Speakeasy escrita por themuggleriddle


Capítulo 1
Speakeasy


Notas iniciais do capítulo

Essa fic se passa durante a década de 1920, nos Estados Unidos. Nessa época (a época da "Proibição) estava em vigor uma "Lei Seca" que proibia a frabricação/comércio/consumo de bebidas alcoólicas... Ai foram criados os "speakeasies", lugares escondidos onde as pessoas mais ricas iam para beber e se divertir.

Fic para a Moownk.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/118572/chapter/1

Ginny adorava trabalhar em um speakeasie. Na verdade, era difícil ela realmente entrar no speakeasy Draco Dormiens, já que ela cuidava do café que servia de fachada para o lugar, mas, quando conseguia entrar, ela adorava observar as pessoas que freqüentavam o estabelecimento: homens e mulheres da alta sociedade americana que se escondiam nos subsolos para poder beber e se divertir por um tempo. A sua maior diversão era colocar uma roupa bonita, descer até o speakeasy e ficar trabalhando no bar, observando como aquelas pessoas se vestiam e agiam.

Fora lá, no subterrâneo de Nova York, cidade onde ela vivia há quase um ano com seu irmão, que ela o vira pela primeira vez.

Alto, pálido, olhos azuis e cabelos escuros bem penteados. Seu rosto era bonito e sério quando ele entrara no estabelecimento usando roupas bonitas e visivelmente caras... Não era todo homem que andava por aí usando um terno que custava mais do que trezentos dólares. Ela não pôde evitar ficar olhando para ele durante quase a noite inteira e, quando May, outra funcionária do local, a mandou entregar uma dose de whiskey para ele, seu coração acelerou de um jeito que ela achara que fosse impossível.

— Com licença.

Ginny manteve os olhos baixos enquanto servia a bebida dele. Ao mesmo tempo que ela queria ficar perto daquele desconhecido, a garota queria sair de perto dele o mais rápido possível... Talvez fosse pelo fato de que o dono do speakeasy, Lucius Malfoy, inglês, assim como ela, não parava de olhá-la com uma expressão séria que fazia com que ela se enfiasse em um buraco pelo resto da vida.

— Obrigado.

Oh, Deus, a voz dele. Rouca, profunda e carregada com um sotaque que denunciava o fato de que ele também não era americano,mas inglês. A ruiva permitiu-se erguer o olhar rapidamente e quase perdeu a respiração ao ver aqueles olhos azuis claríssimos a olhando de um jeito quase assustador.

— Saia daqui, garota – Lucius Malfoy murmurou, acenando para que ela se afastasse.

Ginny fez o que o patrão pedira. Quando finalmente chegara ao balcão do bar, seu coração ainda estava acelerado e ela podia jurar que ele estava batendo contra a sua caixa torácica com toda a força possível.

Dali por diante ela tentava ao máximo descer ao speakeasy o mais freqüentemente possível para tentar ver aquele homem cujo nome ela ainda não sabia, mas ele ficara dias sem aparecer.

Quando Ginny já estava perdendo as esperanças de vê-lo novamente, ele pareceu surgir na frente de seu bar. Mais uma vez ele estava muito elegante e bem arrumado, mas, dessa vez, havia um sorriso sutil brincando em seus lábios pálidos.

— Em que posso ajudá-lo? – sua voz pareceu falhar, mas, pelo jeito, ele a ouvira.

— Whiskey, por favor – a ruiva teve que se controlar para não se derreter ao ouvir aquela voz novamente.

Respirando fundo, ela entregou-lhe a sua bebida e sorriu levemente para ele.

— Qual o seu nome?

— Ginevra, Ginevra Weasley – a garota murmurou – Mas todo mundo me chama de Ginny.

— Tom – ele sorriu – Tom Riddle.

— É um prazer conhecê-lo.

— O prazer é meu – ele pegou a mão da moça e levou-a até os seus lábios, beijando-a de leve – Ginevra.

