Em Suas Mãos... escrita por Ninah Alves, Kriss Black


Capítulo 1
Em suas mãos...




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O dia mal tinha amanhecido e ela já sentia as contrações se propagar por todo o seu corpo. A pequena criança pedia para vir ao mundo, mas aquele momento não era oportuno. A noite anterior havia nevado muito e as ruas estavam encobertas por neve e o carros atolados. Estava impossível até abrir a porta para sair, sem que uma avalanche entrasse casa adentro.

Sentido fortes cólicas Bella se levantou da cama calçando as pantufas que aqueceriam seus pés e se enrolando no seu roupão macio. Quase em câmera lenta e segurando a barriga que pesava e jogava seu corpo para frente ela conseguiu alcançar o banheiro.

Ela estava sem cor na face e os lábios estavam arroxeados. A morena agarrou a pia a iminência de uma nova contração e prendeu a respiração para não gritar. Não tinha certeza se seus pais estavam em casa e se estivesses não queria a ajuda deles!

Aquela gravidez era desejada somente por ela e parecia que seus pais e nada, era a mesma coisa.

Bella era rejeitada e tratada como se não tivesse grávida ao fazer os deveres domésticos. Era humilhada verbalmente todos os dias pela mãe por ter fugido de casa e casado com um homem não escolhido por ela e seu pai e nunca participava dos eventos da família. Era como se Isabella Marie Swan, a filha desejada, educada e culta dos Swan não existisse mais... Era como se no ato dela fugir por amor para se casar com um estrangeiro ela tivesse morrido, se suicidado...

- Porque senhor, por que...? – as lágrimas já desciam desordenadamente por sua face. – Jake... Preciso de você! Porque me deixou, porque morreu...? – lembrar do acidente trágico que seu marido sofreu logo após quase quatro anos de casados a fez contrair mais o corpo.

Não era culpa de ela ter se apaixonado e não era culpa dela descobrir sua gravidez logo após a morte do marido!

Bella sorriu triste ao se lembrar do último pedido que o marido fez, que na noite ela achou sem nexo. Jacob pediu para ela ser forte! Assim como sempre foi ao largar tudo para viver com ele e também pediu para que ela nunca desistisse dos seus sonhos e que não deixasse ninguém vir a atrapalhá-los.

A morena enrugou a face ao escutar isso, mas nada disse. Jacob tinha uns rompantes muitas das vezes e falava frases que pareciam dignas de um filósofo. Bella adorava isso!

Mas quando ele morreu, tudo voltou a estaca zero. A família de Bella foi chamada as pressas para cuidar dela, pois ela não podia ficar sozinha dentro de casa já que estava traumatizada e muito machucada com o acidente de carro e então tudo virou uma tormenta na vida dela.

Os pais de Bella a induziram a vender a casa que tinha com Jacob. Na época eles alegaram que seria melhor todos viverem juntos, já que Bella não trabalhava. Ela simplesmente acreditou que seus pais a tinham aceitado novamente. Acreditou que todo aquele afastamento que eles mantiveram desde que casou eram ciúmes tolos. Mas ela estava muito enganada!

Os Swan começaram a manter a filha em cárcere privado e depois do diagnostico que Bella estava grávida, eles até tentaram fazer com que ela abortasse. Tudo por que Jacob Black era descente de índios e isso era um vexame para a família Swan.

O preconceito pairava sobre aquela família que há décadas preferiam casar os filhos entre primos, do que ter que entregar a mão deles a alguém que mal conheciam e que não eram de família nobre.

- Não, não, não... – dessa vez Bella gritou e foi ao chão frio do banheiro. Ela já sentia as pernas úmidas. – Oh meu Deus! – tremia desesperada. – Não faça isso comigo bebê, não agora! – pedia. – Alguém, por favor... – Bella gritava. Quem sabe alguns dos muitos empregados que tinham na fazenda não a ajudava? – Alguém... – sua voz ia morrendo ao sentir mais dores.

