Beautiful Lie escrita por RiiK, MahGG


Capítulo 4
Capítulo 4




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/117764/chapter/4

4º Capítulo

 ‘A gente podia ir ao videoclube buscar uns filmes para assistirmos.’ – Opinou Tom enquanto estava sentado no sofá, bebendo uma cerveja e comendo uns salgados que estavam em cima da mesa.

Os outros três garotos se olharam e Harry encolheu os ombros, voltando a assistir o jogo de futebol que passava na televisão plasma. Estavam a curtir o facto de Dean ainda estar dormindo e não precisar de tomar banho.

‘Podia ser um filme porno!’ – Exclamou Dougie, esfregando as mãos – ‘Mah não está aqui para ver o que a gente faz ou deixa de fazer.’

‘Você esqueceu que há uma criança nessa casa, dude?’ – Fletcher repreendeu – ‘Não vamos assistir a um filme porno, nem podemos.’

‘Droga, não estou afim de ficar aqui minha tarde inteira, assistindo a um jogo de futebol.’

‘Mude de canal, ué?’

‘Vocês me deixam?’

‘É claro que não, né?’ – Cortou Tom – ‘É a MINHA casa, eu vejo o que EU quiser, se toca Poynter.’

‘Viu? Eu sabia, que droga!’ – Escondeu o rosto na almofada e praguejou entre dentes.

O telefone da casa começou a tocar e isso foi o suficiente para que Poynter se levantasse a correr para ir atender. Já que estava entregue ao tédio, pelo menos convivia com alguém que não estivesse ali dentro.

‘Alô?’ – Disse com curiosidade.

‘Poynter, passe ao Danny.’

‘Ah, é você, Gray.’ – Falou entre dentes. Afinal, preferia estar sentado no sofá, agindo como uma criança. – ‘Danny, a maluca da Martins ao telefone. Quer falar com você!’

‘Eu ouvi isso, garoto!’

 ‘Era mesmo para ouvir, gatchênha.’ – Zoou – ‘Andou com saudades minhas?’

‘Nem sabe o quanto, docinho. Usou muito sua mão enquanto pensava em mim?’

‘Prefiro nem chegar lá perto.’

‘Eu sei, sou demasiado para um traste como você.’

Poynter gargalhou para não xingar Rita com todos os nomes possíveis. Aquela garota o tirava do sério, nunca pensou em espancar numa menina, mas Rita era diferente, ela lhe causava uma raiva infinita.

‘Já acordou, Rita?’

‘Desculpe?’

‘Acha mesmo que é demais para mim?’ – Riu – ‘Me poupe.’ – Revirou os olhos – ‘Danny vem aí, passe bem.’ – Entregou o aparelho fixo ao amigo – ‘Diga para ela se mandar do avião abaixo, por favor.’

‘Com você junto?’ – Jones provocou – ‘Alô, Rita? Está tudo bem?’

‘Hey Danny! Sim, liguei pra saber como está Dean, Mah disse para ligar para você. Já deu banho para ele?’

‘Na verdade ainda não. Estamos esperando ele acordar, mas eu tenho medo. E se ele escorrega e afoga?’

‘Aí você faz respiração boca a boca.’

‘Só isso?’

 ‘Claro que não! Chama o médico! Mas você não vai deixar ele cair, pois não?’

‘Claro que não!’ – Passou uma das mãos pelos cabelos achocolatados e despenteou-os ainda mais. – ‘Quando você vem?’

‘Já estou em Londres, estou no aeroporto esperando pelo táxi, meu carro está na oficina.’

‘Que bom, eu posso pedir para um dos garotos te ir buscar e você vem ensinar a gente a dar banho pra um bebê. Não seria legal?’

‘Pode pedir pró Harry me dar carona?’

‘É claro que sim, agora eu vou desligar para providenciar isso. Tchau.’ – Desligou a chamada e voltou para junto dos outros garotos que assistiam a outro programa de televisão. – ‘Dougie, vá buscar a Ritziie ao aeroporto.’

‘O quê?’ – Riu alto – ‘Está zoando comigo de novo? Eu não vou buscar ela nem que me pague!’