Ela sentiu o seu rosto esquentar e viu o sorriso de Tom aumentar... Mas aquilo fora tudo.

Pelo menos por aquela noite.

***

Ela apertou o casaco ao redor de seu corpo enquanto atravessava a rua do café. Ginny tinha que voltar para o apartamento que ela dividia com seu irmão rápido, para que Ron não pirasse e lhe desse, novamente, o sermão de “você é nova demais para ficar até essas horas na rua e deveria mudar de emprego o mais rápido possível!”... Se ela tivesse sorte, a noiva de Ron, Hermione Granger, já teria feito com que seu irmão fosse pra cama.

— Você não é muito nova para ficar até essas horas trabalhando?

A ruiva sobressaltou-se e virou-se rapidamente para ver alguém parado atrás de si. Assim que seus olhos encontraram o rosto do estranho, a garota soltou um suspiro aliviado ao reconhecer o rosto bonito de Tom Riddle.

— Deus... Você me assustou.

Ele apenas sorriu enquanto ela... Bom, o que ela iria fazer a não ser sorrir de volta?

— Quer que eu a acompanhe até a sua casa?

— Ahm... Eu adoraria.

— Ótimo – Riddle sorriu enquanto tirava o seu casaco e o colocava em volta dos ombros da garota – Mostre o caminho.

E ela mostrou. Durante a maior parte da caminhada, ambos ficaram calados... Até Ginny decidir que aquele silêncio estava começando a ficar desconfortável.

— Você é inglês, não?

— É tão evidente?

— Bom, o seu sotaque... – ela sorriu.

— Igual ao seu – ele sussurrou – De onde você é lá na Inglaterra?

— Ottery St. Catchpole, e você?

— Londres.

— Interessante… Oh, chegamos.

Tom olhou para o prédio na frente do qual eles estavam. O que era aquilo no rosto do outro? Desprezo? Não, claro que não.

— Muito obrigada por me acompanhar, Sr. Riddle.

Olhando para ele agora, Ginny percebia que Tom não devia ser tão mais velho do que ela... Talvez tivesse a idade de Ron? De Hermione? Um pouco mais velho? Mas não muito, ele continuava com uma aparência bem jovem.

— Não foi nada – a ruiva sentiu o rosto esquentar ao sentir a mão do outro em seu rosto – Vejo você no Draco Dormiens.

— Claro...

Tom Riddle sorriu uma última vez, antes de lhe dar as costas e ir embora. Foi apenas quando a garota entrou no apartamento que ela percebeu que o casaco do outro ainda estava em seus ombros, mas a idéia de ir atrás dele para devolvê-lo não passou por sua cabeça nem uma vez.

 

***

Os lábios de Tom Riddle eram tão macios quanto as suas palavras. Ele surpreendera Ginny na saída do trabalho novamente e, dessa vez, não hesitou em segurar o rosto dela entre as mãos e a beijar sem dar nenhum tipo de explicação. A ruiva ficou estática por um tempo, antes de passar os braços ao redor do pescoço de Riddle, puxando-o para mais perto.

Quando Tom finalmente se afastou, Ginny não sabia o que fazer, era como se ele tivesse tirado dela todas as suas palavras. O homem apenas sorriu de uma maneira quase brincalhona, antes de se afastar, murmurando um “Boa noite, Ginevra.”

***

Ron não ficou nada feliz ao descobrir que sua irmãzinha estava tendo um caso com um dos clientes do speakeasy. Ele havia dito que aquele homem só a estava usando e que, mais cedo ou mais tarde, iria abandoná-la para ir atrás de alguma dondoca americana rica. Ginny não podia acreditar no que o irmão havia dito, ele não conhecia Tom, não podia falar nada dela!

Naquele dia, a ruiva ficou de cara amarrada durante quase todo o expediente de trabalho, afinal, para aumentar o seu mau humor ela fora deixada no café durante toda noite.

— Vi você e Tom Riddle conversando lá embaixo outra noite.