Mas ninguém ainda tinha chegado para trabalhar. Nenhum dos sete empregados que os Swan tinham a disposição! A nevasca que abarcou violentamente a cidade tinha tornado impossível o acesso as fazendas. As estradas estavam com deslizamentos de terras e muita neve, sem contar que até andar estava difícil já que corria o risco de ficar preso na neve e morrer de hipotermia.

Bella após vestir algo pra amenizar o frio, um vestido longo e quente, pois não agüentaria vestir uma calça ou algo que apertasse seu ventre, desceu as escadas com dificuldade, às contrações haviam dado um tempo, sentia apenas o desconforto crescente, sussurrava palavras para acalmar o bebê, como se pudesse segurá-lo por mais tempo ali, assim que chegou a sala pode ver que realmente ninguém havia conseguido chegar até a fazenda, viu através da janela próxima que a neve continuava a cair lá fora, mas com menos intensidade que na noite anterior, respirou fundo e vestiu um casaco grosso e suas botas, ao sair na varanda.

Um vento frio balançou seus longos cabelos castanhos e feriu sua pele sensível. Sentiu outra contração chegando e sentou na escada, não pode conter o grito de dor, as lágrimas já manchavam outra vez seu rosto. Com os olhos fechados sentiu seu cachorro sentar próximo aos seus pés e choramingar conforme os gritos dela. Era impressionante como ele podia sentir a dor dela.

Havia ganhado ele de Jacob um pouco antes do acidente e ele era seu grande companheiro, foi difícil convencer seus pais para que ele ficasse, mas conseguiu após prometer que eles nem veriam o animal e assim fazia e parecia que Companheiro sabia disso, pois sempre que Renée ou Charlie caminhavam pela propriedade o cão sumia e só voltava quando Bella o chamava. Era fácil dele se esconder no inverno, pois era alvo como a neve, tinha uma imensa mancha negra nos olhos destacando ainda mais seus belos olhinhos azuis, enfim ele era um lindo Husky Siberiano e Bella tinha um amor imenso por ele. Era bom ter algo que foi dela e de Jacob. Agora teria muito mais que um cachorro com ele, teria um lindo filho, já podia imaginar o rostinho vermelho da criança que esperava e podia apostar que teria olhos tão negros quanto os do pai.

Ao notar que as contrações cessaram, Bella conseguiu se levantar e desesperada olhou ao seu redor procurando algo que conseguisse chegar rápida à porteira da fazenda. Tinha medo de ter outra contração enquanto andava, escutou o latido na lateral da casa e foi ver o que era, sorriu ao ver Companheiro correndo ao redor de um mini trator.

- Bom garoto! – disse acariciando a cabeça do animal.

Sem pensar duas vezes subiu nele e agradeceu aos céus quando ele ligou, certamente se seu pai tivesse visto aquele trator ali, teria demitido o funcionário encarregado. Guiou o veículo com mais cuidado que conseguiu, havia dirigido um quando era adolescente, mas nunca teve muito jeito com essas coisas, tentava respirar normalmente quando as contrações vinham em doses menores, à porteira era distante da casa e demorou mais do que esperava para chegar, desceu do trator e sentiu mais uma dose de dor forte, sentia que não agüentaria por muito tempo aquilo.

Precisa de ajuda, urgentemente!

- Calma meu amor, vamos encontrar alguém! – falava na tentativa de chegar à estrada.

A neve estava muito densa e formava uma camada grossa sobre a terra, a cada passo seus pés afundavam mais, estava exausta e ficou presa ao tentar andar mais um pouco.

– Ai meu Deus, e agora? – exclamou ao ver quanto mais se mexia mais afundava na neve.

Companheiro corria de um lado para o outro inquieto ao ver o desespero da sua dona. O cão se abaixou próximo a Bella e deu-lhe o pescoço, ela demorou um pouco a entender o que se passava com ele e ao ver a coleira que Companheiro lhe mostrava, ela segurou firme e o cão a começou a puxar.

Usando de toda força que conseguiu reunir ela segurava com firmeza a coleira e quando se viu fora da neve, desabou exausta.  Suas pernas não a obedeciam mais e seu corpo já começava a perceber os primeiros sintomas de uma possível hipotermia.

