A Lua que Eu Te Dei escrita por Samsung


Capítulo 5
Inverno


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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Os dias foram se passando e todos já estavam se acostumando a Luíze, ela quase não falava com todos, mas com Lúcia ela chegava a dizer mais do que monossílabas. Mas nesse tempo em que ela ficou com a gente eu nunca tinha visto ela sorrir, isso era algo que me incomodava. Eu gostava de ver o sorriso da pessoa, por que talvez isso mostrasse como a pessoa é por dentro. Será que Luíze era fria e distante como o inverno por dentro? Isso era algo que eu realmente gostaria de saber.

Teve um dia, em especial, que eu e Luíze saímos pela floresta à procura de frutas. Nós fomos para o lado leste e Pedro e Susana para o lado oposto. Nós ficamos andando por bastante tempo, algumas vezes uma brisa gelada vinha ao nosso encontro como se quisesse nos avisar de algo e parecia que Luíze sentia o mesmo.

Chegamos a uma parte da floresta que o chão, que até então era apenas terra, agora estava sob neve. Neve? Fiquei pasmo, até então estava tão quente e agora o vento gelado batia de encontro ao meu corpo quente. O corpo de Luíze ficou estático, mas logo começou a caminhar por conta própria mais à frente para ver o que mais a neve cobriu. Nos deparamos com uma paisagem coberta pela neve, as flores e árvores, o lago congelado, o céu já escuro por que a noite já avançara, e os pequenos flocos de neve caindo sobre nós. Eu nem acreditava no que estava vendo, aquilo realmente era feito pela Feiticeira Branca, só que era tão lindo que nem parecia ter sido feito por umas mãos tão impiedosas.

Olhei para Luíze e vi que ela não se contentava em apenas olhar de longe toda aquela paisagem, foi andando lentamente até estar perto do lago congelado e constatar que não havia nada. A beleza da mesma estava maior, a pele clara agora estava pálida, fazendo os olhos verdes e intensos se destacarem, igual ao cabelo castanho que fazia um certo contraste com a pele.

Ela olhou para o lado e viu uma flor de gelo, tão frágil quanto vidro, com cautela Luíze passou o dedo indicador por uma das pétalas da flor e deu um sorriso meigo que eu não esperava ver naquele momento. Não, ela não era fria e distante como o inverno, mas pelo que parecia gostava bastante da estação. Eu não conseguia dizer nada para que quebrasse o silêncio que estava entre nós.

-É... É linda... –ela sussurrou.

- “Como você...” –pensei. Mas logo sacudi minha cabeça numa forma de tirar esse pensamento.

Escutei um uivo atrás de mim e mais do rápido me virei para constatar o que eu pensava quem era estava atrás de nós, e sim, era alguns dos lobos da Feiticeira Branca nos encarando com o olhar faminto. Olhei pelo canto do olho Luíze se levantar e ficar de frente para os lobos, comecei a chegar pra trás e a menina fez o mesmo. Um dos lobos foi mais ousado e se jogou contra a menina, a mesma conseguiu se desvencilhar dele e pegar uma adaga mais ela tinha que ter cuidado, pois estava sob o lago congelado. Eu a encarei por um tempo e vi firmeza em seu olhar, ela não tinha medo de enfrentar um dos lobos da Feiticeira.

-Ora, ora se não é o principezinho que nos largou. –um dos lobos que estavam me cercando caçoou.

-Foi melhor assim. –falei tentando manter minha voz confiante.

-Quem é ela? Namorada nova? –o lobo soltou uma gargalhada seca.

-Não.

-Ela é princesinha dos céus, agora não entendo por que justo vocês foram pedir ajuda de lá de cima. Pensei que todos os reis e rainhas que passaram por Nárnia não se importavam com os lá de cima, e muito menos pediriam ajuda a eles. –um outro lobo falou.

-Não é de seu interesse. –retruquei já pegando a minha espada.

-Vai querer lutar? –o primeiro voltou a falar.

-Só se você insistir em meu caminho.

-Saía de perto de mim! –escutei Luíze gritar. Olhei para trás como instinto e vi que três lobos a cercavam, um deles tentou derrubá-la, só que a mesma o chutou fazendo ser jogado para longe. Um outro lobo tentou a mesma coisa, só que foi ferido na pata e nas costas pelas adagas da mesma. Já o terceiro foi ousado e mordeu o braço da menina, ela gritou de dor mais mordeu o lábio inferior tentando não emitir mais sons. Comecei a escutar ruídos, como se algo estivesse se quebrando então olhei para o lago e o gelo que tinha sobre ele começou a quebrar, Luíze olhou para trás e viu que seu chão de gelo estava desmoronando. Tentei ir atrás dela para salvá-la, mas os outros lobos que me cercavam não me deram outra opção senão lutar contra os mesmos.

Depois de ter conseguido ganhar os lobos o mais rápido que eu podia, eu observei de relance o lago e não via mais Luíze, o lago que estava congelado tinha um buraco e era nele que a menina tinha sumido. Larguei minha espada e pulei na água gelada, por um momento poderia jurar que pedir meus sentidos, mas logo os retomei. Comecei a nadar mais fundo a procura dela, então eu a vejo enrolada as algas que a prendiam e não a permitiam voltar. Nadei até a mesma tentando soltá-la das algas, só que não obtinha sucesso, se não fizesse algo rápido ela acabaria morrendo e eu também. Olhei para a cintura da menina e vi uma de suas adagas, peguei a arma e tratei de cortar as algas que a prendiam . Segurei Luíze pela cintura e voltei para a superfície, desesperado para respirar.

Sai da água levando Luíze para um ponto mais seguro do que o gelo do lago, ela não respirava de jeito nenhum, foi então que me desesperei. Comecei a fazer massagem cardíaca na menina na tentativa de tê-la de volta, mas nada aconteceu. Então eu tentei uma abordagem diferente, tampei o nariz dela e coloquei meus lábios sobre os dela fazendo respiração boca-a-boca. Ela cuspiu um pouco de água, então eu me afastei da mesma para deixá-la respirar, ela começou a cuspir mais água e então abriu os olhos e encarando tudo a sua volta.

Ela estava pálida e não tinha a menor noção do que tinha acontecido, estava confusa. Ela se sentou e ficou me encarando por um tempo e então fez uma expressão de dor, foi então que eu percebi a ferida em seu braço. Não poderia fazer muita coisa, resolvi levá-la logo ao acampamento. Peguei minha espada e depois me direcionei a ela.

-Vamos, temos que cuidar disso.

-Está bem... –a voz dela falhou. Luíze se levantou, mas não manteve o equilíbrio. Antes que ela caísse a segurei pela cintura.

-Você ainda está tonta pelo afogamento. –suspirei, ela conseguiu manter o equilíbrio por um tempo curto e foi nesse tempo que eu passei os braços dela envolta do meu pescoço, coloquei uma mão nas costas dela e com a outra na dobra dos joelhos dela, fui carregando ela no colo por toda a floresta, ainda tinha que me lembrar que caminho tomar para o acampamento. Ela soltava uns gemidos de dor por causa do braço, mas esses eram abafados por que ela ficava mordendo o lábio inferior tentando não emitir som. No meio do caminho ela desmaiou...

Quando cheguei a acampamento já era dia, não agüentava nem mais andar. Pedro e Susana me encontraram, antes que eu desmaiasse pelo cansaço ainda conseguir passar Luíze para o colo de Pedro e então caí desmaiado, mas não antes de sentir Susana me abraçando por trás, evitando que eu caísse.


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Notas finais do capítulo

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