Outro Outono escrita por x_Le_x


Capítulo 1
Capítulo único




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Certa vez eu estava caminhando por este mesmo local.  Essa mesma rua, essas mesmas árvores, esse mesmo céu. Era Outono, assim como hoje, e as folhas secas rolavam pelo chão junto de uma forte brisa. Lembro-me de ser tudo mais deserto... Mas isso é uma apenas uma pequena diferença causada pelos anos.

Um ponto crucial: Naquele dia eu estava feliz.

Eu sabia que eu iria me encontrar com você. Minha imaturidade talvez fizesse com que eu me sentisse assim. E não hesito em dizer que você se aproveitou disso.

Dor? Maldade? Crueldade? Não sei como chamar o que você fez comigo e o que me fez sentir.

Somos ligados, não podemos negar. Somos ligados pela morte.

Morte. Palavra fria. O que é a Morte?  Aquilo que você fez com minha irmã. Aquilo que você mostrou para o meu lado imaturo. Aquilo que você fez com minha felicidade. O motivo pelo qual te procuro e o que farei quando te encontrar.

Subaru olhou para céu e suspirou. Em seguida encostou-se em muro próximo para pegar o maço de cigarros do bolso.

O pior disso tudo é que não sei o que é isso que estou sentido. Hoje sinto essa vontade de te ver, e ela está extrapolando do meu peito. Eu estou precisando de você, qualquer proximidade de você, seja ouvir sua voz, sentir seu cheiro, fingir que você ainda é aquele de antes.

 Poder pelo menos uma vez esquecer os problemas, e te ver novamente mentindo para mim fingindo que sou  importante...

Podíamos jantar juntos, e você diria aonde errei no meu trabalho. Eu te ouviria reclamar que a clínica veterinária estava cheia e você faria piadas do pijama que eu estaria vestindo. Discutiríamos sobre a causa de algum assassinato enquanto assistíamos ao tele-jornal e enfim Hokuto entraria vibrante pela porta, trazendo junto de si uma garrafa de sakê. Ela iria rir quando visse que estávamos passando um tempo juntos, e faria algum tipo de gracejo. Você, entrando na farra, assentiria com o que ela dissesse e eu ficaria corado, sabendo que no fundo aquilo podia ser verdade. Quando estivéssemos exaustos, eu adormeceria encostado em você e você não se incomodaria...

   Podíamos esquecer dos problemas...

Subaru tirou o cigarro da boca e soprou a fumaça para longe, vendo até onde ela alcançaria antes de se dissipar.

No chão, junto das folhas secas, pétalas de cerejeira rolavam.

Se talvez você pudesse ler meus pensamentos... O que sentiria?

_Seishiro-san.

O coração dele se acelerou ao pronunciar o nome e imaginar que ele podia estar lá.

Subaru sentiu-se como se tivesse ficado surdo. O movimento da rua havia parado e o vento não soprava mais.

_Parece que minha presença aqui não é mais um sigilo.

A voz de Seishiro quebrou a quietude, fazendo com que Subaru estremecesse o corpo em um ligeiro arrepio.

O ambiente enegreceu.

O choque de ouvir a voz de Seshiro e ao notar-se como a única coisa nítida ao alcance dos próprios olhos, fez com que o coração de Subaru não quisesse mais parar dentro do peito. Em seguida, os pés congelaram-se ao chão.

Uma ilusão.

Mesclando-se com as supostas paredes negras, o corpo de Seishiro começava a ganhar matéria. Instantes depois, Subaru podia enxergar perfeitamente o sakurazukamori, suas trajes pretas e os olhos encobertos.

Eu queria te ver.

_Subaru-kun, você parece assustado. Te peguei desprevenido? – Disse suavemente em tom de gozação.

E então você está aqui.

Subaru franziu o cenho.

_Que cara feia é essa? O que houve? – Seishiro se aproximou dele e segurou o rosto do mais novo – Perde a fala na minha presença?

Seishiro retirou os óculos escuros jogando-os ao chão.

A troca de olhar pesada mergulhou fundo nas lembranças de Subaru.

Ele se recordou do quanto ficara sentido quando Seishiro fora atingido em daqueles olhos que ele agora encarava.

_Seishiro-san... – ele murmurou sentindo lágrimas cutucarem a pedido de escorrerem pela face - Eu... – Subaru levantou uma das mãos aproximando-se do olho cego – Eu sinto muito. – sem conseguir aguentar, lágrimas correram até o queixo do mais novo.

Antes que a mão o tocasse, Seishiro empurrou-o fazendo com que Subaru caísse de joelhos no chão.

Não precisava ser assim.

_Vejo que ainda não superou seus traumas, Subaru-Kun. – A expressão de surpresa havia se transformado em sarcasmo.

Subaru olhou para o chão negro. Por que tudo isso estava acontecendo? Por que Outono e as ruas lhe trouxeram lembranças? Por que o sentimento de culpa pela cegueira de Seishiro havia retornado para si?

Eu não queria que tivesse sido assim.

_Subaru-san! – Outra voz distante mesclava-se com a ilusão.

Junto dela, outras vozes.

Seishiro arregalou os olhos quando viu que todos os dragões do céu já haviam invadido o ambiente que ele mesmo tinha criado. Uma pequena dose de distração.

_Subaru! – Kamui se aproximou dele resgatando-o do chão.

Subaru manteve-se quieto como uma criança frágil.

Os dragões do céu alinharam-se, prontos para dar socorro ao onmyouji.

Desta vez o que os preocupavam era o estado de Subaru e chances de perdê-lo caso tivessem chego um pouco mais tarde.

Eu me tornei importante para algumas pessoas.

Seishiro aos poucos desaparecia junto da ilusão.

Subaru estendeu uma mão para ele

Não precisava ser assim...   Podíamos esquecer dos problemas...

_A ilusão está sumindo! – Concluiu Yuzuriha

            _Aproveitem! Vamos para casa logo! – ordenou Kamui

            Eu precisava te ver...

***

Seishiro olhou para rua. Há uns anos atrás ele sempre passava pela mesma para ir visitar Subaru.

_Ora, ora! – Fuuma desvendou-se de trás de uma árvore batendo palmas lentas. – Que espetáculo.

Seishiro deu as costas para ele.

_Por favor, pelo menos agora, cale-se. – grunhiu.

Fuuma levantou uma das sobrancelhas. Um sorriso teimava em não sair de seus lábios.

_Vejo que deixou seu querido Subaru junto dos amigos dragões escaparem da mais terrível e imbatível ilusão do sakurazukamori. Por que fez isso?

Seishiro deu de ombros ignorando o Kamui dos dragões do terra. Olhou para o céu, lembrando-se dos olhos do mais novo cheio de dor.

Eu sinto muito

Em seguida, recordou de que poucos instantes antes de desaparecer junto da ilusão, o onmyouji havia lhe estendido o braço, como quem não quisesse o deixar ir.

Seishiro balançou a cabeça negativamente a fim de dispersar os pensamentos.

Fuuma caminhou em direção contrária a do sakurazukamori. Antes de deixá-lo para trás, lançou-lhe um último olhar, murmurando:

_Não precisa me dizer nada... Eu sei qual é o seu desejo.

Depois disso voltou o olhar para frente, deixando-o totalmente sozinho.

...Podíamos esquecer dos problemas......


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Escrevi essa one-shot em um momento de inspiração. Rs. Dedico ela ao aniversário da minha irmã! Espero que todos gostem!



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