Companheiro começou a choramingar ao ouvido de Bella e a lambeu a face quando ela virou de lado e agarrou com demasiada força a barriga. Ela sentia cada vez mais o seu bebê descer.

As contrações tinham voltado e dessa vez ela sabia que seria difícil resistir a elas. O feto remexia em seu ventre pedindo para sair... Se sentido sufocado. E Bella parecia sufocar junto!

- Não – gritou.  – Companheiro ache alguém! – pedia para o cachorro, mas duvidava se ele atendesse o seu pedido.

Na mesma hora o cão soltou um uivo ensurdecedor fazendo Bella morder os lábios e saiu em disparada deixando-a sozinha.

Fechou os olhos e começou a orar em silêncio. Sua respiração oscilava cada vez mais. Não conseguiria se manter acordada por muito tempo! Suas pálpebras já fechavam e o suor frio escorria por suas costas.

Ao longe ouviu o latido irreconhecível de Companheiro e ergueu a cabeça, mas nada enxergava. Suas vistas já estavam começando a embaçar. Não sentia mais nada... Era como se a paz aos poucos a toma-se. Ouve outro latido de Companheiro, só que dessa vez mais nervoso e desesperado que outrora. E ao se mexer no chão frio para tentar se levantar, ela vê uma máquina de remover neves vindo em sua direção.

- Cachorro idiota! Sai da frente – gritou o homem com o cão que latia e rodeava a máquina.

Bella sentiu a contração mais forte desde aquela manhã e gritou, o homem que havia parado o máquina por conta do cachorro que não saia da sua frente se assustou e correu até o som. Lá, ele viu Bella deitada e com aparência horrível. No primeiro momento, não a reconhece, mas assim que seus olhos se encontraram, seu coração bateu acelerado contra o peito, fazia anos que não a via, nem sabia que ela tinha voltado e muito menos que estava grávida, outro grito o tirou de seus devaneios e abaixou-se próximo a ela.

- Ah não! Você na... – Bella disse ao reconhecer o homem. Era Edward Cullen filho de um dos fazendeiros mais ricos da região, o conhecia e seus irmãos esnobes desde a infância, sempre com aquele nariz empinado, menosprezando os outros se achando os melhores do universo.

Não podia negar que ele era lindo, mas era um hipócrita como todos os outros que a rodeavam. Contorceu-se com mais uma contração e em um impulso nervoso Edward segura uma de suas mãos.

- Acho que você não está em condições de escolher muita coisa! – disse abaixando-se mais e a pegando no colo.

- Me coloca no chão e sai de perto de mim, Cullen! – esbravejou entre dentes.

- Parece que o índio fez um bom serviço com você! – disse com escárnio.

- Não mencione o meu marido! – gritou com ele, ia socá-lo, mas o bebê fez mais pressão em seu ventre.

Edward a colocou sentada no banco da máquina e enquanto dirigia tentava não olhá-la. Abrindo com ferocidade o caminho pela estrada encoberta pela grossa neve.

Sentia raiva, por que tinha que ter saído de casa aquela manhã? Ela gritou e ele acelerou o máximo que pode, doía vê-la sofrendo, sempre nutriu uma paixão por ela, desde crianças. Bella sempre tão delicada e linda, mas tudo mudou quando ela se encantou com o índio que conheceu em umas férias a uma praia próxima.

Bella voltou cheia de ideais e quando sumiu falaram que ela havia ido estudar fora, mas pouco tempo depois descobriu que ela havia se casado com o índio e moravam na tal cidade litorânea. A última vez que soube dela foi quando viu no noticiário o acidente que a cometeu e agora ela estava ao seu lado gritando com as dores do parto e o que ele ia fazer? O máximo que já havia presenciado foi uma égua ou uma vaca parindo.

- Não agüento mais, ele vai nascer! – ela disse entre lágrimas.

Edward ainda estava longe da sua fazenda e viu a poucos metros a antiga casinha de vigilância de suas terras, sabia que lá tinha uma cama, poderia a deixar lá e chamar alguém em sua fazenda, entrou com o carro removedor o mais próximo possível e a carregou de lá.

