não o queria. Não o faria.

“Sabako no Gaara. Uzumaki Naruto. Hyuuga Neji. Uchiha Sasuke. Nara Shikamaru, Isui Taku…”

E a lista de nomes continuou. Todos olhavam para os altifalantes do aeroporto, na esperança de que não chamassem o nome. Mas… sabia-se que isso era impossível.

- Isto… não é uma despedida, Temari. – Disse-me ele.´

- Eu sei… - Não conseguia olhá-lo nos olhos.  – Quero dizer-te uma coisa… antes de ires. – Não podia deixá-lo ir sem lhe dizer o que sentia. Ele tinha que saber… Ele tinha que ter uma razão para voltar…

- O que foi? – Ele sorriu. Naquele momento perguntei-me se seria a última vez que o veria sorrir… E nesse momento… percebi e depois… sorri.

- O que tenho para te dizer… é importante. Por isso… - Segurei as lágrimas, aprisionando-as nos meus olhos. E encarei o seu olhar. – Por isso… só te direi quando voltares, portanto… Vive, está bem?

- Hum. É uma promessa. – Ele manteve o seu sorriso. Pensei que me ia chamar de problemática ou algo do género. Mas…

Não houve tempo para mais nada. Sakura e Tenten tiveram que segurar na Ino para que ela soltasse Gaara. Vi nos olhos dele as lágrimas. Lutava com o seu interior para que não caíssem. Não à frente dela. Ino chorava e gritava pelo seu nome, enquanto os cinco e outros tantos condenados ao mesmo destino encaminhavam-se à porta que se abria para o avião militar.

1…

2…

3…

4…

5…

6…

7…

8…

O meu “eu” interior contava os segundos que passavam. Fiquei sem ele e sem o meu irmão. O ano passado… foi Kankuro. Este ano… Imagino como… será de agora em diante. Muitos choravam e gritavam. Assim que todos eles passaram aquela porta e a mesma se fechou, Hinata caiu em desespero. Sakura e Tenten… abraçavam Ino… Depois… o som dos lamentos, das lágrimas, do medo, do desespero estavam ao meu redor. As famílias… os amigos… de todos os que haviam partido… choravam.

- De certeza que… - Falei, olhando a porta. Reparei que todas elas olharam para mim: Hinata, Ino, Tenten e Sakura. – voltarão. Sãos e salvos. – A única coisa que fiz depois foi… sorrir.

-Tens razão, Temari! – Exclamou Sakura sorrindo na minha direcção. Olhámo-nos. A esperança conquistara o coração de Tenten. Ino e Hinata… apenas sorriram.

Não íamos desistir. Enquanto eles lutavam arriscando a vida pela pátria, nós… lutariamos pelo fim da guerra.

Seis anos passaram desde então. Continuamos com a nossa vida… As noites em que soava o alarme de um ataque do inimigo tornaram-se cada vez menos espaçadas no tempo. Muitas foram as vezes em que corri para um abrigo subterrâneo. Muitas foram as vezes que temi pela minha vida. Muitas foram as vezes em que pensei no Shikamaru… Se eu temia por um possível ataque… ele temia… Não sei. Não sou capaz de pensar o medo que ele sentia quando via alguém a apontar-lhe uma arma. Há três anos… dois homens do governo bateram à porta de casa. Qual deles? Qual… dos meus irmãos morrera?

- Morreu como um herói, Temari-san. – Disse-me um deles. – Salvou trinta dos seus camaradas. – Estava sério. Não deixei… que as lágrimas caíssem.

- Aqui tem os seus pertences, Temari-san. Lamento a sua perda. – Entregaram-me uma caixa. Olhei para os homens e fiz uma pequena vénia.

- Obrigada. – Fechei a porta e esperei que eles se fossem embora. Encostei-me à porta, deixando-me cair no chão e chorei. Sabaku no Kankuro era o que estava escrito na caixa. O corpo viria uns dias depois.

Pouco depois… Um outro militar do governo apareceu na casa da Hinata. Avisou-a que Neji estava desaparecido. Quando ele e o batalhão ao qual pertencia estavam à procura de sobreviventes civís e de inimigos num edifício quando este explodiu. Não fora único a desaparecer. Não sabiam se estavam vivos ou se estavam mortos. Não sabiam se tinham fugido à guerra ou se os seus corpos foram carbonizados. Não sei o que é melhor: saber ou não saber. Quando soube da morte de Kankuro fiquei de certo modo alíviada… Mas… Hinata não ficara assim. Ficou inquieta… ficou…

Se uma pessoa morre, apenas morre. Não há nada que possamos esperar depois de saber isso… Mas… se uma pessoa está desaparecida… podemos ter esperança. Podemos pensar que está bem e que em pouco tempo estará ao nosso lado. Hinata e Tenten preferiram pensar desse modo.

