O frio era fascinante naquela época do ano. Ele era um brinde que ganhávamos quando a neve chegava e, sem permissão, criava densas camadas sobre nossas casas e até mesmo em nossos jardins lindos, que sempre tinham um sol maravilhoso para iluminá-los em uma tarde quente de verão.

                É uma das coisas belas em minha vida para ser admirada, porém acima de minha admiração, ela vinha com um agradável gostinho de me fazer dormir como uma canção de ninar ao violino para fazer uma pequena criança perder a consciência em sonhos  delicadamente em sua cama.

                Ah, dormir. Eu amava isso. Mesmo naquela data em que acontecia um dos meus maiores recordes de horas sem dormir para passar um tempo especial com a família. Claro, eu também os amava. Mas... Eu amava dormir.

                Um tempo para mim era um tempo para dormir. Faça chuva ou faça sol, e no caso, faça neve, eu sempre acharia uma hora para tão esperado momento para mim. E um cantinho especial sempre me chamaria e graças aos céus, tinha um jardim cheio delas em minha casa.

                Árvores, perfeitamente fortes e aconchegantes para um cochilo e hoje, um cochilo de natal. Aqui em casa estava cheio demais para isso, nada mais que uma árvore entre outras para me fazer dormir em um canto estratégico para que ninguém me atrapalhasse, pelo menos por alguns minutos.

                E eu tinha conseguido achá-la – a mais bela entre tantas para um cochilo – e em segundos eu estaria dormindo para sonhar meu sonho favorito. Dormir e sonhar que estava dormindo com uma bela brisa acariciando o meu rosto.

                Mesmo com aquela neve, não tinha nenhum momento em que não adorava passar o tempo dormindo.

- Arg... IDIOTA! – E o som de violinos ao luar virou um som agudo que até os gatos se assustariam, me fazendo cair de cara no chão. Neve, mais uma vez me ajudando em minhas inúmeras quedas surpresas de sono.

“Estava tão bom e agora isso?”, choraminguei em pensamento.

- Quem é que... Oh, você aqui. Algum motivo especial para o carinhoso ‘idiota’? – Disse me conformando com meu adeus para o cochilo e me levantando.

- Imagina! Só vim perder meu tempo acordando um Nara dorminhoco. – Resmungou com seus olhos me fuzilando, um brinde de seu sarcasmo.

- Deveria ter pena dos Nara. – Resmunguei em controvérsia em um murmúrio.

- O que você disse?! – E uma aura negra se criava no ar.

- Nada, nada. – Respondi rapidamente passando uma de minhas mãos em meu pescoço e sorrindo nervosamente. É, ela causa esse efeito em mim.

- Sério, Takeshi.  Vai ficar dormindo em vez de ir pra ceia de natal? Pensei que se importava mais com sua família. – E em sussurros disse quase cortando sua voz. – Pensei que se importava comigo.

                E por surpresa não só dela, mas também minha, eu dei meu presente de natal muito antes de planejar um.

- Naras dorminhocos gostam de raciocinar em silêncio. – Disse com um de meus dedos em seus sedosos lábios que em frações de segundos, foram trocados por meus próprios lábios. – Aliás... – Me aproximei de uma Nana Inuzuka surpresa. – Feliz Natal. – Sussurrei em seu ouvido para depois beijá-la novamente, afinal, já tinha dado adeus para meu cochilo para uma coisa melhor ainda.