- O que você está fazendo? – perguntou Bella.

- Preciso deitar você, ou quer ter essa criança nesse frio?! – falou com um pouco mais de carinho que pretendia. Droga Edward já faz anos!

A casa estava em ruínas, mas ainda assim era mais quente que a estrada, puxou a cama um pouco pro meio do lugar e a deitou com cuidado, sentiu a neve cair sobre eles e notou que havia um buraco no teto pelas telhas que faltavam. Bella se contorcia na cama, sentia o rosto úmido e a dor só aumentava a cada minuto.

- Ele vai nascer. – disse entre dentes agarrando com força a gola do casaco do Edward. – Faça alguma coisa seu inútil! – ordenou revirando os olhos.

- Não sou médico Isabella! – retrucou no mesmo tom de voz tentando se soltar, mas ela parecia disposta a não soltá-lo.

- Sabe por que nunca quis ter nada com você? – Ela tentava provoca-lo e Edward enrugou a face. – Porque você é igual a eles! Igual aos meus pais... Um verdadeiro hipócrita e racista! – desabafou.

- Você não sabe o que está falando! Está mal... – a voz de Edward soava tremula.

- Estou grávida Cullen! E o meu filho índio vai nascer, com ou sem a sua ajuda! – disse enquanto apertava mais a roupa dele.

- Qual é o seu problema Isabella?

- Além de estar grávida, morrendo de dores e prestes a dar a luz... Só você! – gritava.

- Vou procurar ajuda! – disse ele nervoso.

- Não... Nós não temos tempo! – arqueou o corpo levando ele junto. – Você vai me ajudar, ele vai nascer... – sua voz ia sumindo.

- Talvez um dos empregados possa...

- NÃO TEMOS TEMPO EDWARD! USE O SEU CURSO DE VETERINÁRIA PARA ALGUMA COISA! – chegava a cuspir tamanha a dor que sentia.

- Nunca consegui concluir meu curso e pouco sabe de mim. Não sou mais aquele moleque que conheceu. Administro e morro sozinho nessa fazenda. Minha família, como você mesma diz, cheio de hipócritas, não dão a mínima para mim... – Bella piscou os olhos diversas vezes e sacudiu a cabeça. Tinha tempo que não sabia nada de Edward, até pensava que a família Cullen tinha desistido das suas terras, mas parecia que ele foi o único que restou.

- Onde estão todos? Todos os Cullen? – ela se esforçava para falar.

- Depois que meu pai morreu, ocorreu a divisão de bens. Eu fiquei com a fazenda... Todos moravam comigo até então. Alice nem tinha entrado para a faculdade - fez uma careta como se aquilo o machucasse. - Mas então eu me apaixonei pela pessoa errada... – a voz dele saia sofrida.

- Por quem? - as contrações haviam dado um pequena tregua e Bella não conseguia conter a curiosidade. 

- Me apaixonei por uma das empregadas da casa. Minha mãe achou aquilo o cúmulo e a mandou embora. Nunca mais a vi desde então... – Bella começou a rir e Edward a encarou furioso. – Está rindo de que?

- Então quer dizer que somos as ovelhas negras das nossas famílias? – Edward começou a rir quando Bella terminou.

- Acho que sim! Mas isso já tem anos e agora eu moro sozin...

- Aiiiiiiiiiii Edward, por favor, faça algo! Vai nascer, vai nascer...

- Bella não sei se posso... – disparou inseguro.

- Não sabe se pode?! Claro que pode! Faça! Eu ordeno! – apontava o indicador na cara dele.

Edward olhou para os lados como se buscasse ajuda, mas não tinha nada e nem ninguém que o pudesse ajudar naquele momento. Companheiro parecia o único tranqüilo deitado a porta da cabana, sentindo o vento gelado da manhã de natal a face.

- Você nem para ajudar! – ralhou Edward com o cão quando ele o olhou e logo voltou a dormir. – Ok. Ok. Bella – voltou a encarar Bella que não o respondia mais. – Bella, por favor, fica comigo – acariciou a face dela com delicadeza e depositou um beijo demorado em sua testa.