Sasuke, Naruto, Shikamaru e Gaara… não sabíamos nada. Não mandavam cartas. Era proíbido a utilização da Internet pelo que apenas esperavamos cartas.

Sakura e a mão de Sakura, Mikoto, tornaram-se próximas. Uchiha Sasuke, Uchiha Itachi e Uchiha Fugako haviam partido.

Agora… neste momento, estou com Sakura, no funeral de Mikoto. Morrera de desgosto ao saber que o seu marido e o seu filho, Itachi, haviam morrido. Não conseguiram trazer o corpo de Itachi.

- Pergunto-me… quem avisarão quando o Sasu…

- Não avisarão, Sakura. – Disse-lhe. – O Sasuke não vai morrer.

- Mas pode-lhe acontecer o mesmo que aconteceu ao Neji. Já se passaram três anos desde o desaparecimento dele. Ainda não o encontraram.

- Ele vai aparecer por si mesmo. – Falou Tenten que aparecera por trás de nós. – Tenho a certeza.

E assim… continuamos. Todos os dias esperavamos por notícias. Mas não as tinhamos…

O Natal aproximava-se, mas o seu significado… não era o mesmo. Já não era um dia de alegria, paz, esperança e amor. Para mim e para a maior parte da população não significava nada. Já não o celebravamos. Já não trocavamos prendas. Já não havia familias que se reuniam, riam e divertiam-se à volta do pinheiro enfeitado. Eram tristes e solitários.

Aquele Natal não ia ser diferente. Ficaria em casa, com a telivisão ligada a dar um filme qualquer, sentada no sofá com uma manta nas minhas pernas e a comer… talvez… pipocas. Era o que eu tinha pensado fazer. O filme não era muito interessante. Contava a história de uma adolescente num colégio interno. Olhei para o relógio: onze e meia.

Mais um dia que passa… pensei. E logo a seguir o meu telemóvel tocou. Era uma mensagem.

Estranhei, pois o número era… desconhecido. “ Vai ter à árvore de Natal no centro da cidade, à meia-noite. É importante.”

Não deveria ser para mim. Quem é que poderia ser… deveriam ter assinado ou algo de género, mas… Algo me dizia que era para mim. Liguei para aquele número mas ninguém atendera. Fui-me vestir e pentear o cabelo.

Assim, saí de casa e corri o mais que pude para o centro. A neve na rua não ajudava. A árvore de Natal que estava lá deveria ser a única na cidade. Eu já não fazia a árvore, nem a Hinata ou a Sakura. Pelo que sei… Ino também não fazia e como Tenten passou a viver com a Hinata…

Quando lá cheguei… a rua estava vazia. Apenas via a iluminação da árvore. Por momentos perdi-me nas recordações ao olhar a árvore de Natal. Nem me apercebi quando começou a nevar. Mas… era muito lindo.

Ao fundo da rua, chegava um camião. Parou na rua e um homem saiu dele. Tinha um boné vermelho na cabeça e fez questão de baixá-lo de modo a tapar a cara. Vi que o seu cabelo era loiro. Um outro homem saiu de lá. Também tinha o boné e fez o mesmo gesto que o outro. E o seu cabelo… era… negro. Negro como ónix. Era o que Sakura dizia do cabelo de Sasuke. Abriram a porta do camião e de lá tirou um pacote. Era grande. Assim que o pousaram no chão, arrastaram-no até à árvore, perto de mim. Não sei se foi imaginação minha ou se aconteceu na realidado, mas… o primeiro homem que saiu, o loiro, sorriu de canto para mim. Viraram costas, voltaram a entrar no camião. Partiram.

Fiquei a observar o pacote. Dizia frágil e urgente. Os sinos de uma igreja ali perto assinalaram a meia-noite. Como por… não sei… apenas sei que me aproximei do pacote e comecei a tirar a fita-cola que o fechava.

Não pude evitar não chorar perante aquela situação. Ao vê-lo… a sorrir para mim. Ao ver… Shikamaru estava lá. Saira de repente do pacote, assim que eu tirei a fita-cola. Sorria… Levei as minhas mão à boca, incrédula com o que estava a ver. Era impossível ele estar ali. Toquei-lhe no braço para ter a certeza de que enão estava a sonhar. Eu toquei-lhe e ele tocou-me… na cara. Abraçei-o como nunca o fiz antes e… chorei. Não de tristeza, mas de felicidade. Ele estava vivo. Estava bem. Sorria como sempre o fizera.

- Feliz Natal… Temari… - Era ele. Era a voz dele. Não estava morto. Estava ali.

- O que é que… como podes estar… porque… - Não sabia o que havia de perguntar primeiro… - Isto… não é um sonho pois não?!

- Não. É a realidade, Temari. – Sorriu. – Podes… dizer-me o que me querias dizer?