‘Ela pediu que você a fosse buscar, quer pedir desculpa pelo que quer que lhe tenha dito por telefone.’ – Mentiu – ‘Está muito arrependida. Vá lá Dougie, aproveita e traz comida para a gente.’

 ‘Eu não vou buscar a Gray nem por nada desse mundo!’ – Gritou – ‘Ela disse o quê? Ela me pediu desculpa?’

‘Na verdade não, mas deu a entender. Pode tirar esse ar gay e ir logo buscar ela?’

‘Por que eu…?’

‘Por que eu estou mandando’ – Cismou – ‘Vá logo.’

‘Eu vou, mas se ela me xingar, eu te mato, cara!’ - Dougie tentou parecer malvado, mas não conseguiu. Tirou as chaves do carro que Jones segurava e foi até à viatura onde conduziu até ao trabalho de Rita.

Rita’s POV

Estava esperando por Harry, mas ele nunca mais chegava. Tirei um cigarro da mala e acendi, enquanto caminhava de um lado para o outro, aguardando pelo carro de Judd. Odiava esperar, mais valia ter pegado carona de um táxi e seguir logo até casa de Daniel e Mayara. Me sentei num banco e cruzei as pernas, fumando o cigarro, acompanhada pela escuridão da rua. O Inverno começava a me irritar, escurecia muito cedo e não podia aproveitar do dia em condições.

 ‘Rita?’ – Julguei escutar a voz de Poynter me chamando, mas era mau demais para ser real, portanto ignorei. – ‘Gray?’ – A voz chamou de novo. Virei o rosto para o lado e encarei o loiro vir na minha direcção, com as mãos nos bolsos do casaco.

‘O que você faz aqui?’ – Cuspi enraivecida – ‘Onde está Harry?’ – Atirei o cigarro para o chão e o pisei, me levantando de seguida.

‘Você não pediu para que eu te viesse buscar?’ – Indagou com uma cara confusa, que até eu achei fofa. Ok, Rita, foco!

‘Acha mesmo?’ – Ri falsamente – ‘É óbvio que não, né Poynter?’ – Ajeitei minha mala no ombro – ‘Eu nunca ia chamar você, nem estando louca.’

‘Mas louca você já está, garota.’

‘O que disse?’ – Quis o socar naquele momento – ‘Repita o que disse, idiota!’

 ‘Amh… não quer ir embora? Está ficando tarde e Dean precisa de tomar banho.’

‘Não vou com você. Vou apanhar um táxi.’ – Virei costas, no entanto, Dougie me pegou pelo braço.

O olhei e pela primeira vez pude estar bem perto do seu rosto, o que me fez esquecer de respirar. Foco, Rita, foco. É Dougie quem a está agarrando. Abanei a cabeça e me soltei.

‘Não toca.’ – Articulei – ‘Vou sozinha.’

‘Não vai andar por aí sozinha à noite, Gray.’

‘Não precisa se preocupar, não. Vou melhor sozinha do que com você.’

‘Garota insuportável, você! Eu já lhe disse que vem comigo.’ – Me puxou novamente e arrastou até ao carro de Danny que estava estacionado numa zona perto do aeroporto. – ‘Entra aí.’ – Não me mexi – ‘Está à espera do quê, Rita?’ – Abriu a porta e praticamente me empurrou lá para dentro. – ‘Você realmente é pior que uma criança.’ – Bateu com força na porta e se sentou no lugar de condutor.

 Olhou para a estrada e guiou em direcção ao fim da rua. Coloquei o cinto e o censurei mentalmente, tentando não falar uma única palavra.

‘Vai continuar sem falar?’ – Dougie pareceu ler os meus pensamentos. – ‘Ora, você sabe que não consegue ficar muito tempo sem me xingar.’ – Aumentou o volume do rádio, mas nada fiz, o que o fez rir. – ‘Ena, estamos a ganhar paciência.’ – Me fitou – ‘Já disse que fica uma doçura assim amuada?’ – Tocou no meu rosto.

Aí foi a gota de água. Bati na sua mão e desliguei o rádio, prestes a matá-lo, se não estivesse conduzindo.