Bella acordou assustada com o toque dos lábios quentes de Edward a sua testa e o encarou.

- Não vou deixar que nada aconteça com você e nem com a criança que espera – dizia enquanto a livrava das roupas. – Só peço que fique comigo e não desista nunca dos seus sonhos... – ela sorriu para Edward ao ouvir a frase.

- Me ajude a não desistir deles – Bella já chorava copiosamente.

- Estou com você Isabella. Agora faça força! – pediu abrindo as pernas dela.

- Não consigo – disse choramingando mais.

- Vamos! Quem é que estava agora brigando comigo e ordenado que fizesse o parto?! – ela trincou os dentes e fez força. – Isso – disse ao ver a quantidade de água que saía de dentro dela. – Não desista Bella! Não agora... – a auxiliava fazendo força a sua barriga.

- Não vou desistir – disse soltando logo em seguida um berro. Companheiro levantou assustado e caminhou até onde ela estava com Edward.

- Em algum lugar ele está te vendo! E agora só que você tem que fazer é trazer o fruto de amor de vocês a vida – Edward sussurrava no ouvido dela. – Bella você é mulher mais forte que já conheci – ela sorria meio desorientada. Já não sentia há muito as pernas. Só alguns espasmos que se espalhavam pelo seu ventre e costas. – Faça mais força. Mais força... - ela rangeu os dentes.

~* ~* ~

- Bom dia mamãe – disse Edward ao entrar no quarto que tinha separado para Bella na sua casa. Ele carregava cuidadosamente o filho de Bella.

- Bom dia! – respondeu Bella se ajeitando a cama para sentar.

- Não faça tanto esforço. Vou levá-lo a você – garantiu Edward sentando ao lado dela.

- Ele? – Bella enrugou a face e levou a mão boca de tanta emoção.

- Sim, é um menino. Um lindo, forte e saudável menino – Edward estava encantando com a criança em seus braços que tinha até se esquecido de passá-la a Bella.

- Eu posso? – Bella estendeu os braços, mas achou lindo o zelo que ele estava tendo com o seu filho.

- Claro! – ele passou a criança a ela, que meio sem jeito, o pegou no colo.

- É tão pequeno! Tão frágil – disse mais para si, fitando e gravando cada detalhe daquela dádiva de Deus em seus braços.

- Ele é seu filho Bella, e não, ele não é frágil. Ele é forte igual à mãe – os olhos de Edward não saiam de cima da criança.

- Obrigada por tudo Edward e desculpa alguma coisa que eu tenha falado... Não deveria...

- Shiuuu... – ele a calou com o indicador. – Você estava nervosa e com medo de perder esse pequenino. Não tem o que se desculpar! – Bella só balançou a cabeça em agradecimento.

- Você não existe!

- Eu disse que você não me conhecia! – Bella ficou rubra na hora. – Qual vai ser o nome? Já tem alguma ideia? – perguntou Edward doido para dar palpites.

- Não faço à mínima ideia – entristeceu-se Bella.

- Quem sabe o nome do pai? – palpitou Edward.

- Jacob foi meu grande amor Edward, mas o nosso filho não terá o nome dele. Tudo o que tive com ele agora está guardado aqui – colocou a mão no lado esquerdo do peito. – O carrego comigo, assim como sei que ele me carrega consigo, onde estiver... – já chorava tamanha a emoção. – Só que o nosso filho...

- É outra página da sua vida – vendo que ela não conseguia terminar a frase, Edward fez esse favor por ela.

- Sim. Outra página! – eles se fitaram rindo.

~* ~* ~

- Edward o Arthur pode ver... Isso não é certo! – Bella fugia de Edward que a agarrava por trás na cozinha.

- Arthur está brincando Bella. Quando ele entra para aquele quarto parece que até me esquece – Edward fez bico.

- Oin... Está com ciúmes amor? – Bella se virou e depositou um caloroso beijo nos lábios dele.

- Não, só acho que ele não deveria ficar tanto tempo preso dentro de casa – abraçava Bella com força.