E ainda por cima ela tria que agüentar May tentando puxar conversa.

— Ele é bem simpático.

— Se eu fosse você, ficava longe dele.

— Por quê?

— Ouvi algumas histórias sobre ele – a mulher falou enquanto arrumava os cabelos loiros e curtos sob o chapéu – Ele é uma das pessoas que dão jeito no estoque do speakeasy, você sabe, não? E todas essas pessoas estão envolvidas em algumas histórias sombrias.

Não, Ginny não sabia que Tom estava envolvido tão fundo no tráfico de bebidas. May tinha razão: essas pessoas envolvidas no tráfico geralmente tinham histórias sombrias para contar, mas... Não, Tom poderia até estar envolvido no negócio, afinal, isso explicaria as suas roupas caras, mas isso não significava que ele era uma pessoa ruim, certo?

***

— O que você faz?

Aquela era uma pergunta estranha para se fazer logo após ganhar um colar de pérolas lindo como presente de Natal.

— Me desculpe?

— No que você trabalha, Tom?

Riddle a encarou por um tempo, seu rosto nunca expressando emoção alguma, antes de sorrir levemente e erguer a mão para tocar os seus cabelos ruivos.

— Posso dizer que lhe dou trabalho, querida – ele murmurou – Você é uma das poucas mulheres daqui que usam cabelos compridos.

— Está na moda usá-los curtos – a garota explicou, sentindo as mãos do outro brincarem com os fios vermelhos – Mas eu não tive coragem de cortá-los.

— Não corte – Riddle sussurrou, inclinando-se para beijar-lhe o topo da cabeça – Eu gosto deles assim.

***

Ginny sorriu para si mesma enquanto fechava a porta atrás de si. Já haviam quase três meses que ela estava com Tom e a garota não poderia estar mais feliz. Há um mês ela se mudara do apartamento de seu irmão para um que Riddle a ajudara a comprar. Ron ficou irritado ao ver sua irmãzinha sair debaixo da sua asa, mas logo se acostumou com a idéia, mesmo que sua noiva tivesse que ir até o apartamento de Ginny quase três vezes por semana para ver se ela estava bem e se não precisava de alguma coisa.

A ruiva tirou o casaco e o pendurou em uma cadeira enquanto observava o embrulho em suas mãos. Seus pais haviam finalmente respondido a sua carta e mandado junto com ela o seu presente de Natal, mesmo que atrasado. Ela sorriu enquanto abria o embrulho e puxava o casaco que sua mãe havia tricotado para ela, observando-o e vendo como Molly Weasley continuava fazendo os mesmos casacos que fazia quando Ginny tinha quatorze anos. Deixando o casaco de lado, a garota pegou a carta de seus pais. Sua mãe ficara animada ao ouvir sobre Tom e dissera que queria conhecê-lo um dia, seu pai tentou parecer ciumento na carta, mas a ruiva pôde ver que ele estava feliz por ela. A última coisa que Ginny tirou do embrulho fora uma cópia de um jornal inglês que sua mãe lhe enviara. Ela gostava de ver as notícias de lá e Molly sabia que, mesmo que a garota pudesse comprar um daqueles jornais em alguma banca, ela ficaria feliz de recebê-los da família.

Ginny se viu sorrindo feito boba enquanto lia o jornal, começando a sentir saudades da Inglaterra... Talvez ela e Tom pudessem voltar para lá um dia, não?

Uma notícia chamara a sua atenção no meio de tantas outras, alguma coisa sobre um jardineiro ter sido julgado como culpado do assassinato de uma família em uma cidadezinha no interior da Inglaterra. Aparentemente, a família, rica e influente na cidade, foi encontrada morta pela empregada. A polícia dissera que foram envenenados e culparam o jardineiro, que era o único que poderia ter entrado na casa na noite do crime. Ginny ficou horrorizada... O homem da foto parecia um homem tão gentil, como poderia ser um assassino? Frank Bryce, o nome do sujeito, e a família era...