‘Eu odeio você!! Odeio muito você!’ – Gritei feita louca – ‘Não me toque.’

‘Finalmente você voltou! Estava a ver que era preciso ir contra uma árvore pra ouvir seus gritinhos histéricos de novo.’

‘Eu sei que você gosta.’ – Resmunguei, virando-lhe a cara.

Minha paciência não era muita, muito menos para sujeitos como Dougie Poynter que ficava todo o tempo se achando senhor do mundo, só por ser baixista de uma das melhores bandas de Inglaterra e arredores. Eu detestava gente assim!

Ele mudou de música novamente, passando algo que era capaz de me fazer dor de cabeça. Pelo canto do olho, vi que ele voltou a agarrar o volante para conduzir com mais facilidade e aproveitei para mudar de melodia para algo que eu gostasse mais. Aproveitei um bocado do som, batendo com as mãos nas minhas pernas, mas Poynter trocou logo para a estação de rádio anterior. O fuzilei com os olhos e pressionei o botão para escutar a música que eu estava ouvindo segundos atrás.

‘Dá pra parar quieta?’ – Rabujou, trocando novamente.

 ‘Eu quero ouvir outra música que não essa, posso?’ – Falei rude para ele, até que uma música deles começou tocando na rádio – ‘Sua bandinha, Poynter.’ – Anunciei com tom de voz irónico.

‘Somos foda mesmo.’ – Sorriu orgulhoso – ‘E famosos.’

‘Não me diga…’ – Mexi no meu cabelo – ‘Nisso já tinha reparado, aliás, todo o mundo conhece vocês.’

‘Cala a boca e curta o som.’ – Aumentou o volume.

Me encolhi no assento e cruzei os braços sob o peito, é… a música deles era foda mesmo, eu amava Mcfly e cada vez mais, eles eram famosos por todo o mundo. Era difícil sair de casa perto deles, sem ser atacada por batalhões de jornalistas desesperados por captar alguma imagem mais intimista deles.

Encostei a cabeça na janela do carro e fechei os olhos, enquanto escutava o som da canção juntamente com a chuva que pendia do lado de fora da viatura. Pela primeira vez na vida, Dougie serviu para alguma coisa: me livrar da chuva.

 Todavia, os momentos mais tardes, ouvi um barulho vindo do carro, bem como a velocidade diminuiu até estagnar numa estrada rodeada de árvores.

‘Porque parou?’ – Olhei Dougie com o cenho franzido.

‘Não sei, não está pegando.’ – Tentou ligar o automóvel várias vezes.

‘Então faça voltar a pegar, ué?’

‘Como se fosse assim tão fácil. Vou lá fora ver o que se passa com o motor, você senta aqui e tenta ligar o carro, ok?’

‘Assim vai-se molhar.’

‘Não me diga.’ – Falou sarcástico – ‘Pensava que chuva não molhada, Gray.’

‘Vá logo, idiota.’ – O empurrei.

‘Sobe para aqui.’ – Me puxou para o lugar de condutor e saiu do carro, deixando uma rajada de vento me causar calafrios.

 Poynter abriu o capo e mexeu em alguma coisa, pedindo às vezes para tentar ligar o carro, mas em vão. Não estava a dar em nada e isso me preocupava, não queria ficar sozinha com Dougie, muito menos no meio do nada.

Ele voltou, totalmente molhado, com cabelo a pingar e me empurrou de volta para o lugar de pendura.

‘Não estou conseguindo entender o que se passa, por causa da chuva.’

‘Droga! Me dê o seu celular, estou sem bateria.’ – Estendi a mão.

‘Certo, meu celular…’ – Procurou nos bolsos do casaco e das calças – ‘Eu ia julgar ter posto ele algures por aqui… Merda! Está em casa do Tom.’

‘O quê?!’ – Guinchei – ‘Isto só pode ser brincadeirinha, né?’ – Soquei o porta-luvas – ‘É tudo culpa sua, Poynter!’

‘Claro. E também sou culpado pelo aquecimento global.’

‘Não duvide.’

‘Vá se foder.’