- De alguma forma, eu acho que ele ainda sente algo do que fizeram a vocês quando estava grávida. – Edward fechou os olhos com força quando lembrou que Bella havia sido maltratada pelos pais e vivia em cárcere privado.

- Eu quis denunciá-los! – disse enfurecido.

- Meu bem, não se preocupe com eles. O mundo dá muitas voltas e um dia eles vão pagar por tudo o que me fizeram passar – eles se abraçaram mais.

Bella estava feliz como não era desde a morte de Jacob. Edward a protegia, a amava e acima de tudo amava seu filho, ou melhor, o filho deles, pois era assim que Edward considerava Arthur seu filho. Não tinha vergonha do tom de pele dele ou de suas origens, amou aquela criança no momento que a pegou no colo. Bella percebeu isso alguns dias após seu parto, como ficaram mais uns dias isolados pela neve, ela ficou na casa de Edward, mas não sabia como dizer a ele que não queria voltar para casa.

Certa noite, após amamentar o pequeno, pediu para falar com Edward, lhe contou tudo que passou na casa de seus pais, desde o preconceito por estar grávida de um índio até as torturas emocionais, psicológicas e algumas vezes físicas que eles lhe davam, chorou feito uma criança acuada, mas em nenhum momento esperou ouvir o que ele disse.

Ele lhe convidou para morar ali com ele, pois lá os pais dela não poderiam fazer nada, ele a protegeria, protegeria Arthur, naquele momento Bella pode ver sinceridade nos olhos dele e pela primeira vez em tempos sentiu-se bem.

Não foi nada fácil o início da estadia dela na casa, pois logo seus pais souberam e vieram atrás dela, todos cheios de carinho, puro fingimento para com o jovem Cullen, mas Edward não se deixou envolver pelos olhos nocivos de Renée, após pedir para que Bella os deixasse a sós, sentou a poltrona ao lado dela e disse com todas as letras que sabia de tudo que eles fizeram com a filha... E teria o maior prazer em dizer para alguns conhecidos tamanha atrocidade. Renée perdeu completamente a cor do rosto e negou tudo, dizendo que Bella era louca, mas Edward continuou firme em seu discurso, acuando cada vez mais a Swan...

- Ela é falsa! Você não a conhece Edward! Ela vai te usar... Essa menina não presta! – disse Renée com todo o cinismo que conseguiu juntar.

- Acho que sei bem quem não presta nessa família! – disse Edward sem se importar em ser rude com a mulher que estava ao lado do seu marido.

- Não fale assim com a minha esposa! – ordenou Charlie se levantando do sofá enfurecido.

- Vocês estão na minha casa. E eu falo do jeito que quiser – riu com sarcasmo. – Agora, passar bem... – apontou a porta, mas como eles não se mexeram, continuou. - Como disse Swan, a Bella fica em minha casa e sobre meus cuidados! – enfatizou, trincando os dentes.

- Ela é nossa filha! - gritou Renée.

- Como se isso tivesse alguma importância! – disse Bella ironicamente entrando na sala. - Eu já sou maior de idade e fico onde bem quiser e vocês não vão arruinar a vida do meu filho também!

- Ele é nosso neto Isabella. Você não pode nós privar de conhecê-lo – quem de fora ouvisse aquela conversa pensaria que Renée era a que mais sofria com a partida da filha.

- Meu filho não merece os avôs que tem. E se depender de mim nunca saberá da existência deles! – Edward olhava de Renée a Charlie com fúria.

Edward pode ver que Bella tremia levemente, mas continuou a olhar fixamente para seus pais a espera de alguma resposta depois da afirmativa dele.

Só que era perda de tempo esperar um perdão daqueles que a deram a luz!

Eles não tinham coração e só pensavam neles. E Bella tinha que virar mais uma página da sua vida.

Mais nada foi dito e os Swan os deram as costas saindo pela porta e assim que Bella ouviu a porta da sala bater se jogou no sofá ainda tremendo...

- Shiuuu... calma, não vou deixar eles chegarem perto de você! - murmurou Edward abraçando-a.

