Doença. escrita por AnaBonagamba
XXVI- Doença.
A alma quente e adormecida
Percebe que o tempo cedeu,
De tão calma à aborrecida,
Seu coração entendeu.
A hora chegou pairando,
Vejo na cama chorando,
Uma mãe que seu filho é meu.
Nem por dor nem por doença,
O pequeno acalmou-se e morreu.
Os remédios sobre a cômoda,
Ninguém mais se incomoda,
Com os gemidos que do quarto vem.
O silencio fugiu em desespero,
Sem ali suportar,
A tortura que hei de contar.
Preparo firme sepultura,
Para assim a morte chegar.
De brancura seus lábios se quebram
Na esperança de recomeçar.
Os doutores já nada fazem,
A não ser temer e esperar.
Põe-se a febre abaixar,
Ou a criança morrer.
Agora é tarde de mais,
Não há nada para fazer.
A doença aninhou-o nos braços
E a alma quente resfriou.
A mãe grita sobre o filho,
Este de nada falou.
Com os olhos longínquos,
Uma singela e doce lágrima,
Por seu rosto escorregou.
Vendo acalmar os gemidos,
Entre os baixos e altos corações feridos,
O silencio por lá se instalou.
Os lábios antes brancos,
Quão roxo hão de ficar.
Seus olhos pequenos e humildes,
Hão de se fechar.
Seu peito não inflará novamente,
Que injustiça veemente!
Nenhum sangue a derramar.
A doença que parou seus pulmões,
Arrancou de dentro do peito
O coração da pobre mãe.
Ajoelha-se diante de teu filho,
Choras perante o seu túmulo.
Agora voltar-me-ei ao presente,
Aqui jazia inconsciente,
Aquele que amei cegamente,
Desde o dia em que nasceu.
Que os anjos cantem glória,
À mãe cujo filho morreu.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!