 ‘Não dá, porque estou aqui sozinha, COM VOCÊ.’ – Abri a porta – ‘Vou procurar alguém que nos ajude, já que você não faz nada.’

‘Tudo bem, eu espero aqui dentro no calor. Boa sorte.’

Mandei o dedo do meio para ele e me aproximei da estrada, esperando que algum carro passasse, mas nada. Cruzei os braços, permitindo que a chuva me ensopasse drasticamente e estendi o braço quando um Audi vermelho parou e três garotos riram perversamente. Revirei os olhos.

‘Precisa de carona, gata?’

‘Sim, vocês podem dar?’

‘Claro, entra aí.’ – Estremeci com suas aparências e caminhei na direcção do carro, até que Dougie me esbarrou, prendendo-me com a sua mão.

‘Ela não vai.’

Um dos garotos o olhou com desdém e riu alto.

‘E por que não? Você manda nela?’

 ‘Minha garota não vai andar com vocês, entendeu? Passe bem.’

O Audi seguiu caminho, enquanto os garotos falavam algo imperceptível.

‘Sua garota?’ – Repeti incrédula – ‘Eu estava prestes a conseguir ir para casa até você se armar.’

‘Se eu não tivesse aparecido eles iam abusar dessa sua carinha de lindinha.’ – Entrou dentro da viatura.

Cerrei o punho com força e me juntei a ele, fechando a porta com violência.

‘O que você disse?’

‘Me poupe, Rita, eles estavam secando seu corpo. Só faltava comer você viva.’

‘E o que você tem a ver com isso? Eu só quero ir embora.’

‘Desculpe a informar, mas isso não vai acontecer hoje. Vamos passar a noite aqui.’

‘Não brinque comigo, não vou ficar aqui, nem que me pague.’

Ele riu e se ajeitou no banco.

‘Isso já é problema seu.’ – Despiu o casaco e a t-shirt.

 Estatelei ao ver seu tronco nu, quase babando para ele. Eu tinha de sair dali o quanto anos ou ficava tão louca como Poynter.

‘Não vai tirar essa roupa molhada?’ – Apontou para mim.

‘O quê?’ – Arregalei os olhos – ‘Acha mesmo que vou tirar minha roupa diante de você?’ – Indaguei retoricamente – ‘Mas é claro que não, né?’

‘Você é que sabe. Se ficar engripada não é problema meu.’ – Colocou o ar condicionado quente e ligou o rádio onde passava a What went wrong dos Blink 182.

Automaticamente, olhei para Dougie, que me fitava do mesmo jeito, como se entendesse o que eu estava pensando. Sim, a música estava um pouquinho adequada aquele momento surreal. Até a merda do rádio estava contra nós dois, mais contra mim é claro.

Tentei ligar de novo meu celular, mas não deu em nada, estava morto e enterrado. Me apeteceu jogá-lo na chuva e pisá-lo até se quebrar, mas vontade para apanhar de novo chuva não existia.

 Poynter se acomodou e fechou os olhos, me dando oportunidade e olhar para todo o seu corpo molhado, que secava devagar. Seus cabelos loiros pingavam e isso o deixava, de certa forma, mais sexy do que o habitual. Apesar de nos darmos mal, não ia negar que eu o achava atraente, porque era mentira. Ele era muito bonito, por sinal.

‘Me desculpe…’ – O ouvi sussurrar, ainda de olhos fechados.

‘Por quê?’ – Me deitei no banco traseiro do carro.

‘Devia a ter deixado ir com aqueles caras, não precisava ficar aqui comigo.’

Esbocei um sorriso que tinha certeza que ele não ia ver e me coloquei numa posição fetal, tentando escutar a música.

‘Não tem problema, se você voltar a ficar calado como há pouco.’ – Tentei soar antipática, mas não estive nem lá perto. Dougie obedeceu. – ‘Sabe que eu o odeio, né?’

‘Sei. Você também sabe que eu sinto o mesmo.’ – E se calou de vez, me fazendo sentir, pela primeira vez, mal por ter feito todo aquele drama com ele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E para a alegria de alguns, resolvemos voltar a escrever, depois de mais de um ano... Mas ainda temos muitos capítulos prontos ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Beautiful Lie" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.