- Amo-te! – A minha voz saiu sem que eu lhe mandasse. Actuou por si mesma. – Amo-te! – Outra vez… não conseguia parar…

- Eu sei. – Foi a única coisa que disse. Depois sorriu. Senti uma das suas mãos a tocar-me na cabeça… a empurrá-la para ele… senti os seus lábios nos meus. Senti o meu coração… o dele… senti… a felicidade que tanto me fazia falta… senti algo… que muitos gostariam de sentir. Não queria que aquele momento acabasse. Só desejei que o tempo parasse. Que o finito se tornasse o infinito. Que…

- Eu vim… porque… não sei se puderei voltar. – Ele disse, ficando sério.

- O quê?! O que…

- Shiuu… Não sei o que vai acontecer daqui para a frente. Mas prometo-te, Temari, que esta guerra vai acabar! – não estava a perceber nada do que ele estava a dizer. Ele estava sério e parecia preocupado. – Sabemos que prometemos que voltaríamos, mas… Acho que não vamos puder cumprir essa promessa.

- O quê?! Porquê?

- Quero que saibas… que te amo… sempre o fiz, Temari. E que… aconteça o que acontecer… estarei sempre ao teu lado… no teu coração… e nas tuas recordações. Viverei nelas, Temari. – Depois abraçou-me fortemente. Ficamos assim durante horas.

Passeamos um pouco pela cidade, com a neve a cair sobre nós. Contei-lhe tudo o que tinha acontecido naqueles últimos anos. Rímo-nos… Abraçamo-nos… Beijamo-nos…

A noite estava gelada… mas isso… não interessava nada. Eu estava com ele. Não me explicou nada… Não falamos sobre a guerra… nem sobre o resto do mundo. Eramos só nós os dois. Eu e ele… Pedi que Deus ou Destino ou qualquer coisa o deixasse ficar… para o resto da vida… ou que aquela noite… não acabasse nunca.

***

Só quando o sol nasceu é que ele foi embora, entrando no camião que o trouxe. Fiquei a vê-lo partir enquanto o sol iluminava o centro. Horas depois recebi uma chamada da Sakura a dizer que tinha visto Sasuke no seu quarto pouco antes de amanhecer. Mas não pode falar com ele, porque ele saiu de lá, mal percebeu que ela estava acordada. Perguntou-me se tinha sonhado.

- Acho que não… Sakura.

Hinata disse que na noite de consoada tinha visto Naruto a passar-lhe pela casa, mas… achava que era apenas a sua imaginação. Não lhes disse nada sobre o Shikamaru.

Passaram-se dois anos, depois de isso. A guerra… acabara, tal como Shikamaru disse. Acabara graças a cinco homens. A cinco soldados. A cinco heróis. Os cinco contruíram um plano para acabar com a guerra. É claro que ainda se fazem muitos tratados de paz e ainda se vêm alguns conflitos. Mas muitos homens voltaram para casa, para as suas famílias.

Depois de terem realizado esse plano… esses homens… desapareceram.

Agora… tudo mudou. O mundo. As pessoas. O Natal… Por vezes , penso… não. Acredito que os homens que vinham no camião eram o Naruto e o Sasuke. Vieram porque sabiam que… queriam vê-las uma última vez. Sabiam que… esse plano… não os deixaria vivos, tal como Shikamaru. Cada um escolheu a sua forma de nos ver… e de se despedir.

Neji e Gaara…  não sei se apareceram ou não… E se não vieram foi… sabiam que iam viver… Mas… também desapareceram

Não sei o que aconteceu… não sei se estão vivos… se estão mortos ou presos… Mas olho para o céu e vejo que o sol está a brilhar de novo na minha vida. E isso… dá-me esperança. Não só a mim… Como a todas nós.

Tenho trinta anos. A guerra acabou à quatro anos. E os nomes dos homens que trouxeram esse final estão gravados na memória de todos os que sofreram: Uzumaki Naruto, Hyuuga Neji, Sabako no Gaara, Uchiha Sasuke e Nara Shikamaru.

Onde estão? Estarão bem? Poderemos vê-los outra vez? Poderei… ver o Shikamaru algures…? Quem sabe… Mas creio que sim… Procurá-lo-ei.

Existem dois tipos de futuro: Um futuro brilhante e um futuro sombrio. Mas… mesmo que o futuro nos aguarda seja sombrio… não me irei preocupar. A esperança existe nesse futuro. A esperança existe em ambos os futuros. Além disso… o futuro é algo que é constantemente mudado pela nossa esperança.

***

Temari parou de escrever, pois ouviu a campaínha. Espreitou pela janela, antes de abrir a porta. À porta de casa estava um camião, e no portão estava um homen de boné vermelho. Viu-o sorrir. O seu cabelo… era castanho.

Fim.


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