Cold as Snowflakes escrita por LyaraCR


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá! Passando pra deixar mais um yaoi de FFVIII para todos os fãs em clima de natal! Espero que gostem!



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Cold As Snowflakes

Eu podia ver seus olhos. Tão frios, tão cinzas... estavam da cor do céu, quase que da cor dos flocos de neve... Ainda era tarde, e eu estava perto o bastante para poder dizer que sim, você se sentia mal. Não como se estivesse doente ou coisa assim, mas se sentindo na eterna escuridão do estar sozinho... Tomei sua mão, sem que você soubesse das minhas intenções, claro, porque mesmo sendo do jeito que sou, ainda sentia medo de estar sozinho, de você simplesmente fingir que eu não mais existia... Era o meu maior medo. Você segurou minha mão também. E então, soube que você não se afastaria se eu dissesse.

— Squall...

Tentei começar, mas você me interrompeu, um dedo ante meus lábios, olhando para mim, me desvendando através do violeta dos meus olhos... me senti perdido, esperei o pior, o que de fato não aconteceu... Você sabia quais eram meus medos, e você me queria por perto tanto quanto eu te queria... Pude ver isso quando sussurrou em meu ouvido...

— Não precisamos de palavras agora...

Me acolheu contra seu corpo, e eu jurei que podia sentir o calor do coração que eu antes jurava ser tão gelado quanto o inverno. Você existia, e estava alí, comigo, não do mesmo modo de sempre, mas... de verdade...

XXX

A noite estava tão linda... As luzes, a neve caindo por sobre a Garden, todas as pessoas felizes... Isso fazia o jovem sniper querer chorar algumas vezes. Não havia visto o outro há alguns dias, e Deus, aquilo o estava matando! Será que ele havia resolvido ir embora? Ir para sabe-se lá aonde? Droga... Todos o estavam convidando para as festividades na cafeteria, nos salões, para a pista de gelo no pátio... E ainda permanecia alí... Usava um casaco negro como o céu da meia noite, puro ébano, mesmo tom de seus coturnos e suas calças, uma camisa vermelha pra não ficar tão por fora da data... Queria demonstrar pra todos o que sentia, a amargura, o luto, todas as coisas que o estavam matando aos poucos, inclusive a espera angustiante... Será que ele nem ao menos apareceria? Nem para que pudesse olhar para ele, ver que estava bem? Será que havia voltado a ser tão frio? A não se importar?

Seu punho fechado acertou a parede. Queria sair de seu quarto, mas estava fraco o bastante — emocionalmente — para que nem mesmo tivesse disposição o bastante para sair da cama...

Parou sem pensar em nada por alguns segundos. Seu coração acelerou do nada, assim como seu corpo esquentou. Era como se estivesse com medo, mas sabia, não era esse o caso... era diferente. Muito diferente...

Como numa ação automática, se levantou, indo até a porta que dava para o corredor, tocando a maçaneta e abrindo-a num só puxão. O que viu do lado de fora fez seu corpo tremer...

— O-o... que...

Nem mesmo teve forças para perguntar. Viu mais uma vez os olhos que se assemelhavam tanto aos flocos de neve, pelo simples fato de serem tão frios quanto eles, olhos gelados, olhos daquele que esperava, mas duvidava que se daria ao trabalho de aparecer...

Uma caixa foi estendida em sua direção e não pode recusar e nem mesmo gritar tudo o que queria gritar com ele, questionar e até chorar. Sem palavras, teve o rosto tocado.

— Andou chorando.

Ele disse, fazendo com que desviasse seu olhar, tentando esconder seus verdadeiros sentimentos.

— E se pudesse, me mataria agora.

Teve que rir. Como diabos ele o conhecia tão bem? Era doloroso ao mesmo tempo que o deixava empolgado... Se ele se dava ao trabalho de saber sobre sua pessoa, era fato que havia certo interesse...

E então ele se aproximou, pouco a pouco, enquanto os olhos de gelo engoliam os seus, dominando, mostrando que tudo estava bem e que sim, ele o queria...

Tão perto, mas ainda assim tão longe! Tinha certeza, ainda não se beijariam... Estava evitando, porque sabia, um único beijo e seria capaz de mostrar suas lágrimas, seu medo de ficar sozinho e doar todo o seu amor para ele, somente para ele.

Dessa vez foi diferente... Ele segurou-lhe o rosto com as duas mãos...

— Não posso mais escapar de você, assim como não pode mais fugir de mim, Kinneas...

Aquelas palavras, somente as palavras lhe fizeram perder-se no momento, naquele universo que era só deles... O que veio depois, teve certeza, uma das maiores recompensas de toda a sua vida... Os lábios dele encostando-se aos seus de modo vagaroso, como se estivesse hesitando... Deus, era tão bom, tão... cheio de sentimentos que jamais imaginara que ele fosse capaz de ter! Deixou-se entregar.

Estavam se beijando, na porta de seu quarto, e ele estava acariciando sua face, demonstrando tudo o que queria demonstrar, todo e qualquer sentimento que existia, que precisava fazer Irvine conhecer, entender que existia...

E então, se separaram. O ruivo o olhou, corado, respiração levemente descompassada. Estava sem graça. A situação havia ficado meio que... sem sentido. Estava assustado. Já havia imaginado isso várias e várias vezes, mas não sabia o significado. Podia ser um tipo de despedida dado o carinho de Squall...

— E-eu...

— Pshhh... — o moreno o interrompeu novamente, um dedo frente seus lábios — Não diga nada...

— Você vai sumir, não é?

— Não... Eu vou ficar... Ao seu lado...

Irvine havia entendido. Mesmo que a vida houvesse traçado outro caminho para Squall, esse ficaria ao seu lado, independente de qualquer fato. O abraçou.

— Não é só um presente de natal?

— Se o natal for todos os dias, de todos os anos...

Do lado de fora, as luzes iluminavam as alegrias de todos, os novos caminhos e os sorrisos que vinham do nada, parar nos rostos daqueles que antes temiam a solidão. Os olhos gelados acompanhavam agora os violetas enquanto observavam a paisagem, juntos, longe de toda a negatividade...

Fim!


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