— Riddle.

A ruiva ficou olhando para o jornal por um bom tempo, dizendo para si mesma que aqueles Riddles que foram assassinados a quase um ano atrás não tinham nenhuma relação com o Riddle que chegaria ao ser apartamento dentro de alguns minutos.

***

Uma semana havia se passado desde que Ginny vira aquele artigo sobre os Riddles assassinados na Inglaterra e o fato já havia sido quase completamente apagado de sua mente. Ela guardara o jornal em seu guarda-roupas para que não o visse por um bom tempo e se esquecesse dele... Bom, a técnica dera certo.

— Boa noite, Ginevra.

A garota quase deixou as chaves caírem ao se virar para ver Tom sentado no sofá da sala, encarando-a com um sorriso enigmático nos lábios.

— Você me assustou – ela riu baixinho, aproximando-se e sentando-se ao seu lado.

Ele apenas sorriu, colocando uma mão atrás de sua cabeça e a puxando para perto de si, beijando-a delicadamente. Ginny sorriu ao sentir o outro apertar o seu corpo contra o dele com mais força e, lentamente, acabando com a delicadeza do beijo, tornando-o mais agressivo.

— Ginevra – Riddle sussurrou, abandonando a sua boca e beijando a sua mandíbula enquanto enroscava os dedos nos cabelos ruivos dela – Já ouviu falar de Little Hangleton?

— Não – ela respondeu, mesmo que aquele nome não lhe parecesse estranho.

— É uma cidade na Inglaterra.

— Hmm...

— Meu pai morava lá.

— Que bom, Tom – Ginny sussurrou, mais interessada nos beijos que ele agora distribuía em seu pescoço do que nas palavras que ele murmurava.

— Você já sabia disso, Ginevra.

— Claro que não... Você nunca me falou da sua família.

— Mas você sabia – Tom voltou a olhá-la, sério – Você não leu a respeito do meu pai esses dias?

— Do que você...?

— No jornal? – ele murmurou – Ele foi morto, Ginevra, você sabia disso.

Os olhos da garota se arregalaram enquanto ela se lembrava do que havia lido.

— O jardineiro – a ruiva falou – Oh, Tom, meus pêsames! Eu pensei que fossem outros Riddles...

— Não fique triste – o homem sorriu – Eu mesmo não fiquei quando fiz aquilo.

Ginny já iria falar alguma outra coisa quando percebeu o que Tom havia acabado de dizer. “Eu mesmo não fiquei quando fiz aquilo.” Será que...?

— O que você quer dizer?

— Ele não era meu pai, Ginevra – ele sorriu, mas esse sorriso era diferente daqueles gentis sorrisos que ele sempre dava... Esse era sombrio – Um homem que abandona o filho antes mesmo dele nascer? Eu não considero isso um pai... Talvez seja por isso que tenha sido tão fácil.

— Você... Não foi o...

— É claro que não foi o jardineiro – uma risada baixa escapou de seus lábios e Ginny tentou se afastar, mas os dedos do outro em seus cabelos a mantiveram no lugar – Está tentando fugir de mim, Ginevra?

— Tom...

— É uma pena, realmente – Riddle sussurrou e a beijou suavemente – Você é uma garota linda, Ginevra.

— M-Me solte...

— Infelizmente, querida – ela sentiu alguma coisa exercendo pressão contra o seu peito, mas não conseguiu olhar para baixo para ver o que era - Acho que isso não vai acontecer.

Os olhos azuis e o sorriso cínico de Tom Riddle foram as últimas coisas que Ginny viu, antes de ouvir um “clique” metálico e sentir um impacto contra o seu peito, perdendo a consciência logo em seguida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

N/A: TG .____. Ginny morreu, ha.
Inspirada pelos quadrinhosl Lackadaisy da Tracyjb [ http://www.lackadaisycats.com/ ou www.tracyjb.deviantart.com]

O que acharam? (: