A tarde de domingo passava preguiçosa na casa dos Shay. O dia estava chuvoso e cinza, e por isso, no sofá havia um menino e uma menina. Enquanto ela passava de canal por canal, ele mexia em seu laptop, que estava sobre seu colo. Carly e Freddie estavam completamente entediados.

A morena suspirou e colocou o controle ao seu lado, encostando-se ao sofá. Seu real objetivo era, na verdade, tentar começar uma conversa, mas Freddie estava concentrado demais no que quer que estivesse fazendo para notar. Carly limpou a garganta provocando um ruído maior, mas continuou sem resposta.

- Freddie? – chamou. Ele continuou olhando a tela. – Freddie? – tentou novamente. – O que você está fazendo? – perguntou mais para si mesma, o que não fazia diferença, pois seu amigo não a ouvia. Ele parecia em transe olhando para a tela.

Aproveitando a distração de Freddie, Carly agarrou o computador e puxou para seu colo.

- Ah... – Ele continuava olhando para onde estava seu laptop, mas em seguida se virou para a amiga. – Carly!

Ela deu um riso.

- O que foi? – perguntou inocentemente, mas com um sorriso sapeca no rosto. Freddie tentou pegar novamente seu laptop, mas ela o tirou do alcance do garoto.

Em seguida se levantou e foi até a bancada da cozinha, onde apoiou o laptop. Continuava rindo. Nada como um pequeno furto para animar a tarde, pensou divertindo-se. Freddie se levantou, mas apenas ficou parado admirando a imaturidade da amiga. Agora Carly abria novamente o laptop.

- Qual é Freddie – falou depois que os risos cessaram um pouco. – Não posso interromper seu trabalho “ultra nerd”?

- Não é isso. É que... – Ele deu alguns passos para frente, mas já era tarde. Carly havia olhado para a tela e agora a encarava surpresa.

A boca da morena se escancarou num perfeito ‘O’ e agora ela olhava da tela para o menino em sua frente, até que ele a fechou, pegando seu computador e o colocando debaixo do braço.

- Pronto! - ele esbravejou. – Feliz agora?

- P-por que a Sam está na sua tela? – perguntou ainda perplexa, mas em seguida correndo até a porta e bloqueando a passagem de Freddie, antes que ele pudesse sequer pensar em sair dali. – Freddie, você gosta da Sam?

Freddie fez uma careta.

- O quê? Carly!...

A menina apontou para o sofá.

- Senta – ordenou.

- Carls, isso é...

- Senta! – sua voz estava aguda como sempre ficava quando ela estava nervosa.

Freddie estremeceu ao som da voz estridente, e se sentou, não vendo outra saída. Ele agora não parecia mais bravo, apenas um pouco chateado.

Carly esperou alguns segundos para ter certeza que seu amigo não tentaria escapar, e em seguida ocupou o lugar ao seu lado no sofá.

- Freddie... – ela começou com uma calma que não batia com seu “ataque” anterior. – Eu quero que você seja totalmente sincero comigo. Prometemos, lembra? Nada de segredos. – Deu uma pausa encarando o garoto. – Você gosta da Sam? Quero dizer... – acrescentou – Você está apaixonado pela Sam?

Ouve um longo período de silêncio.

- Carly eu... – ele ia mentir. Com certeza não pretendia contar a verdade para Carly. Mas, então, se lembrou da promessa que eles fizeram no dia em que ela descobriu de seu primeiro beijo com Sam, e de repente, mentir para sua melhor amiga ficou extremamente difícil. – Sim, - admitiu – eu estou apaixonado pela Sam desde que terminei com você.

Carly deu um sorriso enorme. Um sorriso que Freddie com certeza não esperava. Era a última reação que ele esperava que ela tivesse. Então o sorriso se desfez, e ela deu um peteleco na cabeça do amigo. Claro, isso não era nada em comparação com as surras que ele levava diariamente de Sam, mas foi o suficiente para lhe arrancar um “Ai!”.

- Isso, – ela explicou – é por você não ter me contado antes, rapazinho. – Seu sorriso voltou maior do que antes. – Ah, meu Deus! Meus dois amigos juntos! Você tem que contar para ela!

- Não!

O rosto, de um sorriso, foi para uma careta de desapontamento.

- Por que não? – perguntou decepcionada.

- Em primeiro lugar, por que se eu falasse isso, nunca mais conseguiria respirar. Aliás, é mais provavel que eu morra se disser isso. Em segundo, por que está bem claro que a Sam não gosta de mim. E em terceiro... Não, eram apenas dois motivos mesmo. Mas, algum dia, quem sabe eu conte. – Carly abriu a boca para dizer algo, quando ele continuou: - Por enquanto, pretendo continuar como saco de pancadas, e com os apelidos e xingamentos.

- Eu respeito sua decisão, Freddie, mas e se...

Nesse momento a porta se abriu e uma garota loira, totalmente encharcada entrou.

- Fala galera... – Ela se dirigiu para a cozinha, abrindo a geladeira, e em seguida enfiando a cabeça dentro dela. – Tem bacon?

Freddie se levantou e foi até a cozinha.

- Sam! Você vai pegar um resfriado desse jeito.

Ela se virou com um pedaço de bacon na boca.

- Desde quando é minha mãe Fredward? – perguntou mastigando.

- Eca, Puckett! Não dá pra deixar a boca fechada enquanto come?

- Não! – ela o provocou mastigando com a boca o mais aberta possível enquanto respondia.

- Porca!

- Idiota! – ela retrucou.

Enquanto eles continuavam a briga, esquecida na sala da casa, uma garota morena sorria enquanto os observava. “...Mas e se ela já gostar de você?”.