- Eu sei, confio em você! - disse ao soltar-se dos braços dele, fitando seus lindos olhos cor de esmeralda e não pode deixar de se sentir bem na presença de Edward. De certa forma, acabou criando um vínculo imenso com ele após seu parto tortuoso e não entendia o porquê dela nunca ter percebido o quão carinhoso, sincero e amigo ele era.

~* ~* ~

Ouçam a música: Somewhere Over The Rainbow de Israel Kamakawiwo'ole

Bella pensou ter ouvido o choro de Arthur, mas estava tão sonolenta que desistiu de se levantar ao ouvir a porta do quarto ao lado abrir, virou-se na cama, Edward está com ele!  Pensou antes de voltar a dormir, foi despertada outra vez ao ouvir uma canção suave inundar o quarto, a curiosidade falou mais alto que o sono, vestiu um roupão que estava ao pé de sua cama e seguiu pela casa em busca do som, quando entrou na sala pode ver Edward dançando e cantando baixinho a música ao ninar Arthur, que ressonava tranqüilo no peito dele. Ficou quieta vendo a cena, sentiu os olhos marejados e sorriu bobamente.

- Acordei você? – perguntou Edward assim que a viu.

- Não! – respondeu Bella.

- Ele gosta que cantem pra ele, fica tão quietinho! – sussurrou beijando a cabeça do bebê.

- Ele gosta que você cante pra ele! – sorriu Bella. – Por que a mãe aqui, não canta nada! – aproximou-se deles. – Mas em compensação o pai... – sussurrou. Bella pode ver os olhos de Edward brilhar com aquela palavra e sua felicidade só aumentou e a certeza de que estava fazendo a coisa certa também. – Acho que já estou pronta!

- Pronta?! – perguntou Edward confuso.

- Pronta para amar você! – disse com um sorriso no rosto e aproximou devagar os lábios do dele, era uma nova sensação Edward era doce e carinhoso ao movimentar seus lábios sobre os dela, queriam guardar aquele momento, os últimos acordes da música soou na sala e Bella uniu as testas deles, murmurando. – Amo vocês! – e beijou as costas de Arthur.

- Vocês serão felizes, ou melhor, nós seremos felizes! – Edward não conseguia conter sua felicidade. – Eu te amo! E muito obrigado!

- Pelo que?

- Por me dar uma família! – beijaram-se mais uma vez, até o pequeno no meio deles reclamar, eles o olharam e Arthur estava acordado choramingando, Edward voltou a cantar e ele adormeceu mais uma vez. Ficaram os dois velando o sono daquele ser tão frágil e tão poderoso, ele salvou duas vidas ao nascer e seria a criança mais amada de todas.

~* ~* ~

Algum tempo depois...

- Papai... Papai... - o pequeno Arthur tinha subido a cama e estava em cima do pai puxando-o pela gola do pijama.

- Hey bebê o que faz acordado? – segurou Arthur para que não caísse. O garotou enrugou a face e Edward riu. Ele era muito parecido com Bella, exceto pelo tom de pele que lembrava muito ao de Jacob e os olhos negros.

- Eu vi, eu vi... – Edward sentou para encará-lo.

- Viu o que meu pequeno?

- Eu vi papai! – disse com firmeza e Edward ao mesmo tempo se assustou e se emocionou ao ouvi-lo chamar de pai.

- De que você me chamou pequeno? – Edward o ajeitou em seu colo e levantou da cama.

- Eu vi, eu vi... – ele só apontava a porta. Não entendia muito bem a emoção que Edward estava sentindo naquela manhã de natal.

- Vamos ver o que você viu! – Edward saiu com ele do quarto deixando Bella ainda a dormir. – Então, foi aqui? – eles estavam na sala de frente para a grande janela. O dia estava lindo. Nevava do lado de fora e as árvores estavam todas encobertas dando o ar perfeito de natal.

- Eu vi... – a criança só falava isso e Edward riu ainda mais.

