Bacharel e licenciado em filosofia pela PUC-SP, 1966; Doutor em filosofia da educação pela PUC-SP, 1971; Livre-docente em história da educação, pela UNICAMP, 1986; Professor titular da Universidade Federal de São Carlos-UFSC, EM 1975; Professor titular da PUC-SP, EM 1979; Demerval Saviani é autor de livros da maior relevância como ‘Educação Brasileira: estrutura e sistema’, ‘Educação: do senso comum à consciência filosófica’, ‘Escola e Democracia’, ‘Ensino Público e algumas Falas sobre Universidade’ ‘Política e educação no Brasil’, Pedagogia Histórico-crítica’ entre outros, que retratam a busca do autor por alternativas à pedagogia na perspectiva de aprofundar as discussões dessas teorias, detectando seus limites e buscando sua superação, abordando a pedagogia de forma esclarecedora e rica, desencadeando estudos aprofundados sobre a educação, política, história da educação, dono de frases de importância como “política e educação são faces opostas de uma mesma moeda” e oferecendo importantes contribuições e reflexões sobre a relação entre as discussões teórico-metodológicas na história e a forma como podem ser utilizadas para o enriquecimento da história na educação.

Saviani defende que a educação brasileira se resume em uma palavra: precariedade, salientando com isso as condições de funcionamento da escola, sob o aspecto pedagógico, a formação dos professores, onde ele crê que a formação docente reza que preparar o professor pra sala de aula é simplificar e reduzir currículos, em cursos de curta duração, deixando em déficit a preocupação com a fundamentação teórica, buscando formar professores capazes de enfrentar a sala de aula com custos reduzidos, ora o professor que precisamos necessita ter uma sólida cultura, suas condições de trabalho e de remuneração, a situação de vida precária da maioria dos alunos, e menciona um atraso histórico em que nos encontramos, apresenta o desafio financeiro como um dos principais para a educação brasileira atual: “a falta de investimento na educação está mantendo a maioria da juventude excluída da atual sociedade do conhecimento", e alega a emergência de se eleger a educação como máxima prioridade como eixo do desenvolvimento social. “O grande problema do ensino superior é que o Estado deixou de assumi-lo como prioridade”.

Demerval Saviani acredita que uma explicação possível para o resultado pífio das estaduais esteja no que chamou de "inclusão excludente", gerada pela "progressão continuada".

"Incluiu-se o aluno na escola, sem dar a ele o domínio de conteúdos elementares." Segundo Saviani, "houve um esforço para melhorar as estatísticas, e não o ensino".

Ele explica: até 1998, 98% dos alunos tinham acesso ao ensino fundamental. Mas pouco mais da metade conseguia formar-se na 8ª série. No início dos anos 90, cerca de 1,5 milhão de alunos eram expulsos ou fracassavam na escola por ano.

Saviani, que não é contrário à "progressão continuada", diz, porém, que o que se fez "foi tentar resolver o drama da evasão e da repetência com uma canetada, sem dotar a escola de instrumentos para garantir que o aluno com dificuldade pudesse resolver esse atraso, com aulas de reforço, por exemplo".

O resultado da progressão continuada é o que está aí: alunos saem da 8ª série mal sabendo ler e escrever e entram no ensino médio sem condições de acompanhar as aulas por absoluta falta de conhecimentos básicos.

Dermeval Saviani demonstra que o pensamento pedagógico brasileiro encontra-se vinculado ao pensamento pedagógico contemporâneo. A obra de Dermeval Saviani é tida como sendo dotada de um marco referencial que expressa uma convergência para o estudo da especificidade da educação, a partir das interações do seu pensamento com as outras tendências e correntes pedagógicas.

Reflete sobre o significado da idéia de inovação nas concepções de educação que distingue e denomina na concepção humanista tradicional; na concepção humanista moderna; na concepção analítica e na concepção dialética. Distingue quatro noções de inovação em educação, cujas propostas iriam desde retoques superficiais nos métodos de educação, defendidas pelos partidários da concepção humanista tradicional, passando por uma substancial alteração nos métodos, de acordo com a concepção humanista moderna da educação, como pela utilização de outros meios que se acrescentariam, comporiam ou substituiriam os meios convencionais, conforme o ponto de vista analítico, até a alteração das próprias finalidades da educação, de acordo com a concepção dialética. Assinala que a última posição, correspondente a um quarto nível da idéia de inovação, ultrapassaria o significado contido na palavra inovação, pois intentaria colocar a educação a serviço da revolução social.