- Meu bebê não tem nada lá fora. Está vendo?! – apontou e Arthur levantou a mãozinha e apontou junto com ele fazendo logo em seguida uma carinha de triste. – Sabe de uma coisa filho? – Edward fitava a linda criança em seus braços. Ele era a razão do seu viver e por Arthur ele faria tudo! Nunca se arrependerá de encontrar Bella caída na estrada. Se pudesse voltar ao passado faria tudo novamente! – Sua mãe ia gostar de um café na cama! O que você acha da gente ir até a cozinha e fazer algo para ela? – saiu correndo com a criança que gargalhava em seus braços.

(...)

- Pequeno não é assim – Edward ajudava ao filho a mexer na vasilha que tinha massa para bolo de chocolate. – Deixa o...

- Papai! – disse Arthur o fitando. Na hora Edward começou a lacrimejar.

- O que você disse?!

- Papai, aqui papai... – Arthur batia com a colher de pau na vasilha jogando chocolate par tudo que é lado.

- O meu Deus! – Edward o abraçava com força.

- Gostaria de saber o que os dois homens da casa andam fazendo sem a minha presença?! – Bella apareceu com a cara toda amarrotada na porta da cozinha.

- Eu e Arthur... É... – Edward ria da esposa que estava linda aquela manhã. – Estamos tentando fazer um bolo! – Bella levou à mão a boca rindo.

- Papai, olha papai... – Bella quase caiu ao ouvir o que Arthur tinha acabado de falar.

- Ele disse o que eu ouvi Edward? – se aproximava do marido sem tirar os olhos do filho que se divertia com a sujeira que fazia.

- Ainda estou tentando absorver o que ouvi há pouco – segredou a Bella tão baixinho que se ela não tivesse perto dele não teria ouvido.

- Ele tem o pai que merece e sabe dar o devido valor a isso! Arthur te ama, assim como eu aprendi a te amar e hoje que é um dia tão especial para nós três eu digo a você que tudo o que passei valeu à pena. Caso contrário, não estaria com você hoje! – Edward tirou Arthur da cadeira e o pôs no chão abraçando Bella logo em seguida e lhe dando um ardente e sufocante beijo.

- Vocês são minha vida e foram o melhor presente que pude ganhar naquela manhã! – dizia desferindo beijos por todo o pescoço dela.

- Te amo Edward Cullen, hoje mais do ontem. Cada segundo da minha com você é único e especial. Feliz Natal, meu amor!

- Sou o homem mais feliz por ter...

- Papai... – Arthur começou a chorar e Edward o pegou no colo. Na mesma hora ele parou se aconchegando nos braços de Edward.

-... por ter Arthur e você ao meu lado! Feliz Natal minha Bella e meu pequeno Rei – depositou um beijo na face de cada um.

Não é só o espírito natalino que encoraja as pessoas a seguir em frente. Não foi ele que moveu Bella até a porta da sua casa para que arrumasse ajuda para Arthur e sim a sua fé.

Dizem que ela move montanhas...

Que faz o impossível se tornar possível...

Dizem que pequeninos anjos estão por aí a cuidar de todos nós e Bella tinha o seu; feito de carne e osso e que mudou para sempre a sua vida.


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Notas finais do capítulo

N/autoras: Essa one surgiu do nada. Pura e simplesmente do nada!

Não sabemos se foi o espírito natalino que estava ao nosso lado. Mas só sei que quando eu (Ninah Alves) tive a ideia e contei para a Kriss, não pensei duas vezes. Tínhamos que fazer/escrever essa one e postar hoje (24/12/2010)!

Às vezes a vida de uma pessoa é tão sofrida que ela pensa que nunca nada vai mudar. Mas tenha fé e esperança. Assim como Bella teve!

E no dia de hoje nós desejamos a vocês um natal repleto de magnitude, paz,amor, carinho e alegrias.

Que no dia de hoje você possa fomentar seus sonhos para que ele tome, futuramente, forma e se torne real.

Que você possa olhar para o próximo e ter mais empatia.

Que você possa desfrutar cada minuto da sua vida como se fosse único.

Que você possa ser mais paciente... Sincero... Carinhoso...
Desejamos a todos um FELIZ NATAL!

Esperamos muitos reviews e que tenham gostando da nossa one!
Beijos para todos de Ninah e Kriss!